Até o Amor Me Encontrar!

Até o Amor Me Encontrar!

Capítulo 1 Quando o Amor Chegou aos 40

Aos quarenta anos, Rosa Maria tinha aprendido a colocar seus sonhos dentro de uma caixa bem fechada. Era mais seguro assim. O amor, para ela, tinha virado um conto de fadas escrito para outras pessoas. Não para uma mulher como ela — marcada por despedidas, decepções e promessas quebradas.

O relógio da cafeteria marcava 17h47. A xícara de café à sua frente esfriava lentamente, ignorada. Rosa mexia distraidamente na borda do pires, os olhos vagando pela rua movimentada. Era sexta-feira, mas para ela parecia só mais um dia igual a todos os outros: cinza, sem surpresas.

Ela nem percebeu quando ele entrou.

Heliton não era o tipo de homem que tentava chamar atenção — mas chamava, inevitavelmente. Alto, cabelos castanhos com leves fios grisalhos nas têmporas, um ar de seriedade e uma tristeza bonita no olhar. Trajava um terno impecável, mas seu sorriso... ah, seu sorriso parecia perdido.

Rosa só percebeu sua presença quando o garçom lhe perguntou se ela se importaria de dividir a mesa, já que o café estava lotado. Sem pensar, apenas assentiu. Ela não era mais daquelas que esperava nada da vida.

— Muito obrigado. — disse ele, com uma voz grave e educada.

Ela apenas sorriu de lado, escondendo-se atrás da borda da xícara.

Por alguns minutos, os dois ficaram em silêncio, cada um perdido nos próprios pensamentos. Até que o destino, cansado da espera, decidiu agir.

— Você vem sempre aqui? — Heliton perguntou, com um sorriso pequeno, quase tímido.

Rosa ergueu o olhar, desconfiada. Há anos não recebia sequer uma tentativa de flerte sem segundas intenções.

— Na verdade, sim. — respondeu, secamente.

Ele riu de leve, sem se intimidar.

— Então talvez você possa me recomendar algo. — disse, abrindo o cardápio.

Ela deu de ombros. — O capuccino é bom. — e voltou a olhar pela janela.

Mas Heliton não desistiu. Havia algo na solidão dela que falava diretamente com a dele.

— Você gosta de chuva? — perguntou, inesperadamente, apontando para as nuvens pesadas que começavam a se formar.

Ela franziu a testa. Quem perguntava isso para um estranho?

— Eu costumava gostar. — disse ela, quase sem perceber a tristeza escapando em sua voz.

Heliton não respondeu de imediato. Apenas observou. Era como se pudesse ver além da superfície. Como se a enxergasse de verdade.

O garçom chegou com o pedido dele, e Heliton aproveitou a pausa para estudar melhor Rosa. Seu cabelo castanho caía suavemente sobre os ombros, algumas rugas delicadas ao redor dos olhos

Denunciavam mais histórias do que ela provavelmente gostaria de contar. Mas havia uma beleza crua nela, uma força silenciosa que o intrigava.

— Eu perdi minha esposa há três anos. — ele disse, de repente, como se estivesse entregando uma chave invisível.

Rosa piscou, surpresa. Não esperava aquela confissão.

— Sinto muito. — murmurou, com sinceridade.

Ele sorriu, triste.

— E você? — perguntou.

Ela soltou um suspiro curto.

— Eu perdi a fé. — respondeu.

Por um instante, apenas o som da chuva começando a tamborilar nas janelas preencheu o espaço entre eles.

Heliton encostou-se na cadeira, cruzando os braços. Seus olhos, de um castanho profundo, não desviavam dos dela.

— Às vezes, a fé volta nos lugares mais improváveis. — disse, com uma convicção que ela não sabia mais se podia acreditar.

Rosa riu, um som amargo.

— Não no meu caso.

Heliton sorriu novamente, mas dessa vez, havia algo diferente naquele sorriso. Uma promessa silenciosa.

— Talvez você só tenha procurado nos lugares errados.

Essas palavras ficaram ecoando na mente de Rosa muito depois que ele se levantou, pagou o café de ambos e lhe ofereceu um cartão.

Heliton Andrade — CEO, Andrade Tech.

Ela olhou para o cartão, depois para ele.

— Você sempre carrega cartões para estranhos? — perguntou, arqueando a sobrancelha.

— Não para qualquer estranho. — respondeu. — Só para aqueles que parecem estar esperando algo... mesmo sem saber.

E então, antes que ela pudesse pensar, ele se foi, desaparecendo na multidão da rua.

Rosa ficou ali, imóvel, olhando para a porta por onde ele saíra, o coração batendo mais rápido do que em anos. Não fazia sentido. Ela não conhecia aquele homem. Não sabia nada sobre ele além da dor em seu olhar. Mas havia algo. Algo que mexia com suas defesas cuidadosamente erguidas.

Ela pensou em jogar o cartão fora. Pensou em ignorar aquilo como mais uma coincidência vazia.

Mas não conseguiu.

Guardou o cartão na bolsa, como quem guarda uma semente sem saber que dali poderia nascer um jardim inteiro.

Naquela noite, Rosa deitou na cama e encarou o teto. O apartamento parecia ainda mais vazio, o silêncio mais pesado. Pensou em todos os amores que não deram certo, em todas as vezes que entregou seu coração apenas para vê-lo esmagado.

"Você já deveria ter aprendido", disse uma voz amarga dentro dela.

Mas outra voz, mais suave — quase imperceptível — sussurrou:

"Talvez você tenha apenas procurado nos lugares errados."

E pela primeira vez em muito tempo, ela dormiu sorrindo.

No dia seguinte, Rosa acordou com uma estranha vontade de fazer algo que há muito não fazia: se arrumar para si mesma. Vestiu um vestido simples, mas bonito. Passou um batom cor de vinho. Soltou os cabelos.

Ela ainda não sabia que aquele era o começo de algo grande. Algo que mudaria tudo.

Enquanto caminhava pela rua, respirando o cheiro de terra molhada, o celular vibrou com uma mensagem desconhecida:

"Espero que seu dia esteja sendo tão bonito quanto você parecia ontem. Heliton."

Rosa parou, o coração disparando.

E ali, no meio da calçada, sob o céu ainda cinzento, ela sorriu. Um sorriso real. Um sorriso que ela achava ter esquecido como fazer.

Era cedo demais para dizer qualquer coisa.

Mas, talvez, só talvez, o amor tivesse finalmente chegado.

E mesmo que ela ainda não soubesse... desta vez, ele viera para ficar.

Por alguns minutos, Rosa ficou parada na calçada, encarando a mensagem como se fosse um bilhete mágico vindo de outro mundo. Havia algo naquela simplicidade que derretia suas resistências.

Ela pensou em ignorar. Em se proteger.

Mas, antes que a covardia a dominasse, seus dedos, quase por vontade própria, digitaram uma resposta:

**"Obrigada. Espero que o seu esteja sendo leve."**

Simples. Seguro. Educado. Mas, por dentro, ela sentia-se como uma adolescente, tentando esconder um sorriso idiota.

A resposta veio quase instantânea:

**"Posso torná-lo ainda mais leve? Jantar comigo hoje?"**

O coração dela falhou uma batida.

Ela não era do tipo impulsiva. Aprendera a duras penas a desconfiar das facilidades, das promessas apressadas. Mas algo em Heliton... algo nele quebrava as regras do que ela pensava que sabia.

Rosa olhou para o céu, onde o cinza da chuva começava a abrir espaço para pequenos rasgos de azul. Sorriu.

**"Onde?"** — digitou.

Em menos de cinco minutos, recebeu a localização: um restaurante elegante, mas não exagerado. Intimista. A cara de alguém que não precisava impressionar ninguém, apenas queria estar presente.

***

Às 20h15, Rosa parou em frente ao restaurante. Respirou fundo antes de empurrar a porta. Ainda podia dar meia-volta. Ainda podia voltar para a segurança da sua solidão.

Mas algo dentro dela sussurrou: *vá*.

E ela foi.

Heliton já estava lá, sentado perto da janela, usando uma camisa branca casual e calça jeans escura. Quando a viu, se levantou, como se ela fosse algo raro, precioso.

— Você veio. — disse, com aquele sorriso calmo que parecia atravessar suas barreiras mais densas.

— Eu vim. — respondeu ela, tentando parecer mais confiante do que se sentia.

Ele puxou a cadeira para ela, um gesto simples, mas carregado de gentileza. Nada apressado. Nada forçado.

A conversa fluiu naturalmente. Ele falou da empresa que herdara do pai, do amor que teve pela esposa falecida, da luta para reconstruir a própria vida. Rosa falou pouco. Ainda era difícil entregar pedaços de si. Mas, de alguma forma, com Heliton, as palavras saíam mais fáceis.

— Sabe... — disse ele, brincando com a borda da taça de vinho. — A maioria das pessoas acha que tem tempo infinito. Para amar. Para perdoar. Para recomeçar.

Rosa o observava, fascinada.

— Eu aprendi que tempo é um presente. E que a gente não deve desperdiçar quando sente... algo verdadeiro.

Ela baixou o olhar, sentindo o peso daquelas palavras.

Heliton se inclinou levemente para frente.

— Não estou dizendo que é fácil. — disse, a voz baixa. — Mas quando a vida te dá a chance de sentir de novo... você precisa estar viva o bastante para aceitar.

Rosa sorriu, um sorriso tímido, mas real.

— Eu não sei se estou pronta. — confessou.

Ele estendeu a mão sobre a mesa, sem tocá-la, apenas oferecendo.

— Eu espero você. No seu tempo. — disse simplesmente.

E, naquele instante, algo dentro dela — algo velho, triste e desconfiado — começou a rachar. Bem devagar, mas definitivamente.

***

Quando o jantar terminou, ele insistiu em acompanhá-la até o carro.

A noite estava fresca, a rua úmida brilhando sob a luz dos postes. Quando chegaram ao carro dela, Rosa hesitou. Não queria que a noite terminasse. E, ao mesmo tempo, morria de medo do que viria depois.

Heliton pareceu perceber.

Ele ficou ali, parado, as mãos nos bolsos, respeitando o espaço dela.

— Posso te ver de novo? — perguntou, simplesmente.

Rosa mordeu o lábio, um gesto inconsciente que entregava sua luta interna. Ela queria. Deus, como queria. Mas e se tudo desmoronasse de novo?

Ela olhou nos olhos dele — tão cheios de paciência, de vida, de esperança.

E, pela primeira vez em muito tempo, decidiu confiar.

— Pode. — disse, com a voz embargada de emoção.

Heliton sorriu, e era como se todo o cansaço dela — anos e anos de amargura e medo — derretesse sob aquele sorriso.

Ele não tentou beijá-la. Apenas tocou a ponta dos dedos na mão dela, em um gesto que dizia: *Estou aqui. No seu tempo.*

Rosa entrou no carro com o coração batendo forte, sentindo-se, de repente, muito viva.

Ela observou pelo retrovisor enquanto ele esperava até que ela partisse, como um cavaleiro moderno, sem armadura, mas com um coração genuíno.

E pela primeira vez em anos, Rosa Maria chorou. Não de tristeza.

Mas de alívio. De gratidão.

Porque, aos 40, quando ela menos esperava, o amor finalmente tinha chegado.

E ela estava pronta para vivê-lo.

Inteira. Verdadeira. Sem medo.

Capítulos
1 Capítulo 1 Quando o Amor Chegou aos 40
2 Capítulo 2 Rosa Maria Entre Cicatrizes e Flores
3 Capítulo 3 Heliton, o CEO que Curou Minhas Feridas
4 Capítulo 4 Depois da Tempestade, Você
5 Capítulo 5 Amar Depois da Dor
6 Capítulo 6 Corações Partidos Também Florescem
7 Capítulo 7 A Última Chance Para o Amor
8 Capítulo 8 **Entre Traumas e Promessas**
9 Capítulo 9 **Amar sem Medo aos 40**
10 Capítulo 10 O Amor que Não Esperei
11 Capítulo 11 Das Cinzas ao Amor
12 Capítulo 12 Cansada de Amar, Até Você
13 Capítulo 13 Entre Lágrimas e Sorrisos: A História de Rosa Maria
14 Capítulo 14 Heliton, Meu Milagre aos 40
15 Capítulo 15 A Flor que Ele Escolheu
16 # Capítulo 16 **Renascer em Seus Braços**
17 # Capítulo 17 **O Amor que Renascemos**
18 Capítulo 18 Amar é Recomeçar Todos os Dias
19 Capítulo 19 Quando o Amor se Torna Eternidade
20 Capítulo 20 O Amor Que Sempre Foi Meu
21 **Dedicatória Final**
22 Quando o Amor Bate à Porta
23 A Carta Que Nunca Foi Queimada
24 Quando o Amor Bate Novamente
25 O Jardim que Floresce Sozinho
26 Quando o Passado Bate à Porta
27 Quando a Rosa Floresce Sozinha
28 O Espelho e a Tempestade
29 O Espelho da Alma
30 Encruzilhadas e Promessas
31 A Convergência dos Destinos
32 O Retorno do Ciclo
33 O Eco da Decisão
34 O Labirinto das Possibilidades
35 O Despertar da Verdade
36 O Labirinto da Alma
37 O Despertar
38 O Reflexo do Amor
39 O Caminho da Decisão
40 O Baile das Máscaras
41 A Voz do Silêncio
42 O leve suspirar
43 No compasso dos nossos segredos
44 Manhãs que sabem demais
45 Entre Lábios e Lâminas
46 O Fogo Nunca Dorme
47 Ecos do Que Nunca Morre
48 A Escolha Ardente
49 Onde Arde o Silêncio
50 Verdade Nua, Guerra Velada
51 O Nome Escondido no Sangue
52 No Tabuleiro de Margot
53 Mistérious
54 Você é a Chave
55 Um milagre ou uma condenação?
56 O amor continua
57 Olhos inquietos
58 O Destino do Amor
59 O Último Refúgio
60 O Fim da Jornada
61 Até o Amor Me Encontrar
62 O Retorno, Era apenas o começo.
63 Ecos do Silêncio
64 A Promessa da Madrugada
65 O Eco do Amor que Renasce
66 Onde o Amor Espera Silencioso
67 Quando o Amor Tem Nome e Medo
68 Onde Moram os Perdões que Nunca Foram Ditos
69 O Segredo Sob a Pele da Aurora
70 Onde o Véu se Rasga
71 A Costureira de Fios Perdidos
72 O Véu Que Nos Une
73 O Despertar da Tempestade
74 O Eco do Silêncio
75 O Peso da Verdade
76 O Véu da Redenção
Capítulos

Atualizado até capítulo 76

1
Capítulo 1 Quando o Amor Chegou aos 40
2
Capítulo 2 Rosa Maria Entre Cicatrizes e Flores
3
Capítulo 3 Heliton, o CEO que Curou Minhas Feridas
4
Capítulo 4 Depois da Tempestade, Você
5
Capítulo 5 Amar Depois da Dor
6
Capítulo 6 Corações Partidos Também Florescem
7
Capítulo 7 A Última Chance Para o Amor
8
Capítulo 8 **Entre Traumas e Promessas**
9
Capítulo 9 **Amar sem Medo aos 40**
10
Capítulo 10 O Amor que Não Esperei
11
Capítulo 11 Das Cinzas ao Amor
12
Capítulo 12 Cansada de Amar, Até Você
13
Capítulo 13 Entre Lágrimas e Sorrisos: A História de Rosa Maria
14
Capítulo 14 Heliton, Meu Milagre aos 40
15
Capítulo 15 A Flor que Ele Escolheu
16
# Capítulo 16 **Renascer em Seus Braços**
17
# Capítulo 17 **O Amor que Renascemos**
18
Capítulo 18 Amar é Recomeçar Todos os Dias
19
Capítulo 19 Quando o Amor se Torna Eternidade
20
Capítulo 20 O Amor Que Sempre Foi Meu
21
**Dedicatória Final**
22
Quando o Amor Bate à Porta
23
A Carta Que Nunca Foi Queimada
24
Quando o Amor Bate Novamente
25
O Jardim que Floresce Sozinho
26
Quando o Passado Bate à Porta
27
Quando a Rosa Floresce Sozinha
28
O Espelho e a Tempestade
29
O Espelho da Alma
30
Encruzilhadas e Promessas
31
A Convergência dos Destinos
32
O Retorno do Ciclo
33
O Eco da Decisão
34
O Labirinto das Possibilidades
35
O Despertar da Verdade
36
O Labirinto da Alma
37
O Despertar
38
O Reflexo do Amor
39
O Caminho da Decisão
40
O Baile das Máscaras
41
A Voz do Silêncio
42
O leve suspirar
43
No compasso dos nossos segredos
44
Manhãs que sabem demais
45
Entre Lábios e Lâminas
46
O Fogo Nunca Dorme
47
Ecos do Que Nunca Morre
48
A Escolha Ardente
49
Onde Arde o Silêncio
50
Verdade Nua, Guerra Velada
51
O Nome Escondido no Sangue
52
No Tabuleiro de Margot
53
Mistérious
54
Você é a Chave
55
Um milagre ou uma condenação?
56
O amor continua
57
Olhos inquietos
58
O Destino do Amor
59
O Último Refúgio
60
O Fim da Jornada
61
Até o Amor Me Encontrar
62
O Retorno, Era apenas o começo.
63
Ecos do Silêncio
64
A Promessa da Madrugada
65
O Eco do Amor que Renasce
66
Onde o Amor Espera Silencioso
67
Quando o Amor Tem Nome e Medo
68
Onde Moram os Perdões que Nunca Foram Ditos
69
O Segredo Sob a Pele da Aurora
70
Onde o Véu se Rasga
71
A Costureira de Fios Perdidos
72
O Véu Que Nos Une
73
O Despertar da Tempestade
74
O Eco do Silêncio
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O Peso da Verdade
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