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Akira Tsukihara: A Lenda entre as Lendas

Capítulo 1: MEU PASSADO

A vida era movimentada, mas Akira caminhava desanimado rumo ao trabalho, como sempre. Seu semblante cansado já era quase uma marca registrada. Ao chegar, foi recepcionado pelos colegas com as mesmas piadinhas ofensivas de sempre, que todos ao redor insistiam em achar engraçadas.

— Olha só quem chegou... se não é o Akira! Qual é, cara, que cara é essa? A namoradinha te deixou dormir no sofá de novo, foi? — provocou um deles, arrancando gargalhadas gerais.

Claro, todos sabiam que Akira nunca tivera sequer uma namorada.

O ambiente era desconfortável para ele, mas já havia se acostumado. Desde a infância, aprendera a engolir as palavras e suportar os olhares. O tempo passou, e finalmente chegou a hora do intervalo — o único momento do dia em que podia respirar e pensar em silêncio.

Mas a trégua durou pouco.

Um copo com refrigerante foi derramado sobre sua cabeça de propósito.

— Eita, foi sem querer! Você não vai ficar bravo comigo, né, Akira? — disse uma voz feminina, com um sorriso debochado nos lábios.

— Hahaha! Que otário! Ele nunca faz nada. Olha só pra ele, parece um coitado mesmo — zombou outro colega enquanto se afastavam.

— Você precisa virar homem, cara. Que idiota!

Akira foi até o banheiro, tentando conter a raiva. Limpou-se em silêncio, encarando seu reflexo.

— Hana e Giu... — murmurou para si mesmo enquanto secava as mãos. — Dois irmãos mimados, filhos do chefe. Por isso acham que podem fazer o que quiserem.

Agora limpo e com o estômago roncando, voltou para sua mesa, respirou fundo e pensou: “Finalmente, um pouco de paz...”

Até que...

---

O relógio apitou. Era hora de voltar ao trabalho.

Akira seguiu em frente, ainda murmurando para si mesmo enquanto atravessava os corredores da loja:

— Akira Tsukihara... esse é o meu nome. “Akira” vem do meu pai... e ele já não está mais aqui.

Foi então que notou uma caixa caída no chão, com várias latas espalhadas ao redor.

— Ei, Tsukihara! — gritou um dos colegas. — Fica esperto, cara! Alguém deixou essa bagunça no seu setor. Se o chefe ver isso, vai sobrar pra você!

Akira respirou fundo, pegando as latas uma por uma enquanto continuava sua narração interior:

— No geral, minha vida é até simples demais... varro o chão da loja, arrumo prateleiras, às vezes fico no caixa. Nada demais. Mas quer saber? Até que eu sou feliz assim...

Um estrondo de vidro se espalhou pelo ambiente, interrompendo seus pensamentos.

Ou pelo menos... eu achava que era.

---

Em casa, a atmosfera era ainda mais pesada. Akira discutia com o irmão mais velho, já sem paciência.

— Que droga, por que você nunca faz nada?! Eu passo o dia inteiro trabalhando e você nem lava a louça! — gritou Akira.

— Ah, para de me encher! Quem você pensa que é pra falar comigo desse jeito?! — o irmão rebateu, com agressividade na voz.

— Eu só tô pedindo pra você fazer alguma coisa da sua vida! Até quando vai continuar sendo um inútil?!

A resposta veio em forma de um soco seco no estômago. Akira se curvou de dor enquanto o irmão se aproximava com um olhar ameaçador.

— Isso é pra você aprender quem manda aqui. O único inútil nessa casa é você.

---

Mais tarde, caminhando pela rua com o olhar de quem já foi derrotado, Akira pensava:

— Meu irmão sempre foi um babaca... mas talvez ele esteja certo. Eu sou um inútil...

Olhou para o céu enquanto alguns pombos voavam lentamente acima dele. O contraste entre a liberdade das aves e o peso em seus ombros era brutal.

---

No hospital, Akira segurava a mão de sua mãe internada.

— Como ela está, doutor? — perguntou, com a voz baixa.

— Nada ainda, garoto... ela não está respondendo aos remédios. Na verdade, o estado dela está… piorando.

Akira fechou os olhos, respirando fundo. O médico saiu da sala, deixando-o sozinho com ela.

...— Minha mãe sofreu um derrame. Desde então... sou eu quem paga o tratamento, os remédios — e eles não são nada baratos.

...

Encostado à janela, observou o mundo lá fora.

— Esse mundo é tão injusto... Às vezes eu sonho com um lugar onde tudo dá certo pra mim. Onde eu tenho reconhecimento, amor... atenção. Tudo o que eu sempre quis. Mas...

Um pássaro pousou em seu ninho, com galhos cuidadosamente arrumados. Por um segundo, Akira sorriu. Mas a vida, mais uma vez, mostrou sua crueldade.

Uma pedra atingiu a ave com violência, derrubando-a do alto. O pássaro caiu, sem vida, e os filhotes famintos esperavam em vão.

Akira sussurrou, como se falasse para o mundo inteiro:

— A vida é cruel.

Caminhando sozinho pelas ruas movimentadas da cidade, Akira observava um casal de idosos sentados em um banco de praça. Estavam de mãos dadas, sorrindo um para o outro, como se nada mais importasse.

— O amor entre um homem e uma mulher... — murmurou ele, com os olhos baixos. — Por muito tempo, eu desejei encontrar alguém assim. A pessoa certa. Mas... sempre fui rejeitado.

De repente, memórias de sua infância vieram como um soco em seu peito. Ele se lembrou do tempo em que estudava no ensino fundamental. Um tempo onde os risos não eram gentis — e os olhares, ainda menos.

FLASHBACK – Escola, sala do 7º ano

— Olha lá, é o Akira! — gritou um dos garotos, apontando enquanto todos olhavam.

— Ei, Akira, já lavou o cabelo esse mês? — zombou outro, fazendo careta.

— Dizem que ele falou com a Yumi e ela nem respondeu! Hahaha, tomou um fora antes mesmo de tentar! — caçoou outro menino, fazendo os demais gargalharem.

Akira, encolhido em seu canto da sala, tentava se concentrar no caderno. Mas as palavras o atingiam como pedras.

— Certeza que ele nunca vai namorar ninguém! Quem ia querer ficar com esse esquisito?

— Acho que nem se pagassem! Hahaha!

As risadas ecoavam. O professor ainda não tinha entrado na sala e, como sempre, ninguém fazia nada.

Akira, em silêncio, olhava para a mesa, com os punhos cerrados debaixo dela.

Nunca respondi. Nunca rebati. Só engoli tudo. Eu queria sumir dali. Queria ser invisível.

FIM DO FLASHBACK

De volta ao presente, Akira suspira, desviando o olhar do casal de idosos.

— Eles sempre riam... toda vez era isso.

O sorriso dos velhos contrastava com o vazio dentro dele.

— Mas teve uma pessoa... uma que foi diferente de todas as outras. Ela me olhou de um jeito que ninguém mais olhou.

Akira fecha os olhos por um momento.

Nishinia era a garota mais linda que já conheci no insino médio... Ela parecia me entender.

— Mas como eu disse... a vida é cruel.

Akira parou de caminhar por um instante. O vento soprou forte, balançando os galhos das árvores acima. Ele olhou para o céu nublado, como se esperasse alguma resposta de lá.

— Nishinia... ela era a garota mais linda que já conheci no ensino médio. Tinha um jeito calmo de falar, e um sorriso que fazia até os dias ruins parecerem suportáveis.

Por um tempo... eu realmente acreditei que ela me entendia.

FLASHBACK – Pátio da escola, 2º ano do ensino médio

Akira estava sentado sozinho, como de costume. Um livro aberto no colo, mas os olhos perdidos em algum ponto distante.

Foi quando Nishinia se aproximou.

— Posso sentar aqui?

Akira, surpreso, apenas assentiu. Ela sentou-se ao seu lado e sorriu.

— Você sempre tá sozinho. Nunca pensei que alguém tão quieto pudesse ler tanta coisa... esse livro é bom?

Ele a olhou, hesitante, mas sorriu de volta pela primeira vez em dias.

— É... fala sobre encontrar força dentro de si, mesmo quando ninguém acredita em você.

— Parece com você — disse ela, olhando diretamente em seus olhos.

Durante semanas, Nishinia e Akira conversaram todos os dias. Ela ria das piadas dele, dividia o lanche, até o defendeu de um comentário maldoso na sala. Pela primeira vez, ele se sentiu visto. Pela primeira vez... ele se permitiu sonhar.

— Eu pensei... que talvez... eu tivesse encontrado alguém.

Mas eu estava errado.

FLASHBACK – Auditório da escola, semanas depois

Era o “show de talentos” da turma. A maioria estava reunida ali, e Akira estava nervoso. Nishinia havia dito que queria contar algo especial naquele dia. Ela subiu ao palco, com um microfone na mão.

— Eu queria aproveitar esse momento pra revelar algo... — ela riu, olhando para os colegas. — Sabe o Akira? Aquele cara esquisitão que fica sempre sozinho?

A plateia murmurou e deu risada.

— Pois é... eu disse que estava interessada nele... E ELE ACREDITOU!

Todos começaram a rir. Alguns gritavam:

— Coitado!

— Que iludido!

Akira, parado no meio da plateia, sentiu o mundo desabar. O coração apertado, as mãos tremendo, os olhos marejados.

— Eu confiei... — sussurrou.

Ela continuou:

— Gente, sério, foi só uma aposta! Ninguém achou que ele ia cair, mas olha só... ele caiu direitinho! Hahaha!

FIM DO FLASHBACK

— Eu nunca me senti tão pequeno. Tão ridículo. — Akira agora caminhava com o olhar vazio.

— E ainda assim... eu a amava. Mesmo depois de tudo... eu a amava.

Ele se sentou no banco da praça, sozinho, abraçando os próprios braços.

— Desde aquele dia, algo dentro de mim mudou. Morreu, talvez.

O céu começou a chorar gotas leves.

— Se amar é isso... talvez seja melhor nunca mais tentar.

Capítulo 2: O ÚLTIMO SUSPIRO

...O relógio da parede marcava 20h17. A casa estava silenciosa… por pouco tempo....

...— VOCÊ NÃO FEZ NADA DE NOVO?! — a voz de Akira ecoou pela cozinha, carregada de raiva....

...— PARA DE ENCHER O SACO, AKIRA! — gritou seu irmão, jogando o controle do videogame sobre o sofá. — FICA O DIA INTEIRO RECLAMANDO!...

...— EU FICO O DIA INTEIRO TRABALHANDO! PRA PAGAR CONTA, PRA COMPRAR REMÉDIO PRA NOSSA MÃE, PRA MANTER ESSA CASA DE PÉ! — a respiração de Akira estava pesada. — E VOCÊ? O QUE VOCÊ FAZ ALÉM DE VIVER ÀS MINHAS CUSTAS?...

...O irmão se levantou abruptamente, com os punhos cerrados....

...— CUIDA DA TUA VIDA, MOLEQUE! TU ACHA QUE É O DONO DO MUNDO SÓ PORQUE TEM UM EMPREGO DE MERDA? — Ele se aproximou, peito inflado. — EU NUNCA PEDI SUA AJUDA!...

...Akira o empurrou para trás, o coração batendo como um tambor....

...— É ISSO MESMO, VOCÊ NUNCA PEDIU NADA! VOCÊ SÓ DEIXOU TODO O PESO CAIR EM MIM!...

...Sem pensar, Akira pegou a jaqueta pendurada atrás da porta e saiu, batendo a porta com força. A noite estava fria. O vento parecia querer cortá-lo por dentro. Ele andou por alguns minutos sem rumo, os pensamentos girando como um turbilhão....

...— Eu odeio isso… odeio minha vida… — murmurava, rangendo os dentes....

...Parou na praça vazia e sentou-se num banco. O silêncio da rua contrastava com o barulho dentro dele....

...Foi quando seu celular vibrou. Uma notificação de mensagem. Número desconhecido....

...> "Akira Tsukihara, você está sendo oficialmente desligado da empresa. Motivo: comportamento desmotivado, constante apatia e falta de comunicação. Sua rescisão estará disponível para retirada na próxima semana."...

...Por um instante, ele não entendeu. Relutou em acreditar. Mas os olhos encaravam a tela como se o mundo tivesse parado....

...— Não... — sussurrou, a voz falhando. — Não pode ser......

...Outro golpe. Mais um peso. Mais um pedaço dele despencando no abismo....

...Ele se encolheu no banco. As mãos tremiam. Não chorou. Não tinha mais lágrimas....

...— Eu... não tenho mais nada....

...As luzes da rua piscavam ao longe. O mundo seguia em frente. Mas Akira sentia que ele… tinha ficado para trás....

...Akira se levantou do banco com dificuldade. Seu corpo doía, mas não era físico — era a alma que gritava. Ele continuou andando pela calçada deserta, os passos lentos e pesados, como se o chão o puxasse para baixo....

...O céu começava a clarear. Um fio tímido de luz surgia no horizonte, tingindo de dourado os prédios e fios de eletricidade....

...— Minha vida sempre foi assim... — murmurou. — Mesmo pagando as contas, me esforçando, me matando... meu irmão sempre teve as melhores oportunidades....

...Lembranças começaram a flutuar em sua mente....

...— Até mesmo quando garotas inteligentes gostavam dele... Ele nunca deu valor pra nada disso. Sempre jogou tudo fora....

...Suspirou fundo. O ar gelado cortava sua garganta. Seus olhos estavam fundos e cansados....

...— E minha mãe... — fez uma pausa longa, engolindo seco. — Ela sempre fazia tudo por ele. Defendia, cuidava, mimava. Hoje... ele nem no hospital vai. Nem uma visita....

...Akira parou na calçada. Olhou para o céu, onde o sol começava a surgir atrás dos prédios....

...— Talvez... talvez eu devesse ir ver ela....

...Antes que desse o primeiro passo, o celular vibrou no bolso. Era o número do hospital....

...Ele atendeu com o coração disparado....

...— Alô?...

...A voz do médico do outro lado da linha era grave. Séria....

...— Akira Tsukihara? É sobre sua mãe. Precisamos que venha imediatamente. Sinto muito, mas... é urgente....

...Sem conseguir responder, Akira desligou e correu....

.........

...Minutos depois, chegou ao hospital. Correu pelos corredores pálidos, o som de seus passos ecoando como batimentos cardíacos acelerados. Encontrou o médico próximo à sala onde sua mãe estava internada....

...— Doutor... o que... o que aconteceu?...

...O médico respirou fundo e falou com pesar:...

...— Akira... sua mãe teve uma parada cardíaca repentina. Tentamos reanimá-la... mas ela não resistiu. Sinto muito....

...O chão pareceu sumir. O ar ficou mais denso. Akira sentiu as pernas falharem, mas se manteve de pé, mesmo que por dentro estivesse desabando....

...— N-não... — balbuciou. — Não pode ser... Eu... eu ainda nem......

...Os olhos se encheram de lágrimas. Pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu vontade de gritar. Mas só o silêncio saiu....

...Ele entrou no quarto. Lá estava ela. Imóvel. Serena. Como se estivesse apenas dormindo....

...— Mãe......

...Se aproximou, segurou a mão dela — ainda quente, mas vazia de vida. Seus dedos tremiam....

...— Me desculpa... — sussurrou. — Eu queria ter sido mais... mais forte... mais presente... Eu só... queria que tudo fosse diferente....

...A única resposta foi o apito contínuo da máquina desligada....

...Naquele momento, Akira sentiu que algo dentro dele... morreu junto com ela....

...Vagando pelas ruas movimentadas da cidade, Akira sentia-se como um fantasma. Os carros passavam, as pessoas andavam apressadas, mas ele... apenas existia....

...Seus pensamentos o arrastavam como uma enxurrada. Tudo girava em sua cabeça — a discussão com o irmão, a demissão, e agora... a perda da única pessoa que ainda o fazia seguir em frente....

..."Por quê?", ele se perguntava....

..."O que eu faço agora? Por que isso está acontecendo comigo? O que eu fiz pra merecer isso...?"...

...O som da cidade parecia distante. Os rostos das pessoas eram borrões. Nada importava mais. Ele caminhava sem direção, os olhos perdidos, a alma esmagada....

...Flashbacks surgiam em sua mente como lâminas cortando:...

...— Akira, seu irmão é tão mais inteligente... você devia aprender com ele....

...— Esse menino não serve pra nada!...

...— Sua mãe não vai durar muito se você não pagar logo os remédios....

...— Você está despedido. Pega suas coisas e some....

...As vozes ecoavam, se sobrepunham, riam dele. Risadas zombeteiras, fantasmas de um passado que nunca o deixou em paz....

...— Por que... por que... — murmurava em voz baixa. — Por que tudo isso acontece comigo?...

...Ele atravessava a rua, sem perceber. Não olhava para os lados. Estava no meio da pista....

...Um som estrondoso cortou o ar:...

...BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIP!...

...Um caminhão avançava em alta velocidade, buzinando desesperadamente. As pessoas gritaram na calçada. Um som de freios rangendo....

...Por um triz, o caminhão conseguiu desviar....

...O vento forte que passou por Akira quase o jogou no chão....

...Ele ficou parado. Respirando com dificuldade. As mãos tremiam. O coração parecia prestes a explodir. Mas mesmo assim... não se moveu....

...— A vida é tão injusta... — sussurrou. — Por quê?...

...As risadas continuavam ecoando em sua cabeça. Memórias distorcidas. Momentos que marcaram sua alma....

...Ele se agachou no meio da rua. As lágrimas finalmente escorreram....

...— Eu só queria... viver em paz......

...Mas a paz, para Akira, parecia sempre ser um sonho muito distante....

...Ainda preso nos labirintos sombrios da própria mente, Akira vagava sem rumo. Cada passo parecia arrastar o peso do mundo. Cada pensamento, um eco vazio, uma cicatriz que nunca foi curada....

...Até que um grito rasgou o silêncio....

...— SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!...

...Uma mulher lutava desesperadamente contra um assaltante que puxava sua bolsa com violência. As pessoas ao redor pararam. Algumas ergueram seus celulares, mas nenhuma delas se moveu. Nenhuma estendeu a mão. Nenhuma teve coragem....

...Akira observava....

...O tempo parecia desacelerar. O mundo inteiro mergulhava em um mar de indiferença....

...— Por que ninguém faz nada...? — sussurrou, com a garganta apertada. — Vocês não conseguem ver o desespero dela...?...

...A voz de seu pai ecoou em sua mente:...

...— Por que você não faz alguma coisa útil?...

...Algo se rompeu dentro dele. Como um fio de contenção que finalmente estoura....

...Sem pensar, correu....

...Os sons da rua ficaram distantes. Seus pés batiam forte no asfalto. O coração acelerava. O bandido puxou uma arma, gritando ameaças. A mulher chorava, tremendo....

...— LARGA ELA! — Akira berrou, mergulhando contra o homem....

...O impacto os jogou ao chão. Rolaram. Socos, empurrões, grunhidos. Akira lutava com tudo que tinha, mas o assaltante era mais forte. A arma cintilava entre os dois, até que a mulher conseguiu escapar, correndo....

...Akira tentou agarrar o braço do homem, mas uma cotovelada violenta o jogou para trás....

...E então — um estalo. Um reflexo....

...PAM!...

...O disparo cortou o ar. Um som que paralisou o mundo....

...Akira caiu....

...A dor veio depois. Um calor ardente na cabeça. Um zumbido surdo nos ouvidos....

...Ele estava deitado. O céu sobre ele parecia distante demais. Sangue escorria pela lateral do rosto — quente, denso. O gosto de ferro na boca....

...O grito da mulher ao longe. As pessoas correndo. O bandido fugindo....

...Nada disso importava mais....

...O tempo... desacelerou....

...É assim...? É assim que tudo termina...?...

...Pensamentos invadiram sua mente em turbilhão, desordenados, e dolorosos....

...Eu não me despedi da minha mãe... Nunca tive uma namorada... Nunca pedi desculpas àquela pessoa... Nunca disse que amava quem eu amava. Nunca soube o que era ser feliz de verdade... eu não... Vivi o suficiente....

...Lágrimas se misturavam ao sangue....

...Eu ainda... quero viver... Eu... não queria morrer assim....

...As luzes do mundo começavam a apagar. A visão embaçava. O som se transformava num borrão distante....

...Um último pensamento ecoou, sussurrado dentro da escuridão:...

...— Por favor... ainda não, não quero... Morrer ass......

...E tudo se apagou...

.......

Capítulo 3: Myllest

...Bip... bip... bip......

...Um som agudo ecoava no silêncio, repetitivo e distante, como um fantasma....

...Akira abriu os olhos com dificuldade. Tudo estava embaçado, a luz parecia dançar pelas bordas da visão. Tentou se mexer, mas o corpo não obedecia corretamente. Sentia-se pesado, como se tivesse atravessado um abismo....

...Bip... bip......

...— "eu... estou em um hospital?" — foi a primeira coisa que véi em mente. Mas algo estava errado....

...Não havia máquinas. Nenhum visor. Nenhum cabo preso ao seu corpo....

...A única coisa ao seu redor era uma pequena cama de madeira, colchas rústicas e paredes feitas de pedra. A janela deixava passar uma brisa leve, com o cheiro de terra molhada, flores silvestres e... sons de animais — bois e cavalos....

...O som, no entanto, ainda estava ali....

...Bip......

...E então, parou....

...A mente de Akira girava em espiral. As imagens voltavam em flashes: o assalto, o grito da mulher, o impacto, o tiro... a dor... e o escuro. Ele lembrava claramente de cair. De perder tudo....

...Então por que ainda estava ali?...

...A porta rangeu. Alguém entrou....

...Uma jovem....

...Cabelos loiros e longos, presos por uma fita simples. Vestia roupas estranhas, feitas de tecido cru, mas limpas e bem cuidadas. Seu olhar era calmo. Não sorria — apenas o observava, como quem analisa....

...— Você... está acordado — disse ela em voz baixa, quase como se tivesse medo de falar mais alto....

...Akira tentou se sentar, mas uma dor latejou forte na cabeça. Gemeu....

...— tenha cuidado. Ainda não se recuperou completamente — ela aproximou-se devagar, estendendo um pano húmido até a sua testa....

...Ele a encarou, confuso....

...— Onde... onde eu tô?...

...Ela Olhou pela janela antes de responder:...

...— Myllest... uma vila ao oeste do continente de Edellian....

...Silêncio....

...— foi você que me ajudou?...

...— Sim. Você Estava caído num beco da cidade... eu tentei te acordar. Mais Você não respondia....

...Akira olhou em volta, sentindo que algo não se encaixava. Nada naquele quarto parecia moderno. Nenhum sinal de tecnologia. Nenhuma pista de que ainda estivesse no mesmo mundo....

...— Qual o nome do contenente ?...

...Ela o olhou , curiosa por ele não sabe....

...— esse e o contenente, Edellian...

...Ele fechou os olhos. Nunca chegou a ouvir esse nome em antes....

...— E... como você se chama?...

...Ela o observou em silêncio por alguns segundos antes de responder....

...— Você faz muitas perguntas, para alguém que acabou de acordar... — disse com um leve suspiro. — me chamo Colete... Colete D Melvins....

...O nome ecoou estranho em seus ouvidos, como se não pertencesse ao mesmo idioma....

...— Isso é um sonho...? — murmurou....

...— você parece estar bem acordado — respondeu ela, suavemente. — você... Não se lembra do que aconteceu?...

...Akira hesitou. Queria responder, mas a confusão dentro de si era maior que qualquer explicação....

...Colete se levantou, alisando a saia com as mãos....

...— Tudo bem... não tem porque falar agora Akira. Você precisa descansar. Por enquanto....

...Ela se virou e saíu, em silêncio....

...Ele ficou ali, sozinho, com o eco do bip ainda pairando na mente como uma lembrança do que aconteceu. Olhou para as próprias mãos, depois tocou a testa....

...— "Isso é real...? não pode ser mais eu... ?"...

...Mas no fundo do peito, onde antes havia apenas dor, algo novo começava, começava a crescer....

...Curiosidade talvez....

...Myllest...? Nunca ouvi esse nome antes....

...Um pouco mais tarde......

...O som da faca cortando legumes ecoava repetidamente na pequena cozinha. Era quase hipnótico. Colete estava ali, concentrada, preparando algo que exalava um cheiro simples mas aconchegante. Não havia pressa em seus movimentos, apenas uma calma natural, como se cozinhar fosse parte de um rotina diária sagrada....

...Depois de alimentar os animais no quintal — algumas galinhas, um pequeno porco e um cão de pelagem grossa que a seguia como uma sombra fiel — ela voltou para dentro....

...E lá estava ele....

...Akira, parado à sua frente, como se tivesse sido guiado pelo cheiro maravilhoso de um bom almoço. Por um instante, os dois ficaram em silêncio. Ela apenas o olhou suavemente mantendo o mesmo olha e calmo e reto....

...— sente-se por favor ...

...Na cozinha, a luz do sol entrava pela janela, aquecendo a mesa de madeira. Colete serviu um prato diante dele. Arroz, algo que parecia carne cozida e legumes frescos, tudo cuidadosamente arrumado....

...— Como você está se sentindo? Já está melhor? — colete, sentou à sua frente....

...Akira encarou a comida por alguns segundos. Parecia estranhamente mais familiar... e ao mesmo tempo não....

...— Ah... sim, eu acho que sim... mas... — ele hesitou, os olhos ainda vasculhando o cômodo, como se tentassem entender tudo ao redor. — Ainda estou meio confuso....

...Colete inclinou a cabeça com gentileza....

...— Tem algo incomodando você? — perguntou com tom suave. — Talvez eu tenha colocado comida demais no seu prato?...

...Akira deixou escapar um riso fraco, mais por nervosismo do que humor....

...— Não é isso. É que... como você sabe meu nome?... Eu não me lembro de ter falado....

...Ela parou por um segundo. Seus olhos se fixaram nele com certa intensidade....

...— Eu fui... abençoada pelos deuses — disse, simplesmente, como se fosse algo natural. — Consigo saber o nome de alguém quando o conheço. E mais do que isso... sei quando alguém é bom ou ruim, só pela energia que carrega....

...— Abençoada...? — repetiu Akira, franzindo a testa. — Isso... isso não faz sentido. Que tipo de bênção é essa?...

...Colete apoiou os braços sobre a mesa, entrelaçando os dedos....

...— eu não sei te explicar direito como funciona — respondeu. — mas e basicamente um tom....

...— benção...? Você fala como se isso fosse normal — murmurou ele, ainda estava confuso tentando acreditar....

...O silêncio entre eles voltou a crescer, mas dessa vez não era incômodo. Era cheio de perguntas sem resposta....

...— você não vai comer — perguntou ela olhado para ele....

...— ah... sim....

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