Capítulo 12 – Músicas Não Escritas
Os dias seguintes passaram lentamente, cada um mais arrastado que o anterior. Gabriel sentia-se preso em um ciclo interminável de ansiedade e medo, incapaz de seguir em frente, mas também sem saber como voltar atrás. Ele tentava se concentrar nos estudos, nas atividades extracurriculares, nos pequenos momentos do dia a dia que antes pareciam normais. Mas nada mais parecia normal.
Noah não o pressionava. Não o procurava com perguntas, não exigia respostas. Mas, de alguma forma, a ausência de palavras entre eles era pior do que qualquer conversa difícil. O silêncio estava se tornando insuportável.
Toda vez que Gabriel olhava seu celular, uma parte dele esperava ver uma mensagem de Noah. Um "oi", um "como você está?", qualquer coisa que lhe desse um fio de esperança. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que era ele quem estava se afastando. Ele quem tinha se fechado, levantado barreiras que talvez nem ele mesmo conseguisse derrubar.
E então, em uma noite fria, após um dia longo e exaustivo de aulas e trabalho, algo inesperado aconteceu.
Gabriel estava sentado em seu quarto, os livros abertos à sua frente, mas sua mente vagava para longe das palavras impressas. Ele tentava estudar, mas cada linha que lia parecia se dissolver antes que ele pudesse processá-la. Suspirando, largou a caneta e esfregou os olhos, sentindo o peso do dia sobre seus ombros.
Foi quando seu celular vibrou.
O som curto e discreto da notificação ecoou no quarto silencioso, e Gabriel, por reflexo, pegou o aparelho. Seu coração acelerou ao ver o nome de Noah na tela.
Era uma música.
Nada mais. Apenas um link. Nenhuma explicação. Nenhuma palavra além disso.
Gabriel ficou parado por alguns segundos, encarando a tela como se ela fosse lhe oferecer respostas. Ele não queria abrir. Não queria se envolver mais com aquilo, com aquele sentimento confuso que Noah havia trazido à tona. Mas, ao mesmo tempo, havia uma força invisível dentro dele que o impelia a tocar o link.
E, sem que pudesse se impedir, seu dedo pressionou a tela.
A música começou.
O som suave de uma guitarra ecoou primeiro, com notas melancólicas que pareciam preencher o silêncio do quarto. Em seguida, um piano entrou na melodia, trazendo uma batida suave, quase hesitante. E então, a voz de Noah surgiu.
Grave, apaixonada, transbordando de sentimentos que Gabriel não sabia como processar.
"Eu espero que você entenda, Gabi, o que eu senti quando você se afastou..."
A voz de Noah era envolvente, carregada de emoção crua. Gabriel sentiu um arrepio percorrer sua pele.
"Eu só queria te mostrar que o que eu sinto por você não é um erro."
Gabriel fechou os olhos. As palavras atingiram seu peito como um golpe certeiro, arrancando o ar de seus pulmões.
"Eu espero que, um dia, você ouça isso e saiba que, no fundo, nunca te abandonei."
A dor que Gabriel vinha tentando ignorar veio à tona de uma só vez. Ele sentiu um nó na garganta, como se todas as emoções reprimidas estivessem finalmente encontrando uma brecha para escapar. As palavras de Noah eram como um espelho, refletindo tudo o que ele sentia, mas nunca teve coragem de admitir.
O medo de se entregar.
A dúvida sobre o que realmente queria.
O pavor de perder algo antes mesmo de tê-lo de verdade.
Tudo estava ali.
A música seguiu, cada acorde pesando sobre ele, cada verso trazendo uma nova onda de sentimentos. Gabriel apertou o celular entre os dedos, tentando controlar o turbilhão dentro de si.
Ele nunca esperou que Noah fosse fazer algo assim. Nunca imaginou que alguém poderia se expressar com tanta intensidade por meio de uma canção. E, no entanto, ali estava a prova. Noah não estava indo embora.
Noah estava tentando chegar até ele.
Quando a última nota da música desapareceu no ar, Gabriel permaneceu sentado no mesmo lugar, sentindo seu coração martelar no peito. O silêncio voltou ao quarto, mas ele não parecia o mesmo.
Ele olhou para a tela do celular. O nome de Noah ainda brilhava ali, como um lembrete do que acabara de acontecer.
Ele não sabia o que fazer.
Não sabia se estava pronto para aceitar o que Noah estava oferecendo. Não sabia se conseguiria corresponder a tudo aquilo. Mas uma coisa era certa.
Ele não podia mais fugir.
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Atualizado até capítulo 22
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