Capítulo 7 – Ciúmes e Confusão
A manhã seguinte chegou com um peso inesperado. Gabriel acordou com a sensação de que algo estava prestes a acontecer, algo que ele não poderia controlar. Talvez fosse o medo do que ele sentia por Noah, ou talvez fosse o medo de que Noah começasse a perceber o que estava acontecendo. Mas havia algo ali, algo no ar que ele não conseguia ignorar.
Ele passou alguns minutos encarando o teto antes de se levantar. Seus pensamentos estavam bagunçados, embaralhados entre as tarefas do dia e a confusão que Noah causava dentro dele. Não era como se Gabriel não tivesse gostado de outras pessoas antes, mas nunca foi tão intenso. Nunca foi algo que mexesse tanto com ele a ponto de influenciar seu humor, seus pensamentos e até sua rotina.
Depois de um banho frio para tentar se recompor, ele desceu para tomar café da manhã. Sua mãe já havia saído para o trabalho, e seu pai estava concentrado no jornal, como de costume. Gabriel pegou uma maçã e enfiou na mochila antes de sair para a escola. No caminho, colocou os fones de ouvido, na tentativa de se distrair. Mas nem a música conseguiu afastar os pensamentos que insistiam em girar em torno de Noah.
Ao chegar à escola, ele respirou fundo, tentando se concentrar. Havia o trabalho de história para apresentar, o ensaio para o festival de música e a eterna pressão para tirar boas notas. Mas, em vez disso, seus olhos o traíram e foram direto para um ponto específico do pátio.
Noah estava lá, conversando com outro aluno.
O garoto era um pouco mais alto que Noah, tinha cabelos castanhos bagunçados e um sorriso fácil. Gabriel não sabia quem ele era, mas, naquele momento, isso não importava. O que importava era a forma como Noah sorria para ele. Era um sorriso genuíno, acompanhado de risadas que Gabriel conseguia ouvir mesmo à distância.
Uma onda estranha tomou conta dele. Seu estômago deu um nó, e uma sensação desconfortável se espalhou pelo seu peito. Ele não sabia o que era aquilo, mas não gostava. Não gostava de ver Noah tão à vontade com outro cara. Não gostava do jeito como aquele garoto estava perto demais. E, definitivamente, não gostava do jeito como Noah parecia se divertir tanto.
Gabriel se pegou franzindo a testa e desviando o olhar, irritado consigo mesmo. O que ele estava fazendo? Por que isso o incomodava tanto?
— Ei, Gabriel!
A voz de Laura o trouxe de volta à realidade. Ele piscou algumas vezes e se virou para a amiga, que o olhava com curiosidade.
— Hm? O que foi?
— Eu que pergunto. Você está com essa cara esquisita desde que chegou. Aconteceu alguma coisa?
Ele balançou a cabeça rapidamente.
— Nada. Só estou cansado.
Laura ergueu uma sobrancelha, claramente não convencida.
— Sei… Tem certeza que não tem nada a ver com Noah ali?
Gabriel travou.
— O quê? Claro que não!
— Hm, então você não estava olhando para ele agora?
Ele sentiu o rosto esquentar.
— Eu só… Ele estava rindo alto. Foi só isso.
Laura riu baixinho.
— Ah, claro, faz todo sentido. Você, que estava completamente perdido nos seus pensamentos, magicamente voltou à realidade porque ouviu a risada do Noah.
Gabriel revirou os olhos.
— Para de inventar coisa, Laura.
— Eu não estou inventando nada — ela disse, cruzando os braços. — Você tá na cara que tá com ciúmes.
A palavra fez algo dentro dele se revirar.
Ciúmes? Ele? Isso era ridículo. Ele não tinha motivo para sentir ciúmes. Noah era apenas seu amigo.
Mas então, por que aquele aperto no peito continuava?
— Você tá falando besteira — ele resmungou, pegando sua mochila e indo em direção à sala.
Laura não insistiu, mas ele sabia que ela não tinha caído na desculpa dele.
O resto do dia foi um verdadeiro desastre para Gabriel. Ele tentava se concentrar nas aulas, mas sua mente sempre voltava para a cena do pátio. Cada vez que via Noah, lembrava-se do sorriso dele para o outro garoto, e isso fazia sua paciência ficar cada vez menor.
No almoço, ele decidiu se sentar em um canto afastado, esperando que isso o ajudasse a pensar. Mas sua paz durou pouco, porque Noah logo apareceu ao seu lado.
— Oi, sumido — Noah brincou, sentando-se ao lado dele. — O que foi? Tá com essa cara de quem brigou com o mundo.
Gabriel forçou um sorriso.
— Nada. Só um dia ruim.
— Hm… Então por que você me evitou o dia todo?
Gabriel se encolheu. Ele sabia que Noah perceberia.
— Eu não te evitei. Só estive ocupado.
Noah arqueou uma sobrancelha.
— Sei. E isso não tem nada a ver com o fato de você ter ficado me olhando estranho de manhã?
Gabriel se engasgou com o suco que estava bebendo. Noah riu.
— Tá, agora eu preciso saber. O que foi?
— Não foi nada — ele respondeu rápido demais.
Noah inclinou a cabeça, claramente não convencido.
— Foi por causa do Marcos?
Gabriel piscou.
— Quem?
— O garoto com quem eu tava conversando de manhã. Marcos. A gente tem aula juntos e ele tá pensando em entrar no clube de música.
Então o nome dele era Marcos.
— E daí?
Noah sorriu de lado.
— Nada, só achei engraçado que você ficou estranho depois de ver a gente conversando.
— Eu não fiquei estranho — Gabriel rebateu, rápido demais.
Noah riu de novo.
— Então tá.
Gabriel fechou a cara, mas Noah apenas continuou com aquele sorriso divertido.
— Você fica fofo quando tá com ciúmes.
— Eu não tô com ciúmes!
Noah gargalhou.
— Tudo bem, tudo bem. Se você diz.
Gabriel cruzou os braços e desviou o olhar, ainda sentindo o rosto quente. Ele definitivamente não estava com ciúmes.
Ou estava?
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Atualizado até capítulo 22
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