Já se passaram duas semanas desde o meu último apagão. Tive uns sonhos esquisitos estando no lugar vazio e escuro novamente, mas no sonho eu não estava sozinha. Tento lembrar do sonho, de quem estava comigo nele, mas não consigo. O vovô anda um pouco doente a dois dias, está na cama e não quis que eu fosse visitá-lo porque tem medo que eu pegue sua gripe. Me preparei para vê-lo hoje, e é o que estou prestes a fazer. Bato na porta e entro no quarto. Quando entro ele está tossindo muito.
- Cof, Cof, Cof...
- Cadê o meu vovô favorito?
Quando me vê abre o sorriso mais sincero, o mais feliz.
- Estou aqui! - tenta dizer animado levantando os braços.
Sorrio de ver sua reação e ao mesmo tempo me entristeço por vê-lo tão maltratado, por causa da gripe.
Ele senta na cama e eu sento próxima dos seus pés, pego a sua mão que está muito quente e digo do fundo do meu coração:
- Quero que você fique bom logo, Vovô. Aqui entre a gente, estou com saudade da sua comida. O Rafa cozinha bem, mas você é o chefe. - Digo tudo em voz baixa como se fosse um segredo e pisco um olho quando termino. Ele se inclina um pouco e fala tão baixo quanto eu falei:
- Ele está fazendo a sua barriga sofrer, não está?! Esse moleque. Vou colocá-lo para fora da minha cozinha logo, logo.
Rafa entra no quarto com uma xícara de chá de limão. Eu e vovô olhamos para ele como se tivéssemos roubando uma loja e ele acabou de nos pegar em fragrante.
Ele olha para o vovô e depois olha para mim.
- O que vocês estavam cochichando aí?
- Nada, a Anne estava me dizendo que você é um ótimo cozinheiro e anda fazendo milagres na culinária.
- E precisava falar baixo se era elogio?
Ele coloca o chá na cômoda, e cruza os braços, olhando para nós dois com desconfiança. Eu e o vovô nos olhamos e começamos a rir. Rafa também entra na brincadeira, senta atrás de mim e coloca o queixo no meu ombro.
- A cara de vocês era de culpados quando entrei.
- Fomos pegos, Vovô! - Digo.
Sorrimos mais juntos. Quando o vovô toma o seu chá, levo a xícara para a pia, antes que eu possa chegar lá, tudo escurece, meus olhos estão abertos, mas não vejo nada... ouço uma voz masculina dizer:
- Aproveite enquanto pode. Você vai ficar sozinha. Já tirei tudo de você uma vez e vou fazer de novo.
Derrubo a xícara no chão. Ouço a voz do Rafa e sinto seus braços me envolvendo.
- Anne, o que aconteceu?
Então volto. Consigo vê-lo agora. Estou confusa.
- Ficou tudo escuro para você? você ouviu a voz de alguém?
Ele me olha como se não entendesse o que estou tentando dizer.
- Não, nenhuma das duas coisas.
Então entro em desespero.
- Tem alguma coisa errada comigo, Rafa.
Conto para ele o que aconteceu, vejo medo em seus olhos. Antes que ele diga alguma coisa ouvimos passos, vovô vem apresado na nossa direção.
- Você está bem, Anjo?
Vejo que ele está preocupado. Acho que pensava que eu tinha apagado de novo. Quando me vê acordada, respira com alívio.
- Estou bem, vovô. Achava que tinha visto alguma coisa e me assustei.
Querendo dar uma leveza na conversa, ele diz:
- Achei que você já tinha se acostumado com essa cara do Rafa.
É impossível não ir. Eu amo o meu vovô. Corro e o abraço. Ele me abraça de volta. Beijo sua testa. Percebo nesse momento que a febre passou.
- Vovô, você não está mais com febre.
- Meu corpo também não dói mais. Minha garganta está boa e não sinto vontade de espirrar e nem tossir.
Que estranho. Lembro o que aconteceu quando quis com todo o meu coração que todos ficassem bem. Será que eu... Antes que eu possa terminar essa pergunta mental o Rafa diz:
- Será que você pode curar? Você já fez isso uma vez, lembra?
- Sinceramente não sei, mas se for, gostei de ter feito isso pelo vovô.
- Todo anjo pode curar, Anne. Você é um anjo, tenho certeza.
Vovô diz essas palavras com os olhos brilhando. E complementa:
- Obrigada por curar a minha doença e o meu coração.
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Williane Silva
o negócio tá ficando tenso, de quem será essa voz que ameaça a Anne
2020-05-27
1
Yanny Silvah
gosteiii quero mais em
2020-05-03
2