Ninguém Toma o Que É Meu

O silêncio do quarto era ensurdecedor. Mas dentro da minha cabeça, uma tempestade rugia.

Joguei o celular com tanta força na parede que ele estourou em mil pedaços. Gritei. Gritei como nunca tinha gritado antes. Aquilo não podia estar acontecendo. Não comigo. Não com Chiara Ferretti.

Eu fui criada para ser esposa de um Don. Para comandar ao lado de um rei. Para ser a primeira dama da máfia da Calábria. Era meu destino. Estava selado. Lorenzo Mancini era meu noivo, e tudo estava pronto para o nosso casamento. Tudo.

E agora... tudo havia desmoronado por causa de uma mulher qualquer. Uma idiota desconhecida que ousou carregar no ventre o que deveria ser meu.

Minha respiração estava acelerada, e as lágrimas queimavam meus olhos. Mas não era tristeza. Era ódio. Um ódio tão profundo que parecia me corroer por dentro.

Ouvi a porta se abrir e me virei, já sabendo quem era.

— Pai — minha voz saiu trêmula, carregada de raiva.

Giovanni entrou e fechou a porta atrás de si. Estava visivelmente tenso, mas tentando manter a pose. Sempre político. Sempre calculista. Mas eu conhecia aquele olhar. Ele também estava furioso.

— Filha — ele se aproximou, me analisando com cautela. — Precisamos conversar.

— Ele me humilhou. Na frente de todos. Disse que ia se casar com aquela mulher! — gritei. — Uma qualquer, pai! Uma ninguém!

— Eu sei — ele respondeu, puxando uma cadeira e sentando de frente para mim. — Eu estava lá, lembra?

— E o que você fez?! Nada! Ficou calado enquanto ele cuspia na nossa cara! Na sua! Na minha!

Giovanni me encarou por um instante. Depois suspirou.

— Porque eu não posso agir por impulso. Lorenzo ainda é o Don. Qualquer ação direta contra ele seria suicídio. Ele deixaria meu corpo pendurado no portão da mansão.

— Eu não ligo! Eu quero ela morta, pai! Essa vagabunda tem que sumir da face da Terra!

Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Depois, cruzou as mãos sobre o joelho e falou com a calma de quem já matou muitos homens:

— Então vamos matá-la.

Meu coração disparou.

— Sério?

— Mas vai parecer um acidente. Ou um assalto. Algo limpo. Algo sem rastro. Porque se Lorenzo descobrir que fomos nós... ele mata os dois.

— Eu não me importo — respondi, a voz embargada de ódio. — Não vou deixar que uma imbecil qualquer roube o lugar que é meu. Eu fui criada para isso. Você me treinou pra isso!

— E você ainda vai ter esse lugar, filha. Confie em mim. — Ele se levantou, caminhando até o bar de canto e servindo dois copos de whisky. Me entregou um. — Mas precisamos ser espertos. E rápidos.

Tomei o gole como se fosse água. A raiva queimava mais que o álcool.

— Já sabe onde ela mora? — perguntei.

— Ainda não. Mas um dos nossos homens que trabalha na clínica está em contato com um dos funcionários. Com o valor certo, conseguimos o endereço. Ela deve estar sendo monitorada, mas nada que um bom plano não resolva.

— Quero que ela sofra — murmurei. — Quero que ela saiba, nos últimos segundos da vida dela, que foi porque ousou me desafiar.

Meu pai arqueou uma sobrancelha.

— Isso não podemos garantir. Precisamos que pareça um acidente. Carro fora da pista, gás vazando no fogão, assalto com faca... quanto mais real, melhor.

— Que seja. Mas eu quero que ela morra antes do casamento. Se ela aparecer no altar, pai, eu juro que eu mesma subo lá e corto a garganta dela.

Ele me encarou, sério. Depois assentiu.

— Vou resolver isso. Mas até lá, você vai se controlar. Vai agir normalmente. Nada de escândalos. Nada de alarde.

— Eu não consigo, pai! Ele me deixou! Me dispensou como se eu fosse lixo! — gritei, jogando o copo no chão, que se estilhaçou.

— E você vai erguer a cabeça como uma Ferretti! — ele retrucou com firmeza. — Você quer vingança? Então aja com inteligência! Ou você quer morrer antes dela?

Aquilo me calou.

— Você não entende... — sussurrei. — Eu amo ele, pai.

Ele suspirou, se aproximando e segurando meu rosto entre as mãos.

— Você ama o poder que ele representa. E ele era a sua chance de comandar. Essa chance não acabou. Só precisamos... reorganizar o jogo.

— E se ela não morrer a tempo?

— Então vamos ter que agir de outra forma. Mas primeiro, vamos eliminar o problema da maneira mais simples. Acidente.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

— Você quer que eu mesma escolha como? — perguntei, a voz fria como gelo.

Ele sorriu de canto.

— Claro. Ela roubou o que era seu. É justo que você escolha como ela vai pagar por isso.

Meu coração acelerou com aquela sensação de controle. De retomar as rédeas. De não ser mais a noiva abandonada, mas sim a mulher que se vingaria.

— Um acidente de carro — sussurrei. — Ela está grávida. A pancada vai matar os dois.

— Perfeito — ele assentiu. — Vou cuidar disso ainda hoje.

— Mas tem que parecer real. Ela tem que sair da vida dele como se o destino tivesse feito isso. Como se o universo estivesse protegendo o verdadeiro casal.

— Vai parecer. Confie em mim, filha.

Me levantei e abracei meu pai. Era a primeira vez em anos que sentia algo real por ele. Ele era um monstro, sim. Mas era meu monstro. E por mais que Lorenzo fosse o rei, eu me recusava a ser substituída por uma camponesa.

Giulia Ferrari pode até estar carregando o filho dele...

Mas não vai viver tempo o suficiente para segurá-lo nos braços.

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Comments

Marina lopes

Marina lopes

mulher emocionada e fogo ,o homem não quer ele insiste ,tomara que ele descobre que a cobra junto com pai

2025-04-27

0

Dulce Gama

Dulce Gama

misericórdia tomara que lourenzo pegue pai e filha e acabe com a vida deles 🌹🌹🌹🌹🎁🎁🎁🎁🎁👍👍👍👍👍❤️❤️❤️❤️❤️🌟🌟🌟🌟🌟

2025-04-21

0

Marli Batista

Marli Batista

Eita espero que não de certo esse monstro essa cobra caninana 🐍🐍🐍🐍🐍🐍🐍 aff 😡😡😡😡😡😡

2025-04-14

2

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