5 - Aliada ou inimiga

            Enquanto os dois se distanciavam dos Cruciatus, dois agentes chegaram até o localizador, olharam para senhora que tricotava sentada no banco esperando seu filho chegar para lhe dar uma carona:

- Desgraçados! – praguejou um dos agentes.

- Deveríamos ter imaginado que colocar um rastreador naquela vagabunda não resolveria.

- Vamos voltar... Vamos conseguir pegar ela uma outra hora.

            Quando Harry e Lavínia chegaram no prédio, no elevador ele segurou sua mão, ele estava agindo diferente, parecia preocupado e olhando para cada arranhão das suas mãos mandou:

- Vá para a enfermaria\, cuide das suas mãos\, do rosto e se tiver mais machucados.

- Mas não íamos falar com Kevin? – perguntou gostando de todo cuidado que estava tendo.

- Não se preocupe\, deixe que eu faça isso – disse apertando o botão da enfermaria e depois para o último andar.

- Tá legal... – ela disse descendo do elevador – Até depois Harry.

            Ele não respondeu, apenas a encarou, foi até a sala do diretor, mas estava vazia, impaciente, sentou na cadeira do diretor e fez uma ligação:

- Harry é bom ter um ótimo motivo.

- Era uma emboscada Kevin!

- Emboscada? – perguntou Kevin desconfiado, pensava que tinha dado a eles uma missão fácil.

- Não tinha governador nenhum\, estavam nos esperando somente isso!

- Espere que estou indo até aí – disse desligando.

            Já era início da madrugada, Kevin ainda não tinha chegado, mas Lavínia bateu na porta, estava com sono, tinha tomado banho e estava vestindo moletom, colocou um lanche natural de frente a Harry e um suco dizendo:

- Precisa comer e se cuidar\, eu posso esperar Kevin ou deixamos para amanhã.

- Está com cara de sono\, volte para seu quarto e estou sem fome\, mas não vou fazer desfeita.

- Por que está tão zangado? – ela notou que todo os olhar cuidado do elevador tinha ido embora.

- Eu levo meu trabalho a sério\, só isso.

- Está dizendo que eu não levo?

- Eu não disse isso e como seu superior sei que está cansada\, da meia volta e vá para o quarto.

- Boa noite Harry – desejou mesmo sabendo que ele não a responderia.

            2h30

            Kevin chegou com um café na mão olhou para Harry que estava sentado em sua cadeira e perguntou:

- Está confortável?

- Claro que está – Harry respondeu levantando.

- Me conte.

- Havia em torno de 20 pessoas prontas para nos matar.

- Seja detalhista.

- Tudo estava muito fácil\, nós chegamos\, entramos\, parecia que não havia ninguém\, mas puxaram Lavínia\, eu pensei que ela fosse morrer\, eu não sei bem o que aconteceu com ela\, porque fiquei preso nas escadas\, haviam alguns homens e foi difícil de sair de lá\, quando cheguei até Lavínia\, ela estava desarmada matando um cara com uma corrente e tinha outro homem que ia matá-la com um tiro\, mas atirei primeiro.

- Parabéns herói da história – interrompeu Kevin.

- Cala boca e escuta\, naquele andar tinham seis celas e dentro delas haviam policiais mortos\, eram muitos e oito deles trabalharam com Lavínia.

- Nomes? - perguntou Kevin abrindo seu sistema de imediato em seu computador.

- Vitor Lopes\, Wagner Escobar\, Perducas Lamy\, Chris Fury\, Edward Hale\, Peter Stewart\, Mark Jackson e Clark Hill.

            Enquanto Harry disse os nomes dos policiais, Kevin encontrou em seu computador um relatório de Justin e avisou:

- São os policiais desaparecidos que Justin me disse outro dia.

- Acho que eles estavam a esperando\, algum deles disse a Lavínia que tinham o seu uniforme antigo para ela usar.

- Lavínia achou esse lugar... Lavínia viveu a um ataque extremamente planejado sendo uma novata... Para ser uma emboscada alguém daqui de dentro teria que vazar informações... Será que ela é tão novata assim? – perguntou Kevin erguendo uma sobrancelha.

- Ela parecia assustada\, não parecia encenação.

- Cruciatus são inteligentes e isso já aconteceu antes de ter alguém infiltrado... Uma pergunta um pouco obvia\, ela dá em cima de você?

- Não exatamente – mentiu confuso.

- Ela é uma mulher muito bonita e você já teve algumas missões assim... – perguntou Kevin irônico.

- Kevin sabe que não voltei para cuidar de uma novata ou de quem ela for\, eu voltei para descobrir tudo sobre aquele dia – o pressionou com raiva.

- Eu sei Harry\, tudo tem seu tempo... Só faça o que te pedi.

- Eu cuidarei disso senhor – respondeu Harry indo em direção a porta.

- Eu sei que sim e depois temos que falar da terceira missão...

- Claro.

- Bom\, eu vou ficar aqui e espero que me de algumas pistas se ela é ou não a traidora.

            Harry assentiu, tomou banho, cuidou dos seus próprios ferimentos, deitou na cama e sussurrou:

- Espiã... Até que se tornou sexy...

            Na manhã seguinte, Harry foi até Lavínia que estava no terraço lendo algum livro romântico, ele repousou suas mãos em seus ombros e desejou:

- Bom dia Lavín.

- Espere um pouco\, em uma única frase você me desejou bom dia e me deu um apelido? Te bateram com muita força ontem? Acho que vou te encaminhar para o neurologista – disse humorada fechando seu livro para olhá-lo.

- E eu te trouxe suco – disse o entregando.

- A última vez que me tratou bem estava bêbado... – disse o vendo sentar ao seu lado no banco de madeira.

- Eu só estou admirado pelo que fez ontem...

- É o nosso trabalho e pelo que me lembre\, você salvou minha vida.

- Falando em vida... Por que escolheu essa vida?

- Agora está interessando em saber das minhas escolhas?

- Sim...

- Por quê?

- Eu te fiz uma pergunta primeiro – disse charmoso.

- Bem antes de toda essa conversa eu também te fiz uma pergunta Harry e você me pediu para nunca te questionar de novo – ela disse séria olhando para o horizonte.

- É um pouco complicado o que perguntou\, mas posso te responder depois que você responder a minha pergunta.

- Tá legal... Eu escolhi ser policial para me livrar do interior\, meus pais não tinham dinheiro para a faculdade e eu sempre gostei de esportes\, então prestei concurso\, passei em todas as provas\, fiz alguns cursos de aprimoramento e conheci Justin que nunca pegou leve\, mas confesso que foi mais leve do que você – disse rindo – Eu não sei e não quero me gabar\, mas eu tenho ótimas intuições em achar criminosos.

- Talvez seja vidente ou tem alguns contatos?

- Que tipo de policial acha que fui? – perguntou um pouco ofendida.

- A melhor\, olha onde veio parar...

- Justin tinha duas propostas ou eu ia ser promovida ou ia passar a cuidar de casos mais delicados\, ele me apresentou o Império\, primeiro fiquei na supervisão de Kevin\, ele fez tantas interrogações e testes que entendi como um criminoso se sente – contou séria o olhando.

- E por que Justin gostou tanto de você?

- Desde o início trabalhei com ele e aprendi muitas coisas\, acho que me destaquei em vista aos outros policiais... Quem realmente me quis aqui dentro foi Kevin\, teve um momento em que Justin achou uma má ideia.

- Ele é um agente duplo desde o início e nunca trouxe um policial\, desculpa a pergunta\, mas sei lá... Ele e você... – disse sem jeito.

- Eu não me relaciono com pessoas do trabalho e eu dificilmente tenho algum tipo de coisa com alguém – contou ficando envergonhada – Antes de você a última pessoa que fiquei foi há uns dois anos atrás.

- 2 anos?

- É...

- Você não parecia que estava enferrujada.

- Engraçadinho – disse batendo em sua coxa.

            Harry colocou sua mão em cima da sua e perguntou:

- Me fale\, por que quis sair do interior?

- Eu só não queria viver ali\, é chato e entediante\, para você ver eu era gorda... Sempre sonhei em me mudar – respondeu humorada – E meus pais pagam um tratamento para meus avós\, eu sei que precisavam de dinheiro.

- Gorda? – foi a única coisa que ele prestou atenção.

- Não muito.

- Lutadora de sumô? – brincou.

- Acho que você está merecendo uma surra.

- Desculpe\, não pude evitar\, meu humor é um pouco negro gordinha – disse brincando.

- Idiota.

- Você que não fica ninguém do trabalho\, aquele dia não parecia bêbada\, por que sou exceção?

- Carência – mentiu.

- Carência?

- É... Por quê? Acha que foi por outra coisa?

- Achei que podia ter se apaixonado.

- Talvez... Isso faria diferença?

- Talvez.

- Bom já te respondi todas as suas perguntas?

- Não...

- Ontem você foi muito bem\, como foi lutar sozinha?

- Já fiz isso antes e dessa vez me sai melhor\, nem fui baleada – respondeu sorrindo.

- Suas mãos estão bem machucadas\, achei que não sabia lutar com outra coisa sem ser armas.

- Não me treinou atoa\, não é?

- Está dizendo que sobreviveu graças aos meus treinamentos?

- Sim\, senhor convencido – disse deitando em seu ombro.

- Sabe eu diria que você é uma dessas garotas comuns\, que leem romances\, gostam de uma boa festa\, flores e um dia vai ser dona de casa.

- Eu gosto de tudo isso – o interrompeu – Menos da parte de ser dona de casa.

- É esquisito porque a mulher que está aqui lendo livros bobos\, não parece nada com a mulher de ontem.

- Livros bobos? Isso foi um pouco ofensivo\, está parecendo o Harry de sempre.

- Bom acho que agora é a minha vez em te contar o que aconteceu nesses últimos anos – disse sério a olhando.

            Ela colocou o indicador sobre seus lábios e disse séria:

- Eu sei que o que está fazendo Harry\, só não entendo o motivo\, por isso não me conte nada sobre você\, continue com seu mistério\, mas em troca – ela disse tirando seu indicador e se aproximou para beijá-lo.

            Foi um longo beijo, Harry sentia seu coração disparar enquanto acariciava seu cabelo, Lavínia sentia arrepio em cada toque, sua mão estava acariciando a grossa coxa de Harry e a outra segurava sua camisa como se nunca fosse o soltar. Até Harry pensar que estavam no prédio e alguém poderia ver e alguém realmente tinha visto. Ele se afastou, virou o rosto e perguntou:

- Você realmente não tem nada para me contar?

- O que tenho para te contar provavelmente você não quer saber.

- E o que seria?

- Eu acabei de te beijar\, não imagina nada?

- É complicado\, não faça isso de novo\, eu não quero me relacionar com você – disse se levantando se arrependendo de ter ouvido a ordem de Kevin.

- Achei que se eu estivesse apaixonada\, talvez\, fizesse alguma diferença.

- Esqueça isso que aconteceu.

- Tudo bem\, eu entendo seus recados – ela disse o vendo sair\, não podia acreditar que ele tentou a seduzir para ter algum tipo de informação\, que ele estava suspeitando dela\, também não podia acreditar como podia não estar zangada e ter amado aquela atitude sedutora.

25 de Julho de 2020

            Era um dia ensolarado, mas o vento esfriava todo ambiente, no terraço estava Lavínia com seus fones de ouvidos lendo um dos seus livros de romance, quando Finn tocou em seu ombro, ela tirou os fones de ouvido e perguntou:

- O que foi?

- Kevin está te aguardando na sala – respondeu sério.

- Finn você conseguiu aquele programa que te pedi para o computador? – ela perguntou o seguindo até o elevador.

- Consegui sim\, não se preocupe – respondeu apertando o botão do último andar.

            Ao entrar na sala, sentou ao lado de Michel e Kevin que estava a sua frente avisou:

- Sua pontaria é ótima... O evento da reunião de segurança vai acontecer na prefeitura\, precisamos proteger Justin\,

se eles realmente estão em busca de policiais podem tentar o matar e você vai fazer isso junto a Michael – disse apontando para o desenho do prédio em seu computador – Você vai cobrir a frente, Michael vai ficar na frente também, ao leste e oeste terão mais dois agentes que Michel vai escolher, a sala de reunião é espelhada, vocês vão ter a visão praticamente inteira da sala.

- E Harry? – perguntou Lavínia curiosa.

- Ele tem outras coisas para fazer – respondeu se ajeitando na cadeira.

- Está tudo bem\, querida – disse Michael a flertando – Cuidarei bem de você\, quando iniciar o pôr-do-sol desça para me encontrar no estacionamento.

- Sim senhor – disse se segurando para não demonstrar que estava incomodada.

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