O Nome dela Era Olívia

O Nome dela Era Olívia

Você quer fugir comigo por uma noite?

O som vibrava nas paredes, o baixo pulsava como se tentasse acompanhar a frequência do coração de Jenny. Luzes roxas, vermelhas e azuis cortavam o ambiente em flashes, como se a boate inteira respirasse sob a batida da música. O nome do lugar — Inferno — piscava em neon sobre o bar, iluminando de forma intermitente os rostos de quem estava ali pra esquecer.

Jenny se apoiou no balcão, o vestido preto colado desenhando seu corpo. O decote fundo, que ela antes escolhera com uma intenção específica, agora parecia só mais um lembrete do que não aconteceria.

— Uma tequila. Dupla — pediu ao barman, sem olhar muito.

Ao lado, Giovanna girou os olhos.

— Jenny… sério isso? — encostou no balcão também, cruzando os braços. — A gente saiu pra você respirar, não se afogar.

Jenny soltou um meio sorriso, amargo.

— Eu só quero esquecer, Gio.

— Elas não merecem nada de você — respondeu com firmeza. A frase caiu pesada, como se houvesse mais história por trás. E havia.

O barman colocou o copo na frente dela. Jenny virou de uma vez, sentindo a ardência rasgar o peito. Giovanna franziu o cenho.

— Vamos dançar. Melhor do que você ficar tentando se anestesiar.

Jenny hesitou um segundo, mas logo depois segurou a mão da amiga e foi puxada para o centro da pista.

Os corpos se misturavam sob a luz difusa. O chão tremia ao ritmo eletrônico que fazia os pés perderem o compasso e o juízo. Giovanna dançava com naturalidade, olhos fechados, cabelos castanhos balançando sobre os ombros. Jenny a acompanhava, tentando sorrir, tentando fazer o corpo esquecer o que o coração não conseguia.

— Isso! — gritou Giovanna, animada, girando no próprio eixo. — Assim que se vive, Jen. Não se explica, se vive!

Jenny soltou uma risada, meio verdadeira, meio fuga.

Foi então que um homem se aproximou. Alto, camisa aberta até o peito, aquele tipo de sorriso que já nasce confiante demais. Ele se inclinou e disse algo no ouvido de Giovanna. Ela arqueou a sobrancelha, ouviu mais um pouco e deu um riso debochado.

— Eu volto já — disse a Jenny, virando-se com o homem sem dar explicações.

Jenny ficou parada por um momento, observando os dois se afastarem em meio às luzes piscantes e os corpos colados. Sozinha de novo.

Virou-se devagar e caminhou de volta ao bar. Sentia os olhares — ou talvez fosse só paranoia. O vestido parecia mais curto agora, mais ousado. O som abafava os pensamentos, mas não os silenciava.

— Outra tequila — disse, sentando-se no banco alto.

Enquanto esperava, seus olhos vagaram pelo salão. Um grupo de mulheres riam perto da entrada VIP. Um casal se beijava encostado na parede. E então… um par de olhos.

Na penumbra de um canto reservado, ela sentiu algo. Um olhar fixo. Feminino. A mulher parecia não desviar, como se observasse Jenny há minutos.

Jenny desviou primeiro. Respirou fundo. Pegou o copo e virou mais uma dose.

Não era noite pra fazer escolhas boas.

Jenny respirou fundo e, sem saber ao certo o que a movia — se a tequila, a raiva ou o vazio —, virou os olhos novamente para o canto da boate.

A mulher ainda a encarava.

Cabelos curtos, lisos, bem alinhados em um corte moderno. Um vestido vermelho provocante, justo o suficiente para prender atenção, mas elegante o bastante para parecer no controle. Ela não sorria, mas também não desviava.

Jenny se levantou. A música parecia mais lenta agora, o ritmo do seu corpo se encaixando no som como se o ambiente inteiro a guiasse. Dançou de forma sutil, provocante, sem exagero, como quem sabe exatamente o efeito que tem. E, com passos calmos e leves, foi até o lounge onde a mulher estava sentada, como quem reina sobre tudo ao redor.

Sofá de couro preto. Iluminação baixa. Jenny se sentou ao lado da desconhecida, cruzou as pernas, o vestido subiu alguns centímetros e os olhos da mulher acompanharam o movimento — sem disfarçar.

— Me pagaria uma bebida? — perguntou Jenny, com um leve sorriso nos lábios.

— Com prazer — respondeu a mulher, fazendo um gesto discreto para um garçom que apareceu quase imediatamente.

Os olhos delas não se afastaram nem por um segundo.

— Confia em mim? — indagou a mulher, com um tom mais baixo, quase num sussurro.

Jenny inclinou levemente a cabeça.

— Talvez.

Quando a bebida chegou — algo âmbar e forte —, Jenny pegou o copo e virou em um único gole. A careta foi inevitável.

A mulher riu, sincera.

— Não é seu estilo?

Jenny olhou para o fundo do copo vazio por um instante antes de responder:

— Meu estilo… é sentir algo novo.

A mulher sorriu. Lenta e  perigosa. Estava prestes a se inclinar para mais perto quando uma terceira presença surgiu — alta, ruiva, vestido colado, batom vermelho escuro. Um tipo de alerta em forma humana.

— Desculpe… — disse Jenny… acho que confundi.

Sem pensar muito, Jenny começou a se levantar, pronta para desaparecer naquela multidão de novo.

Mas antes que pudesse dar um passo, sentiu os dedos firmes da mulher de vermelho segurando seu pulso com suavidade.

— Espera.

A voz era diferente agora. Mais firme. Mais íntima.

— Dança comigo?

A mulher se virou para a ruiva e disse que voltaria depois. A ruiva ergueu o copo e sorriu em um brinde silencioso.

Antes que Jenny pensasse em dizer não, a mulher já estava de pé, conduzindo-a pela mão, com um toque seguro demais para ser negado. O calor daquela mão percorria o braço de Jenny como eletricidade.

Na pista, os corpos se perderam um no outro.

A música parecia abafada agora. As luzes oscilavam em tons lilás e vinho. A mulher posicionou-se atrás de Jenny, seus quadris colados. As mãos, firmes, pousaram em sua cintura. E os lábios — macios, quentes — encostaram no lóbulo da orelha de Jenny, beijando com lentidão naquele ponto que arrepia até a alma.

Jenny fechou os olhos, entregue ao momento, ao toque, ao cheiro — algo entre madeira e pecado.

Então veio o sussurro.

— Você quer fugir comigo por uma noite?

Jenny abriu os olhos, ainda de costas. Não respondeu de imediato. O coração acelerado, a respiração presa. Estava ali pra esquecer… e agora talvez tivesse encontrado algo que a fizesse lembrar.

Virou lentamente o rosto, tentando ver o olhar por cima do ombro.

— Quero.

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Comments

Maria Andrade

Maria Andrade

que hilário tou amando

2025-08-06

1

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