Capítulo 5 — O Beijo

Num gesto totalmente impulsivo, Vicente não resiste e beija Cecília sem pensar em mais nada... Ela, primeiro tenta se afastar, mas logo após deixa-se levar pelo momento e corresponde ao beijo. Os dois sentem emoções inesperadas, nunca sentidas antes... Depois... Ela desprendendo-se dele.

— Sei pazzo! Lasciami andare!

(Seu louco! Solte-me!)

— Scusa, bella ragazza! non potevo sopportarlo!

(Perdão, bela moça! Não aguentei!)

Ela, por um momento de raiva.— Só pode ser louco mesmo!

Ele gargalha e fala também:

— Só podia ser brasileira!

— Ai, meu Deus! — Diz Cecília assuntando-se.

Ele continua rindo dela.

— Não entendi o motivo do riso.

— Você é muito espontânea! Gosto muito disso.

— Desculpe-me, não o conheço. Preciso ir embora.

Ela se vira e ele a impede, com gentileza, dizendo:

— Espere! Não vá.

— Solte-me! Preciso ir.

— E como vou te encontrar novamente?

— Não vai!

Ele a deixa ir e ela vai embora pensando naquele beijo.

— Meu Deus, o que foi isso?

Ele olhando admirado também.

— Nunca vi mais linda!

...***...

No hotel... Letícia chega e sobe para o quarto... Vitório chega logo em seguida... Vê que a porta está trancada e a chama:

— Letícia, deixe-me entrar.

Ela chorando bastante.

— Não! Sai daqui! Vá ficar com aquela piranha!

— Não faz isso comigo!

— Sai daqui!

Ele fica esmurrando a porta por uns minutos e para. Ela percebendo.

— Ótimo que tenha desistido.

Vitório, na verdade, desce e pega a chave mestra para abrir o quarto... Depois ele retorna e abre a porta... Ela, incrédula com sua atitude.

— Não acredito que você fez isso! Você não tem esse direito!

— Por você, eu faço qualquer coisa! Até isso que é errado.

Ela chora e ele pergunta:

— Dá pra me escutar?

— Não tenho nada para escutar de você.

Ele vai até a ela, se senta na cama e estando próximo, lhe faz um carinho em seus cabelos.

— Letícia, escute-me, por favor.

— Quem é aquela mulher? Pode contar tudo!

Ele ri com carinho e explica.

— É uma ex-namorada. Namoramos por dois anos. Peguei-a na cama com outro homem, me decepcionei e vim morar aqui. Faz cinco anos isso... Ela não significa nada pra mim.

— Pois para ela, você deve significar bastante. Chegou e tascou logo um beijo. Ainda veio com sua mãe.

— Minha mãe não tem culpa. Ela não sabia que eu estava namorando. Se soubesse, não faria.

— É, mas com certeza, você trouxe as duas até aqui.

— Engano seu! Deixei as duas lá.

— Amor, sua mãe!

— Ela disse que a Graziela era convidada dela... Então disse que comigo ela não viria e vim embora por sua causa. Porque eu me importo com você... Eu só quero você... Acredite em mim.

— Eu acredito!

Eles se beijam... O telefone dele toca, ele atende e é sua mãe que diz:

— Já chegamos a nossa casa, se isso te interessa.

— A sua chegada sim. A dessa mulher, não. Eu não acredito que ela vai ficar hospedada em nossa casa.

— Como eu disse, ela é minha convidada. Não vou expulsar.

— O problema é dela. Já disse que tenho namorada.

— Tudo bem. Quero conhecê-la hoje à noite. Quero vocês aqui para um jantar.

— Eu vou ver se ela quer ir. Se ela quiser, eu vou.

— Vitório!

— Eu só vou com ela, mãe. E provavelmente... Caso a gente vá... Levaremos uma amiga dela também que está aqui no hotel. Assim ela ficará mais tranquila.

Letícia sorri ao ver Vitório pensando nela.

— Ok, filho. Como queira. Venha, traga sua namorada e a amiga dela. O que eu não faço por você?

— Obrigado.

— Às 20h, ok?

— Só um minuto.

Ele coloca o telefone no mudo e pergunta a Letícia:

— Minha mãe está nos convidando para um jantar hoje à noite, você que ir?

— Sim, meu amor. Você precisa ir.

— Ok, meu amor.

Ele volta a falar com sua mãe.

— Hoje às 20h, estaremos aí, mãe.

— Te amo, meu filho.

— Também te amo. Tchau.

...***...

Cecília retorna ao hotel, ainda nervosa por ter beijado aquele estranho. Ela em seu pensamento alto:

— Que homem lindo! Cecília... Sua vida está uma bagunça... Você acabou de se casar. Já vai se divorciar em breve... Em falar nisso...

Ela manda uma mensagem para Ramon.

“Oi, Ramon. Quero que providencie o divórcio. Segunda estarei de volta.”

Ele olha a mensagem... No Brasil, sendo cinco horas a menos, são 09h, da manhã.

“Você não quer conversar, mesmo?”

•••

“Você só pode estar maluco!”

•••

“Vai jogar cinco anos juntos no lixo?”

•••

“Inacreditável! Você fez isso! E agora tenho certeza que não foi à primeira vez. Faça o que estou lhe pedindo. Ainda temos que ver a sociedade e a casa que compramos. Não quero mais vínculos com você. Passe bem.”

Ela fica off-line e Ramon estando inconformado em tê-la perdido.

— Droga! Isso não vai ficar assim, Cecília!

...***...

Letícia e Vitório ainda no quarto dela.

— Como você ouviu, vamos nós dois e sua amiga, se ela quiser. Assim você não se sente sozinha.

— Obrigada, meu amor por pensar em mim...

— Será que podemos fazer as pazes de vez agora?

Ela levanta e sorrindo fala a seu amado:

— Não... Vamos almoçar? Vou chamar a Cecília...

Ele levanta e indo atrás dela.

— Nada disso. Só vai depois.

Ele a abraça, a beija e eles fazem amor, naquele momento de felicidade.

...***...

Vicente em seu escritório... Em um de seus hotéis...

— Que mulher era aquela? De onde ela será?

O telefone dele toca e é sua mãe, ele atendendo.

— Mãe, chegou bem?

— Cheguei e você não foi me buscar.

— O Vitório, não foi?

— Foi e me deixou plantada lá.

— O que a senhora fez?

— Só porque a Graziela veio comigo...

— Mãe! Ele tem namorada! E por sinal, Letícia é uma ótima pessoa.

— O que ela faz? Não está encostada nele, está?

— Não, dona Gisela. Ela é arquiteta. Ótima profissional. Está até envolvida com um novo hotel. A senhora vai gostar dela.

— E você? Está namorando?

— Não! Não quero saber de ninguém, por enquanto.

— Vou oferecer um jantar hoje à noite e quero sua presença. Já faz quase um ano que não nos vemos... Não aceito um não.

— Ok, dona Gisela. Que horas?

— Às 20h.

— Combinado. Só uma dúvida. A Graziela vai estar aí?

— Sim. Mas teu irmão vai vir com a namorada e com uma amiga dela.

— Ah, sim... Eles me falaram dessa amiga.

— Enfim... Está marcado! Estou com muitas saudades.

— Também...

Eles desligam...

...***...

No hotel...

Letícia arrumando-se...

— Não vai almoçar comigo, Vitório?

— Ô meu amor... Tenho que resolver algumas pendências com o Vicente. Vá você e sua amiga, tudo bem?

— Tá bom, meu lindo... Estou indo.

— Ei, meu beijo...

Ela sorri, lhe dá um beijo e sai...

...***...

Letícia vai ao quarto de Cecília... Bate na porta e pergunta:

— Amiga, você está aí?

— Sim, Letícia. Entre.

— Duas coisas para te falar...

— Nossa! Quanto entusiasmo! Diga.

— A primeira é que vamos almoçar agora! Não almoçou, certo?

— Sim. Ainda não... Podemos descer.

— Então vamos.

— Vamos amiga.

Elas dão os braços uma à outra e Cecília pergunta:

— E a segunda?

— Sim... A mãe do Vitório quer que a gente vá jantar na casa dela hoje à noite. O Vitório disse à mãe que você iria para me fazer companhia, você vai, não é?

— Ah, amiga nada a ver.

— Por favor... Depois que eu te contar o que aconteceu, espero que você aceite.

Elas entram no elevador e descem.

— O que aconteceu amiga?

— Chegamos para buscar a mãe dele e a ex dele apareceu e tascou um beijo. Eu, com muita raiva, vim embora. Ele veio atrás de mim e disse que deixou as duas lá a ver navios. — Diz Letícia com seu sorriso encantador.

Elas chegam ao andar do restaurante...

— Caramba Letícia... Mas eu ir nesse jantar... Não sei.

— Amiga, essa mulher vai estar lá... Você precisa ir para me dar uma força, por favor... Vou me sentir mais segura.

— Tudo bem amiga... Tudo bem... Eu vou... O que eu não faço por você, minha irmã do coração?

— Obrigada. — Agradece Letícia colocando a cabeça em seu ombro enquanto caminham e chegam ao restaurante...

Elas se sentam e pedem suas comidas.

— Mas me diga Cecília, como foi seu passeio?

Cecília, tentando disfarçar.

— Foi tranquilo amiga...

— Cecília, você nunca conseguiu mentir pra mim. Sei que está me escondendo algo... Pode contar.

— Estava passeando, vi um sapato lindo em uma loja. Entrei, comprei e quando saí, me distrai e acabei esbarrando em um homem... Não sei o que aconteceu, mas ficamos nos olhando por uns minutos e aquele abusado simplesmente me beijou.

— Amiga! Caramba! Que legal!

— Legal Letícia? Olha como está minha vida! Acabei de me casar... Quando voltar será a maior confusão. Você acha que estou em condições de me envolver com alguém?

Elas que já estão comendo...

— Está parecendo meu cunhado falando... Igualzinho, eu hein!

— Eu não posso me envolver com ninguém agora... Você sabe...

— Cecília, se tiver que acontecer vai ser com brasileiro, com italiano... Vai acontecer e acabou... Como era esse italiano?

Cecília não querendo falar que ele era brasileiro.

— Bonito amiga... Muito bonito, fiquei impactada.

— Nossa! Que legal! Surgindo um amor aí?

— Claro que não, Letícia... Não mesmo! Vamos comer... Não quero mais pensar nele. Não vamos nos encontrar mais mesmo.

— Ok, ok... Parei de perguntar... Mas bem que você poderia dar uma dica.

— Letícia...

— Tudo bem... Tudo bem. Não está mais aqui quem falou.

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