Os motivos que meu pai me apresentou eram concretos, pois cresci sendo ensinado a respeitar e proteger as mulheres. Faria qualquer coisa para mantê-las a salvo. Por exemplo, minha mãe e Viviana são tão sensíveis e valiosas que só de imaginar a possibilidade de alguém feri-las, eu ficaria completamente fora de mim.
O que não quero para as mulheres da minha vida, não quero para mais nenhuma.
Meu pai e eu escolheríamos cuidadosamente um noivo para Viviana, e, caso não encontrássemos ninguém adequado, ela nem precisaria se casar. E eu tinha consciência de que meu pai também não estava apressado.
Não éramos bonzinhos eu e os homens da minha família. Carregávamos uma série de crimes e pecados, mas, dentro das leis do nosso mundo, fazíamos o que considerávamos certo, o que incluía cuidar, proteger e respeitar nossas mulheres e todas as outras que pudéssemos.
Apesar de pensar assim, havia algo que me deixava em dúvida sobre qual decisão tomar. Eu tinha consciência de que, a princípio, os casamentos na Máfia eram apenas acordos, porém tudo se tornava mais simples quando a mulher realmente desejava se casar e, ainda por cima, quisesse se casar especificamente com você.
Antonella deixou explícito que queria se casar comigo naquela noite de Natal, há um ano. A princípio, a ideia me pareceu completamente absurda, considerando que ela era praticamente da mesma idade que minha irmã. Contudo, mesmo sendo muito jovem, ela aparentou ser bastante determinada a alcançar o que desejava, e sua audácia me impressionou.
Após aquela noite, ela obteve meu número de celular, possivelmente por meio de uma das minhas primas, e começou a me enviar mensagens com regularidade. Em algumas ocasiões, eu até respondia, mas na maioria das vezes, não.
Ela aparentava ser uma garota madura para a sua idade e era bastante bonita, porém eu não queria criar expectativas falsas. Ademais, não considerava adequado que o próximo Don estivesse enviando mensagens para uma menina menor de idade, que por cima era quase da família.
Com isso em mente, comecei a ignorar suas mensagens, mas elas nunca deixaram de chegar. A menina era de fato teimosa.
Refletindo de forma lógica sobre a situação, casar-me com Antonella não seria uma escolha vantajosa para a organização, pois a Cosa Nostra e Las Vegas estariam constantemente ligadas. Essa aliança já existia antes de eu vir ao mundo. Nossas famílias eram muito próximas e, mesmo sem confiar em ninguém, tínhamos certeza de que podíamos confiar neles.
Meu pai deixou claro que a escolha era minha, mas eu sabia que, embora não evitasse uma briga, ele buscava manter a paz. Ele costumava afirmar que um bom líder também deve prevenir guerras e mortes desnecessárias.
Nossos adversários buscavam nos ferir nos pontos mais sensíveis, ou seja, atingindo nossa família; por essa razão, sempre procuramos preservar a paz tanto quanto possível. Após muita reflexão, cheguei à conclusão de que aceitar esse casamento seria a decisão mais sensata.
Após alguns minutos, meu pai e os demais entraram, interrompendo meu momento privado. Todos se acomodaram e me encararam com expectativa.
― Eu vou me casar, mas apenas quando ela completar dezoito anos. Nesse meio tempo, desejo que ela receba um bom tratamento, tenha uma educação de qualidade e possa viver da melhor forma possível. Desde que esteja protegida, ela pode viajar, praticar esportes, fazer cursos ou qualquer outra coisa que desejar.
Meu pai tinha uma expressão séria, mas eu percebia em seu rosto que ele estava orgulhoso da minha escolha.
— Não quero que ela seja privada de nada, pois, após se casar com o futuro Don, não poderá ter uma vida normal e livre — declarei, fixando o olhar em Salvatore, que, de imediato, mostrou-se contente com a minha resposta.
― Aceito as suas condições. Vou oferecer tudo isso à minha filha e, ao completar dezoito anos, ela se tornará sua esposa. Você fez a escolha correta, meu jovem ― disse ele, com um sorriso satisfeito, mas eu não retribuí o sorriso. ― Entendo que vocês não terão contato antes do casamento, mas acredito que seria bom fazermos pelo menos um jantar para selar o compromisso e permitir que se conheçam.
― Não considero necessário. A menina ainda é uma criança, não deveria ter que passar por isso agora ― disse, irritado com a sugestão.
― Isso é o bastante por hoje. Quando ela completar dezoito anos, combinamos um almoço para que eles se apresentem. Deixe a menina viver sua adolescência tranquila, sem nenhuma preocupação com o casamento — meu pai aconselhou com sabedoria, notando que eu já estava prestes a perder a paciência com aquele homem.
― Tudo bem ― Salvatore respondeu, um tanto relutante, e nós finalizamos a reunião.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Sterling
Me prendeu do começo ao fim! 🤩
2025-08-14
3