Leonor e Nathan: Arquivos Proibidos
Leonor e Nathan: Arquivos Proibidos
CASO 1 – Parte 1
Ano: 2009
Local: Londres, Inglaterra
Era uma noite de outono, fria e úmida, quando Nathan e Leonor Moore receberam a ligação. A voz do padre Thomas, trêmula e cansada, vinha do outro lado da linha:
> — Sr. e Sra. Moore… nós precisamos de vocês. Há algo naquela casa… algo que nem mesmo nós conseguimos enfrentar.
O endereço ficava no extremo leste de Londres, numa rua esquecida pelo tempo. A casa era um casarão vitoriano, de janelas altas e vidro fosco, com tijolos escurecidos pela umidade e pela poluição da cidade. Nenhum vizinho ousava chegar perto depois do anoitecer.
Nathan, de terno escuro e olhar investigativo, carregava uma maleta de equipamentos: gravadores de fita, câmeras de visão noturna, crucifixos e água benta. Leonor, loira de olhos azuis intensos, vestia um sobretudo preto, segurando seu caderno de anotações — e também, discretamente, uma pequena caixa de prata com símbolos gravados à mão.
No caminho, dentro do carro, o padre contou o que sabia.
> — Tudo começou em 1981… um casal morava lá com seus dois filhos, Angelo e Lucy. Quando tinham 12 anos, começaram a agir de forma estranha. Falavam línguas que não conheciam, desenhavam símbolos no chão, e sempre à meia-noite… levantavam-se e realizavam um ritual. Descobrimos depois que os antigos donos da casa eram ocultistas… adoradores de algo… antigo.
Quando chegaram, um vento gelado percorreu o corredor estreito da entrada. O relógio antigo na parede estava parado, marcando exatamente meia-noite.
Leonor observou as paredes e notou marcas queimadas, como se mãos humanas houvessem pressionado ali com força sobrenatural. Nathan ajustou a câmera e começou a registrar.
De repente, um ruído veio do andar de cima. Passos lentos… arrastados… como se algo pesado estivesse se movendo.
Ao subirem, encontraram o quarto das crianças ainda intocado desde 1981. Bonecas quebradas espalhadas pelo chão, um crucifixo invertido na parede, e no centro… um círculo desenhado com algo que parecia sangue seco.
Leonor se aproximou e sentiu uma pressão no ar, como se a atmosfera ficasse mais densa.
Nathan, ao gravar, percebeu que o áudio captava uma voz fraca… repetindo a mesma frase em latim, incessantemente.
O padre Thomas, que estava atrás deles, começou a rezar baixinho… e nesse momento, todas as portas do corredor bateram ao mesmo tempo.
A casa não queria visitas.
CASO 1 – Parte 2
Ano: 2009
Local: Londres, Inglaterra
O corredor permanecia mergulhado em uma penumbra quase sólida. A única luz vinha da lanterna que Nathan segurava, tremendo levemente em sua mão.
Leonor, imóvel, mantinha os olhos fixos na porta ao final do corredor — a única que não havia batido.
— Não sente isso? — sussurrou ela.
Nathan respondeu apenas com um aceno, mas o suor frio na sua testa já dizia tudo.
O padre Thomas fez o sinal da cruz e se aproximou daquela porta. Antes que pudesse tocar na maçaneta, um estalo seco ecoou pelo teto, como se a madeira estivesse cedendo sob um peso invisível.
— Há algo lá em cima… — murmurou Nathan, levantando a câmera.
O sótão.
A escada de acesso estava parcialmente escondida por uma viga, e a corda para puxá-la parecia gasta, quase prestes a se romper. O ar que vinha dali era gelado e carregava um cheiro forte de ferro e mofo.
— Não é hora para o sótão — disse o padre, a voz quase suplicante. — Não agora.
Mas, antes que alguém pudesse responder, a gravação de Nathan captou algo que não vinha de nenhum deles. Uma risada infantil, arranhada e metálica, ecoou na fita, seguida por um sussurro em latim:
> "Veniet Umbra Magna…"
Leonor engoliu seco e olhou para o marido.
— Essa frase… já a vimos antes. No caso de Dover.
— Sim. — Nathan baixou a câmera. — E da última vez… não terminamos o trabalho.
Um vento súbito percorreu o corredor, apagando as lanternas e deixando-os completamente no escuro. Apenas o gravador continuava funcionando, e nele… passos começaram a se aproximar. Lentamente.
A casa não queria visitas.
Mas agora, parecia querer que eles ficassem.
---CASO 1 – Parte 3 (Final)
Ano: 2009
Local: Londres, Inglaterra
O corredor estava mergulhado em completa escuridão.
Nathan tateou no bolso até encontrar os fósforos. Uma faísca acendeu, revelando rostos tensos e paredes que pareciam… mais próximas do que antes, como se a casa estivesse se contraindo ao redor deles.
Leonor respirava rápido, sentindo o ar pesado e frio.
— Nathan… não estamos sozinhos aqui.
Do fundo do corredor, um som começou — como unhas arranhando madeira, cada vez mais perto. O padre Thomas agarrou seu crucifixo, mas antes que pudesse pronunciar qualquer oração, a porta do quarto das crianças se fechou com violência, trancando os três lá dentro.
O som das unhas se transformou em batidas fortes, cada vez mais intensas, como se algo quisesse entrar.
Leonor acendeu sua pequena lanterna de bolso e a luz caiu sobre algo no canto do quarto: uma caixa de madeira escura, do tamanho de uma bíblia, com um símbolo gravado na tampa — o mesmo que eles tinham visto nos desenhos feitos pelas crianças em 1981.
— É isso… — sussurrou ela. — Está aqui dentro.
Nathan se aproximou cautelosamente e, usando um pano, pegou a caixa. Instantaneamente, a temperatura despencou e um grito estridente explodiu de dentro das paredes, como se centenas de vozes gritassem ao mesmo tempo.
O crucifixo do padre Thomas caiu no chão, vibrando como se estivesse vivo.
Leonor abriu sua própria caixa de prata e, com mãos trêmulas, retirou um pequeno frasco de vidro com água benta e um pedaço de pergaminho antigo. Ela recitou uma oração em latim, e Nathan colocou a caixa de madeira dentro da de prata, fechando-a com força.
Assim que a tampa se fechou, o vento cessou. O silêncio foi tão abrupto que o trio quase não acreditou.
O relógio da casa, parado havia décadas, começou a funcionar de novo — mas agora marcava 3h33.
Eles saíram sem dizer palavra, o padre Thomas caminhando atrás, pálido como cera.
Do lado de fora, Leonor olhou para Nathan.
— Sabe o que isso significa, não sabe?
Ele assentiu.
— Sim… esse símbolo não é único dessa casa. Ele faz parte de algo maior.
Ao entrarem no carro e se afastarem, uma cortina se moveu sozinha na janela do quarto das crianças. Atrás dela, a silhueta de uma menina observava.
O caso estava encerrado.
Mas o que estava na caixa… não ficaria em silêncio para sempre.
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Atualizado até capítulo 20
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