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Seo Minjun
Encontramos uma clareira um pouco afastada da praia, cercada por árvores altas e protegida do vento.
Parecia o melhor lugar para começar alguma coisa parecida com... um lar.
Haru estava visivelmente empolgado, como uma criança em uma caça ao tesouro.
— Vou construir a melhor cabana que você já viu! — anunciou, inflando o peito.
Cruzei os braços, encarando-o de cima.
— Você já construiu uma cabana na vida?
Ele abriu a boca, pronto para mentir, mas depois desistiu, murmurando:
— Não... mas parece fácil nos filmes.
Revirei os olhos.
— Então trate de virar um especialista rápido. Não quero morrer de frio hoje à noite.
Haru riu, aquela risada melodiosa que, contra minha vontade, começou a soar como música para mim.
Arregaçamos as mangas — ou melhor, as que restaram das nossas roupas rasgadas — e começamos a trabalhar.
Pegamos galhos secos, folhas grandes e cipós improvisados para amarrar as estruturas.
Claro que nada saiu como o esperado.
A cada tentativa, os galhos desmoronavam. As folhas voavam. O abrigo parecia mais uma pilha desajeitada de madeira do que uma cabana.
No meio da terceira tentativa fracassada, Haru tropeçou em um galho e caiu — direto em cima de mim.
Um grunhido escapou dos meus lábios enquanto seu peso leve me derrubava para trás.
Quando percebi, Haru estava deitado em cima do meu peito, os rostos perigosamente próximos.
O calor dele contra meu corpo, o perfume salgado da sua pele, a forma como seus olhos enormes me encaravam... tudo me atingiu de uma vez, sem aviso.
Por um instante, esqueci como respirar.
Haru piscou devagar, seus cílios roçando minha bochecha.
Sua boca entreaberta tremia ligeiramente, tão perto da minha que eu podia sentir o calor de sua respiração.
— M-minjun... — ele murmurou, confuso e hesitante.
Eu poderia ter me afastado.
Deveria ter me afastado.
Mas fiquei ali, paralisado, prisioneiro daquele olhar, daquele toque, daquela atmosfera que parecia densa e carregada de algo novo, algo que eu ainda não entendia — mas que me puxava como a gravidade.
Finalmente, Haru piscou e se afastou, rindo nervosamente.
— Desculpa... — disse, coçando a nuca, visivelmente envergonhado.
Limpei a areia da minha roupa, tentando parecer indiferente.
— Só tenta não me matar antes de construirmos essa maldita cabana.
Ele riu mais forte dessa vez, e o som ecoou pela floresta como uma canção alegre.
Voltamos ao trabalho, mais cuidadosos — mas a tensão entre nós não desapareceu.
Estava ali, latente, pulsando como uma corrente subterrânea.
E eu sabia, no fundo, que aquilo era só o começo.
Seo Minjun
Levamos a tarde inteira para terminar o abrigo.
Uma estrutura torta, instável, mas suficiente para nos proteger do vento da noite que já começava a soprar.
O céu estava tingido de tons alaranjados quando jogamos os últimos galhos sobre a cobertura improvisada.
— Não ficou tão ruim — disse Haru, orgulhoso, as mãos na cintura.
Assenti, surpreso com o que conseguimos juntos.
— Pelo menos não vamos congelar. — Meu olhar vagou para o horizonte. — Se não chover.
Ele riu, aproximando-se.
— Pense positivo, Minjun. Estamos vivos, temos abrigo... só falta comida de verdade.
Seu sorriso era contagiante.
Algo dentro de mim relaxava quando ele sorria — uma parte que eu nem sabia que estava tão tensa.
Entramos no abrigo.
O espaço era apertado, feito para mal caber uma pessoa. Dois corpos juntos tornavam tudo claustrofóbico.
Nossos joelhos se encostavam.
Nossos ombros se roçavam.
Haru parecia nem perceber.
Ou talvez percebesse — mas não se importasse.
O calor que ele emanava era confortável, quase hipnótico.
Eu me forçava a manter os olhos no teto de folhas trançadas, fingindo não notar a forma como seu joelho pressionava o meu.
O silêncio se instalou entre nós.
Um silêncio estranho, carregado.
A noite caiu devagar. As estrelas surgiram uma a uma, espalhadas como poeira brilhante no céu escuro.
— Minjun... — Haru quebrou o silêncio, a voz baixa, quase hesitante.
— Hm? — respondi, sem olhar diretamente para ele.
— Você acha... — Ele mexeu nervosamente nos próprios dedos. — Você acha que alguém vai vir procurar a gente?
Minha garganta apertou.
Eu queria mentir, dizer que sim, claro, com certeza, mas a verdade era cruel demais.
Virei o rosto e encarei seus olhos brilhando na penumbra.
— Não sei — falei, minha voz soando mais dura do que pretendia.
— Ah... — Haru baixou o olhar, a sombra da tristeza passando rapidamente por seu rosto.
Sem pensar, estendi a mão e segurei a dele.
Seus olhos se arregalaram, surpresos, mas ele não recuou.
Pelo contrário, seus dedos se entrelaçaram aos meus com uma facilidade assustadora.
O calor do seu toque se espalhou pela minha pele, aquecendo lugares que o frio da noite ameaçava congelar.
— Mas... — acrescentei, apertando de leve sua mão — eu prometo que enquanto estivermos juntos, vamos sobreviver.
Haru mordeu o lábio inferior, como se segurasse as lágrimas.
Então sorriu — um sorriso pequeno, vulnerável e tão lindo que quase doeu olhar.
— Juntos — ele sussurrou.
— Juntos — repeti.
Nos ajeitamos para dormir, sem soltar as mãos.
O espaço era pequeno demais, então, naturalmente, Haru se encostou em mim, a cabeça repousando timidamente no meu ombro.
Fiquei tenso por alguns segundos.
Sentir seu corpo tão próximo, seu cheiro de mar e areia, sua respiração quente batendo na minha pele...
Era torturante e, ao mesmo tempo, reconfortante.
Fechei os olhos, forçando-me a focar apenas em uma coisa: proteger Haru.
Proteger aquele garoto que, de alguma maneira inexplicável, já tinha começado a ocupar um espaço dentro de mim que ninguém jamais havia tocado.
A última coisa que senti antes de adormecer foi o peso leve de sua cabeça contra mim.
E a certeza silenciosa de que, por ele, eu enfrentaria qualquer tempestade.
Quantas fossem necessárias.
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Atualizado até capítulo 30
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