Capítulo 2 Rosa Maria Entre Cicatrizes e Flores

O som da chuva batendo no vidro era como uma canção de ninar, mas Rosa Maria não conseguia dormir.

Sentada na poltrona da sala, enrolada em uma manta, ela encarava o vazio da noite, perdida entre cicatrizes antigas e sonhos recém-nascidos.

Era estranho. Durante anos, ela acreditara que seu coração havia endurecido para sempre. Quantas vezes ela recolheu os pedaços de si mesma após histórias que prometiam ser diferentes — e acabavam iguais?

Quantas vezes havia sido chamada de "difícil", "complicada", "insegura"?

A verdade, nua e dolorida, era que Rosa Maria nunca tinha sido amada do jeito certo.

E isso deixava marcas. Invisíveis, mas profundas.

Heliton.

O nome dele flutuava nos pensamentos dela como um sussurro doce. A lembrança do jantar, da gentileza, da maneira como ele olhava para ela sem pressa... Tudo isso parecia tão fora de lugar na vida que ela conhecia, tão absurdo que quase doía acreditar.

Rosa encostou a cabeça no encosto da poltrona e fechou os olhos.

Ela tinha medo.

Medo de acreditar e se decepcionar de novo. Medo de abrir a porta do coração e encontrar lá dentro apenas os mesmos velhos fantasmas.

"Você é difícil de amar."

"Não é boa o bastante."

"Você já passou da idade."

Vozes do passado, ecos de homens que disseram que a amavam — mas a quebraram em silêncio.

Quando amanheceu, Rosa decidiu que não podia mais se esconder atrás dos seus traumas.

Se quisesse viver algo verdadeiro, precisava primeiro olhar para dentro. Encarar o que doía. Acolher o que sangrava.

Decidiu ir até o único lugar onde sempre encontrava um pouco de paz: o pequeno jardim comunitário do bairro, onde plantas esquecidas por todos floresciam teimosamente.

Ela vestiu um jeans gasto, uma camiseta simples e saiu de casa sem maquiagem, sem armaduras.

Ao chegar, o cheiro de terra molhada a envolveu como um abraço antigo. As flores, apesar da chuva da noite anterior, estavam eretas, desafiadoras.

Floresciam apesar das tempestades.

Rosa caminhou entre as roseiras e lavandas, deixando que o ar fresco lavasse sua alma cansada.

Parou em frente a uma roseira de flores amarelas — a cor da esperança.

Com as pontas dos dedos, tocou uma pétala úmida.

— Bonita, né? — disse uma voz atrás dela.

Ela se virou, surpresa.

Era Dona Amélia, uma senhora de cabelos brancos e olhos gentis, que sempre cuidava do jardim como quem cuida da própria vida.

— Muito bonita. — respondeu Rosa, sorrindo.

Dona Amélia se aproximou, apoiando-se na bengala.

— Sabe o que eu aprendi sobre essas flores? — disse a velha senhora, olhando para a roseira. — As mais bonitas são as que mais apanharam da chuva e do vento. Mas elas continuam crescendo... mesmo com os galhos quebrados.

Rosa sentiu um nó na garganta.

Era como se Dona Amélia estivesse lendo sua alma.

— A senhora cuida delas há muito tempo? — perguntou, tentando mudar de assunto.

— Há vinte anos. Desde que perdi meu marido. — disse a mulher, com um sorriso triste, mas sereno. — Venho aqui plantar para não deixar meu amor morrer.

Rosa se sentou em um banco de pedra próximo, absorvendo aquelas palavras.

— Às vezes a gente acha que acabou pra gente, né? — disse Dona Amélia, olhando para o céu nublado. — Mas o amor... ele é teimoso. Sempre acha um jeito de florescer de novo.

Rosa não respondeu. Apenas deixou que as lágrimas corressem livres.

Dona Amélia apertou sua mão com carinho.

— Deixa ele florescer, menina. Não importa se o coração tem cicatrizes. Elas só provam que você sobreviveu.

Naquela noite, Rosa ficou olhando para o telefone por longos minutos.

Heliton tinha mandado uma mensagem simples:

"Pensei em você hoje. Espero que tenha tido um dia leve."

Ela sorriu. Era tão diferente dos jogos e manipulações que conhecia. Tão leve... tão honesto.

"Pensei em você também." — ela respondeu.

E assim, devagarinho, Rosa começou a permitir que Heliton entrasse em sua vida.

Conversaram por dias, trocando mensagens, ligações, confidências. Nenhuma pressa. Nenhuma cobrança.

Heliton queria conhecê-la de verdade. Queria saber o que ela gostava, o que a fazia rir, o que a fazia chorar.

Rosa falou de seu amor por livros antigos, sua paixão por música francesa, sua mania de dançar sozinha na sala quando ninguém estava olhando.

Heliton contou de suas caminhadas matinais para clarear a mente, do café que ele mesmo fazia todas as manhãs — forte e sem açúcar —, da saudade que sentia da esposa, mas também da vontade genuína de viver um novo amor.

Era tudo tão cru, tão verdadeiro.

E, lentamente, Rosa Maria começou a se ver com outros olhos.

Não como a mulher quebrada que tantos fizeram ela acreditar que era.

Mas como alguém capaz de amar e ser amada de novo.

Alguns dias depois, Heliton a convidou para um piquenique no parque.

Rosa hesitou. A ideia parecia tão... jovem, tão fora da sua zona de conforto.

Mas ela disse sim.

E naquela tarde de sábado, entre risos, comida simples e olhares cheios de promessas, ela se permitiu ser apenas Rosa. Sem amarras. Sem máscaras.

Deitada na grama, observando o céu, sentiu Heliton deitar ao seu lado.

— Rosa Maria. — ele disse, olhando para ela como se fosse a coisa mais bonita que já tinha visto.

— Hum? — respondeu, fechando os olhos para sentir melhor o momento.

— Você é como essas flores aí. — ele apontou para um campo de margaridas selvagens. — Pode ter enfrentado tempestades, pode ter galhos quebrados... mas olha só como você floresce.

Rosa abriu os olhos e, pela primeira vez em muito, muito tempo, acreditou.

Talvez, só talvez, ela merecesse mesmo tudo aquilo.

Não porque era perfeita.

Mas porque era forte.

Porque tinha sobrevivido.

E agora, finalmente, estava pronta para florescer.

Na volta para casa, sentada no banco do passageiro, Rosa olhou para Heliton, que dirigia de maneira tranquila, cantarolando baixinho uma música antiga no rádio.

O sol dourava a estrada à frente deles, e Rosa percebeu:

A felicidade não era um trovão estrondoso que explodia de uma vez.

Era isso aqui — um sentimento morno, tranquilo, gentil.

Um florescer paciente, mas inevitável.

A vida dela estava mudando.

E, pela primeira vez, ela não sentia medo.

Sentia gratidão.

E amor.

Muito amor.

Por si mesma.

Pela jornada.

Por Heliton.

Pelas cicatrizes.

Pelas flores.

Capítulos
1 Capítulo 1 Quando o Amor Chegou aos 40
2 Capítulo 2 Rosa Maria Entre Cicatrizes e Flores
3 Capítulo 3 Heliton, o CEO que Curou Minhas Feridas
4 Capítulo 4 Depois da Tempestade, Você
5 Capítulo 5 Amar Depois da Dor
6 Capítulo 6 Corações Partidos Também Florescem
7 Capítulo 7 A Última Chance Para o Amor
8 Capítulo 8 **Entre Traumas e Promessas**
9 Capítulo 9 **Amar sem Medo aos 40**
10 Capítulo 10 O Amor que Não Esperei
11 Capítulo 11 Das Cinzas ao Amor
12 Capítulo 12 Cansada de Amar, Até Você
13 Capítulo 13 Entre Lágrimas e Sorrisos: A História de Rosa Maria
14 Capítulo 14 Heliton, Meu Milagre aos 40
15 Capítulo 15 A Flor que Ele Escolheu
16 # Capítulo 16 **Renascer em Seus Braços**
17 # Capítulo 17 **O Amor que Renascemos**
18 Capítulo 18 Amar é Recomeçar Todos os Dias
19 Capítulo 19 Quando o Amor se Torna Eternidade
20 Capítulo 20 O Amor Que Sempre Foi Meu
21 **Dedicatória Final**
22 Quando o Amor Bate à Porta
23 A Carta Que Nunca Foi Queimada
24 Quando o Amor Bate Novamente
25 O Jardim que Floresce Sozinho
26 Quando o Passado Bate à Porta
27 Quando a Rosa Floresce Sozinha
28 O Espelho e a Tempestade
29 O Espelho da Alma
30 Encruzilhadas e Promessas
31 A Convergência dos Destinos
32 O Retorno do Ciclo
33 O Eco da Decisão
34 O Labirinto das Possibilidades
35 O Despertar da Verdade
36 O Labirinto da Alma
37 O Despertar
38 O Reflexo do Amor
39 O Caminho da Decisão
40 O Baile das Máscaras
41 A Voz do Silêncio
42 O leve suspirar
43 No compasso dos nossos segredos
44 Manhãs que sabem demais
45 Entre Lábios e Lâminas
46 O Fogo Nunca Dorme
47 Ecos do Que Nunca Morre
48 A Escolha Ardente
49 Onde Arde o Silêncio
50 Verdade Nua, Guerra Velada
51 O Nome Escondido no Sangue
52 No Tabuleiro de Margot
53 Mistérious
54 Você é a Chave
55 Um milagre ou uma condenação?
56 O amor continua
57 Olhos inquietos
58 O Destino do Amor
59 O Último Refúgio
60 O Fim da Jornada
61 Até o Amor Me Encontrar
62 O Retorno, Era apenas o começo.
63 Ecos do Silêncio
64 A Promessa da Madrugada
65 O Eco do Amor que Renasce
66 Onde o Amor Espera Silencioso
67 Quando o Amor Tem Nome e Medo
68 Onde Moram os Perdões que Nunca Foram Ditos
69 O Segredo Sob a Pele da Aurora
70 Onde o Véu se Rasga
71 A Costureira de Fios Perdidos
72 O Véu Que Nos Une
73 O Despertar da Tempestade
74 O Eco do Silêncio
75 O Peso da Verdade
76 O Véu da Redenção
Capítulos

Atualizado até capítulo 76

1
Capítulo 1 Quando o Amor Chegou aos 40
2
Capítulo 2 Rosa Maria Entre Cicatrizes e Flores
3
Capítulo 3 Heliton, o CEO que Curou Minhas Feridas
4
Capítulo 4 Depois da Tempestade, Você
5
Capítulo 5 Amar Depois da Dor
6
Capítulo 6 Corações Partidos Também Florescem
7
Capítulo 7 A Última Chance Para o Amor
8
Capítulo 8 **Entre Traumas e Promessas**
9
Capítulo 9 **Amar sem Medo aos 40**
10
Capítulo 10 O Amor que Não Esperei
11
Capítulo 11 Das Cinzas ao Amor
12
Capítulo 12 Cansada de Amar, Até Você
13
Capítulo 13 Entre Lágrimas e Sorrisos: A História de Rosa Maria
14
Capítulo 14 Heliton, Meu Milagre aos 40
15
Capítulo 15 A Flor que Ele Escolheu
16
# Capítulo 16 **Renascer em Seus Braços**
17
# Capítulo 17 **O Amor que Renascemos**
18
Capítulo 18 Amar é Recomeçar Todos os Dias
19
Capítulo 19 Quando o Amor se Torna Eternidade
20
Capítulo 20 O Amor Que Sempre Foi Meu
21
**Dedicatória Final**
22
Quando o Amor Bate à Porta
23
A Carta Que Nunca Foi Queimada
24
Quando o Amor Bate Novamente
25
O Jardim que Floresce Sozinho
26
Quando o Passado Bate à Porta
27
Quando a Rosa Floresce Sozinha
28
O Espelho e a Tempestade
29
O Espelho da Alma
30
Encruzilhadas e Promessas
31
A Convergência dos Destinos
32
O Retorno do Ciclo
33
O Eco da Decisão
34
O Labirinto das Possibilidades
35
O Despertar da Verdade
36
O Labirinto da Alma
37
O Despertar
38
O Reflexo do Amor
39
O Caminho da Decisão
40
O Baile das Máscaras
41
A Voz do Silêncio
42
O leve suspirar
43
No compasso dos nossos segredos
44
Manhãs que sabem demais
45
Entre Lábios e Lâminas
46
O Fogo Nunca Dorme
47
Ecos do Que Nunca Morre
48
A Escolha Ardente
49
Onde Arde o Silêncio
50
Verdade Nua, Guerra Velada
51
O Nome Escondido no Sangue
52
No Tabuleiro de Margot
53
Mistérious
54
Você é a Chave
55
Um milagre ou uma condenação?
56
O amor continua
57
Olhos inquietos
58
O Destino do Amor
59
O Último Refúgio
60
O Fim da Jornada
61
Até o Amor Me Encontrar
62
O Retorno, Era apenas o começo.
63
Ecos do Silêncio
64
A Promessa da Madrugada
65
O Eco do Amor que Renasce
66
Onde o Amor Espera Silencioso
67
Quando o Amor Tem Nome e Medo
68
Onde Moram os Perdões que Nunca Foram Ditos
69
O Segredo Sob a Pele da Aurora
70
Onde o Véu se Rasga
71
A Costureira de Fios Perdidos
72
O Véu Que Nos Une
73
O Despertar da Tempestade
74
O Eco do Silêncio
75
O Peso da Verdade
76
O Véu da Redenção

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