Sombras de um Amor Eterno
Obs: Os capítulos que estão marcados como adulto 🔞 não necessariamente terão conteúdo adulto, estão marcados assim pois nos capítulos podem conter: Nudez, drogas licitas e ilicitas, palavras pesadas, agressões, sangue, insinuações de sexo entre outras.
Prólogo
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O carro estremeceu sobre os paralelepípedos molhados.
As gotas de chuva escorriam pelo vidro embaçado, misturando-se à escuridão do fim de tarde. O céu carregado parecia uma parede sólida sobre a pequena cidade que se estendia à frente. O vento uivava, agitando árvores e latas abandonadas, e a chuva caía intensa, criando uma sinfonia de sons que reverberava nas ruas desertas.
Liora sempre preferiu o silêncio das tempestades – era mais fácil se perder na cidade do que nas pessoas. Mudava-se com frequência, não apenas para fugir do passado, mas para escapar das memórias que a assombravam. A solidão tinha um peso, mas era previsível. Mais fácil do que lidar com a intensidade do desejo que ardia dentro dela, uma fome que não se saciava com comida ou companhia.
O carro finalmente parou diante de uma pequena pousada, modesta, com a placa oscilando ao vento e o som da chuva abafando tudo ao redor. Liora deu algumas notas ao motorista e desceu, o tênis molhado afundando levemente na lama da calçada. Puxou a gola da jaqueta para se proteger e se aproximou da porta, batendo suavemente.
— Entre! — A voz veio de dentro, abafada pelo barulho da tempestade, e a porta se abriu antes que ela pudesse bater novamente.
Uma jovem mulher, cabelos castanhos presos em uma trança solta, rosto iluminado por um sorriso doce, aproximou-se. Seus traços eram comuns, mas carregavam uma luminosidade rara; olhos grandes, curiosos, atentos aos detalhes, sobrancelhas suavemente arqueadas, lábios curvados em uma gentileza que parecia sincera.
— Parece que o céu não quis colaborar com a sua chegada — disse a jovem, com simpatia. — Entre, vou te preparar algo quente.
Liora ficou em silêncio, avaliando cada gesto. Havia algo acolhedor nela, uma luz tranquila que contrastava com a tempestade lá fora.
— Não precisa, eu me viro — respondeu Liora, mantendo a voz calma, como sempre fazia. Mas havia algo nos olhos da mulher que a fez hesitar, uma intensidade quase magnética.
Aqueles olhos… eram como janelas para um lugar que Liora não conhecia, profundos e penetrantes. Havia ali algo que despertava uma ansiedade irresistível, um tipo de fascínio que ela não sentia há muito tempo. Um desejo que queimava silencioso, constante.
— Não pode ficar na chuva, você vai se resfriar — insistiu a jovem, energia firme e decidida. — Meu nome é Celeste, sou filha dos donos daqui. Venha, vamos para perto da lareira.
Liora assentiu e entrou. O ambiente exalava cheiro de café, madeira e lenha queimando, criando um aconchego que contrastava com a noite lá fora. Celeste a conduziu a uma poltrona próxima à lareira, preparando uma xícara de chá quente.
— Você viaja sozinha em noites assim? — perguntou, observando-a com atenção.
— Às vezes, a solidão é mais segura — respondeu Liora, com um sorriso enigmático que Celeste não compreendeu por completo.
O olhar de Celeste não se desviou. Havia algo em Liora que a fascinava, um mistério, uma aura intensa que despertava curiosidade e um desejo silencioso de se aproximar. Liora percebeu isso, e algo estranho a invadiu: não era só atração, era uma sensação de obsessão contida, um magnetismo que a prendia e ao mesmo tempo a afastava.
Mais tarde, quando a chuva diminuiu, Liora subiu para o quarto preparado para ela. Celeste, ainda à porta, a observava com olhos inquietos.
— Vai ficar muito tempo?
Liora hesitou. A pergunta parecia simples, mas carregava um peso invisível, um eco do que não podia ser dito.
— Talvez — respondeu. — Eu vejo o tempo de maneira diferente.
Celeste apenas sorriu, cheio de mistério, sem compreender completamente. Liora se aproximou da janela e observou as últimas gotas de chuva, sentindo-se mais confusa do que deveria. Algo havia sido aceso ali, uma chama silenciosa, impossível de apagar.
— Você não deveria se aproximar, Celeste. Não agora.
A noite estava apenas começando, e a tempestade que surgia lá fora refletia o que se passava dentro dela. Algo estava mudando. E Liora sabia que não havia retorno.
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Atualizado até capítulo 43
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