Herdeiros da Máfia I - Ricardo

Herdeiros da Máfia I - Ricardo

Ricardo Lancellotti

Estacionei meu carro na garagem privativa da empresa da minha família e, assim que desci, um dos meus soldados abriu a porta para mim, enquanto outros dois faziam a segurança do local, observando qualquer movimento suspeito.

Eu detestava ter alguém constantemente pendurado no meu pescoço. Não era necessário tanto cuidado. Eu pensava que sabia me cuidar, porém meu pai não compartilhava dessa opinião. Ele acreditava no treinamento que me proporcionou, porém afirmava que, como seu sucessor, eu estaria sempre enfrentando um risco maior do que qualquer outro integrante da nossa família.

No entanto, eu tinha consciência de que parte dessa preocupação era resultado da pressão que minha mãe exercia sobre ele, exigindo um cuidado maior com a minha segurança. Acho isso um exagero! Ademais, estávamos atravessando um período bastante tenso.

Após a morte do antigo capo da Outfit, a Máfia de Chicago, seu filho mais velho tomou as rédeas dos negócios e começou a complicar um pouco a situação para nós. O sujeito estava colocando em risco a paz entre a Cosa Nostra e a Outfit e provocando uma guerra desnecessária, da qual não fugiríamos, mas que preferiríamos evitar.

Meu pai estava se esforçando ao máximo para não romper a aliança com a Outfit, pois eles eram um aliado crucial em nossa batalha constante contra nossa maior inimiga, a Bratva. Além disso, entrar em guerra com eles não seria vantajoso para os negócios, pois isso chamaria a atenção das autoridades federais sobre nós.

O que o Capo da Outfit estava fazendo não era nada inteligente, pois a Cosa Nostra sobreviveria sem eles. No entanto, sem nós, a Outfit não teria nenhuma possibilidade contra a Bratva. O homem aparentava não se importar e não tornava as coisas mais fáceis, mas meu pai já começava a se irritar. Quando Dom Ítalo Lancellotti finalmente perdesse a paciência, ele entraria com toda a força na guerra.

Com dezenove anos, já estava completamente envolvido na Máfia. Tornei-me um membro essencial e acompanhei meu pai em todas as decisões, especialmente após a saída do meu avô e do tio Alonzo dos assuntos diretos da Cosa Nostra. Por essa razão, eu estava me dirigindo à empresa para uma reunião com Salvatore, o chefe da Outfit.

Dirigi-me imediatamente ao escritório do meu pai, bati à porta e entrei. Com atenção, notei Salvatore sentado à esquerda do meu pai, enquanto dois de seus soldados permaneciam em pé, próximos a ele. Estávamos recebendo convidados pouco confiáveis, então alguns de nossos homens também estavam presentes.

Ao lado do meu pai, havia uma cadeira vazia aguardando por mim, seu sucessor direto. Tio Dante, Giacomo, Tio Matteo, Tiziano, Pietro e Enrico ocupavam as outras cadeiras. Enrico também começava a ser integrado às atividades da Máfia.

Todos, assim como eu, mantinham expressões sérias. Não podíamos relaxar, já que nenhum de nós foi educado ou treinado para ser confiável e gentil fora do lar, especialmente em circunstâncias como aquela.

Na verdade, desde que tomei conhecimento da reunião urgente, meus instintos me alertaram de que algo estava para acontecer. Ainda não tinha conhecimento do propósito daquela reunião, mas tinha plena confiança de que meu pai apenas tomaria decisões benéficas para a organização, por isso estava preparado para aceitar suas escolhas.

Saudando a todos enquanto me dirigia à cadeira:

― Olá. Desculpem a demora, tive um contratempo ― disse, sentando-me ao lado do meu pai, com todos os olhares voltados para mim.

Os homens apenas concordaram com um aceno e permaneceram com a postura tensa. Que esquisito, refleti. Como meu pai e Tio Dante sempre foram meus melhores amigos, eu sabia identificar suas expressões. Eles não estavam contentes com a razão dessa reunião, na verdade, nenhum dos meus estava.

— Podemos começar agora que Ricardo chegou. — Foi o que meu pai disse.

― Gostaria de entender o motivo de estarmos aqui ― perguntei, sério.

— Estamos aqui somente para negócios, meu jovem. Não se preocupe — disse Salvatore.

Não gostei do tom que ele usou e olhei para meu pai, que me encarava em silêncio, pedindo calma. Eu estava ficando cada vez mais tenso e alerta, então deixei meu instinto tomar conta de mim, coloquei a arma no meu coldre e retomei a fala, encarando Salvatore diretamente.

— Então vamos dar início, pois tenho outras questões relevantes a tratar ainda hoje.

Salvatore riu outra vez, olhando para mim. A atitude dele já estava me incomodando, já que dois dos vários traços de personalidade que herdei do meu pai e do meu avô foram a impaciência e a aversão a joguinhos. Desviei meu olhar para o meu pai, que, com um gesto de cabeça, me pediu mais uma vez para manter a calma.

― Não temos interesse em desmantelar a aliança entre a Cosa Nostra e a Outfit, pois ela nos fortalece e sempre nos trouxe bons resultados. Seria lamentável se isso ocorresse. Temos a Bratva como inimigo em comum e precisamos continuar unindo forças.

Nesse instante, o homem dirigiu o olhar ao meu pai, que, por sua vez, me olhou com uma expressão tensa.

— Salvatore deseja você como genro, Ricardo — anunciou meu pai, pondo fim ao suspense.

Fui pego de surpresa por aquela revelação. Estar sempre pronto para qualquer situação era uma característica minha, porém se casar aos dezenove anos nunca fez parte dos meus planos. Além disso, meu pai sempre deixou claro que meu casamento seria algo para um futuro a médio prazo e que eu poderia escolher a mulher com quem quisesse me unir, desde que fosse alguém de dentro da Máfia, é claro.

Nasci no mundo da Máfia e estava destinado a me tornar o próximo Don. Por isso, tinha consciência de que meu casamento seria exigido mais cedo do que o dos meus primos, porém não esperava que fosse tão cedo. Naquela hora, pude entender os olhares curiosos de meu pai e Tio Dante.

Salvatore interrompeu meus pensamentos ao deslizar seu celular em minha direção sobre a mesa.

― Olhe, esta é minha filha. Ela não é bonita? — indagou ele.

Relutantemente, peguei o celular e fiquei chocado ao olhar a foto. A garota deveria ter no máximo uns quatorze anos. Ela é uma criança, caramba! Que porcaria é essa? Eu não conseguia aceitar que meu pai estava apoiando uma coisa daquelas.

Levantei-me, puxando a cadeira de forma brusca e assustando tanto nossos soldados quanto os dele. Eu estava muito irritado.

— Você quer que eu me case com uma criança, caramba? ― disse, espumando de raiva e batendo na mesa.

Isso era algo muito complicado para mim, pois meu avô materno era um bastardo como aquele que eu tinha diante de mim. Ele nunca foi um avô carinhoso para mim e Viviana, mas passei a detestá-lo de fato ao descobrir como ele tratou minha mãe e a negociou com meu avô Inácio, tratando-a como se fosse um objeto.

Homens como o vovô Romeu me repugnavam. Quando tomei conhecimento de toda a história, o máximo que pude fazer por ele foi não matá-lo; no entanto, a partir daquele dia, deixei de considerá-lo meu avô. Inácio Lancellotti foi o único avô a conquistar o meu amor e respeito.

― Ricardo, acomode-se! ― disse meu pai, com sua tranquilidade e autoridade de chefe, e eu não tive escolha a não ser obedecer.

Sentei-me e o encarei com um leve desapontamento. Ninguém ali notaria isso, mas ele com certeza perceberia. Contudo, eu tinha certeza de que ele teria uma justificativa para isso. Eu sempre respeitei e obedeci ao meu pai sem questionar, pois tinha certeza de que ele sempre tomaria as melhores decisões para minha mãe, Viviana e para mim.

Ítalo Lancellotti sempre defendeu e amou nossa família em primeiro lugar. Ele não costumava demonstrar nossa intimidade em público, mas em casa, ele e minha mãe eram um exemplo de casal para mim. Não posso negar que estabeleci padrões elevados em relação ao tipo de casamento que desejava para mim, pois tive o melhor exemplo em casa.

Meu pai sempre foi irrepreensível, mas se ele afirmasse concordar com aquela loucura, provavelmente eu me insurgiria contra ele pela primeira vez. Eu não desejava que as coisas se desenrolassem assim, uma vez que ele era meu pai, uma pessoa que eu amava e respeitava. Ademais, Ítalo Lancellotti era meu Don, e como seu sucessor, eu não deveria desrespeitá-lo dessa forma, especialmente na presença de estranhos.

Em situações diferentes e quando estávamos sozinhos, já houve momentos em que não estávamos de acordo em algum aspecto, e sempre trazíamos o assunto à tona, mesmo que na maioria das vezes eu percebesse que ele estava correto. Entretanto, naquela época, não havia argumento que me persuadisse a me casar com uma criança.

Respirei fundo, olhei para meu pai e, de forma tranquila e respeitosa, manifestei meu desagrado.

— O senhor espera que eu me comprometa com uma criança? Os tempos mudaram; ninguém mais casa meninas tão jovens.

― Não é como você imagina, Ricardo. Por enquanto, isso será apenas um acordo entre as famílias, e vocês não terão nenhum contato. Vocês ficarão noivos, mas só poderão se casar quando ela fizer dezoito anos.

Eu ainda considerava tudo aquilo muito absurdo. Eu pretendia me casar com, sei lá, uns trinta anos. Meu pai ainda era jovem e lideraria a Cosa Nostra por bastante tempo, de modo que eu não precisaria assumir a posição tão cedo.

A menina retratada na foto ainda era uma criança e viveria a mesma vida que minha mãe, sendo mantida em cárcere privado até o casamento. Aquilo era uma porcaria.

— Desejo conversar com meu filho sozinho. Retirem-se, por favor ― meu pai disse ao notar minha resistência à conversa. ― Avisarei vocês quando terminar.

Ele esperou até que todos deixassem o escritório para retomar a conversa, porém, antes de se retirar, Salvatore proferiu mais uma dose do seu veneno ao afirmar:

― No passado, os filhos eram mais submissos e não contestavam as ordens dos pais, especialmente quando o pai era o Don.

― Não interfira na minha maneira de comandar, e muito menos na minha relação com o meu filho. Nunca precisei impor minha opinião para que ela fosse totalmente respeitada. Não desejo que meu filho tenha medo; isso eu quero que meus inimigos sintam. Exijo que você respeite minhas decisões, assim como quero respeito de meu filho. Agora, saia daqui ― disse meu pai, com um tom ameaçador.

Salvatore não argumentou e se retirou, mesmo que sua expressão tenha evidenciado que ele não apreciou a reprimenda. Pouco depois, quando estávamos totalmente a sós, meu pai disse, olhando-me fixamente:

— Primeiro de tudo, mantenha suas emoções sob controle quando estiver em público. Quando estivermos a sós, você pode ser completamente sincero comigo; no entanto, quando houver outras pessoas por perto, mantenha tudo para si e não demonstre nada ― meu pai disse tranquilamente, mas com um tom de descontentamento, como costumava fazer quando me advertia.

Ele nunca precisou gritar comigo ou com minha irmã; apenas expressar sua insatisfação já era suficiente para que nos comportássemos adequadamente.

― Perdão, pai. Não tive a intenção de te desrespeitar, nem como pai nem como Don ― falei de forma sincera e notei que ele amenizou um pouco sua expressão.

― Filho, não é tão ruim quanto aparenta ser, pelo menos não para você. Eu vivi uma experiência parecida com a sua mãe, e você sabe o quanto eu sou apaixonado por ela. A melhor coisa que me aconteceu na vida foi a sua mãe. O filho ilegítimo de seu avô também tentou oficializar o casamento quando ela ainda era criança e...

— Ele não é meu avô! ― eu o interrompi e ele me lançou um olhar feio.

Meu pai detestava ser interrompido, porém eu não faria isso a menos que estivéssemos a sós.

— Como eu estava dizendo, Romeo agiu da mesma forma que esse idiota aqui, e, no fim das contas, tudo acabou bem. Meu pai não concordou com o acordo imediatamente, mas eu casei com a mãe dele assim mesmo. Às vezes, é besteira adiar o que é inevitável, a não ser que... ― meu pai fez uma pausa para pensar. — Se você me disser que tem alguém em mente, não aceitaremos esse acordo. Contudo, se não houver ninguém, não vejo razões para recusar.

Refleti sobre aquela observação e, percebendo meu silêncio, meu pai me observou com atenção.

― Tem alguém aí, Ricardo?

Nada foi dito por mim. Minha mente estava confusa, e eu não tinha certeza. Subitamente, recordei-me de uma conversa que tive há quase um ano.

― Você não pode ter uma namorada.

― Por qual motivo não? ― eu perguntei, encantada ao vê-la tímida.

— Porque você vai se casar comigo!

Se eu fosse avaliar, ambas as opções eram ridículas, mas essa merda não era uma competição de quem chegou primeiro e eu não estava apaixonado por ninguém. Mas por que com Antonella, mesmo sendo nova, não parecia tão errado? Isso poderia ser atribuído ao fato de ela ser familiar da família, mas isso não deveria importar.

― Não, pai, não há ninguém ― respondi de forma mais tranquila, deixando meus pensamentos de lado.

― Então, meu filho, reflita de outra maneira. Uma das razões pelas quais me apaixonei por sua mãe foi a ideia de protegê-la de um pai abusivo. Na Máfia, é isso que mais ocorre: as mulheres já nascem condenadas a serem tratadas como mercadorias e viverem felizes. Nossa família é uma raridade. Ao se casar com essa menina, você estará ajudando-a e, no final das contas, talvez tenha um casamento feliz, como o meu — disse meu pai, desta vez bem mais tranquilo.

Minha mente estava tão confusa que não conseguia formular uma única ideia completa, então optei por permanecer em silêncio.

— Vou te apoiar, qualquer que seja a sua escolha, mas lembre-se de que, uma vez tomada, você deve honrar sua palavra de homem — disse meu pai. — Vou me afastar para que você possa refletir um pouco. Voltarei em alguns minutos, acompanhado dos demais, para ouvir sua decisão.

Meu pai me deixou sozinho com meus pensamentos após me dar um aperto de ombro em sinal de apoio.

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Nagisa Furukawa

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2025-08-14

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