Você está disposta a se entregar?

A mulher dirigia com firmeza e pressa, como se o volante fosse extensão do próprio desejo. Jenny, no banco do passageiro, mal conseguia focar nos detalhes — o painel iluminado, as luzes da cidade refletindo nos vidros, a respiração presa no peito. O silêncio era absoluto. Bastava um olhar entre elas e o mundo se dissolvia.

Minutos depois, o carro parou diante de um edifício elegante, de fachada envidraçada e entrada discreta. Jenny não teve tempo de absorver a sofisticação do lugar — nem do saguão, nem da arquitetura refinada. Mal tinham passado pela portaria e já estavam no elevador, onde os espelhos refletiam dois corpos que se buscavam como se já tivessem se separado por tempo demais.

Beijos quentes. Mãos explorando costas, coxas e cintura. Jenny encostou-se contra a parede espelhada, sentindo a respiração da mulher misturar-se à sua. A música da boate ainda ecoava em sua mente, mas agora era substituída por um novo ritmo: o da pele, do toque, do arrepio.

O elevador chegou ao último andar com um tilintar discreto. A mulher segurou sua mão e a conduziu pelo corredor até uma porta dupla. Assim que entraram na cobertura, a porta mal fechou e Jenny foi empurrada gentilmente contra ela.

O beijo veio antes da respiração.

As mãos firmes da mulher exploraram seu corpo com urgência, subindo pelas laterais do vestido colado até encontrarem a barra. Em um só gesto, o tecido subiu pelas coxas, pela cintura, foi puxado com decisão pelos braços e retirado por completo.

Jenny ofegou, mas não hesitou.

A mulher afastou-se por um segundo, os olhos percorrendo cada centímetro nu diante dela. Um sorriso enviesado surgiu nos lábios carmesim.

— Hum… preparada. Sem sutiã. — murmurou, a voz rouca roçando contra o pescoço de Jenny, que fechou os olhos ao sentir o calor do hálito em sua pele.

Jenny estava ali, entregue, crua. Um misto de ousadia, desejo e necessidade pulsava sob sua pele. Não pensava em amanhã. Não pensava em nada.

Só queria esquecer — ou talvez, só por essa noite, ser outra versão de si mesma.

A mulher a segurou pela cintura e a girou devagar, pressionando suas costas contra a porta com firmeza. Beijos foram deixados em sua clavícula, no centro do peito, na barriga. Jenny gemeu baixo, os dedos agarrando os cabelos curtos da mulher.

E então, ela parou. Só o suficiente para encarar Jenny nos olhos, séria, intensa.

— Eu gosto de controle — disse, a voz vibrando entre elas. Quente. Real.

Jenny mordeu o lábio inferior, sentindo o corpo vibrar inteiro com aquela frase.

— Você está disposta a se entregar?

O mundo parecia parado. O ar rarefeito. Jenny não pensou. Não refletiu. Só sentiu.

— Totalmente — respondeu, sem hesitar.

A mulher segurou sua nuca e a puxou para mais um beijo. Selvagem. Quente. Molhado. Jenny moveu os quadris, sentindo o tecido do vestido da outra entre elas, e gemeu de novo, agora contra a boca da mulher.

Logo estavam na cama. O quarto, amplo e escuro, com cortinas pesadas, parecia um teatro para os dois corpos que se procuravam como se o mundo fosse acabar naquela noite.

A mulher assumiu o ritmo. Prendeu os pulsos de Jenny sobre a cabeça, montou sobre ela com os cabelos curtos desalinhados, os olhos fixos nos seus. Cada movimento, cada toque, era uma promessa de prazer absoluto.

As mãos da mulher exploravam com domínio. Sabia exatamente onde tocar. Onde pressionar. Quando parar. Quando acelerar.

Jenny se arqueou quando a boca encontrou sua barriga, e então mais abaixo, com uma língua impiedosa, firme, incessante.

— Olha pra mim — ordenou.

Jenny obedeceu. Os olhos marejados, a boca entreaberta. — Por favor… — sussurrou, sem nem saber o quê.

Foram duas, três ondas de prazer. Uma em cima da outra, uma dentro da outra. Como se aquela mulher tivesse desligado o mundo exterior e só restasse o que faziam naquela cama, naquela noite.

Quando o silêncio caiu sobre elas, só restavam os corpos suados, os lençóis bagunçados, e uma respiração pesada compartilhada entre beijos e toques lentos.

[…]

O amanhecer chegou cortando a penumbra do quarto com um filete de luz dourada pelas cortinas.

Jenny despertou com preguiça, os músculos ainda relaxados, o corpo quente, a boca seca. Espreguiçou-se levemente e abriu um sorriso bobo ao lembrar da noite que tivera. Uma daquelas noites que fazem a gente esquecer o que veio antes.

Olhou para o lado.

A cama estava vazia.

Ela franziu a testa, mas ao ouvir o som do chuveiro vindo do banheiro, relaxou. Deixou-se cair de novo sobre os lençóis, rindo sozinha.

— Que loucura… — murmurou. — O que foi isso, Jenny?

Levantou-se devagar, o corpo ainda sensível. Vestiu apenas a calcinha, os pés descalços sobre o chão de madeira impecável, frio. Caminhou até a janela para observar a vista. Era alta. Muito alta. Agora, com a luz do dia, percebia o luxo do lugar — os móveis de design, os quadros discretos, o aroma leve de lavanda no ar.

Ao voltar para a cama, sentou-se sorrindo, embriagada ainda pela sensação daquela noite. Até virar o rosto para o criado-mudo.

Ali, repousando como se sempre tivesse estado, estava uma aliança de ouro. Simples, lisa, tradicional. Brilhava no reflexo suave da manhã.

O coração de Jenny parou por dois segundos.

“Não… não pode ser…”

Sentiu a garganta secar. O sangue gelar.

— Puta merda… — sussurrou.

A mulher com quem dormiu. Aquela noite intensa. Aquela entrega.

Ela era casada?

Jenny levantou de súbito, os pés tropeçando nas roupas jogadas no chão. Vestiu o vestido preto com pressa, o zíper mal fechado. Enfiou os sapatos nas mãos e prendeu os cabelos com os próprios dedos.

Não queria saber mais nada.

Nem o nome.

Nem a explicação.

Nem o fim.

Saiu em silêncio.

Sem olhar para trás.

Sem sequer fechar a porta direito.

Era melhor esquecer.

Antes que aquilo virasse outra cicatriz.

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Comments

Uchiha Itachi

Uchiha Itachi

Eu senti todas as emoções dos personagens, muito real!

2025-07-26

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