Capítulo 5: A TORRE

Ainda naquela manhã, Akira e Colete caminhavam de volta para a casa dela. O silêncio da vila o incomodava desde o dia anterior. Desde que acordou naquele mundo estranho, tudo parecia envolto em segredos. As pessoas dormiam cedo demais. Os animais? Principalmente não faziam nenhum som a noite. Nem um grilo. Nem um latido. Apenas aquele silêncio opressivo.

— Colete... ontem à noite... — ele hesitou, mas não conseguiu mais guardar as dúvidas. — Por que tudo fica tão silencioso? Por que ninguém sai depois do pôr do sol?

Colete andava à frente, mas parou ao ouvir a pergunta. Ficou alguns segundos em silêncio, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas... ou talvez como se estivesse lutando contra memórias dolorosas.

— Há muito tempo... — ela começou a falar, com um tom sombrio. — Um alquimista viveu nesta vila. Ele tinha sonhos grandiosos. Queria revolucionar o mundo com suas criações... máquinas que ajudassem a proteger e a facilitar a vida das pessoas.

Akira se aproximou, intrigado. — E o que deu errado?

Colete baixou os olhos. A dor era visível em sua expressão.

[Flashback começa]

Naquela época, a vila era cheia de vida. As noites eram cheias de luz, risos e músicas. Crianças corriam e brincavam livremente, e os adultos celebravam a sob lanternas flutuantes. No alto da colina, uma torre coberta de engrenagens girava dia e noite, exalando fumaça azulada. Era lá que vivia Orion, o alquimista.

Ele era um homem excêntrico, genial — e perigoso. Inventava máquinas movidas por magia arcana, prometendo um futuro onde ninguém mais precisaria temer monstros ou guerras. No início, deu certo. As máquinas irrigavam os campos, protegiam a vila e faziam serviços domésticos. Eram obedientes, programadas para servir.

Mas algo aconteceu.

Ninguém sabe como ou por quê, mas uma das máquinas — um protótipo avançado com núcleo mágico instável — ganhou consciência própria.

Em uma única noite, como se obedecessem a uma mente coletiva, todas as máquinas se voltaram contra os humanos. O festival virou massacre. Lanternas viraram labaredas. o lugar virou um campo de morte.

Colete, ainda criança, viu sua mãe sendo esmagada por uma máquina mineradora, Os gritos dela ecoaram por toda a vila, mas ninguém pôde salvá-la.

Os aventureiros que estavam lá tentaram resistir. Muitos morreram. Foi só quando a vila estava prestes a cair que um mago desconhecido apareceu. Ele enfrentou as máquinas sozinho. Ele não as destruiu — apenas... conteve elas.

ele lançou um feitiço, e levou todas elas em bora, tudo que sobrou foi um rio de sangue.

Porque, mesmo hoje, dizem que alguém ou algo ainda vive nas ruínas da torre...

[Flashback termina]

Colete voltou o olhar para Akira. Seu rosto parecia mais pálido, distante.

— Eram muitas máquinas... O mago não tinha como vencê-las. stivemos uma perda imprescindível, muitos morreram lutando por suas vidas aqui todos perderam alguém que eles amavam para respeitar os mortos a noite e silênciosa.

— eu sinto muito... Eu... Acredito que não devia ter perguntado? — murmurou Akira agora com outro pensamento.

Colete negou com a cabeça — não. Eu já esperava que você perguntasse sobre isso.

— mais e o alquimista?

— Ninguém mais o viu desde então... — ela respondeu, com os olhos fixos nas ruínas da torre no alto da colina. — as máquinas ainda estão por aí. E depois que a barreira foi erguida... tudo ficou ainda mais difícil.

— Que barreira é essa? — perguntou Akira, curioso.

Colete hesitou por um momento, como se estivesse distante.

— Eu te conto depois. Tenho muita coisa pra fazer agora.

Akira observou enquanto ela se afastava, entrando na cabana. Sentia-se estranho. Colete o acolheu. Foi gentil com ele. Aquela sensação parecia algo novo.

Algo dentro dele despertava uma memória antiga, de outra vida. Um calor suave, quase esquecido, floresceu por um breve segundo em seu peito.

Ele fechou os olhos por um instante. Talvez isso o fizesse lembrar de alguém.

Mas talvez não importasse. Por ora, decidiu ajudar.

Akira ajudou Colete com todos os afazeres. Varreu o chão da casa, lavou a louça e até alimentou o pequeno porco da casa — um bichinho curioso e esquisito que o observava como se fosse capaz de entender tudo o que ele dizia.

Enquanto jogava a comida no pote de madeira, Akira ficou pensativo. As palavras de Colete ecoavam em sua mente. As máquinas, o alquimista, o mago... Era difícil acreditar que tudo aquilo era real. Mas olhando ao longe, para as ruínas da torre no topo da colina, a ficha finalmente caiu.

— Esse mundo é mesmo diferente... — murmurou, com um leve sorriso no rosto.

Ele estava vivo. Estava bem. Respirando. Pela primeira vez em muito tempo, sentia-se livre.

— É isso... — disse em voz baixa, olhando para as próprias mãos. — Eu já me decidi... Vou fazer tudo o que não pude fazer antes de morrer.

De repente, seu peito se encheu de uma sensação que não sentia há muito tempo: alegria genuína. Sua mão tremia, não de medo, mas de felicidade. Era algo novo, quase assustador — mas maravilhoso.

O porquinho grunhiu, como se concordasse. Seus olhinhos redondos encaravam Akira com uma inteligência de um pequeno porco.

— O que foi? — Akira riu, passando a mão em sua cabeça. — Tá me achando esquisito, é?

Então, sem pensar muito, ele correu de volta para a casa. Abriu a porta da cozinha com tanta pressa que quase a arrancou das dobradiças, assustando Colete, que preparava algo no fogão.

— Me conta! — exclamou, ofegante, com os olhos brilhando. — Me conta tudo sobre esse mundo!

Colete virou-se, surpresa, e por um segundo seus olhos suavizaram.

Ela nunca tinha visto alguém tão animado assim a muito tempo.

Akira e Colete estavam jogando comida para as galinhas enquanto conversavam. As aves ciscavam animadas ao redor deles, cacarejando alto.

— Então foi isso que aconteceu...? — Akira falava, enquanto jogando um punhado de milho no chão. — Esse mundo é mesmo incrível...

— Sim — respondeu Colete. — antes da barreira muitos começaram a achar que o mago tinha enlouquecido. As pessoas não queriam mais ouvir o que ele dizia. Ainda assim, mesmo depois de tudo, todos decidiram permanecer na vila e na cidade. O mago, temendo que algo pior pudesse acontecer, ergueu uma barreira mágica ao redor de todo o continente.

Akira franziu o rosto. — Então... estamos presos aqui?

Colete balançou a cabeça em negação. — Eu não vejo dessa forma. Você acorda todos os dias no mesmo corpo, mas não se sente preso a ele... certo?

Akira refletiu por um instante e então assentiu. — Entendi... — murmurou, olhando de canto para as ruínas no alto da colina.

Colete o observou de lado. — Você está pensando em ir até lá?

Ele coçou a nuca, meio sem jeito. — Ah... por que eu faria isso?

— Porque você já encarou as ruínas da torre umas cinco vezes desde que terminamos de falar sobre a história do vilarejo — ela falou, com um tom de leve provocação.

Akira riu de nervoso. — Talvez eu queira ir até lá... mas ainda não me decidi.

Colete ficou séria por um instante. — Se você realmente pretende ir, então precisa se registrar como aventureiro primeiro. normalmente e proibido ir para lugares assim sem uma licença. pode ser considerado ilegal e vai contras os regulamento dos aventureiros. E, aliás... — ela olhou para o céu começando a escurecer — já está quase anoitecendo,— e melhor irmos agora.

Akira respirou fundo, sentindo a empolgação crescer.

— Vamos.

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mr.browniie

mr.browniie

Quero mais, quero mais, quero mais! 🤩

2025-04-11

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