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Seo Minjun
Acordei com o calor incômodo do sol queimando minhas costas.
Por um momento, pensei que tudo tinha sido um pesadelo. O navio, a tempestade, a água me puxando para baixo...
Mas então senti um peso leve encostado no meu peito.
Haru.
Ele dormia ainda, seu corpo miúdo encolhido contra o meu como se, mesmo inconsciente, buscasse proteção.
Observei-o em silêncio. Seus cabelos, encharcados e cobertos de areia, grudavam na testa.
Seus cílios longos lançavam pequenas sombras sobre a pele pálida.
Ele parecia... vulnerável. Frágil de um jeito que fazia algo dentro de mim doer.
Respirei fundo, tentando afastar a estranha vontade de tocá-lo.
Não era hora de sentimentalismos. Precisávamos sobreviver.
Com cuidado, deslizei para o lado, depositando sua cabeça sobre uma elevação de areia macia.
Levantei, sentindo os músculos protestarem.
Olhando ao redor, vi apenas mar, céu e floresta densa à distância. Nenhum sinal de barcos, de pessoas. Nada.
Estávamos sozinhos.
Sozinhos de verdade.
— Droga... — murmurei para mim mesmo, passando a mão pelo cabelo.
O som de uma respiração irregular me chamou de volta.
Virei e vi Haru se mexendo, franzindo o rosto como se lutasse para acordar.
Aproximei-me, ajoelhando ao seu lado.
— Ei, Haru... — chamei, tocando de leve seu ombro. — Acorda. Está tudo bem.
Ele abriu os olhos devagar, piscando contra a luz forte.
Por um segundo, me encarou sem reconhecer.
Depois, seus traços suavizaram.
— Minjun... — murmurou, a voz rouca, mas com um sorriso pequeno nos lábios.
Esse sorriso.
Tão genuíno, tão grato.
Fez meu peito apertar de um jeito estranho, desconfortável e ao mesmo tempo... bom.
— Isso. — Forcei um sorriso de volta. — Está tudo bem. Estamos em terra firme.
Ele tentou se sentar, mas seu corpo fraquejou e quase tombou de novo.
Instintivamente, o segurei pela cintura.
— Calma. Você ainda está fraco.
Ele riu, uma risadinha fraca, mas adoravelmente teimosa.
— Achei que... tínhamos morrido — disse, olhando ao redor, confuso.
— Não desta vez. — Soltei um suspiro pesado. — Mas, honestamente, a situação não é muito melhor.
Haru arqueou uma sobrancelha.
— Onde estamos?
Olhei para a imensidão vazia ao redor, depois para ele.
— Perdidos — respondi simplesmente. — Em algum lugar no meio do nada.
Ele piscou algumas vezes, absorvendo a realidade.
Mas, para minha surpresa, seu sorriso não desapareceu.
Em vez disso, ele ergueu o punho fechado.
— Então... vamos sobreviver juntos.
Fiquei olhando para aquela mão estendida, pequena e firme diante de mim.
Algo em mim se quebrou e se reconstruiu naquele instante.
Ergui minha mão e bati levemente contra a dele.
— Vamos.
Nossos dedos se tocaram — brevemente, calorosamente — e, naquele toque simples, selamos um pacto silencioso.
Dois desconhecidos.
Dois garotos quebrados.
Dois corações apostando tudo um no outro.
Talvez fosse loucura.
Talvez fosse o destino.
Mas, de qualquer forma, não estávamos mais sozinho.
Seo Minjun
Haru insistiu em ficar de pé, mesmo com as pernas bambas.
Observei em silêncio enquanto ele tropeçava desajeitadamente pela areia, determinado a provar que não era um fardo.
— Você tem certeza que está bem? — perguntei, cruzando os braços.
Ele me lançou um olhar orgulhoso por cima do ombro.
— Sou mais forte do que pareço.
Tive que morder a língua para não rir.
Haru parecia um filhote de gato molhado tentando parecer ameaçador.
Decidi deixá-lo tentar.
Precisávamos nos mover de qualquer forma.
Seguimos pela praia, os pés afundando na areia úmida.
O sol já subia no céu, queimando nossas peles expostas. Meu estômago roncava baixinho, e percebi que estávamos sem comida, sem água potável, sem abrigo.
— Precisamos encontrar algo — murmurei.
— Tipo comida? — Haru perguntou, os olhos brilhando com expectativa.
Assenti.
— Comida, água... e talvez um lugar seguro para descansar.
Ele bateu palmas animado.
— Então vamos caçar!
Olhei para ele, incrédulo.
— Você sabe caçar?
Ele congelou por um segundo.
— ...Não.
Soltei um suspiro exasperado, passando a mão no rosto.
— Ótimo. Dois inúteis perdidos no paraíso.
Haru riu, aquela risada leve e contagiante que, contra minha vontade, arrancou um meio sorriso dos meus lábios.
— Vamos descobrir juntos, Minjun — disse ele, aproximando-se.
Seu ombro roçou no meu de maneira casual.
Mas, mesmo com a leveza do toque, senti uma corrente elétrica percorrer minha pele.
Afastei-me disfarçadamente, fingindo focar na linha da floresta adiante.
— Talvez devêssemos procurar frutas primeiro — sugeri, a voz soando mais rouca do que gostaria.
— Você manda, chefe! — respondeu ele, dando uma pequena continência.
Balançando a cabeça, comecei a andar na direção das árvores.
Haru me seguiu de perto, seus passos leves e quase silenciosos.
Enquanto adentrávamos a sombra fresca da floresta, percebi que, mesmo na situação mais absurda e perigosa da minha vida, uma parte de mim — uma parte que eu não queria admitir — estava estranhamente... animada.
Não por estar perdido.
Não pela luta pela sobrevivência.
Mas porque, de algum modo inexplicável, eu não estava enfrentando tudo isso sozinho.
Haru estava ali.
E, de algum jeito, isso fazia toda diferença.
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Atualizado até capítulo 30
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