Capítulo 11 – Distância Dolorosa
O relógio marcava o final da tarde, mas Gabriel ainda estava trancado em seu quarto, com a porta fechada e a luz apagada. O silêncio pesado dentro de si parecia mais ensurdecedor do que qualquer som que pudesse vir de fora. Não conseguia parar de pensar no que acontecera nas últimas semanas, especialmente desde o dia em que a escola toda soubera sobre ele e Noah. Os boatos não paravam de crescer, alimentados por risadinhas e olhares furtivos que ele sentia, mesmo sem ver. Ele queria acreditar que não se importava com a opinião dos outros, mas a verdade era que ele não estava preparado para aquilo.
Ele se jogou na cama e puxou as cobertas sobre a cabeça, tentando bloquear o mundo lá fora. Mas mesmo com os olhos fechados, a mente de Gabriel não o deixava descansar. Ele sentia um nó apertado no peito toda vez que lembrava de Noah. Aquele sorriso, o jeito descontraído de Noah, a maneira como ele sempre parecia tão seguro de si... tudo parecia tão distante agora. Como se ele não fosse mais a pessoa que uma vez teve ao seu lado. Ou talvez fosse Gabriel quem estivesse se afastando.
Ele queria gritar, queria sair dali e se livrar daquela sensação insuportável, mas não sabia para onde iria. Tudo o que ele sabia era que, desde que começara a se aproximar de Noah, ele se tornara mais vulnerável. E agora, essa vulnerabilidade o estava esmagando. Talvez fosse o medo de ser julgado, de ser rotulado, ou até mesmo o medo de decepcionar Noah. Mas o pior de tudo era o medo de estar, finalmente, se apaixonando.
A mensagem de Noah ecoava em sua mente. A sinceridade na voz dele durante a última conversa ainda o atingia. “Gabi, por favor, me escute. Não é nada disso que você está pensando.” Mas tudo o que Gabriel conseguia fazer era fugir para o conforto da sua própria solidão. Ele não conseguia lidar com o que estava sentindo.
Seu celular vibrou na mesa, e Gabriel, por impulso, pegou-o. Era uma mensagem de Noah. O mesmo nome que, por mais que tivesse tentado evitar, ainda fazia seu coração bater mais forte. Ele hesitou antes de abrir a mensagem, como se a simples ação de ler algo de Noah pudesse desmoronar sua resistência.
"Gabi, eu sei que você está fugindo. Mas por favor, vamos conversar. Eu estou aqui para você."
Aqueles simples quinze palavras cortaram Gabriel como uma lâmina afiada. Ele respirou fundo, sentindo um nó apertado em sua garganta. Ele queria responder. Queria gritar, pedir desculpas, ou talvez até desabafar tudo o que estava sentindo. Mas em vez disso, ele só olhou para a tela do celular, sem saber o que fazer.
Foi quando a vibração do telefone o tirou de seu transe. Era uma notificação de uma nova mensagem. Ele abriu e, de novo, era de Noah.
"Eu sei que você está lutando, Gabi. Eu também estou. Mas fugir de nós não vai fazer as coisas desaparecerem."
Aquelas palavras pesavam em Gabriel, mais do que ele queria admitir. Como ele poderia responder a algo tão simples e, ao mesmo tempo, tão complicado? Como ele poderia confrontar seus próprios sentimentos quando tudo o que ele queria era encontrar uma maneira de voltar no tempo e não ter se envolvido com Noah?
Ele pensou nas palavras que Noah dissera anteriormente. “Eu só quero que você saiba que, se algum dia decidir ficar, eu vou estar aqui.” Mas era difícil, muito difícil.
Com a mente bagunçada e os olhos cheios de lágrimas não derramadas, Gabriel finalmente respondeu, em um impulso, apenas para dar fim àquele turbilhão de emoções.
"Eu preciso de espaço, Noah. Não sei como lidar com isso."
A resposta demorou um pouco mais do que o habitual para chegar. Quando finalmente apareceu na tela, não havia palavras de consolo, nem mesmo uma tentativa de retomar a conversa. O que estava escrito era: “Eu vou te esperar, Gabi.”
Gabriel não sabia o que fazer com aquilo. As palavras de Noah não pareciam uma solução, mas ao mesmo tempo, ele não sabia se queria continuar fugindo. Ele queria encontrar um meio termo. Queria ter certeza de que estava fazendo a coisa certa.
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Atualizado até capítulo 22
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