2 - Cabalística

                                                              Cabalística -  18 de junho de 2020 – 23h

            O lugar cheirava a bebida e cigarros, a luz baixa trazia um ar de sensual e de luxo, Harry nostálgico reparou no lugar que frequentou por 10 anos. Olhou para seus colegas que estavam sentados e eles ao vê-lo gritaram seu nome, sem jeito, sentou entre Justin e Finn, chamou sua atenção a voz rouca que cantava Black Ice do AC/DC,

atento prestou atenção na conversa:

- Ei Justin – chamou Michael.

- Fala.

- E a gatinha é solteira? – perguntou olhando para Lavínia que descia do palco.

- Sim\, mas acho que ela é lésbica – respondeu rindo.

- Por que não tenta a sorte? – perguntou Finn que já estava ficando bêbado.

            Quando a bebida de Harry chegou, era seu Bourbon preferido, mansamente Lavínia tirou o copo da mesa e perguntou:

- Como adivinhou treinador que eu estava com sede?

            Ele não respondeu, apenas forçou um sorriso, levantou e respondeu:

- Ainda bem que aqui não falta Bourbon.

            Lavínia sentou em seu lugar e perguntou:

- E aí rapazes qual de vocês é o próximo a subir no palco?

- Melhor não\, homens cantam muito mal – disse Finn rindo.

- Ainda sim pago para ver\, Michael um passarinho me contou que você queria me impressionar\, por que não tenta a sorte? – perguntou irônica\, ela tinha lido os lábios deles enquanto cantava.

- Melhor não – disse sem graça.

- Qual é? – perguntou Justin – Está com medinho?

- Não! Pode deixar boneca\, por que não escolhe a música?

- Já disse para me impressionar – respondeu o encarando.

            Michael levantou-se, demorou um bom tempo para escolher a música, Justin tirou o baralho do bolso e perguntou:

- Truco?

- Ei Harry vem jogar – chamou Finn o vendo beber sozinho no balcão do bar.

            Mas ele recusou, depois de algumas partidas de truco, algumas brincadeiras com a cara de Michel que cantava muito mal. Lavínia logo voltou para o palco e cantou Like a Virgin da Madonna, a bebida já havia subido tanto, que cantou sentada, ficar em pé era arriscado tropeçar, parou de cantar na metade de música, entregou o microfone para uma mulher loira que a olhava cantar e pediu:

- Me dê esse presente de aniversário e cante para mim.

            A mulher também não estava sóbria e continuou a cantar, Lavínia tinha ido ao banheiro, na volta, sentou ao lado de Harry e pediu:

- Duas tequilas.

            Harry a olhou e deu um sorriso perguntando:

- Parou de cantar?

- Estou sem condições\, esqueci a letra – respondeu rindo.

- Pode ir lá com seus amigos\, estou bem aqui – disse vendo o garçom colocar as

duas doses no balcão.

            Quando Lavínia ia pegar sua dose e dizer alguma coisa, Harry a interrompeu:

- Antes você me deve uma bebida.

            E ele virou as duas doses de tequila e a relembrou:

- Bom você roubou meu Bourbon.

- Engraçadinho... – disse olhando para o garçom – Leva uma rodada de tequila para a mesa.

            Ela o puxou, ele não ia segui-la, mas quando a viu desequilibrar do salto a segurou firme e a levou até a mesa, Michael reparou no jeito que em que Lavínia se jogava nos braços de Harry e comentou:

- Eu vou embora.

- Nem amanheceu ainda – disse Lavínia senta do ao seu lado – E eu pedi tequila.

- Depois da tequila eu vou – avisou disfarçando sua frustração.

            Depois de uma rodada de tequila, a maioria de seus colegas acompanharam Michael, ficou somente Finn, Justin e Harry que continuaram bebendo. Justin para fechar sua conta pediu uma garrafa de vinho e disse:

- Esse é meu presente.

- Obrigada... O meu preferido – agradeceu o abraçando.

- Ei! Lavínia? Você é lésbica mesmo? – perguntou Finn que tentava terminar de beber seu whisky.

- Claro\, inclusive eu gostaria do número da sua irmã – respondeu irônica sentando

na mesa.

- Ei cara\, vamos embora – chamou Justin percebendo que Finn estava bêbado demais.

- Tá... – disse acenando para Harry e Lavínia.

            Justin deu um beijo no rosto de Lavínia e desejou:

- Feliz aniversário mocinha.

            Harry ainda um pouco tonto, olhou para a garrafa de vinho e perguntou:

- Vai beber sozinha?

- Na verdade aceito sua companhia – respondeu tímida.

- Me espere que vou ao banheiro – avisou se levantando.

            Ela percebeu que ele cambaleava um pouco, Harry no banheiro lavou seu rosto, sacodiu a cabeça, estralou suas costas e depois saiu. Olhou para Lavínia que estava de costas, sabia que estava bêbado, por um fio de consciência sabia que não deveria ficar sozinho com uma mulher, foi até o garçom e perguntou querendo sair pelos fundos:

- Será que posso passar por aqui\, não quero ela me veja ir embora.

- Devo dizer algo a ela.

- Só a distraia para que não me veja – pediu.

            O garçom levou um pedaço de bolo de cereja com uma velinha e foi até sua mesa desejando:

- Feliz aniversário senhorita.

- Obrigada – disse percebendo que era somente um pedaço e olhou em direção a porta dos fundos que ficava perto do balcão de bebidas\, foi quando o viu sair rapidamente do bar sem se despedir e ela perguntou – Só um pedaço?

            O garçom ficou sem jeito e perguntou:

- Não está sozinha?

- Parece que sim – respondeu olhando para o bolo – Pode me trazer um refrigerante?

- Sim e fecho a conta?

- Por favor.

            Ali ela ficou em silencio, comeu seu bolo, bebeu seu refrigerante, pagou a conta, foi em direção a saída e pediu ao manobrista:

- Traga meu carro.

- Claro.

            Ela olhou para o outro lado da rua e lá estava Harry encostado no poste vomitando, ela voltou rapidamente para o bar e comprou uma água, pediu para o manobrista aguardar, atravessou a rua e perguntou:

- Está tudo bem treinador?

- Acho que estou perdendo meu fígado – brincou.

- Te trouxe água – ela disse o entregando a garrafa.

            Harry pegou a garrafa, bebeu um gole e vomitou mais um pouco, depois bebeu mais um pouco, jogou água em suas mãos e o restante jogou em sua nuca, olhou para ela e avisou:

- Acho que não consigo dirigir a moto.

- Eu sei\, amanhã você pega\, agora vamos para o meu carro – disse pegando o seu braço e o passando em seu ombro.

            Ela avisou o manobrista que no dia seguinte pegariam a moto, colocou Harry dentro do carro, entrou no carro, colocou o cinto, olhou para o lado e o viu dormir, delicada colocou cinto de segurança em Harry e foi para o seu apartamento que ficava há uma rua antes do bar, estacionou o carro na garagem, sacudiu Harry o chamando:

- Acorde bela adormecida.

- Não estou dormindo – ele disse soltando os cintos.

- Ah sim... – disse destravando as portas.

            Harry quando saiu do carro, olhou ao redor e perguntou:

- Você me sequestrou?

- Sim e agora vou te levar para o meu sótão de torturas – respondeu rindo o guiando até o elevador.

- Tem sótão em prédios residenciais?

- Você bêbedo é bem esquisito – respondeu apertando o nº 12.

            Ao chegar no andar, ela abriu seu apartamento e pediu:

- Não repare na bagunça.

- Eu não consigo abrir os olhos direito quem dirá ver bagunça – disse entrando.

- Tire os sapatos! – ela ordenou tirando seu salto.

- Por quê?

- Costume de família – respondeu trancando a porta.

- Sua família mora aqui? – ele perguntou tirando os sapatos.

- Não... – respondeu pegando seus calçados os colocando na sapateira que fica na lavanderia.

            Voltou para o corredor e perguntou:

- Quer alguma coisa?

- Sua pergunta é difícil – respondeu sorrindo encontrando seus olhos castanhos.

- Isso foi ironia?

- Não sei também – respondeu a vendo soltar os longos cabelos.

- Olha pode dormir na minha cama\, mas\, por favor\, não vomite lá – brincou – Também pode tomar banho.

- E você onde vai dormir?

- Eu tenho insônia quando bebo – respondeu pensando em lhe oferecer mais água.

- Sabe que você fica linda com essa saia – respondeu olhando para suas pernas.

- É melhor você tomar banho – disse o puxando pela camisa.

- Peguei pesado? – ele perguntou a vendo abrir a porta do banheiro que é depois da sala.

- Não\, mas vai se arrepender de ter dito isso quando ficar sã.

            Ela entrou no banheiro, ligou o chuveiro, tirou uma toalha do balcão e disse se retirando:

- Divirta-se.

            Fazia muitos anos que Harry não bebia daquele jeito, sua consciência parecia que oscilava, ora pensava que deveria ir embora, ora não sabia o que estava fazendo. Demorou quase uma hora no banheiro, quando ele saiu com a toalha enrolada na cintura, foi até a sala, olhou para a mesa onde estava Lavínia com uma taça de sorvete e ela ofereceu olhando para sua tatuagem de dragão no peito e no braço esquerdo a tatuagem de

espinhos:

- Sorvete?

- Acho melhor evitar de comer e eu acho que escovei meus dentes com sua escova\, pensei que estava sozinho – respondeu confuso.

- É meio obvio que a escova era minha\, mas tudo bem – disse se levantando\, tocou em seu braço – Por que não vai dormir?

- Onde fica o quarto?

            Ela o levou para a única porta que ficava depois do banheiro, abriu e disse:

- Tem cobertor no guarda-roupa\, quer que eu pegue sua roupa?

- Por que não tira sua roupa também? – ele perguntou a puxando pelos braços.

            Lavínia corou, mas não podia negar que o desejava, Harry a jogou na cama, deitou sobre seu corpo, a beijou e iniciaram uma ardente noite de amor, a adrenalina era tanta que Lavínia não tirou totalmente sua roupa. Depois que tiveram muito prazer, Harry foi o primeiro a adormecer e ela em seguida em seus braços.

            Pela manhã a dor de cabeça de Harry o acordou, ele olhou para o teto, não reconheceu o lugar, quando olhou para seus braços rapidamente, pensou que fosse uma prostituta e que era um quarto de motel, mas ao respirar fundo se lembrou de beijar Lavínia, com seu braço dormente esquerdo, segurou uma mecha do cabelo e reconheceu os cabelos castanhos claros, fechou bem seus olhos, sua respiração ficou rápida, internamente estava entrando em desespero, arrependimento e não sabia se a acordava ou não. Logo ela acordou, seu sono sempre foi leve a respiração profunda de Harry a despertou, ela coçou seus olhos, bocejou, se espreguiçou, acariciou seu peitoral e desejou:

- Bom dia.

            Harry não respondeu, ficou estático e a escutou perguntar:

- Está com fome?

- Não – respondeu rapidamente\, era aquele tom de voz frio que ela estava acostumada.

            Ela sentou na cama, virou-se para olhá-lo, o viu massagear o braço e perguntou:

- Está tudo bem?

            Ao notar que ela não estava com nada por baixo da sua mini blusa mandou:

- Veste algo!

            Ela pegou o lençol que estava em baixo do travesseiro, o enrolou na cintura e perguntou:

- Eu posso fazer alguma coisa?

            Harry estava começando a se irritar com as perguntas, levantou-se da cama, com o cobertor enrolado na cintura saiu do quarto e foi para o banheiro onde lembrou-se que deixou suas roupas. Enquanto isso Lavínia pegou seu roupão vermelho no guarda-roupa, o vestiu e foi para a cozinha se lembrando de cada detalhe da madrugada. Começou a preparar o café, separou os remédios de dor de cabeça, ele arrumado apareceu na cozinha e perguntou:

- Cadê a chave da moto?

- Está ali – ela respondeu apontando para o chaveiro.

            Ele pegou, olhou para os comprimidos e perguntou:

- São para dor de cabeça.

- São... – respondeu baixinho.

            Harry notou que a chave do apartamento estava na porta de entrada, ele a olhou percebendo que estava frustrada:

- Me desculpa Lavínia\, mas foi só uma noite\, isso não pode acontecer de novo.

- Claro Harry\, não precisa se explicar\, além do mais ontem você ia embora sem se despedir.

            Ele ficou em silêncio, a viu desligar o fogo, virou-se de costas, destrancou a porta e foi embora segurando seus sapatos.

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Comments

Ana Júlia Gomes

Ana Júlia Gomes

Harry e muito frio e duro

2020-04-24

2

Thayza Santana

Thayza Santana

Ele é muito frio.

2020-04-21

2

*******

*******

Harry daria uma boa dupla com meu personagem Jhon não acha? pelo menos na bebida kkkkkk

2020-04-21

2

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