Paraíso Escondido
🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️
Seo Minjun
O vento zunia tão alto que abafava até meus próprios pensamentos.
Eu me agarrava à borda do bote salva-vidas como quem se agarra à vida — porque, na verdade, era exatamente isso. Cada onda parecia querer me arrancar dali e me engolir para sempre.
Meus olhos ardiam com a água salgada e com o desespero.
Foi quando eu o vi.
No meio da escuridão cortada por relâmpagos, um garoto lutava contra as ondas, seu corpo pequeno sendo jogado como uma folha ao vento. Ele parecia tão frágil... tão fora de lugar naquele cenário brutal.
Sem pensar, soltei uma mão do bote.
Meu instinto gritou para segurar firme. Minha cabeça gritava que era loucura. Mas alguma coisa, algo mais forte do que o medo, me obrigou a estender o braço.
— Aqui! — berrei contra o vento.
Ele me viu. Seus olhos, enormes e brilhantes, cravaram nos meus como se eu fosse a única âncora que lhe restava.
Com um esforço desesperado, ele nadou até mim, e quando nossas mãos se tocaram, foi como se o mundo inteiro silenciasse por um segundo.
Segurei-o com força e puxei para dentro do bote. Seu corpo caiu contra o meu, frio e tremendo.
— Você... — ele arfava, a voz quase inexistente — me salvou...?
— Fica quieto — sussurrei, prendendo-o em meus braços. — Economize suas forças.
Ele obedeceu sem protestar. Seu rosto se aninhou em meu peito, como se aquele contato fosse a única coisa que o mantivesse vivo.
Fechei os olhos por um instante. Respirei fundo, tentando acalmar o pânico. Mas antes que eu pudesse me convencer de que estávamos seguros, uma onda monstruosa ergueu-se à nossa frente.
Não houve tempo para gritar.
O bote virou.
A água gelada me envolveu como garras invisíveis, puxando-me para baixo. Eu lutei, procurei pelo garoto, mas tudo era escuridão e ruído.
"Não... não posso perder ele!"
Movido por puro instinto, estiquei os braços na escuridão e, como num milagre, encontrei sua mão.
Agarrei-a com todas as forças.
Então... deixei que a corrente nos levasse.
Seo Minjun
A primeira coisa que senti foi o calor áspero da areia contra minha pele molhada.
Tossi, tentando expulsar a água salgada dos meus pulmões. Cada músculo do meu corpo gritava de dor.
Quando consegui abrir os olhos, o céu estava pálido, tingido pelas primeiras luzes da manhã. As ondas quebravam suavemente na praia, como se zombassem do caos da noite anterior.
Demorei alguns segundos para lembrar. O garoto.
Meu coração disparou.
Virei o rosto de um lado para o outro, os olhos turvos buscando por ele.
Ali.
Estava deitado poucos metros adiante, imóvel, como uma pequena figura esquecida pelas ondas.
Arrastei meu corpo até ele, o medo entalando na garganta.
Seu rosto estava pálido, seus lábios levemente arroxeados.
— Ei... — minha voz falhou.
Toquei seu ombro, sacudindo-o com delicadeza. — Ei, acorda...
Nada.
O pânico me consumiu. Inclinei-me sobre ele, tentando lembrar de tudo que havia aprendido sobre primeiros socorros. Apoiei as mãos em seu peito, pronto para tentar reanimá-lo.
Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele tossiu.
Uma tosse fraca, quase infantil. Seus olhos se abriram, pequenos e confusos, fitando os meus.
— Você... — ele sussurrou, a voz rouca — me encontrou.
Soltei uma risada quebrada, um som aliviado e desesperado ao mesmo tempo.
— Claro que encontrei, idiota. — Minha mão ainda tremia sobre seu peito.
Ele piscou lentamente, como se cada movimento fosse um esforço colossal.
Então, num gesto quase instintivo, se agarrou a mim.
Aquele abraço — fraco, hesitante — me atingiu com mais força do que qualquer onda da noite passada.
Instintivamente, envolvi-o nos braços, trazendo-o para perto.
Seu corpo tremia, mas, mesmo assim, ele buscava meu calor como se eu fosse a única coisa segura naquele mundo desconhecido.
— Está tudo bem agora — murmurei, apertando-o contra mim. — Eu estou aqui.
Por alguns minutos, ficamos apenas ali, sentindo a respiração um do outro, ignorando a areia grudada na pele, o frio, a dor.
Eu não sabia quem ele era. Não sabia seu nome.
Mas, naquele momento, a única certeza que eu tinha era que não o deixaria sozinho.
Nunca.
Ele ergueu o rosto, seus olhos negros brilhando com uma vulnerabilidade que me fez prender a respiração.
— Qual é o seu nome...? — perguntou, com um fio de voz.
Sorri, um sorriso cansado e genuíno.
— Seo Minjun.
— Minjun... — ele repetiu, como se gravasse meu nome dentro dele. — Eu sou Haru.
Haru.
Um nome simples. Um nome bonito.
E, embora o sol ainda estivesse tímido no céu, iluminando nossos corpos molhados e machucados, percebi que ali, naquela praia esquecida, nascíamos de novo.
Dois estranhos.
Dois sobreviventes.
Dois destinos entrelaçados pela força impiedosa do mar.
Eu não sabia quanto tempo conseguiríamos sobreviver ali.
Mas sabia que, enquanto Haru estivesse ao meu lado, eu lutaria.
Por nós dois.
🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 30
Comments