Ele Está De Volta

Ele Está De Volta

1 - Ele está de volta

            18 de Abril de 2020 – 21h

            Era um dia chuvoso, nublado, o vento estava frio e a temperatura tinha caído.

            Harry apareceu de frente a base central do Império, os seguranças o anunciaram para o diretor, assim que permitiram sua entrada. Um dos seguranças o levou até a última sala do prédio, olhou para o seu superior que permitiu:

- Pode ir Tom.

            O segurança assentiu, se retirou e o diretor pediu notando na péssima aparência do ex-agente:

- Sente-se Harry – o vendo se sentar perguntou – O que faz aqui?

- Imagino que já sabia Kevin\, eu quero retornar!

- Sim\, já imaginava\, seu retorno será feito e agora está assegurado por nós –

disse digitando em seu computador e emitiu o recontrato, pegou sua caneta de

seu bolso e lhe entregou.

            Harry assinou as 11 páginas e aguardou o carimbo final o ouvindo perguntar:

- Do que precisa?

- De segurança e de um médico – respondeu olhando para o seu braço quebrado

enfaixado de forma improvisada por um pano velho.

- Claro\, vou pedir para Tom te levar para o ambulatório e vou deixar um quarto

preparado para quando retornar – avisou terminando de carimbar o contrato e lhe

entregou uma cópia.

            Harry pegou com a mão esquerda e o viu chamar Tom pelo rádio:

- Tom leve o senhor Dilanie para o ambulatório e depois o traga de volta.

- Sim senhor – disse desligando o rádio.

- Pode ir direto ao estacionamento.

    Ele levantou-se e perguntou desconfiado arrumando a cadeira:

- Você sabia da vingança Kevin?

- Não\, se soubesse tentaria ter impedido mesmo não sendo nosso assegurado –

respondeu sério, ficou tenso olhando para os olhos negros desconfiados de Harry

– Eu só soube quando você matou o primeiro homem...

- Entendo\, obrigado pelos reforços – disse se retirando mancando o seu pé direito

que estava machucado.

            Harry teve todos os curativos necessários, tomou os medicamentos para aliviar a dor e retornou para base, foi direcionado a um quarto bem aquecido, tinha uma bandeja farta para seu jantar, comeu um pouco, tomou banho e depois adormeceu como pedra.

            No dia seguinte o agente duplo Justin solicitou a presença de Harry em uma das salas pequenas de conversa, ele não demorou muito em aparecer e o cumprimentou o reconhecendo:

- Não mudou nada Justin.

- Você cortou o cabelo – comentou Justin sorrindo e virou-se para sua colega – Está é Lavínia Ramírez.

- Prazer – comentou um pouco incomodado pelo sorriso inocente da mulher.

- O diretor me disse que voltou e que precisa de um tempo para recuperar o braço\, então me delegou como seu superior e eu preciso de um favor\, já que não pode fazer muitos esforços... – comentou mostrando a papelada.

- Meu superior? – perguntou inconformado\, nunca teve um superior.

- Você quis voltar... Será tratado como um novato\, por assim dizer e isso não é definido\, é só para você não ficar parado – respondeu Justin mostrando o histórico de Lavínia.

- Agora contratam policiais? – perguntou com desprezo vendo a carreira da mulher de 24 anos.

- Ela não é uma simples policial... Lavínia sabe decifrar códigos\, tem ótimas pontarias e solucionou os mais perigosos casos durante os últimos anos...

- Sim... Estou vendo aqui... E o que quer que eu faça? – perguntou torcendo para não ter uma missão ao lado dela.

- Quero que a treine.

- Treiná-la? Acabou de dizer que ela tem ótima pontaria – perguntou ficando mais desapontado\, nunca teve um superior e muito menos precisou treinar alguém.

- Ela só sabe mexer com armas e cálculos... Precisamos de mais...

- Por que a quer aqui dentro Justin? – perguntou sério fechando o relatório.

- Não fui eu\, foi Kevin – respondeu levantando-se – Seja bonzinho e a treine\, de preferência agora!

- Tá... – disse o vendo sair.

- Sempre é tão arrogante? – perguntou Lavínia encarando Harry.

            Harry não respondeu, pegou os relatórios e os guardou na gaveta de arquivos organizado pela ordem alfabética, abriu a porta e andou, sabia que ela o seguiria. Pelos corredores do prédio Harry tinha cada uma de suas lembranças de volta, eram pesadas, sujas, desonestas e maldosas. Respirou fundo e abriu a sala de tiros com sua digital, a sala estava vazia e ele disse sério a vendo entrar:

- Aqui temos 663 tipos de armas\, me mostre o que sabe fazer.

- Escolha uma arma – ela pediu odiando ser testada.

            Harry pegou uma pistola e ela perguntou inconformada, em seu histórico estava claramente escrito que tinha uma ótima pontaria:

- Está brincando\, né?

- Não!

            Lavínia sempre odiou que duvidassem de sua capacidade, irritada pegou a pistola, foi em direção ao alvo, ficou distante, apontou e acertou o alvo no coração e a cabeça, entregou a pistola para Harry e ele comentou:

- Se você atirar no coração não precisa atirar na cabeça.

- Eu sei\, é só para te mostrar que não estou brincando.

- Então vamos ver o que você faz com isso – disse a entregando uma Gyrojet.

- Uma arma de madeira... – disse olhando para a relíquia.

            Ela se concentrou, antes de atirar percebeu que o gatilho estava um pouco engajado e que precisaria de mais força do que estava acostumada para apertar e segurar a arma, tencionou os ombros, olhou para o alvo e atirou. Acertou o coração, mas não em cheio, Harry deu um sorrisinho de canto e perguntou irônico:

- Essa é a sua pontaria é perfeita?

- Eu não atiro com armas do século passado e ainda sim\, teria matado alguém –

disse convencida o entregando a arma.

- Se estivesse nervosa não conseguiria.

- Achei que eu tinha que ser fria e calculista e não nervosa – disse se lembrando

das conversas com Kevin.

- Não é porque solucionou oito crimes que vai solucionar os daqui.

- Eu sei da diferença.

- Eu acho que não sabe\, por isso continue atirando – mandou entregando o Revólver

Magnum Smith & Wesson.

            Foram horas de treinos de tiro, os braços de Lavínia já estavam cansados e seu estomago roncava, ela o olhou séria e comentou:

- Eu já fiz prova de sobrevivência e não uma vez e sim duas\, então\, por favor\,

vamos parar por aqui, estou faminta.

- Pedido de arrego\, talvez não tenha isso em ação.

- Eu sei o que está tentando fazer\, já conheci muitas pessoas assim e até piores – disse olhando para a porta.

- Eu ainda não disse que vamos sair.

- Ok\, então escolha uma arma – pediu mordendo os lábios querendo não demonstrar que estava irritada.

- Guarde as armas no lugar! – ele mandou somente para deixá-la mais desconfortável.

            Lavínia o obedeceu, virou-se para ele e ouviu mandar:

- Desista daqui!

            Lavínia começou a rir, Harry abriu a porta e disse com um sorriso de canto:

- Não foi uma piada.

- Pareceu ser...

- E você está fedendo – comentou percebendo que ela estava suada.

            Ela revirou os olhos e entrou no elevador, percebeu que ele se recusou ir junto, Lavínia foi para seu quarto,

por alguns instantes pensou que realmente estava fedendo, mas ao chegar em seu quarto, tirou a roupa, notou que não estava e pensou em voz alta:

- Idiota.

           Horas depois, Harry encontrou Lavínia que estava no terraço lendo algum livro de romance, dava para notar

pela capa com um casal e a chamou:

- Vamos correr.

            Ela não o escutou porque estava de fone de ouvidos, olhou para ele o vendo sério a encarando, tirou o fone e perguntou:

- Disse alguma coisa Harry?

- Te chamei para correr.

- Se você cair em cima do seu braço\, posso rir? – perguntou levantando-se.

- Achei que o arrogante fosse eu – comentou irônico.

- Me espere lá em baixo\, vou deixar essas coisas no meu quarto.

            Alguns minutos depois, ela chegou, Harry pediu:

- Me dá seu pulso direito.

            Ela o entregou, o viu colocar uma pulseira e apertar um botão, seu olhar rapidamente desviou do seu pulso para a sua camisa três/quartos que ele usava, reparou no papel filme em seu braço esquerdo e perguntou:

- Fez uma tatuagem?

            Harry colocou seus fones de ouvido, não respondeu, saiu correndo na frente, ela prendeu seu cabelo, assoprou sua franja tentando manter-se calma e bem atrás correu, foram 3 voltas com o total de 1200 metros, quando Lavínia colocou as mãos nos joelhos, ele se aproximou, segurou seu pulso, pausou a pulseira que mediam sua pressão e batimentos cardíacos, ela deitou-se no chão, respirando fundo. Harry foi buscar água, se aproximou carregando duas garrafas d’água, ele jogou uma garrafa de água na direção de Lavínia que o encarava, antes que caísse no chão, ela pegou a garrafa. Harry abriu sua garrafa, começou a ficar distante e avisou:

- Por hoje é isso.

            Durante dois meses e 20 dias, Harry a treinou cada vez mais pesado, no final de um dos treinos no sótão, os pés de Lavínia estavam doloridos, ela sentou-se no chão sujo, olhou para Harry e o convidou:

- Eu vou fazer 25 anos amanhã.

- Meus parabéns – a interrompeu.

- Obrigada\, eu vou comemorar no bar Cabalística...

- Eu não vou mais a festas de crianças – a interrompeu novamente.

- Ok... Você que sabe\, mas vai ter karaokê – disse levantando-se se arrependendo de tentar ser legal com seu treinador.

            Naquela mesma tarde, o diretor reuniu Justin, Harry e Finn que era o antigo parceiro de Harry, Kevin iniciou

com os relatórios de Lavínia na mão e perguntou:

- Então todos acham que ela está aprovada?

- Ela sabe decifrar códigos – disse Finn orgulhoso por ter conseguido avançar em suas investigações.

- Eu sempre disse que ela era boa – disse Justin olhando para Harry.

- E você Harry?

- Ela faz tudo que mando e faz muito bem\, mas de verdade não sinto confiança\, ela é nova\, escuta e lê coisas românticas\, parece que seus pés não estão no chão.

- Está falando assim por que já esteve sem seus pés no chão? – perguntou Kevin sério.

- É! E quando não estive eu simplesmente saí.

- Harry seus argumentos são péssimos e ela vai ficar sobre a supervisão de vocês três.

- Pode deixar chefe – disse Justin.

- E boa festa para vocês.

- Você não vai? – perguntou Finn desacreditado\, Kevin sempre amou uma festa.

- Hoje à noite\, a única coisa que vou ver\, é a apresentação de balé da minha filha – contou sorridente – E aliás\, já vou embora! Qualquer urgência\, só me chamar.

- Claro\, eu vou me arrumar – disse Justin levantando da cadeira.

- Você já está bom para dirigir Harry ou quer vir comigo? – perguntou Finn animado por ter o seu colega de volta.

- Eu não vou – respondeu olhando para os relatórios.

- Cara\, você me some por seis anos e agora não quer festejar\, vai ficar socado nesse prédio sozinho? – perguntou Justin pegando os relatórios – Sei que quer só pensar no trabalho\, mas o velho Harry sabe que precisa de alguns drinks e de boa música e já vou te avisando que Lavínia canta muito.

- Ficar sozinho também é legal – disse indo saindo logo atrás de Kevin.

- Se eu fosse você ia relaxar\, recuperou seu braço\, está sem medicamentos\, drinks também são como remédios – disse Kevin sem olhar para trás.

            Harry ignorou e foi pelas escadas até chegar ao seu quarto, foi para o seu banho, deitado na banheira, teve

algumas boas lembranças, lembranças das quais queria esquecer. Tomou rapidamente seu banho, com a toalha enrolada na cintura, ligou seu rádio e jogou-se na cama. Sua mente não parava, o tempo todo, fechava os olhos e vinha o rosto claro, os olhos verdes e lábios rosados, a lembrança do perfume de flores e seu coração parecia que ia explodir. Fazia dois meses que não tinha tempo para pensar no que aconteceu e não era agora que queria pensar, pegou seu jeans, camisa preta e seu tênis, depois que se vestiu, sentou na cama, ainda indeciso, fechou os olhos por uma hora, queria adormecer, mas sua mente parecia um jogo de horror e decidiu...

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Comments

Ediana Felipe silva

Ediana Felipe silva

Eu estou amando cada palavra

2020-12-01

1

Graziela Graziela Anjos

Graziela Graziela Anjos

Nossa ameiiiii

2020-05-29

1

Cah♀️

Cah♀️

isso ta muito bom ❤❤❤

2020-05-17

1

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