Amiga da Morte
...Katherine Piece...
Tem gente que acha que órfãos choram. Que sonham com uma família.
Eu? Eu só sonhava com silêncio.
Silêncio pra ouvir os códigos rodando.
Silêncio pra afiar a faca sem interrupções.
Silêncio pra planejar minha próxima entrada no sistema de segurança real.
E agora… aqui estou. Sentada na sala mais escondida do orfanato.
Uma sala que tecnicamente nem deveria existir — mas que eu mesma “criei”. Hackeei o sistema, apaguei o histórico e declarei esse espaço como área fantasma. Ninguém entra. Ninguém sabe. E ninguém sobrevive se descobrir.
Na tela à minha frente, o símbolo da Escola Real Suprema pisca. Azul e dourado. Luxo, arrogância, poder. A escola mais cara de todo o reino. Onde só entra quem tem sobrenome... ou algo mais valioso.
No meu caso: inteligência.
Mas lá… eu sou só "Katherine". A garota bonita, inteligente, de sorriso constante.
Nunca órfã. Nunca solitária. Nunca... real.
— “Você deve manter a postura, Katherine.”
— “Não fale do orfanato, Katherine.”
— “Sorria, Katherine.”
Eles amam meu sorriso.
Mal sabem que cada vez que ele aparece… é porque alguém está prestes a se ferrar.
O Reino de Asterion é dividido por linhas que ninguém ousa cruzar.
De um lado, os de sangue real.
De outro, o resto de nós — os descartáveis.
Os nobres nascem com poderes especiais. Chamas que obedecem ao estalar de dedos, ventos que cortam, sombras que matam.
E nós? Nós só nascemos com a obrigação de obedecer, calar e assistir de longe.
Mas eu não sou “nós”.
Nunca fui.
Enquanto eles usam dons pra se exibir, eu uso o meu para caçar.
À noite, viro fumaça. Uma sombra entre os becos, os corredores secretos, os porões esquecidos da cidade dourada.
Fui contratada por alguém que nem sei o nome — e que, se for esperto, vai continuar assim.
Minha missão é simples: limpar o lixo.
Traficantes. Assassinos. Corruptos.
Pessoas que mancham esse reino muito mais do que qualquer plebeu jamais poderia.
A diferença é que eu não deixo rastros.
E ninguém jamais suspeitaria de mim.
Tenho só dezesseis anos. Mas o corpo mais perfeito que essa monarquia já viu.
Não falo isso por vaidade. Falo porque é uma arma. Um disfarce.
Eles subestimam quem brilha demais.
Eu sou a melhor em combate corpo a corpo.
Sou a melhor em defesa.
E, nas redes ocultas da deep web do reino, sou uma lenda digital.
Eles me chamam de Ghost.exe.
Mas aqui fora… sou só Katherine Pierce.
A garota inteligente.
A bela.
A órfã que ninguém sabe que é órfã.
Eu sorrio.
Sempre sorrio.
Porque se eu parar… o mundo vai perceber o que realmente sou.
E quando perceberem, já vai ser tarde demais.
s descartáveis.
Os nobres nascem com poderes especiais. Chamas que obedecem ao estalar de dedos, ventos que cortam, sombras que matam.
E nós? Nós só nascemos com a obrigação de obedecer, calar e assistir de longe.
Mas eu não sou “nós”.
Nunca fui.
Enquanto eles usam dons pra se exibir, eu uso o meu para caçar.
À noite, viro fumaça. Uma sombra entre os becos, os corredores secretos, os porões esquecidos da cidade dourada.
Fui contratada por alguém que nem sei o nome — e que, se for esperto, vai continuar assim.
Minha missão é simples: limpar o lixo.
Traficantes. Assassinos. Corruptos.
Pessoas que mancham esse reino muito mais do que qualquer plebeu jamais poderia.
A diferença é que eu não deixo rastros.
E ninguém jamais suspeitaria de mim.
Tenho só dezesseis anos. Mas o corpo mais perfeito que essa monarquia já viu.
Não falo isso por vaidade. Falo porque é uma arma. Um disfarce.
Eles subestimam quem brilha demais.
Eu sou a melhor em combate corpo a corpo.
Sou a melhor em defesa.
E, nas redes ocultas da deep web do reino, sou uma lenda digital.
Eles me chamam de Ghost.exe.
Mas aqui fora… sou só Katherine Pierce.
A garota inteligente.
A bela.
A órfã que ninguém sabe que é órfã.
Eu sorrio.
Sempre sorrio.
Porque se eu parar… o mundo vai perceber o que realmente sou.
E quando perceberem, já vai ser tarde demais.
Os corredores da Escola Real Suprema cheiram a perfume caro, ambição e falsidade.
As paredes são cobertas de ouro, mármore e segredos.
E as pessoas? São tão afiadas quanto as lâminas que escondem sob os sorrisos.
Eu caminho por ali como se fizesse parte desse mundo.
Uniforme impecável. Trança lateral no cabelo branco. Blazer azul-marinho marcado com o brasão da escola: um leão com asas.
Ridículo.
— “Katherine, seu trabalho de estratégia está impecável mais uma vez.” — elogia a professora, olhando pra mim como se fosse uma raridade.
Sou. Só não pelo motivo que ela pensa.
Atrás de mim, ouço sussurros.
— “Ela é perfeita demais, não acha?”
— “É bonita, mas estranha. Nunca fala da família…”
— “Você viu os olhos dela? Vermelhos. Isso é… anormal.”
Eu sorrio.
Aperto os livros contra o peito e continuo andando.
Eles não sabem que ontem à noite eu esvaziei o ar dos pulmões de um general corrupto com as próprias mãos.
Eles não imaginam que, enquanto eles dormiam em camas de seda, eu estava limpando o porão de um palácio clandestino infestado de traficantes de jovens.
Eles acham que eu sou “esquisita”.
Se soubessem o que eu sou de verdade… implorariam por misericórdia.
**
Na hora do intervalo, estou sentada no jardim interno da escola. É o único lugar onde posso observar tudo e ser pouco observada. Até que…
Alguém se aproxima.
— “Você é boa demais pra esse lugar.” — diz uma voz grave e tranquila.
Levanto os olhos devagar. Um garoto de cabelos escuros, olhar calmo, mas afiado. Nunca falei com ele antes.
— “Digo… ninguém tira nota perfeita em criptografia aplicada. Nem mesmo os príncipes.” — ele cruza os braços, como quem me testa.
Sorrio.
— “Talvez eu só tenha mais tempo livre do que eles.”
— “Ou talvez você esteja escondendo alguma coisa, Katherine Pierce.”
O sorriso permanece. Mas por dentro, meu coração aperta uma arma invisível.
Quem é ele? E como ele sabe o meu nome completo se eu nunca disse?
O jogo parece estar começando.
E eu nunca recuo de uma partida.
Eu encaro o garoto. Ele tem aquele tipo de beleza que faz o mundo parar e olhar duas vezes. Um sorriso meio torto, olhar preguiçoso, mas atento — como se já tivesse visto tudo e estivesse entediado com o resto.
— “Você parece nervosa,” ele diz, sentando ao meu lado no banco de pedra. “Tem alguma coisa pra esconder?”
Olho de volta para a tela do tablet no meu colo. Linhas de código falsas — só uma distração para parecer ocupada.
— “Se eu tivesse algo pra esconder, você seria o último a descobrir.”
— “Aris, prazer.” — ele estende a mão. — “Príncipe de Vasskar, herdeiro número três da linhagem real. Mas pode fingir que eu sou só um aluno idiota. É o que eu faço.”
Não aperto a mão dele.
Ele ri. — “Uau. Gelo puro. Tá bom, Katherine Pierce… você venceu. Era só uma brincadeira.”
Meus olhos vermelhos se estreitam.
Ele sabe meu nome completo. Mas o sistema escolar só mostra o primeiro nome, a menos que você tenha acesso de administrador… ou de hacker.
Minha mente dispara em silêncio.
Ele não está brincando. Não de verdade.
Está testando os limites. Procurando rachaduras.
Mas tudo que ele vai encontrar é concreto armado.
— “E então,” ele continua, “me diz... como uma garota sem sobrenome, sem família conhecida, e com um histórico completamente limpo... consegue entrar na escola mais elitista do reino?”
Aperto o botão do tablet. A tela apaga.
— “Talvez eu só seja mais esperta que você.”
— “Ou talvez…” ele se levanta, virando-se com um meio sorriso provocador, “...você seja bem mais interessante do que parece.”
Ele se afasta. Mas deixa algo para trás — um cartão preto, preso discretamente entre as páginas do meu caderno.
Quando abro, há uma única frase:
"Quando o sistema falhar, procure a saída pelo fogo."
Nada mais.
Olho ao redor. O jardim está vazio. A brisa sopra leve.
Mas algo mudou.
Porque agora, alguém está prestando atenção.
E eu odeio ser observada.
Saí da escola com passos leves, mas mente carregada.
O cartão preto ainda queimava no bolso como se tivesse sido escrito com fogo.
“Quando o sistema falhar, procure a saída pelo fogo.”
Criptografia? Ameaça? Ou só mais uma brincadeira idiota de príncipe entediado?
Não importa.
Só tem um lugar no mundo onde eu posso pensar em paz.
O orfanato.
O lugar onde morri pela primeira vez.
E onde renasci com uma nova identidade.
Assim que entro pelos fundos, o sistema de segurança que eu mesma instalei reconhece meu passo.
As luzes não piscam. As câmeras fingem estar quebradas.
E eu desapareço no corredor mais escuro do prédio.
Minha sala secreta fica atrás de um armário vazio, no fim do subsolo. Uma parede falsa, um sensor de calor e um código que mudo a cada três dias.
A porta desliza.
Lá dentro: meu mundo.
Três monitores. Uma mesa com peças de armas desmontadas. Codificadores, transmissores, mapas digitais.
E o mais importante: silêncio.
Só que hoje…
Hoje tem algo errado.
Um ruído. Quase imperceptível.
Como se o som tivesse um eco.
Como se alguém tivesse estado ali.
Meus olhos vasculham cada canto.
Nada fora do lugar. Mas algo me chama — um sexto sentido que nunca falha.
Saio da sala. Em passos secos, rápidos, vou direto para o meu quarto. E antes que eu consiga sequer fechar a porta…
TOC TOC TOC.
Três batidas curtas.
A voz da diretora ecoa do outro lado, fria como sempre.
— “Katherine… venha comigo. Há alguém aqui. Quer conversar com você.”
Silêncio.
— “Diz… que gostaria de adotá-la.”
Adotar?
Meu sangue gela.
Ninguém quer adotar uma órfã de dezesseis anos.
Não nesse reino.
Não quando a maioria dos ricos está muito ocupada treinando os filhos mágicos para guerras que nunca vão lutar.
Isso é errado.
Muito errado.
Respiro fundo. O rosto volta a sorrir.
A máscara desliza sobre a pele.
— “Claro, diretora,” digo, com a voz mais doce que consigo fingir. “Estou indo.”
Mas por dentro, a assassina já despertou.
E se alguém quer me tirar daqui… vai precisar jogar no meu tabuleiro.
Entro na sala principal do orfanato com passos lentos.
Tudo em mim — o sorriso, o olhar dócil, a postura relaxada — é cuidadosamente encenado.
Mas por dentro, cada músculo está pronto pra guerra.
E então o vejo.
De pé, à frente da lareira acesa, está um homem alto, magro, vestindo um terno escuro que parece ter sido moldado sob medida. O tecido brilha sutilmente, como se estivesse feito de sombra e prata.
A aura dele?
Fria. Precisa. Letal.
Ele parece ter vinte e dois anos. Mas sei que tem mais de trinta.
Não por causa de rumores… mas porque estudei ele. Observei. Investiguei.
Ele não é um figurante do palácio.
Ele é Felipe D’Argent.
Braço esquerdo do rei.
O homem que sussurra nas guerras, que executa as ordens reais quando nem mesmo os generais têm coragem de agir.
E ele está… aqui?
A diretora, toda arrumada como nunca vi, sorri feito boba ao meu lado.
— “Katherine, querida, este é o senhor Felipe. Um dos homens mais importantes do reino. Um gênio, formado em diplomacia, estratégia e combate… e, surpreendentemente, um homem com um coração generoso.”
Felipe sorri. Um sorriso que não toca os olhos.
— “Ele demonstrou interesse em… adotar você. Não é maravilhoso?”
Meu sorriso se sustenta.
Mas meus olhos não piscam.
Ele me encara de volta. Como se estivesse lendo não minha aparência — mas minha estrutura, célula por célula.
Ele sabe.
Sabe quem eu sou.
Sabe o que faço nas madrugadas.
Sabe o que escondo por trás do sorriso.
E, pior: ele parece… curioso.
— “É um prazer finalmente conhecê-la, Katherine,” ele diz, com a voz firme e baixa. “Você tem impressionado muita gente.”
Não respondo de imediato.
Minha mente calcula três rotas de fuga.
Quatro maneiras de desarmá-lo.
E sete hipóteses sobre o motivo de um monstro real estar de repente interessado em mim.
Ele me oferece a mão.
— “Aceitaria um café comigo? Tenho algumas… propostas que talvez te interessem.”
Por trás da voz calma, há algo mais.
Algo escuro.
Algo... que cheira a poder.
E pela primeira vez em muito tempo…
Eu não sei se estou diante de um inimigo.
Ou de uma oportunidade.
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Atualizado até capítulo 70
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