O Herdeiro da Máfia
Nunca pensei que voltaria a sorrir. Não depois de tudo que vivi. Mas ali estava eu, sentada naquela cadeira branca de couro da clínica, com a mão pousada sobre a barriga ainda imperceptível e o coração acelerado.
— Parabéns, senhora Ferrari. O exame de sangue confirma. A senhora está grávida.
A médica sorria com ternura, segurando o prontuário com a leveza de quem acabara de mudar a vida de alguém. E mudou. Mudou a minha. Uma avalanche de emoções me atingiu, mas, ao invés do medo, foi um alívio que me lavou por dentro.
Eu não consegui responder de imediato. Apenas fechei os olhos, deixando que uma lágrima escapasse. Era real. Tão real quanto o acidente que tirou meu marido e meu filho de dentro do carro em chamas. Tão real quanto as noites em que gritei de dor, sozinha em uma cama vazia, implorando a Deus por uma segunda chance.
Agora eu a tinha.
A médica continuava falando algo sobre o acompanhamento inicial, mas minha mente se perdeu nas batidas do meu coração. Pela primeira vez em muito tempo, ele não parecia quebrado.
Peguei minha bolsa, agradeci, e saí da clínica com passos leves. Eu não queria contar pra ninguém ainda. Não sabia nem como explicar aquilo... Afinal, minha tentativa de fertilização fora marcada como algo praticamente simbólico. Uma chance em mil. Mas eu consegui. Um milagre.
Voltei pra casa abraçada ao meu pequeno segredo. Passei a mão no ventre com carinho.
— Vai ficar tudo bem, meu amor... Mamãe vai te proteger com tudo o que tiver...
Mas o que eu não sabia é que minha vida estava prestes a se transformar novamente. E não por um milagre. Mas por um pesadelo.
Do outro lado da cidade, enquanto eu celebrava minha luz, um homem destruía o mundo ao seu redor.
— O que você acabou de dizer? — a voz de Lorenzo Mancini cortava o ar da sala como uma lâmina fria.
O médico tremia. Suava. A noiva de Lorenzo, Chiara, já estava de pé, em choque, encarando o profissional com olhos esbugalhados.
— Eu... eu sinto muito... houve um erro na triagem genética... a amostra de esperma usada não foi a da senhorita Chiara... ela ainda está intacta... mas... outra paciente recebeu o material... — o médico gaguejou.
Chiara gritou. Uma explosão de raiva e vergonha.
— Isso é um absurdo! Uma vergonha! Eu não vou mais me casar com você, Lorenzo! Isso é um escândalo!
Ele nem a olhou. Estava parado, como uma estátua de mármore, com os olhos fixos no médico.
— Quem? — ele perguntou com a voz baixa.
— O q-quê?
— O nome da mulher. Agora.
— Isso é sigilo médico... — o médico tentou argumentar, mas não teve tempo.
Em um movimento rápido, Lorenzo puxou a arma do paletó e atirou no peito do médico. O estampido ecoou pelo corredor da clínica. Chiara gritou, caindo de joelhos, coberta de sangue.
— Eu disse... o nome.
Um dos seguranças da clínica, branco como papel, entrou correndo com uma ficha na mão. — É... é essa aqui. Giulia Ferrari.
Lorenzo pegou o papel, leu, e então simplesmente virou as costas.
— O casamento foi cancelado, Chiara. Mas minha herança não.
E foi nesse momento que meu mundo começou a ruir.
Na manhã seguinte, eu tomava meu café tranquilamente quando a campainha tocou. Achei que fosse a vizinha, talvez um pacote. Abri a porta sem pensar duas vezes.
E dei de cara com ele.
O homem mais bonito e aterrorizante que eu já vi.
Alto, impecável, terno escuro, olhar de gelo. Ele me encarava como se já me conhecesse há anos. Atrás dele, dois seguranças vestidos de preto aguardavam em silêncio.
— Giulia Ferrari? — a voz era grave, sem nenhum traço de emoção.
— S-sou eu. Quem é o senhor?
Ele ergueu o papel da ficha da clínica. Eu reconheci de imediato.
Meu corpo congelou.
— Precisamos conversar — ele disse, sem pedir licença, apenas entrando.
— Ei! O senhor não pode entrar assim! — protestei, tentando manter a porta meio fechada.
Mas ele já estava na sala, observando tudo como se fosse dono do lugar.
— Você está grávida — ele disse. — E o bebê é meu.
Foi como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés.
— Como assim seu?! — gritei. — Eu fiz o procedimento na clínica! Era um doador anônimo! Foi tudo legal!
— Foi um erro — ele respondeu. — Você recebeu o meu material genético. Sem permissão.
— Isso não é problema meu! Eu só queria ser mãe de novo! E agora estou grávida! Esse bebê é meu!
— É meu filho — ele corrigiu. — E eu vim buscá-lo.
Meu corpo inteiro tremeu. Senti as pernas fraquejarem. Tive vontade de chorar, de gritar, de mandar ele sumir dali. Mas algo me dizia que aquele homem não era alguém que se mandava embora.
— Eu não vou entregar esse bebê pra você — falei com firmeza, mesmo com o medo me corroendo. — Esse é o meu filho. Eu perdi meu marido, perdi meu primeiro filho. Essa criança é tudo que me resta. Você não pode tirar ela de mim!
Ele se aproximou. Eu recuei instintivamente.
— Então temos um problema — ele disse, frio. — Porque eu também não vou abrir mão dele.
— Faça o que quiser, mas eu não vou ceder. Eu vou lutar.
— Ótimo — ele respondeu, com um sorriso de canto. — Mas não vai precisar. Porque eu tenho outra solução.
— O quê?
— Você vai se casar comigo.
O silêncio que se instalou foi ensurdecedor. Eu arregalei os olhos, sentindo o coração disparar.
— V-você só pode estar brincando...
— Estou falando sério. Em três dias, será minha esposa.
— Eu... eu não sou virgem! — a confissão escapou sem que eu pudesse conter. O medo, a pressão, tudo me fez explodir.
Ele apenas ergueu uma sobrancelha.
— Não me importa. Você está carregando meu filho. E vai carregar meu sobrenome.
Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Isso é loucura... você não pode me obrigar!
Ele se aproximou até ficar a centímetros de mim. Seu olhar era de aço. Implacável.
— Não se engane, Giulia. Eu sou Lorenzo Mancini. Eu posso tudo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 25
Comments
Vivi Mary
Não entendi , ela é virgem e perdeu o filho? O filho era só do marido ou adotado?
2025-04-18
0
Janete Ribeiro
ela disse que não é virgem
2025-05-10
0
Vera Gomez
Meninas ela falou que não é virgem.
afinal ela é uma viúva, lógico que não é virgem vocês não leram direito
2025-05-02
0