Antonella Bellini

Três anos depois...

Despertei muito cedo, cheia de ansiedade. Olhei a hora no meu celular e bufei ao constatar que ainda eram 7h da manhã. O jato só partiria na hora do almoço, então eu não precisava ter acordado tão cedo, mas eu mal conseguia dormir. Quando imaginava que o veria e que passaríamos alguns dias juntos, sentia um frio na barriga e meu coração disparava descontroladamente.

Já não tinha certeza se essas sensações eram boas ou ruins.

Eu costumava adorar essa época do ano, principalmente porque nossas famílias se encontravam durante o Natal. Adorava passar tempo com os Lancellotti quando éramos crianças e, mais tarde, já adolescentes. No fundo, eu ainda tinha amor.

Quando me apaixonei por um homem inalcançável, tudo mudou. Eu ignorei a voz da razão, apostei todas as minhas fichas nesse sentimento e nutri a esperança de que um dia eu pudesse me tornar sua esposa, mas ele acabou me decepcionando.

Eu alterei minha atitude em relação a ele, começando a vê-lo apenas como um amigo, mas nunca o esqueci nem deixei de ter esperança. Seria muito humilhante continuar insistindo em algo que ele deixou claro que não tinha futuro. Portanto, para mantermos contato, fiz o possível para fingir que aceitara sua decisão.

Minha mente até havia concordado, porém meu coração não. Ao invés de não ter Ricardo em minha vida, eu preferiria tê-lo como amigo. E não estou mentindo ao afirmar que, se não fosse ele, não seria mais ninguém.

Após quase um mês sem contato, desde a última vez em que ele me disse que iria se casar com outra mulher, eu já não suportava mais a saudade. Decidi retomar o envio de mensagens, porém desta vez como uma amiga, pois tinha consciência de que, sendo ele íntegro, ao perceber que ainda nutria sentimentos por ele, me ignoraria.

Apenas para mantê-lo em minha vida, fingi ter abandonado o sonho de me tornar sua esposa, mas o amor que eu nutria por ele permanecia mais vivo do que nunca dentro de mim.

Ao longo de todos esses anos, mantivemos contato por mensagens. Ninguém além de Anna e Carina, que se tornaram minhas melhores amigas, tinha conhecimento do que eu sentia por ele. Quanto à nossa comunicação, nem mesmo elas estavam cientes.

Devido a compromissos conflitantes, nossas famílias não haviam conseguido se reunir para as celebrações de Natal nos últimos três anos. Portanto, aquele seria o primeiro encontro após esse período. E, enquanto estava entusiasmada para vê-lo novamente, também estava aterrorizada.

Eu gostaria muito de encontrá-lo. Sabia que não deveria ter esperanças, mas tudo seria mais simples se ele não fosse o homem mais lindo que já vi na vida. Se ele não possuísse aqueles olhos tão azuis, aquele sorriso provocante e aquele jeito arrogante e sedutor que herdou do pai. Se ele não fosse tão agradável de se conversar e não me fizesse sentir à vontade durante nossas conversas.

Para ele, eram apenas conversas comuns entre amigos, mas para mim eram fundamentais, como o ar que eu respirava.

Após descobrir que me apaixonei pelo Ricardo, Carina costumava afirmar que eu tinha "dedo podre" para homens. Eu era obrigada a concordar com ela, pois, entre todos os homens do mundo pelos quais eu poderia me interessar, eu só queria um, e ele já tinha um compromisso.

Ele tinha dezenove anos e eu dezesseis na última vez que nos encontramos, numa noite de Natal. Eu já o desejava e deixei isso evidente em nossa conversa no jardim, porém, para minha decepção, ele me tratou da mesma forma que tratava sua irmã mais nova. Eu era mais velha que Viviana, porém ele aparentou não se importar quando mencionei isso.

Seria ideal estarmos juntos, pois eu já tinha dezenove anos, mas a idade já não importava, uma vez que ele estava quase noivo de outra pessoa. Eu não a conhecia, na verdade, ninguém a conhecia, mas o casamento ocorreria em cerca de um ano. Eu não deveria, porém ainda mantinha esperanças.

Suspirei, levantei-me da cama e fui tomar um banho. Empolgada, arrumei minha mala e, minutos depois, enquanto a fechava, alguém bateu à porta do meu quarto. Eu disse para entrar.

― Bom dia, minha filha. Vim verificar se tudo está em ordem, já que há previsão de chuva para mais tarde, e decidi sair mais cedo.

― Que maravilha. Estou mais do que pronta!

― Maravilha por quê? Antonella, por que tanta euforia? ― meu pai indagou, cético.

Meu pai era uma das pessoas mais ciumentas que eu já conheci. Ele e minha mãe tiveram um breve relacionamento, e eu fui concebida. No entanto, ele não ficou sabendo da gravidez, pois minha mãe, ciente de que ele era um mafioso, fugiu para o Canadá para se esconder.

A ideia da minha mãe não funcionou muito bem, pois quando meu pai descobriu que eu existia — e eu já tinha seis anos na época — ele veio nos buscar e nos levou para viver com ele em Las Vegas. A princípio, os dois apenas criavam os filhos juntos, mas posteriormente acabaram se reaproximando e se casando.

― Não é nada, pai, só estou sentindo falta de todos. Vou me preparar e já vou descer.

― Tudo bem, filha. Depois do café, partiremos — disse meu pai, enquanto se dirigia à porta, mas hesitou antes de sair. — Ah, e seu avô já está aqui e ansioso para te ver, não demore.

― Tudo bem, já vou ― respondi, sorrindo.

Lorenzo não era meu avô de fato, e sim meu tio, porém o velhinho me encantou tanto que comecei a chamá-lo de avô antes mesmo de chamar Giovani de pai.

Assim que meu pai fechou a porta do quarto, coloquei uma roupa confortável para enfrentar as horas de voo que nos aguardavam e desci. Ao entrar na sala, meu avô levantou-se para me cumprimentar. Acelerei meus passos em direção a ele e o abracei com força. Como de costume, ele me abraçou e beijou minha cabeça.

― Como você se desenvolveu, meu querido! ― ele disse, afetuoso como de costume.

― Faz apenas dois meses que vocês não se encontram, tio. Para de ser exagerado ― disse meu pai, rindo.

― Aprenda uma coisa, Giovani. As crianças crescem muito rápido. Antonella está deixando de ser uma menina para se transformar em uma bela mulher. Em breve, ela se casará.

― Ei, parem de falar de mim como se eu não estivesse presente. Apenas para esclarecer, não tenho planos de me casar tão cedo.

― Essa é a minha menina! ― disse meu pai, sorridente.

― Meninas da sua idade geralmente são românticas. Aposto que já tem algum pretendente nesse coraçãozinho aí ― meu avô disse, apertando meu nariz como se eu ainda fosse uma criança. Para eles, eu continuava sendo.

― Não tem pretendente nenhum, vô ― respondi, afastando a mão dele do meu rosto, mas retribuindo o sorriso.

― Bom dia, Lorenzo. Bom dia, filha ― minha mãe entrou, radiante, e nos cumprimentou com abraços.

Ela foi até meu pai, o abraçou e o beijou.

― Vamos tomar café logo, porque teremos uma viagem longa pela frente ― ela nos chamou e nos levou à mesa.

Após horas cansativas de voo e quase uma hora de iate, finalmente estávamos nos aproximando da Ilha da Mel, o lugar mais bonito e paradisíaco em que já estive. A ilha era perfeita e não refletia em nada o meu estado de espírito.

Ao contemplar aquela paisagem deslumbrante, era impossível não sentir o coração aquecer. O barco parou enquanto eu ainda tinha os olhos fechados, desfrutando da sensação do sol e do vento no rosto. Olhei para a areia e vi o tio Matteo, Pietro, tio Inácio, Anna e Carina à nossa espera.

Automaticamente, fiquei mais animado, pois fazia tempo que não os via e estava morrendo de saudades. Quando cheguei ao píer, Tio Matteo veio me receber com um abraço.

— Como você está bonita, minha princesa! Quantos idiotas seu pai e eu teremos que eliminar por sua causa? ― ele disse em tom de brincadeira, me abraçando e me levantando do chão.

Tio Matteo — que na verdade era primo — sempre foi desse jeito, alegre e brincalhão, semelhante ao meu avô e bastante distinto da maioria dos homens do nosso mundo.

Ele deu um beijo no meu rosto e foi ajudar meu pai com as malas. Depois, Tio Inácio e Pietro também me cumprimentaram e foram ajudar meu pai e Tio Matteo. Anna e Carina quase me derrubaram com um abraço em conjunto.

— Quanto tempo, Antonella! — gritaram Anna e Carina em uníssono. ― Estávamos com tanta saudade.

— Eu também, muita — disse, sorrindo para elas.

Subitamente, experimentei um arrepio na pele e uma sensação intensa e peculiar no peito. Olhei para a casa e compreendi. Ele estava na varanda do seu quarto, conversando ao telefone e distraído, olhando para o mar.

Ricardo Lancellotti, alto e forte, possuía cabelos castanhos e uma barba aparada que lhe conferia um ar de badboy. Ele não parecia ter apenas vinte e dois anos, talvez devido à gravidade que emanava de seu olhar e de sua postura. Ele seria o próximo Don e mostrava estar completamente preparado para o cargo.

― Ah, não, Antonella ― Anna me chamou. ― Não olhe para ele. Mantenha distância do Ricardo.

— Não estou olhando da maneira que você está pensando — menti.

— Que bom, porque meu primo é mulherengo e está aproveitando enquanto não chega o dia do seu noivado, cada hora desfilando com uma mulher diferente — ela falou, e meu coração idiota se apertou.

— Vamos deixar o Ricardo para lá e entrar; você vai ficar no nosso quarto — disse Anna, puxando-me pela mão enquanto nos dirigíamos à mansão.

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