Meu Ex CEO, Me Odeia

Meu Ex CEO, Me Odeia

Capítulo 1

...🅷 🅴 🅻 🅴 🅽...

Prólogo 🍀

A vida nos obriga a fazer escolhas que despedaçam a gente por dentro. E naquela noite, enquanto arrumava minhas coisas em silêncio, eu sabia que estava prestes a cometer o pior erro da minha vida.

A chuva tamborilava nas janelas do pequeno apartamento que eu dividia com Daniel. Estava dobrando minhas roupas, e as colocando rapidamente dentro da minha mala.

Meu telefone vibrou em cima da cômoda. Eu já sabia o que era. O médico. Outra internação, outra conta impossível de pagar. Minha mãe precisava de mim, e eu não podia fazer nada.

Foi então que ela apareceu. A mãe dele. Aquela mulher sempre fria, Impiedosa e que não gostava de mim nenhum pouco. Ela queria alguém melhor para o filho, alguém rica e com classe.

Ela me ofereceu a salvação que eu tanto precisava — um cheque. Uma quantia absurda de dinheiro. Dinheiro suficiente para pagar a clínica, os tratamentos, dar dignidade à minha mãe.

Mas o preço era alto demais: eu precisava deixar Daniel. Sumir da vida dele sem explicações, sem despedidas. Deixá-lo acreditar que eu nunca o amei.

Aceitei.

Aceitei porque amava minha mãe. Aceitei porque amava Daniel o bastante para não arrastá-lo ainda mais para o buraco comigo. Aceitei porque não vi outra saída.

Fechei a mala com as mãos trêmulas, o coração latejando dentro do peito como se fosse explodir a qualquer segundo.

Foi então que ouvi a porta se abrir. Meu corpo inteiro congelou.

Daniel entrou, trazendo um buquê de flores na mão e um sorriso tímido no rosto. O cheiro adocicado das flores invadiu o ambiente. Eu não consegui me mover. Apenas o observei, como se estivesse fora do meu próprio corpo.

Na outra mão uma caixa de veludo preto.

"Hel, amor..." — ele disse, se aproximando.

Seu sorriso era tão sincero, tão cheio de esperança que meu peito se apertou de dor.

— "Eu sei que a gente não tem muita coisa. Eu sei que é difícil. Mas eu quero passar o resto da vida tentando fazer você feliz."

Antes que eu pudesse reagir, ele se ajoelhou na minha frente, e meu mundo desabou.

Daniel abriu a caixinha, revelando um anel simples, mas tão cheio de amor que eu senti minhas pernas fraquejarem.

— "Quer casar comigo?" — ele perguntou, a voz embargada de emoção. — Bom, eu não tenho um lugar melhor, não tenho dinheiro bastante para dar o que você merece. Não no momento, mas prometo que estou cuidando disso, eu juro que darei tudo a você.

Fechei os olhos por um segundo, tentando conter o choro que ameaçava me trair. Era agora. Eu tinha que ser cruel, eu tinha que feri-lo. Era a única maneira de deixá-lo livre.

Respirei fundo. Fingi uma segurança que eu não sentia.

— "Eu jamais me casaria com um pobretão como você, Daniel." — As palavras saíram cortantes, frias, me dilacerando por dentro. — Olha pra você. Não tem nada, nunca vai ter nada. Eu não vou afundar minha vida me amarrando a um pobre coitado, que não pode me dar nada.

O sorriso dele morreu ali mesmo, diante dos meus olhos. A esperança desapareceu, como uma vela sendo apagada pelo vento.

— "Helen... não faz isso — ele sussurrou, os olhos marejados pelas lágrimas — Eu vou conseguir, eu estou fazendo de tudo meu amor, para te dar uma vida melhor, eu ...

Eu ri. Uma risada vazia, amarga, que soou horrível até para mim.

— "Você é patético, Daniel. Eu mereço mais, eu vou conseguir, mas sem você.

Ele continuou ajoelhado, imóvel, como se ainda esperasse que aquilo fosse uma piada de mau gosto. Mas eu não podia hesitar.

Peguei minha mala e passei por ele sem olhar para trás. Se eu olhasse... eu nunca conseguiria ir embora.

Quando a porta se fechou atrás de mim, eu senti como se meu coração tivesse ficado lá dentro, preso para sempre. As lágrimas vieram com força assim que desci as escadas. Mas eu continuei andando.

Vi, pelo canto dos olhos, quando ele abriu a porta, desceu as escadas e veio atrás de mim.

— "HELEN!" — ele gritou — "Helen, por favor!"

Meus passos aceleraram.

Não podia parar. Se eu olhasse para ele agora, tudo estaria perdido.

— "Helen, me diz o que eu fiz de errado! Me diz.... Eu te amo!" — ele insistia, a voz quebrando no meio do choro.

Cada palavra dele era como uma lâmina rasgando minha pele. Mas eu continuei andando, lutando contra a vontade desesperada de voltar, de abraçá-lo, de dizer toda a verdade. Mas eu não podia.

Tirei o celular do bolso e disquei um número que eu conhecia de cor.

— Leon, pode vir me buscar. Estou aqui na frente do café 42, lembra? — minha voz saiu baixa, sufocada.

Leon era o único amigo que eu ainda mantinha desde a época da faculdade. Sempre foi uma presença leal na minha vida, mesmo quando todo o resto desmoronava. Hoje, ele tinha uma empresa de semi-joias muito respeitada na cidade. Um homem bem-sucedido, gentil, e mais importante: alguém em quem eu podia confiar.

Minutos depois, o carro de Leon encostou na calçada. Ele saltou rapidamente, abriu a porta do passageiro e estendeu a mão para mim.

Sem dizer uma palavra, apenas balancei a cabeça em agradecimento e entrei no carro.

O olhar de Leon era compreensivo, mas também carregado de perguntas não feitas.

Quando a porta se fechou, olhei pelo retrovisor e vi Daniel parado no meio da rua, perdido, chorando como uma criança, enquanto suas mãos estavam em seu peito.

O carro arrancou.

E eu vi, pela última vez naquela noite, o homem que eu amava ficando para trás, vendo-me partir sem entender o motivo. E foi assim que eu quebrei o coração de Daniel... e o meu também.

🅿🅴🆁🆂🅾🅽🅰🅶🅴🅽🆂

...𝐷 𝐴 𝑁 𝐼 𝐸 𝐿...

...𝐻 𝐸 𝐿 𝐸 𝑁...

Cinco anos haviam se passado desde aquela noite que mudou tudo na minha vida.

Cinco anos desde que eu descobri o que era ser deixado para trás, abandonado no chão, sem entender por quê.

Às vezes, o tempo parecia acelerar e desacelerar dentro da minha cabeça. Algumas lembranças vinham nítidas como fotografias, outras pareciam distantes, embaçadas, como se pertencessem a outra vida. Mas o que Helen fez, isso nunca desbotou. Estava cravado em mim, como uma tatuagem que eu não escolhi.

Mas eu aprendi. Aprendi que o amor não enche a barriga, não paga contas, não compra respeito.

Aprendi que o mundo não tem pena de quem fica ajoelhado. E aprendi que a dor, por mais sufocante que seja, pode ser usada como combustível.

Hoje, sentado atrás da minha mesa de mogno polido, no último andar do prédio da Moreau’s Jewels, olhando para a cidade através da parede de vidro, eu sabia: eu venci. Venci com dignidade e dei uma vida melhor a mim e a minha mãe, Elizabeth.

Meu nome era pronunciado com respeito nos corredores empresariais, temido nas reuniões de negócios, invejado em manchetes de revistas.

De Daniel Azevedo, um homem sem futuro, eu me tornei Daniel Moreau, o CEO que ergueu um império a partir da humilhação.

Adotei o sobrenome do meu avô francês, resgatando o sangue nobre que corria nas veias e que, durante muito tempo, eu neguei por vergonha.

Não mais. Hoje, esse nome estampava contratos milionários, desfiles de joias exclusivas e capas de revistas.

De um homem pobre e quebrado, virei um dos empresários mais respeitados do mercado de luxo, conhecido em todos os cantos onde a riqueza dita as regras. Mas no fundo, a verdade era crua: tudo que construí, construí para provar que ela estava errada. Que eu não era um pobretão, que eu era capaz.

Me inclinei para frente, apoiando os antebraços sobre a mesa de mogno que mandara fazer sob medida. Cada canto daquela sala era um lembrete do caminho que percorri. As paredes de vidro ofereciam uma visão privilegiada de Nova York, a cidade que nunca dormia, mas que ajoelhava diante de quem sabia vencer.

Sobre a mesa, uma pilha de currículos esperava pela minha decisão. Dez candidatas para a vaga de designer de joias. O projeto era especial. A nova coleção que marcaria os dez anos da Moreau's Jewels precisava de peças que carregassem não apenas beleza, mas história e alma.

Peguei o primeiro currículo e comecei a folhear.

Experiência mediana. Trabalhos corretos, mas sem brilho. Deixei-o de lado com indiferença.

O segundo, o terceiro... Mais do mesmo.

Passei o quarto currículo, sem entusiasmo. Apenas outra profissional que fazia o básico para sobreviver. O quinto, técnico, frio, sem alma.

Estava começando a me irritar. O tempo que eu tinha era precioso demais para ser desperdiçado com mediocridade. Então, o sexto currículo caiu nas minhas mãos. Eu ia folheá-lo como os outros, sem qualquer expectativa, quando vi o nome.

Helen Dupont.

Por um momento, minhas mãos congelaram no ar.

Meu peito deu um salto, um soco inesperado que me tirou o fôlego. Levantei o olhar, encarando o horizonte dourado da cidade, tentando entender se era apenas uma coincidência cruel ou mais uma brincadeira suja do destino.

Voltei a olhar para o papel. E lá estava. A foto anexada no canto da folha, discreta, quase tímida.

Mas eu reconheceria aquele rosto em qualquer lugar do mundo. Helen.

O mesmo cabelo castanho, agora mais curto, talvez para parecer mais forte. Os mesmos olhos grandes, que já foram faróis nos meus dias escuros. A mesma boca, que um dia prometeu amor eterno, e depois cuspiu veneno.

O currículo tremia levemente nas minhas mãos, mas eu não permiti que a emoção tomasse conta.

Não mais.

Ela estava ali. Candidatando-se para trabalhar na minha empresa, sem ideia de quem estava do outro lado.

Minhas mãos fecharam o currículo com firmeza, como se pudesse esmagar o passado com a força dos dedos.

Um sorriso amargo e frio curvou meus lábios.

— Muito bem — murmurei para mim mesmo, sentindo o sangue pulsar forte nas têmporas. — Parece que o destino ainda sabe brincar comigo.

Peguei o telefone, apertando o botão que ligava diretamente para minha assistente pessoal, Clara.

— Senhor Moreau? — ela atendeu imediatamente, sempre eficiente.

— A candidata Helen Dupont. Contratada — ordenei, sem espaço para questionamentos. Minha voz saiu firme, controlada, como se não carregasse o peso dos anos. — Quero que informe a ela que foi escolhida pela diretoria para um projeto especial. Nada de entrevistas. Quero ela aqui amanhã, às nove da manhã.

— Perfeitamente, senhor.

Fechei os olhos por um instante, respirando fundo. O sabor da vingança era quente e amargo na boca.

Mas eu ainda não tinha terminado.

— Diga também que ela deve criar três modelos exclusivos de alianças de casamento. Peças únicas, criativas. As mais bonitas que ela puder conceber. É para o meu casamento, por isso preciso que seja o mais bonito possível. Certifique-se de dizer isso a ela. — Fiz uma pausa. — E as peças devem ser apresentadas pessoalmente na reunião geral com a diretoria — acrescentei. — Quero vê-la se apresentando. Explicando cada curva, cada detalhe. Direto para mim.

— Sim, senhor — Clara respondeu, profissional como sempre.

Desliguei sem esperar mais.

Fiquei ali, em silêncio, olhando para a cidade, através da grande janela de vidro.

Ela achou que tinha acabado comigo. Que podia me jogar fora como um pedaço de papel usado e seguir em frente. Mas agora ela voltaria para mim. Sem nem ao menos saber.

E quando estivesse diante de mim, apresentando as alianças que representariam a união de duas almas — a minha e a de outra mulher —, talvez ela entendesse. Talvez, finalmente, sentisse na pele o gosto amargo da perda.

O celular vibrou sobre a mesa, interrompendo meus pensamentos.

Uma mensagem.

Isadora: "Estou ansiosa para o jantar de hoje, meu amor. Mal posso esperar para te ver. Fui na casa de sua mãe hoje, e levei um chárzinho, já que ela não estava bem."

Sorri para o aparelho, mas o sorriso não alcançou meus olhos.

Isadora era linda, elegante, tudo que qualquer homem poderia desejar. E, ainda assim, uma parte de mim continuava presa a um passado que eu jurava ter deixado para trás.

Guardei o celular no bolso do paletó e me levantei, ajeitando o terno escuro no corpo.

Amanhã, Helen daria o primeiro passo para dentro do meu mundo. Um mundo que eu construí sem ela. E dessa vez, seria ela quem sentiria o gosto amargo de ser deixada para trás.

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Comments

JAMILLY

JAMILLY

velha vagabunda ele precisa saber a verdade Autora sei que vc tem tudo em mente e simplesmente livro mais já estou amando 😍✨

2025-06-07

7

Maria Sena

Maria Sena

Olha eu aqui minha autora de milhões, não resisti e já comecei ler, mas com a promessa do final essa semana. Começando hoje 09/06/25. Já tô com dó da Helen, ela fez o que qualquer pessoa que ama sua mãe faria. O erro dela foi não ter contado a verdade e desmascarar a jararaca da mãe dele. Agora vai sofrer muito, porque o homem tá com sangue no olho. E vamos de mais uma leitura. 🏃🏃🏃🏃🏃

2025-06-09

0

Jaciara Barbosa

Jaciara Barbosa

uma relação é base de confiança e conversa eu sei que não hora do espero a gente não pensa direito e acabamos fazendo coisas sem pensar principalmente quando evolve alguém querido mais se deve conversar contar um com o outro afinal relacionamento é pra isso não hora da alegria e da dor

2025-06-10

1

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