Akira Tsukihara: A Lenda entre as Lendas
PRÓLOGO —
Quando o Mundo Escolhe se Calar
Alguns nascem para brilhar.
Outros, para serem esquecidos.
Akira Tsukihara era invisível.
Não por escolha,
mas porque o mundo decidiu não vê-lo.
Ignorado pelos que chamava de família,
machucado por quem deveria protegê-lo,
ele aprendeu cedo que confiar era abrir feridas.
Na escola, risos se tornavam armas.
Em casa, o silêncio era mais cruel do que gritos.
E à noite, quando o mundo dormia,
ele desejava apenas não acordar.
Mas mesmo corações partidos continuam batendo.
Mesmo almas exaustas ainda sonham.
Este não é o começo de um herói.
É o fim de um menino que gritou por socorro...
e foi atendido por algo além da morte
⚠️ Aviso ao Leitor:
Este capítulo é essencial. Ele revela fragmentos do passado de Akira alternando entre presente e flashbacks —
as feridas invisíveis, as perda de sua vida que moldara seu destino,
e o silêncio que o mundo escolheu manter.
Ignorá-lo seria como tentar entender uma lenda
sem conhecer a dor que a fez nascer.
boa leitura.
CAPÍTULO 1: ASSIM NASCE UM HERÓI
A vida era movimentada, e Akira caminhava desanimado rumo ao trabalho, como sempre. Seu semblante cansado já era quase uma marca registrada. Ao chegar, foi recepcionado pelos colegas com as mesmas piadinhas ofensivas de sempre, que todos ao redor insistiam em achar engraçadas.
— Olha só quem chegou... se não é o Akira! que cara é essa? A namoradinha te deixou dormir no sofá de novo, foi? — provocou um deles, arrancando gargalhadas gerais.
Claro, todos sabiam que Akira nunca tivera sequer uma namorada.
— há quem né dera — Akira riu disfarçando ter graça o incomodo.
O ambiente era desconfortável para ele, mas já havia se acostumado. Desde a infância, aprendeu a engolir as palavras e suportar esse tipo de situação. O tempo passou, e finalmente chegou a hora do intervalo — o único momento do dia em que podia respirar e pensar em silêncio.
Mas a trégua durou pouco.
Um copo com refrigerante foi derramado sobre sua cabeça de propósito.
— Eita, foi sem querer! Você não vai ficar bravo comigo, né, Akira? — disse uma voz feminina, com um sorriso debochado nos lábios.
— Hahaha! Que otário! Ele nunca faz nada. Olha só pra ele, parece um coitado mesmo — zombou outro colega enquanto se afastavam.
— Você precisa virar homem, cara. Que idiota!
No banheiro, tentando conter a raiva. Limpou-se em silêncio, encarando seu reflexo.
— Hana e DJ ... — murmurou para si mesmo enquanto secava as mãos. — Dois irmãos mimados, filhos do chefe. acham que podem fazer o que quiserem.
Agora limpo e com o estômago roncando, voltou para sua mesa, respirou fundo e pensou: “Finalmente, um pouco de paz...”
Até que...
O relógio apitou. Era hora de voltar ao trabalho.
Akira seguiu, ainda murmurando para si mesmo enquanto atravessava os corredores da loja:
—" Akira tsukihara "esse e o meu nome.
Foi então que notou uma caixa caída no chão, com várias latas espalhadas ao redor.
— ai, Akira! — gritou um dos colegas. — Fica esperto, cara! Alguém deixou essa bagunça no seu setor. Se o chefe ver isso, vai sobrar pra você!
Akira respirou fundo, pegando as latas uma por uma enquanto continuava sua narração interior:
— No geral, minha vida é até simples demais... varro o chão da loja, arrumo prateleiras, às vezes fico no caixa. Nada demais. Mas quer saber? Acho que... Eu consigo ser feliz
Um estrondo de vidro se espalhou pelo ambiente, interrompendo seus pensamentos.
Ou pelo menos... eu achava que podia.
Em casa, a atmosfera era ainda mais pesada. Akira discutia com o irmão mais velho, já sem paciência.
— Que droga, por que você nunca faz nada?! Sera que custa você fazer alguma coisa passo o dia inteiro ocupado, você podia ao menos lava adroga da louça! — gritou Akira.
— Ah, para de me encher! Quem você pensa que é pra falar comigo desse jeito?! — o irmão rebateu, com agressividade na voz.
— Eu só tô pedindo pra você fazer alguma coisa! Até quando vai continuar sendo um inútil assim?!
A resposta veio em forma de um soco no estômago. Akira se curvou de dor enquanto o irmão se aproximava com um olhar ameaçador.
— Isso é pra você aprender quem manda aqui. O único inútil nessa casa é você.
Mais tarde, caminhando pela rua com o olhar de quem já foi derrotado, Akira pensava:
— Meu irmão sempre foi um babaca... ele sempre foi bom em tudo mais sempre foi preguiçoso.
Akira olhou para o céu enquanto alguns pombos voavam lentamente acima dele. — hoje eu vou visitar a minha mãe ela não tá muito bem.
No hospital, Akira segurava a mão de sua mãe internada.
— Como ela está, doutor? — perguntou, com a voz baixa.
— Nada ainda, garoto... ela não está respondendo aos remédios. Na verdade, o estado dela está… piorando vou fazer o possível para salva-la.
Akira fechou os olhos, respirando fundo. O médico saiu da sala, deixando-o sozinho com ela.
— Minha mãe sofreu um derrame. Desde então... sou eu quem paga o tratamento, e os remédios eles não são nada baratos.
Encostado à janela, observou o mundo lá fora.
— Esse mundo é tão injusto... Às vezes eu sonho com um lugar onde tudo dá certo para mim. Onde eu tenho reconhecimento, amor... atenção. Tudo o que eu sempre quis. Mas, A sociedade chama isso de carência…
Derrepente.
Um pássaro pousou em seu ninho, com galhos cuidadosamente arrumados. Por um segundo, Akira sorriu Levimente. Mas a vida, mais uma vez, mostrou sua crueldade.
Uma pedra atingiu a ave com violência, derrubando-a do alto. Akira não esperava por isso, pássaro caiu, sem vida, e os filhotes famintos esperavam em vão.
— Amaldiçoados seja aquiles que usam da violência para tirar a vida dos inocentes... Essa vida e cruel de mais.
Caminhando sozinho pelas ruas movimentadas da cidade, Akira observava um casal de idosos sentados em um banco de praça. Estavam de mãos dadas, sorrindo um para o outro, como se nada mais importasse.
— O amor entre um homem e uma mulher... — murmurou ele, com os olhos baixos. — Por muito tempo, eu desejei encontrar alguém assim. A pessoa certa. Mas... sempre fui rejeitado.
De repente, memórias de sua infância vieram como um soco em seu peito. Ele se lembrou do tempo em que estudava no ensino fundamental. Um tempo onde os risos não eram gentis — e os olhares, ainda menos.
FLASHBACK – Escola, sala do 7º ano
— Olha lá, é o Akira! — gritou um dos garotos, apontando enquanto todos olhavam.
— Ei, Akira, já lavou o cabelo esse mês? — zombou outro, fazendo careta.
— Dizem que ele falou com a Yumi e ela nem respondeu! Hahaha, tomou um fora antes mesmo de tentar! — caçoou outro menino, fazendo os demais gargalharem.
Akira, encolhido em seu canto da sala, tentava se concentrar no caderno. Mas as palavras o atingiam como pedras.
— Certeza que ele nunca vai namorar ninguém! Quem ia querer ficar com esse esquisito?
— Acho que nem se pagassem! Hahaha!
As risadas ecoavam. O professor ainda não tinha entrado na sala e, como sempre, ninguém fazia nada.
Akira, em silêncio, olhava para a mesa, com os punhos cerrados debaixo dela.
Nunca respondi. Nunca rebati. Só engoli tudo. Eu queria sumir dali. Queria ser invisível.
FIM DO FLASHBACK
De volta ao presente, Akira suspira, desviando o olhar do casal de idosos.
— Eles sempre riam... toda vez era isso.
O sorriso dos velhos contrastava com o vazio dentro dele.
— Mas teve uma pessoa... uma que foi diferente de todas as outras. Ela me olhou de um jeito que ninguém mais olhou.
Akira fecha os olhos por um momento.
Nishinia era a garota mais linda que já conheci no insino médio... Ela parecia me entender.
— Mas como eu disse... a vida é cruel.
Akira parou de caminhar por um instante. O vento soprou forte, balançando os galhos das árvores acima. Ele olhou para o céu nublado, como se esperasse alguma resposta de lá.
— Nishinia... ela era a garota mais linda que já conheci no ensino médio. Tinha um jeito calmo de falar, e um sorriso que fazia até os dias ruins parecerem suportáveis.
Por um tempo... eu realmente acreditei que ela me entendia.
FLASHBACK – Pátio da escola, 2º ano do ensino médio
Akira estava sentado sozinho, como de costume. Um livro aberto no colo, mas os olhos perdidos em algum ponto distante.
Foi quando Nishinia se aproximou.
— Posso sentar aqui?
Akira, surpreso, apenas assentiu. Ela sentou-se ao seu lado e sorriu.
— Você sempre tá sozinho. Nunca pensei que alguém tão quieto pudesse ler tanta coisa... esse livro é bom?
Ele a olhou, hesitante, mas sorriu de volta pela primeira vez em dias.
— É... fala sobre encontrar força dentro de si, mesmo quando ninguém acredita em você.
— Parece com você — disse ela, olhando diretamente em seus olhos.
Durante semanas, Nishinia e Akira conversaram todos os dias. Ela ria das piadas dele, dividia o lanche, até o defendeu de um comentário maldoso na sala. Pela primeira vez, ele se sentiu visto. Pela primeira vez... ele se permitiu sonhar.
— Eu pensei... que talvez... eu tivesse encontrado alguém.
Mas eu estava errado.
FLASHBACK – Auditório da escola, semanas depois
Era o “show de talentos” da turma. A maioria estava reunida ali, e Akira estava nervoso. Nishinia havia dito que queria contar algo especial naquele dia. Ela subiu ao palco, com um microfone na mão.
— Eu queria aproveitar esse momento pra revelar algo... — ela riu, olhando para os colegas. — Sabe o Akira? Aquele cara esquisitão que fica sempre sozinho?
A plateia murmurou e deu risada.
— Pois é... eu disse que estava interessada nele... E ELE ACREDITOU!
Todos começaram a rir. Alguns gritavam:
— Coitado!
— Que iludido!
Akira, parado no meio da plateia, sentiu o mundo desabar. O coração apertado, as mãos tremendo, os olhos marejados.
— Eu confiei... — sussurrou.
Ela continuou:
— Gente, sério, foi só uma aposta! Ninguém achou que ele ia cair, mas olha só... ele caiu direitinho! Hahaha!
FIM DO FLASHBACK
— Eu nunca me senti tão pequeno. Tão ridículo. — Akira agora caminhava com o olhar vazio.
— E ainda assim... eu a amava. Mesmo depois de tudo... eu a amava.
Ele se sentou no banco da praça, sozinho, abraçando os próprios braços.
— Desde aquele dia, algo dentro de mim mudou. Morreu, talvez.
O céu começou a chorar gotas leves.
O relógio da parede marcava 20h17. A casa estava silenciosa… por pouco tempo.
— você não fez nada de novo?! — a voz de Akira ecoou pela cozinha, carregada de raiva.
— ah de novo isso me deixa em paz Akira — gritou seu irmão, jogando o controle do videogame sobre o sofá. — sera que dá pra você me deixa em paz passa o dia inteiro reclamando.
— eu fico o dia inteiro trabalhando! pra pagar o aluguel pra comprar remédio pra nossa mãe! — a respiração de Akira estava pesada. — e você? o que você faz além de viver às minhas custas?
O irmão se levantou abruptamente, com os punhos cerrados.
— cuida da tua vida, moleque! tu acha que é o dono mundo só porque tem um emprego de merda? — Ele se aproximou, peito inflado. — eu nunca pedi sua ajuda!
Akira o empurrou para trás, o coração batendo como um tambor.
— é isso mesmo, você nunca pediu nada! você só deixou todo o peso cair em mim!
Sem pensar, Akira pegou a jaqueta pendurada atrás da porta.— a onde pensa que vai? — perguntou seu irmão de forma os til.
— não e da sua conta
Akira saiu, batendo a porta com força. A noite estava fria. O vento parecia querer cortá-lo por dentro. Ele andou por alguns minutos sem rumo, os pensamentos girando como um turbilhão.
— Eu odeio isso… odeio minha vida… — murmurava, rangendo os dentes.
Parou na praça vazia e sentou-se num banco. O silêncio da rua contrastava com o barulho dentro dele.
Foi quando seu celular vibrou. Uma notificação de mensagem. Número desconhecido.
> "Akira Tsukihara, você está sendo oficialmente desligado da empresa. Motivo: comportamento desmotivado, constante apatia e falta de comunicação. Sua rescisão estará disponível para retirada na próxima semana."
Por um instante, ele não entendeu. Relutou em acreditar. Mas os olhos encaravam a tela como se o mundo tivesse parado.
— Não... — sussurrou, a voz falhando. — Não pode ser...
Outro golpe. Mais um peso. Mais um pedaço dele despencando no abismo.
Ele se encolheu no banco. As mãos tremiam. Não chorou. Não tinha mais lágrimas.
— Eu... não tenho mais nada.
As luzes da rua piscavam ao longe. O mundo seguia em frente. Mas Akira sentia que ele… tinha ficado para trás.
Akira se levantou do banco com dificuldade. Seu corpo doía, mas não era físico. Ele continuou andando pela calçada deserta, os passos lentos e pesados, como se o chão o puxasse para baixo.
O céu começava a clarear. Um fio tímido de luz surgia no horizonte, tingindo de dourado os prédios e fios de eletricidade.
— Minha vida sempre foi assim... — murmurou. — Mesmo pagando as contas, me esforçando, me matando... meu irmão sempre teve as melhores oportunidades.
Lembranças começaram a flutuar em sua mente.
— Até mesmo quando ele foi campeão em esportes radicais, todas as garotas gostam dele... Ele nunca deu valor pra nada disso.
Suspirou fundo. O ar gelado cortava sua garganta. Seus olhos estavam fundos e cansados.
— E minha mãe... — fez uma pausa longa, — Ela sempre fazia tudo por ele. Defendia, cuidava, mimava. Hoje... ele nem no hospital vai. Nem uma visita se quer.
Akira parou na calçada. Olhou para o céu, onde o sol começava a surgir atrás dos prédios.
Antes que desse o primeiro passo, o celular vibrou no bolso. Era o número do hospital.
— Alô?
A voz do médico do outro lado da linha era grave e Séria.
— Akira ? É sobre sua mãe. Precisamos que venha imediatamente. Sinto muito, mas... é urgente.
Sem conseguir responder, Akira desligou e correu.
Minutos depois, chegou ao hospital. Correu pelos corredores pálidos, o som de seus passos ecoando como batimentos cardíacos acelerados. Encontrou o médico próximo à sala onde sua mãe estava internada.
— Doutor... o que... o que aconteceu?
O médico respirou fundo e falou com pesar:
— Akira... sua mãe teve uma parada cardíaca repentina. Tentamos reanimá-la... mas ela não resistiu. Sinto muito.
O chão pareceu sumir. O ar ficou mais denso. Akira sentiu as pernas falharem, mas se manteve de pé, mesmo que por dentro estivesse desabando.
— N-não... — balbuciou. — Não pode ser... Eu... eu ainda nem...
Os olhos se encheram de lágrimas. Pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu vontade de gritar. Mas só o silêncio saiu.
Ele entrou no quarto. Lá estava ela. Imóvel. Serena. Como se estivesse apenas dormindo.
— Mãe...
Se aproximou, segurou a mão dela — ainda quente, mas vazia de vida. Seus dedos tremiam.
— Me desculpa... — sussurrou. — Eu sinto muito mãe ... me desculpa... Eu só... queria que tudo fosse diferente.
Naquele momento, Akira sentiu que algo dentro dele... morreu com ela.
Vagando pelas ruas movimentadas da cidade, Akira sentia-se como um fantasma. Os carros passavam, as pessoas andavam apressadas, mas ele... apenas existiana quelé momento.
Seus pensamentos o arrastavam como uma enxurrada. Tudo girava em sua cabeça — a discussão com o irmão, a demissão, e agora... a perda da única pessoa que ainda o fazia seguir em frente.
"Por quê?", ele se perguntava.
"O que eu faço agora? Por que isso está acontecendo comigo? O que eu fiz pra merecer isso...?"
O som da cidade parecia distante. Os rostos das pessoas eram borrões. Nada importava mais. Ele caminhava sem direção, os olhos perdidos, a alma esmagada.
Flashbacks surgiam em sua mente como lâminas cortando:
— Akira, seu irmão é tão inteligente...
— Esse menino não serve pra nada! Olha pra ele
— Sua mãe não vai durar muito se você não pagar logo os remédios.
As vozes ecoavam, se sobrepunham, riam dele. Risadas zombeteiras, fantasmas de um passado que nunca o deixou em paz.
— Por que... por que... — murmurava em voz baixa. — Por que tudo isso acontece comigo?
Ele atravessava a rua, sem perceber. Não olhava para os lados. Estava no meio da pista.
Um som estrondoso cortou o ar:
BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIP!
Um caminhão avançava em alta velocidade, buzinando desesperadamente. As pessoas gritaram na calçada. Um som de freios rangendo.
Por um triz, o caminhão conseguiu desviar.
O vento forte que passou por Akira quase o jogou no chão.
Ele ficou parado. Respirando com dificuldade. As mãos tremiam. O coração parecia prestes a explodir. Mas mesmo assim... não se moveu.
— A vida é tão injusta... — sussurrou. — Por quê?
As risadas continuavam ecoando em sua cabeça. Memórias distorcidas. Momentos que marcaram sua vida.
Ele se agachou no meio da rua. As lágrimas finalmente escorreram.
— Eu só queria... viver em paz...
Mas a paz, para Akira, parecia sempre ser um sonho muito distante.
Ainda preso nos labirintos sombrios da própria mente, Akira vagava sem rumo. Cada pensamento, um eco vazio, uma cicatriz que nunca foi curada.
Até que um grito rasgou o silêncio.
— SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!
Uma mulher lutava desesperadamente contra um assaltante que puxava sua bolsa com violência. As pessoas ao redor pararam. Algumas ergueram seus celulares, mas nenhuma delas se moveu. Nenhuma estendeu a mão. Nenhuma teve coragem.
Akira observava.
O tempo parecia desacelerar. O mundo inteiro mergulhava em um mar de indiferença.
— Por que ninguém faz nada...? — sussurrou, com a garganta apertada. — Vocês não conseguem ver o desespero dela...?
A voz de seu pai ecoou em sua mente:
— Por que você não faz alguma coisa útil?
Algo se rompeu dentro dele. Como um fio de contenção que finalmente estoura.
Sem pensar, correu.
Os sons da rua ficaram distantes. Seus pés batiam forte no asfalto. O coração acelerava. O bandido puxou uma arma, gritando ameaças. A mulher chorava, tremendo.
— LARGA ELA! — Akira berrou, mergulhando contra o homem.
O impacto os jogou ao chão. Rolaram. Socos, empurrões, grunhidos. Akira lutava com tudo que tinha, mas o assaltante era mais forte. A arma cintilava entre os dois, até que a mulher conseguiu escapar, correndo.
Akira tentou agarrar o braço do homem, mas uma cotovelada violenta o jogou para trás.
E então — um estalo. Um reflexo.
PAM!
O disparo cortou o ar. Um som que paralisou o mundo.
Akira caiu.
A dor veio depois. Um calor ardente na cabeça. Um zumbido surdo nos ouvidos.
Ele estava deitado. O céu sobre ele parecia distante demais. Sangue escorria pela lateral do rosto — quente, denso.
O grito da mulher ao longe. As pessoas correndo. O bandido fugindo.
Nada disso importava mais.
O tempo... Parecia desacelerar ainda mais.
É assim...? É assim que tudo termina...?
Pensamentos invadiram sua mente em turbilhão, desordenados, e dolorosos.
Eu não me despedi da minha mãe... Nunca tive a chance de conhecer uma garota legal... Nunca pedi desculpas àquela pessoa... Nunca soube o que era ser feliz de verdade... eu não... Vivi o suficiente para aproveitar minha própria vida eu só... eu só... Fiz sobreviver nesse mundo...
Lágrimas se misturavam ao sangue.
Eu ainda... quero viver... Eu... não queria morrer assim.
As luzes do mundo começavam a apagar. A visão embaçava. O som se transformava num borrão distante.
Um último pensamento ecoou, sussurrado dentro da escuridão
— eu só queria... que tudo fosse... diferente...
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Atualizado até capítulo 40
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