Capítulo 11 — A verdade

Letícia voltando ao ambiente.

— Amor, quem é?

Graziela olhando diretamente para ela.

— Sou eu, Letícia. Preciso conversar com vocês dois. É muito sério.

— Deixe que ela entre Vitório.

Vitório abre passagem, Graziela entra... Ele fecha a porta...

— É melhor nos sentarmos... A conversa vai demorar. — Diz Graziela com medo da reação de Vitório.

Vitório com cara de poucos amigos é convencido por Letícia a se sentar e fala:

— Diga logo o que você quer para ir embora e não voltar mais Graziela.

Ela chorando sem encara-lo.

— Vitório, me perdoa, por favor. Eu vivo com isso há muito tempo. Desde que cometi aquela loucura nunca mais tive um relacionamento duradouro com ninguém. Eu juro.

— Eu não tenho nada a ver com isso. Como pode ver, minha vida seguiu em frente. Você está colhendo o que plantou... Se foi para isso que veio, é melhor ir embora.

— Não foi só pra isso.

— Diga de uma vez então!

Letícia ao senti-lo alterado.

— Amor, por favor... Eu quero ouvir o que ela tem a dizer.

— Obrigada Letícia... Vitório, sua mãe quer separar vocês dois.

Letícia assusta-se, pois no jantar na noite anterior foi tão bem tratada.

— Mentira sua! Minha mãe adorou a Letícia.

— Ela estava fingindo e eu posso provar.

— Ah é, como?

— Eu ia embora hoje cedo e sua mãe disse para não ir porque tinha uma proposta. Ouçam. — Diz ela colocando uma gravação.

“Preciso da sua ajuda para separar meu filho Vitório dessa menina Letícia.”

•••

“Eu?”

•••

“Sim”. Vou pedir ao meu motorista para te levar até o hotel, você vai se hospedar vigiar os dois e tem que dar um jeito de ficar na cama dele... Dando a entender que vocês dois transaram, aquela menina desiste dele imediatamente e de repente, volta para o Brasil com a amiga. Você aceita?”

•••

“Não sei.”

•••

“Eu pago!”

•••

Graziela interrompe... Porque a essa altura Letícia já está chorando bastante. Vitório abraça ela e Graziela pega o cheque e entrega a Vitório. Ele olha, se levanta, anda de um lado para outro.

— Meu Deus! Como ela pôde?

— Eu só não quero fazer parte disso. Tome esse cheque.

— Fique com ele Graziela.

— Eu não posso.

— Sim. Você pode e deve ficar com ele. Tire o dinheiro para minha mãe pensar que deu tudo certo e além do mais, sei que você não é rica e não vai fazer diferença para ela.

— Vitório, nesses anos, você sabe que eu estava com o curso trancado, na época. Mas depois que tudo aconteceu decidi me dedicar aos meus estudos. Me formei e engenharia civil e estou bem. Não preciso desse cheque. E quanto a sua mãe, pouco me importa o que ela vai pensar.

— Fico feliz que tenha tomado um rumo em sua vida.

— Obrigada! Eu só tenho uma coisa a fazer em relação a esse cheque e é isso. — Diz Graziela que rasga o cheque sem se importar com mais nada. — Ela tentou nos separar e depois eu cometi a besteira de lhe trair. Admito meu erro. Mas agora que eu vi vocês dois apaixonados, eu jamais iria fazer parte de um plano desses, sendo que já fui à vítima uma vez. — Graziela levantando-se. — Bom, é isso! Agora sim, estou com a minha consciência leve. Estou voltando para o Brasil, de onde nunca deveria ter saído.

— Viaja ainda hoje?

— Agendei para a madrugada. Gostaria de já ter ido... Mas diante desse problema, precisava falar com vocês... Letícia, não desista do Vitório. Eu errei. Meu erro não tem volta... Mas vocês tem um belo futuro pela frente e cuidado com a dona Gisela... Vitório, espero que um dia você possa me perdoar.

— Depois do que você acabou de fazer, sinta-se perdoada.

— Você não sabe o peso que tirou das minhas costas... Acredito que agora vou conseguir seguir com minha vida.

— Muito obrigada por me abrir os olhos, Graziela.

— Eu gostaria muito que alguém tivesse feito isso comigo Letícia... Bom, desculpe o incômodo... Adeus! Fiquem bem.

Vitório levanta, a leva até a porta.

— Boa viagem!

— Obrigada!

Ela vai embora. Vitório fecha a porta e dá um soco na parede com raiva.

— Merda!

...***...

Depois de algum tempo quietos... Letícia ainda triste, pergunta:

— O que vamos fazer Vitório?

Batem à porta novamente... Vitório atende e é Vicente e Cecília que entram e estranham a cena... Letícia chorando e estendendo os braços para Cecília.

— Amiga, me abraça.

— Letícia, o que houve? O que fizeram com você? Me diga! Se alguém te machucou... Vitório, você não fez nada com ela, fez?

— Não Cecília.

— Não foi ele amiga.

— O que houve então?

Vitório conta tudo o que acabou de acontecer para Vicente e Cecília. Os dois ficam pasmos. Ele se senta na cama e fala:

— Agora não sei o que fazer.

Vicente sempre muito perspicaz.

— Simples! Vocês seguem o plano da dona Gisela.

— Como assim irmão?

— Amanhã bem cedo Letícia, vá para a casa da minha mãe. Chegue chorando e diga a ela que o encontrou na cama com a Graziela. — Os três olham incrédulos pra ele. — Não me olhem assim. Ela tem que aprender uma lição.

Letícia criando esperanças.

— Eu não sei o que vai dar isso. Mas estou me sentindo melhor agora depois de ouvir seu plano Vicente. Acha uma boa ideia Vitório?

— Sim. Mas será bom se nós quatro estivermos lá... Porque acho que os dois aí são um casal, amor. — Diz Vitório puxando Letícia para um abraço.

Cecília estando sem graça ri para eles.

— Gente, não falem isso... Por favor...

Vicente chegando mais perto de Cecília e também puxando-a para um abraço.

— Por que não? Somos mesmo! — Diz ele beijando-a com muito carinho.

Letícia vendo sua amiga feliz, bate palmas de felicidades também.

— Pelo menos uma notícia boa e um homem de verdade em sua vida.

— Letícia!

— É a verdade! Esses dois são homens de quem podemos nos orgulhar em falar amiga, posso te garantir. Esse, eu amo demais, é o homem da minha vida. — Diz Letícia fazendo um carinho em Vitório. — E o Vicente, o que posso dizer?

— Fale somente coisas boas, cunhada.

Eles riem e Letícia continua...

— Esse que está ao seu lado tem um caráter inquestionável também.

— Ufa! Fui elogiado.

— Fomos irmão.

Eles riem...

Depois de muito conversar, os quatro despedem-se e Cecília e Vicente vão para o quarto dela...

— Está pensativa Cecília, por quê?

— Pensando que se assumirmos um namoro futuramente, sua mãe não vai gostar também... Não quero sair de um problema para encontrar outro Vicente.

— Ela nunca mexeu com meus relacionamentos... Já do Vitório sempre foi assim.

— Sério?

— Sim. Desde a adolescência. Ela acha que ele nunca consegue uma mulher ideal. Mas agora ela se enganou.

— Se enganou mesmo. Letícia é uma boa pessoa. Bem louquinha às vezes, mas é uma boa pessoa.

— Agora, vamos parar de falar deles e falar de nós?

— Sim, Vicente! Eu preciso voltar para o Brasil sábado e você sabe que não tinha planos de me envolver com ninguém aqui.

Ele abraçando-a com carinho.

— Vamos dar tempo ao tempo? Não vamos fazer nada com ansiedade. Vai dar tudo certo.

— Se você diz Vicente, só me resta acreditar.

Eles se beijam e não conseguem mais conter esse amor que nasceu assim, do nada, se nenhum dos dois esperarem... Mas que já é enorme no corpo e no coração dos dois. E ali, no quarto em que ela está hospedada, eles renovam o que estão chamando de amor.

...***...

No outro dia... Na casa de Gisela...

Ela liga para Graziela, mas não consegue falar e estando sozinha e sorrindo.

— Com certeza o plano está dando certo... Addio Letizia! (Adeus, Letícia!)

...***...

No Hotel... No quarto de Letícia e Vitório.

— Amor, vamos seguir com o plano para dar uma lição em sua mãe?

— Com toda certeza! Já podemos ir?

— Sim. Só preciso saber se Cecília e Vicente vão conosco mesmo.

Batem à porta... Letícia vai atender... Se depara com Cecília e Vicente e sorri... Cecília diz a sua amiga:

— Bom dia, amiga! Foi daqui que pediram um delivery expresso de amizade?

— Sim, amiga. Ia mesmo perguntar se vocês iam agora.

— Vamos então...

— Mas como vamos fazer Vicente?

— Vamos entrar os quatro, porém, apenas você vai falar com ela... Seria bom que você ligasse pra ela agora... Como a conheço, ela mesma vai te chamar para ir lá.

— Você acha?

— Com certeza!

— Entrem então... Não quero que ninguém escute.

Eles entram e Vitório fala:

— Ligue amor... Pense, você acaba de me encontrar na cama com ela.

— Ai, que ódio!

Eles riem... Ela liga... Põe no modo viva voz e Gisela atende:

— Bom dia minha nora! Tudo bem com você?

Letícia fingindo estar chorando.

— Gisela... Aconteceu algo terrível!

— O que houve Letícia? — Pergunta Gisela passando uma imagem que quem está preocupada.

— Eu acabo de pegar o Vitório na cama com a ex dele... Estou desesperada!

— Ô meu amor. Não fique assim. É normal! Eles são ex-namorados. Ainda se gostam. Mas não desista dele.

— Eu não sei.

— Faça o seguinte: Venha até a mim para conversarmos, ok? Estou aguardando você.

Vicente comemora porque sabia o que ia acontecer. Letícia responde:

— Tudo bem Gisela. Estou indo.

Gisela sorrindo acreditando que ganhou o jogo.

— Beijos, querida!

Elas desligam e Letícia chora de verdade. Vitório indo abraça-la.

— Amor, pare com isso. Estou aqui. Não aconteceu nada.

— Calma amiga...Vamos seguir com o plano.

— Gente, o que adianta isso? Uma coisa é fato: a mãe de vocês dois não me quer como sua namorada Vitório.

Nesse momento Vicente está abraçado a Cecília em pé com ela de costas pra ele e Vitório beijando Letícia com carinho.

— Quem tem que querer não é ela. E sim, eu! E eu quero ficar com você, hoje, amanhã, depois e depois... Para sempre! — Diz Vitório ajoelhando-se. — Ainda não tenho o anel aqui, mas diante do meu irmão e de sua amiga que é como uma irmã pra você, quero saber: você quer se casar comigo?

Letícia sorrindo com aquele pedido inusitado.

— Vitório! Claro que eu quero!

Ele se levanta, beija-a mais uma vez com carinho

— Quindi ci sposeremo la mia bellissima ragazza.

(Então nós vamos nos casar minha bela menina.)

— Para Vitório! Você sabe que eu amo isso. Não estamos sozinhos.

Os quatro riem e depois...

Letícia sentindo-se mais forte para seguir com o plano.

— Vamos agora!

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