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...Alexy on....

Alexy - Quando você diz, não seguir a lei...

Mattia - Você é uma advogada e também uma mulher muito inteligente, me diga, se um estuprador ou pedófilo precisar de defesa?

Alexy - Ele terá, eu posso me negar, mas é o direito dele ter um advogado, alguém vai o defender.

Mattia - E isso é justiça pra você?

Fico em silêncio por um momento.

Alexy - É a lei.

Mattia - É o que eu estou dizendo, a lei que se fodä, o que importa para nós é a justiça.

Fico impactada, não sei até onde concordo com isso e pensar assim, me assusta.

Mattia - Nós matamos Alexy, eu mato, Grayson mata, até Miriam faz, quando necessário e fazemos isso rindo quando pegamos um filho da mãe desses, que machuca as pessoas por prazer.

Mattia - Nós não vendemos drogas e nem deixamos que vendam no nosso território, todas nossas cidades tem nossa segurança, nós não vamos matar um viciado, mas nós vamos matar o viciado que roubar, agredir ou matar alguém.

Mattia - Nós não derramamos sangue de graça, mas não deixamos os vilões a solta, torcendo para as pessoas boas ficarem seguras, normalmente nós nunca temos conflitos, somos respeitados de mais para isso.

Mattia - Nossas regras são claras, não aceitamos nenhum tipo de agressão dentro de nossas casas, traição de ambos os lados é uma medida grave caso vá a julgamento, somos justos, nossas mulheres trabalham se querem, tem filhos se querem, ninguém é forçado a nada.

Mattia - Temos poucas regras, mas as levamos ao pé da letra, trair a família é pena de morte, assim como qualquer outro tipo de crime.

Mattia - Mas o cenário atual é diferente, então prefiro não te dar exemplos de agora, estamos sendo mais brutais que o normal, infelizmente tem sido necessário para defender nossa família e isso é uma merdä, estamos em guerra e as perdas são inevitáveis em ambos os lados.

Alexy - Vocês estão em expansão?

Mattia - Não mais, dominamos todos os territórios do país, mas ainda há os rebeldes, algumas poucas famílias tem resistência em se submeter a nossas regras e domínio, é raro, mas acontece e quando acontece, eles tem formas violentas de contra atacar.

Mattia - Dominar territórios que não são originalmente nosso, sempre tem um custo alto.

Alexy - Qual foi o custo? Como conseguiram chegar onde estão?

Mattia - Nós não expandimos para zonas pacíficas, temos alianças com as famílias menores que querem a paz, criamos alianças e tudo sai muito bem, isso aconteceu em mais da metade do país, mas quando outras famílias começam a criar o caos em algumas cidades, invadimos.

Mattia - Quando as máfias começam a ficar na mira de investigações acabam prejudicando as outras, então mantemos a ordem, quando uma cidade está caindo na marginalidade por conta das famílias, nós intervimos antes que seja tarde de mais.

Mattia - Esperamos, avisamos, tentamos conversar, se não adianta, nós tomamos os territórios, matamos quem temos que matar, damos proteção aos que precisam e mandamos para outros países os que não são confiáveis e também não são perigos em potencial, mas óbvio que sempre vai existir aqueles que não aceitam perder, as famílias tentam se reerguer e contra atacar, Turim recém está ficando segura, justamente por isso.

Mattia - Já aqui em Roma, são os Costa que comandam, a filha deles casou com um dos nossos caporegimes, então agora somos uma família só, eles são bem vindos no nosso território, assim como nós nos deles, operamos em conjunto como um só.

Alexy - Entendi, ela casou só por conta da aliança?

Mattia - Sim, mas não era algo necessário, foi uma escolha dela e do nosso caporegime Diogo, nós teríamos seguido com a parceria normalmente, ela é uma jovem responsável, sabia que nossa união seria maior com um casamento então ela mesmo propôs isso a ele.

Mattia - Foram mais de três meses namorando até os dois terem certeza que era isso que queriam, Grayson não interferiu em nada, foi uma escolha só deles.

Mattia - E pelo que sei, agora eles estão esperando uma garotinha, Renan disse que estão felizes com o casamento e Diogo agora comanda a cidade no lugar do sogro.

Alexy - Interessante.

Alexy - Você faz parecer um estilo de vida simples.

Mattia - Está bem longe disso, somos a elite do país, temos todos órgãos públicos comendo em nossas mãos, assim como os políticos, ter tanto poder é muito arriscado, saber tudo que sabemos sobre tantas pessoas perigosas e importantes, é sempre um risco alto, andamos armados até os dentes porque precisamos realmente, pensamos duas vezes antes de fazer qualquer escolha porque isso facilmente pode custar as nossas vidas e as de quem amamos.

Alexy - Então vocês são chantagistas.

Mattia - Com toda certeza, talvez esse seja o nosso trunfo de fato.

Mattia - Informação é poder Alexy e quando usada para ajudar os outros, é uma benção.

Mattia - Nós líderes não somos pessoas boas, eu não presto Alexy, assim como nenhum de nós, todos temos sangue nas mãos, seus próprios demônios para lidar, somos torturadores a sangue frio e isso não vai mudar.

Mattia - Eu sinto prazer Alexy, quando arranco as entranhas daqueles que querem fazer mal a minha família e isso, é doentio.

Mattia - Mas alguém precisa sujar as mãos para as pessoas boas poderem ter paz e esse é um fardo que assumimos, porque queremos.

Mattia - Não existe consciência limpa com uma vida dessas, mas existe o retorno de nossas ações.

Mattia - É enlouquecedor, torturante e destrói nossas almas de formas inexplicáveis.

Mattia - Mas quando vamos em uma de nossas cidades e não vemos pessoas passando fome, mulheres sendo agredidas, vendidas ou usadas, viciados por ai, mendigos pelas ruas, assaltantes a espreita em becos escuros, quando vemos os trabalhadores ganhando razoavelmente bem e conseguindo suprir suas famílias, quando vemos nossas crianças nas escolas, toda essa merdä, todo o sangue que mancha nossas mãos acaba valendo a pena.

Mattia - E ainda estamos muito longe de conseguir arrumar tudo, ainda tem muito trabalho a ser feito.

Mattia continua a falar por mais uma hora sobre o funcionamento de tudo, ele não dá muitos detalhes da organização interna, mas esclarece quase todas minhas dúvidas.

Não sei o que falar sobre tudo que escutei, simplesmente é demais para processar.

Comemos e bebemos, perdemos noção do horário, até estarmos quase bêbados.

Mattia - Droga, eu esqueci de reservar um quarto de hotel.

Alexy - Nossa, desculpa, eu nem lembrei de fazer uma reserva pra você.

Mattia - Não se preocupe, eu vou para uma de nossas casas, agora eu ligo para o Diogo e resolvo isso.

Alexy - Se quiser pode ir para o hotel comigo, meu quarto tem um sofá cama, é só o que posso te oferecer.

Ele olha o horário.

Mattia - Vou aceitar, já está bem tarde, o sofá cama será mais do que suficiente, mas vou tentar outro quarto lá primeiro.

Nós caminhamos pelas ruas da cidade, eu namoro cada cantinho de Roma, me encanto com tudo e Mattia me fala sobre a história da cidade como se a tivesse vivido, seus olhos brilham ao falar do país e da nossa cultura.

Alexy - Nunca mais olharei para Roma com os mesmos olhos, você me fez ficar apaixonada pelo lugar.

Mattia - A nossa cultura é linda, a nossa história, cada pedra nessa calçada faz parte de quem somos, não damos valor a isso como deveríamos e pessoas do mundo todo vem até aqui apenas para tirar fotos do que temos todos os dias.

Alexy - Você tem razão.

Chegamos no hotel e não havia mais nenhum quarto disponível, felizmente o meu quarto é de casal e não houve nenhum problema com o fato do Mattia passar a noite no mesmo.

Pedi roupas de cama extra e fomos para o quarto, tomei um banho e troquei de roupa, Mattia tomou um banho e ficou de roupão, pois suas roupas ficaram no carro e viemos de apé do restaurante.

Organizo o sofá cama para ele e fico lendo alguns papéis que trouxe de Los Angeles sob uma antiga investigação contra os Sotelato.

Mattia vem do banheiro e senta na cama ao meu lado.

Mattia - Você me falou sobre sua vida resumidamente, eu te apresentei a história de Cosa Nostra e nossos ideais, mas nós dois sabemos que não foi por isso que me chamou aqui.

Mattia - Me conta tudo sobre esse seu rolo e eu vou fazer o meu melhor para te ajudar.

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