O DIA SEGUINTE, UM ACIDENTE E UM ENCONTRO NA COZINHA

No dia seguinte acorda e não sabe que horas são, fica olhando para o teto, olha para o pé, sem a mínima vontade de sair da cama, mas lembra onde está e levanta com esforço.

Vai até o banheiro toma banho, se arruma e com a ajuda das muletas saí do quarto e entra no escritório, onde encontra Alexandre sentado em um poltrona com os olhos fechados e respirando calmamente, fica ali em pé por alguns minutos, até que ele ainda com os olhos fechados diz, estava a esperando, para tomar o café da manhã, levantando diz vamos e caminha a passos largos e distante dela.

Entram na sala e dona Ana já está servindo o café para a Pâmela, que sorrir para a Beatriz, sem saber o aconteceu na noite anterior depois, que se retirou.

Conversa alegremente com Beatriz, contando, que conheceu um rapaz na escola, que acha que está gostando dele, que vai levar dois pedaços de torta para lanchar, mesmo que não goste de levar lanche, por que sabe que o rapaz adora torta de maça.

Alexandre está carrancudo, tamando o café em silêncio.

Pâmela se levanta dar um beijo no rosto do pai e diz olhando para Beatriz, posso beijar você? antes dela responder Pâmela já havia depositado um beijo em sua face.

Beatriz fica feliz e desconcertada com aquela demonstração de afeto e carinho.

Depois que Pamela sai ela diz olhando para Alexandre, pensei em tudo que você falou, e sinto muito por sua dor, queria poder fazer algo para minimizar o que sentiu, quando soube da traição e de quando ficou cego, mas não há como voltar ao passado, o que podemos fazer é aprender a conviver com as nossas cicatrizes, pois todos nós temos algumas.

Ele olha para ela e fica em silêncio por alguns minutos, quando fala. a voz está carregada de algo que ela não sabe o colocar em palavras, mas sente que vem de uma dor profunda do peito dele.

Beatriz eu não posso apagar o que fiz e nem o que fizeram, mas estou disposto a começar algo novo com você se quiser.

Dona Ana entra com o telefone nas mãos dizendo que sente interromper o café, mas é urgente.

Alexandre atende e olhando para Biatriz diz que precisar sair, que quando retornar eles podem continuar a conversa.

E sai as pressas, dizendo a dona Ana para dizer o piloto para ficar preparado para decolar assim que ele chegar na pista.

A casa ficou vazia o resto do dia, pois a Pamela depois da aula ia para casa de uma amiga, onde ia passar noite, o almoçou foi servido na saleta, pois dona Ana disse que quando só havia uma ou duas pessoas as refeições eram servidas ali.

O que ela achou ótimo, pois se sentia mais a vontade na saleta, que tem vista para o jardim.

Depois do jantar, já tarde da noite, ela resolveu sentar no jardim para apreciar as estrelas e a lua,viu quando o Alexandre chega,ela fica estática para não assusta-lo e para ele não sentir sua presença.

Pela primeira vez o viu usando a bengala, desceu do carro, deu boa noite a Gino e disse que não ia precisar mais dele, que era para o motorista também ir descansar.

Com a bengala nas mãos se dirigiu aos fundos da casa, ela deixou ele tomar distância e o seguiu, entrando na cozinha logo atrás dele, quando ele se virá de repente e ela tomba nele, ele a segura e pergunta o que ela está fazendo acordada aquela hora?

Ela ainda nos braços dele, diz que estava apreciando a calma do lugar, as estrelas e a lua.

Ele diz que é uma pena que não possa ficar com ela olhando a lua e as estrelaas, pois não consegue ver coisas muito distânte do seu campo de visão e largando ela, vai a mesa no centro da cozinha puxa uma cadeira e senta.

E diz, para mim não faz muito diferença a luz acesa ou apagada, mas para você faz, o interrupitor fica logo ai próximo a porta.

Ela acende a luz, e pergunta se ele quer que ela faça algo para ele, ele diz que não quer que ela prepare nada,mas se puder pode pegar na geladeira uma garrafa de vinho e duas taças, ela abre a geladeira, mas não ver nenhuma garrafa de vinho, ele diz abre aquela porta e aponta para uma porta um metro distante da geladeira. Ela abre a porta e ver uma adega climatizada, onde tem vários vinhos.

Ele diz qual ela pegar, levanta e abrindo armário, que está encostado na parede as suas costas tira duas taças, pega o sacarolhas e abre o vinho.

Serve uma taça, quando vai servir a segunda taça, ela diz não poder acompanhar ele, pois está tomando a médicação, ele diz que pode ficar tranquila que tem um médico na casa.

Acho que vamos precisar disso, ela não entende o por que daquelas palavras, mas logo fica sabendo.

Alexandre deixa ela beber um pouco do vinho e começa a falar com voz calma, Biatriz vou te falar o por que tive que sair as pressas, precisei atender uma emergencia, a Eva jogou o carro contra um caminhão na auto-estrada,

Beatriz solta um grito, Jesus, espero que ela esteja bem, Alexandre diz que ela passou por uma cirurgia e que vai ficar bem, mas que indicou a Margarida, que procure tratamento pisiquiatrico para Eva, por que a ela esta precisando.

Levantou dobrando a bengala a coloca sobre a mesa, e foi indo em direção a sala, ela na cozinha fica paralisada com o que acabará de saber, depois de alguns minutos o segue até a sala, eles ficam em silêncio por alguns minutos, até que ele diz vem cá, ela se aproxima e descansa a cabeça no ombro dele, ele baixa a cabeça e sente o cheiro dos cabelos dela.

Ficam assim por algum tempo, ele a beija e diz, que o que sentem um pelo outro precisa ser forte o bastante para resistir a tudo que eles terão que enfrentar, se realmente querem ficarem juntos.

Ela olha para o rosto daquele homem, que despertou nela algo que não imaginava ser capaz de sentir, pois nunca tinha sentido por alguém o que sente por ele. Se aconchega mais naqueles braços fortes, que a envolve, a única certeza que tem naquele momento é a de querer ficar para sempre naquele abraço. E diz com voz rouca de emoção, que se ele a ama, ela será capaz de enfrentar qualquer coisa pelo amor que os une.

Alexandre, a afasta e diz que não acredita em amor, mas que quer ter-lá com ele para onde for e quer ela em sua vida para sempre, mas ela tem que saber, que tem coisas na vida dele, que são desconhecidas para ela, coisas que podem afasta-lá dele, se ela dê ouvidos a comentários maldosos, que certamente surgiram, como surgiram, quando a Manuela era viva.

Beatriz não entendeu por que ele estava dizendo todas aquelas coisas,sobre comentários maldoso, pois já conhecia a história da traição de Manuela e a maneira trágica que ela morreu.

Alexandre estava em pé em frente a janela do escritório, que a vista dava para o jardim, Beatriz olhava ele e ficava cada vez mais confusa, pois que outros segredos guardava aquele homem.

Alexandre estava com o pensamento distânte, pensava no dia do acidente, o dia amanheceu limpo,com condição de voo, mas o jato estava em manutenção, sem autorização para voo, que por segurança, ele tinha dado ordens expressa, para não permitir o piloto de voar até, que os mecanicos checassem e fizessem os reparos e ajustes necessários.

Não sabe quem deu a autorização para liberar o jato, mas todos os profissionais do hangar, onde ficava o jato afirmaram na época, que foi ele. A tragédia estampou a capa dos principais jornais e revistas do país na época.

E todos acreditaram, que ele sabia dos problemas mecanicos e que permitiu o voo, com a intenção de se livrar de Manuela a traidora e seu amante.

Recordar as manchetes dos principais jornais da época fez ele, mais uma vez sofrer, por pensar, que se a filha tomasse conhecimento daquela história, provavelmente ia acreditar, que ele permitiu a retirada do jato do hangar, por que queria se livrar da esposa, como até o Pedro acreditou há anos atrás.

Alexandre procura afastar esses pensamentos e volta para mesa e coloca mais vinho na taça e ofereçe a ela, que não aceita, pois percebe que ele está cansado e o que precisa não é de mais vinho e sim descansar, mas ele continua bebendo, esvazia a garrafa e diz vai subir para o quarto, pois já é tarde e que é bom ela também ir descansar, caminha até a escada, e para no primeiro dregau, e diz diabos. Ela se aproxima dele e pergunta, o que esta acontecendo, ele olha na direção dela e diz, não posso subir , sem a bengala, pois não vejo a distância de um dregau para o outro, não pense que gosto de me sentir impotente diante dessa droga de escada.

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