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O céu começou a mudar no meio da tarde.
As nuvens se formaram rápido — densas, negras e ameaçadoras — como se uma mão gigante estivesse espremendo o firmamento acima de nós.
Eu olhei para cima, sentindo um mau pressentimento escorrer pela minha espinha.
— Haru, precisamos voltar para o abrigo. Agora.
Ele, que brincava distraidamente com gravetos perto de uma poça d'água, ergueu a cabeça, alarmado.
— Tempestade? — perguntou, já se levantando e correndo para o meu lado.
Assenti, observando os primeiros trovões estremecerem o céu.
O vento aumentava a cada segundo, arrancando folhas e fazendo as árvores gemerem.
Corremos pela trilha improvisada até o abrigo.
Mas quando chegamos... o cenário me fez praguejar baixinho.
Parte da estrutura já estava desmoronando, levada pelas rajadas de vento.
— Merda! — resmunguei, chutando uma pedra.
Haru mordeu o lábio inferior, o rosto pálido.
— E agora?
Olhei ao redor, desesperado por uma solução.
Precisávamos de proteção. Precisávamos agora.
— Ali! — Haru apontou para uma formação rochosa não muito longe dali, uma espécie de caverna natural entre duas grandes pedras.
Sem pensar duas vezes, puxei sua mão e corremos até lá.
Quando entramos, o primeiro trovão estourou diretamente acima de nós, fazendo o chão tremer.
O espaço era apertado, mas sólido. O teto improvisado de pedra nos protegeria da chuva.
Mal nos acomodamos e a tempestade desabou com força brutal.
Gotas pesadas de chuva despencavam do céu, acompanhadas de ventos uivantes que pareciam querer arrancar a ilha inteira do mapa.
**
Haru tremia, os braços abraçando os próprios joelhos.
A água já começava a invadir o chão da caverna pelas bordas, deixando nossos pés encharcados.
Sem pensar, tirei a minha camiseta molhada e estendi para ele.
— Vista isso — ordenei. — Você está tremendo.
Ele me olhou, surpreso.
— E você?
— Eu aguento.
Ele hesitou, mas então pegou a camiseta e a vestiu.
A peça ficou larga nele, descendo até metade das coxas.
E, naquele momento, mesmo encharcado, com frio, cercado pela fúria da tempestade, eu senti algo muito mais quente do que qualquer fogo:
Haru, usando a minha camiseta, com aquele olhar de confiança e carinho, como se eu fosse tudo o que ele tinha.
Engoli em seco, desviando o olhar.
Não era hora para esses pensamentos.
**
A tempestade piorou.
Relâmpagos cortavam o céu, iluminando a escuridão por breves segundos.
Cada trovão fazia Haru estremecer.
Instintivamente, puxei-o para mais perto.
Ele não resistiu. Pelo contrário: se encolheu contra o meu peito, buscando calor e segurança.
Passei os braços ao redor dele, envolvendo-o completamente.
Senti seu coração disparado contra o meu.
— Estou aqui — murmurei, minha boca próxima à sua orelha. — Não vou deixar nada acontecer com você.
Haru se apertou ainda mais contra mim.
Seus braços rodearam minha cintura, e sua respiração quente batia na minha clavícula.
Fechei os olhos, absorvendo o peso confortável do seu corpo, o cheiro da sua pele, o som da tempestade do lado de fora... e o som da nossa respiração misturada.
A cada trovão, a cada relâmpago, era como se o universo estivesse nos empurrando mais e mais para dentro um do outro.
E eu percebi: não importava o que viesse.
Enquanto eu tivesse Haru nos meus braços, eu enfrentaria qualquer tempestade.
Fosse do lado de fora.
Ou dentro de mim.
Perfeito!
O tempo parecia ter congelado dentro daquela caverna.
Lá fora, a tempestade ainda rugia, mas aqui dentro...
o único som que eu realmente ouvia era o da respiração de Haru, misturada à minha.
Seus dedos agarravam com força a barra da minha bermuda rasgada, como se tivesse medo de que eu desaparecesse.
Eu o abraçava apertado, como se temesse a mesma coisa.
Depois de algum tempo, os trovões começaram a se tornar menos frequentes.
A chuva, antes torrencial, virou apenas um murmúrio constante.
Haru soltou um suspiro longo, relaxando no meu colo.
— Você sempre foi tão... forte assim? — ele murmurou, a voz baixa, como se estivesse compartilhando um segredo.
Sorri de leve, sem abrir os olhos.
— Nem tanto. Acho que estou fingindo bem.
Ele riu baixinho, o som vibrando contra o meu peito.
— Está funcionando. Me sinto seguro com você.
Minhas mãos, que acariciavam distraidamente suas costas molhadas, pararam por um momento.
Seguro.
Era isso o que eu queria ser para ele.
E, talvez... talvez eu quisesse ser mais.
Quando finalmente ergui o rosto para olhá-lo, percebi que Haru já me encarava.
Seus olhos castanhos, intensos, brilhavam à luz fraca que entrava pela caverna.
A respiração dele era curta, irregular.
A minha também.
Havia algo no ar — algo que não era medo, nem desespero.
Era algo mais quente. Mais perigoso.
Meus olhos caíram para os lábios entreabertos dele.
Sem pensar, comecei a me inclinar.
Milímetros.
Era só isso o que nos separava.
Milímetros.
Podia sentir o calor que emanava dele, a tensão elétrica que nos envolvia.
Haru também se inclinou — de forma quase imperceptível, mas suficiente para me fazer perder o fôlego.
Nossos narizes se tocaram levemente.
Nossas bocas quase se roçaram.
E então, um novo trovão estrondou, bem mais próximo.
Nós dois pulamos de susto, rindo nervosamente, o momento quebrado, mas o sentimento...
o sentimento estava longe de desaparecer.
Haru corou violentamente, desviando o olhar.
Eu passei a mão pelos cabelos, rindo baixinho, tentando disfarçar a tempestade que agora rugia dentro de mim.
Quando a chuva diminuiu de vez, saímos da caverna, ainda encharcados, ainda tremendo — mas por motivos bem diferentes dos anteriores.
Enquanto caminhávamos de volta para o abrigo destruído, nossas mãos se tocaram novamente.
Dessa vez, foi Haru quem entrelaçou os dedos nos meus.
E dessa vez, eu não pensei.
Apenas apertei sua mão de volta.
Prometendo, silenciosamente, que aquela história — nossa história — estava apenas começando.
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Atualizado até capítulo 30
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