Capítulo 9

Após receber a notificação de ter conquistado o papel, alguns dias depois, um membro da equipe veio buscá-lo.

Ao chegar, António entrou na sala onde estavam reunidos todos os atores, diretores e membros da equipe. António, educadamente, fez uma reverência e sentou-se, então recebeu imediatamente o roteiro, disse — obrigado— e folheou o material. Vendo que todos haviam chegado, o diretor Rui falou.

— Todos estão aqui, então vamos direto ao assunto. Começaremos a filmar esse filme em 15 de junho, ele se chama 'Resolvendo o Caso', os detalhes estão no roteiro, estudem por conta própria, se tiverem alguma dúvida, perguntem a mim.

António lia o roteiro enquanto ouvia. Após o término do discurso do diretor Rui, os atores começaram a se conhecer e ensaiar o roteiro juntos. António sentou-se num canto, ouvindo música e estudando seu personagem, marcando suas falas com uma caneta. Lisa, a atriz principal aproximou-se de António quando o viu sentado sozinho.

— António, por que você está sentando aqui? Por que não vem conosco ensaiar o roteiro?— Quando António ouviu alguém perguntando, ergueu a cabeça e viu Lisa, sorriu educadamente e disse.

— Estou sentado aqui para estudar meu personagem, por isso não fui lá. Como você sabia meu nome, senhora Lisa?

Lisa ficou surpresa com sua maneira de falar e até mesmo chamá-la de senhora, mesmo que ela estivesse na indústria há apenas um ano, ser chamada de senhora a deixava desconfortável. Lisa respondeu.

— Você não precisa me chamar de senhora Lisa, basta me chamar de Lisa, e além disso, você também é famoso. Somente suas postagens nas redes sociais atraíram tanta gente, e você já tem fãs. Então, mesmo que tenha sido a primeira vez que nos encontramos na audição para atores, eu já sabia quem você era.

António sorriu humildemente e disse: — Acho que é porque todos reconhecem meu talento, mas não sou realmente tão bom assim.

Ao ver o sorriso radiante e a maneira humilde de falar dele, Lisa desenvolveu um grande carinho por esse garoto; ela o tratava como seu irmão mais novo e cuidava dele.  Lisa segurou a mão de António para se juntar aos outros atores, apesar de sua confusão. Quando chegaram onde todos estavam ensaiando o roteiro, Lisa disse.

— Todos, António está estudando seu personagem, todos aqui têm experiência, por favor, compartilhem um pouco com António.

Ao ver Lisa trazer esse garoto na frente deles, todos compartilharam felizes suas experiências e conselhos com ele. Embora António estivesse muito grato a Lisa, era um pouco esmagador; isso o fazia suar continuamente, mesmo que alguns dos atores ali se tornassem famosos no futuro, e alguns não tivessem bons resultados, mas enfrentá-los ainda o deixava nervoso.

Após terminarem a troca de ensaios, António se despediu de todos e saiu antes. No caminho, António sentiu que alguém o seguia, então caminhou nervosamente pelo lado da estrada. Um carro preto de luxo parou de repente na frente de António, bloqueando o seu caminho, e ele sentiu um medo inexplicável.

A porta do carro se abriu, e alguém desceu do carro e foi para trás para abrir a porta. Uma figura saiu do carro com um rosto bonito, uma estatura alta, exalando a aura de um líder talentoso. Mas quando António viu aquele rosto, seu coração disparou, seus olhos se arregalaram, e uma camada de suor frio cobriu suas costas.

Não, essa pessoa é aquela que o fez acabar num estado tão miserável, perder sua família, sua carreira, perder tudo. Essa pessoa é Paulo, o presidente da KJ Entertainment Company. Ele se aproximou de António e se apresentou.

— Olá, eu sou Paulo, o presidente da KJ Entertainment Company. Eu realmente quero recrutá-lo. Se não se importar, vamos encontrar um lugar para conversar.— Paulo pretendia avançar, mas António imediatamente deu um passo para trás, mostrando medo. O diálogo de sua vida passada ecoou em sua mente, deixando-o apavorado.

Nesse momento, Nuno passou por ali e viu António parado com o rosto pálido, encarando um homem. Nuno imediatamente estacionou o carro no lado da estrada e desceu, se aproximando de António preocupado, perguntando.

— O que está acontecendo?

Ao ouvir a voz familiar, António olhou para Nuno como se fosse um salvador. Ele segurou firmemente a ponta da roupa dele e se escondeu atrás dele. Vendo que a situação não parecia boa, Nuno o levou embora. Paulo pretendia impedi-los, mas parou quando recebeu um olhar cheio de hostilidade desse homem. No carro, António ainda estava assustado. Nuno também estava preocupado e perguntou.

— O que há de errado? Quer que eu te leve para casa?— António balançou a cabeça. Nuno perguntou novamente. — Então posso te levar para casa?— António assentiu gentilmente, sem dizer nada. Nuno não perguntou mais nada e o levou de volta para sua casa.

Chegando à casa de Nuno, ele ligou para Pedro para informá-lo que António não parecia bem e não queria ir para casa, então o trouxe para sua casa e disse para ele não se preocupar. António estava absorto em pensamentos sobre a conversa anterior e não percebeu nada ao seu redor. Nem mesmo se importou quando Nuno perguntou. Depois de pensar por muito tempo, quando já era noite, Nuno chamou o mordomo para preparar um quarto para ele como hóspede e pediu à empregada que fosse para casa descansar.

Tarde da noite, o som da porta abrindo acordou Nuno. Ele perguntou.

— O que aconteceu? Algo está errado?

António respondeu.

— Posso dormir neste quarto com você, tio? Até mesmo dormir no chão está bem. É porque é a primeira vez que fico na casa de alguém, então não estou acostumado a dormir sozinho.

Nuno não se opôs e disse.

— Está bem. Deite-se na cama e durma. O que há para se preocupar entre homens? — Conseguindo a concordância, António subiu na cama, cobriu-se com um cobertor e adormeceu lentamente. No entanto, António ainda teve pesadelos. Ele não sabia se era porque estava pensando demais, mas sonhou com a vida anterior, encontrando Paulo novamente e sendo arrastado por ele como na vida anterior. Apesar de lutar, ele não conseguia escapar. Em seu subconsciente, António falava involuntariamente de forma incoerente.

— Não... não venha aqui... solte... solte-me... por favor...— Inconscientemente, ele só conseguia pensar no nome de uma pessoa. António chorou e chamou: — Nuno... por favor... Tio, me salve... Nuno...—

Nuno acordou e viu António suado, lágrimas escorrendo pelo seu rosto e chamando continuamente seu nome. Sabendo que essa criança estava tendo um pesadelo e chorando tanto, um certo sentimento brotou em seu coração. Instintivamente, Nuno o abraçou e o consolou.

— Está tudo bem, eu estou aqui.

Levou um tempo para António se acalmar e cair em um sono tranquilo. Nuno também estava cansado e adormeceu enquanto abraçava António. Em seu sonho, António viu Nuno o segurando firmemente, sentindo-se seguro e protegido, e seu medo desapareceu. Os dois dormiram tranquilamente no abraço um do outro.

Na manhã seguinte...

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