Capítulo 3 – A Melodia do Destino
Gabriel não sabia o que estava acontecendo com ele. Sentia uma confusão crescente toda vez que Noah aparecia perto, e embora tentasse se manter focado, não conseguia evitar o impacto que o novo aluno causava. Noah estava sempre lá, com seu sorriso aberto e uma energia contagiante, que parecia ir contra tudo o que Gabriel era.
Após o desentendimento no último trabalho, algo dentro de Gabriel mudara. Não era apenas a frustração com a falta de controle sobre a situação; havia também uma curiosidade crescente. Ele queria entender Noah, queria saber o que mais havia por trás daquele jeito irreverente e espontâneo. O que Gabriel não percebia era que o que ele sentia era uma mescla de resistência e atração, e isso só o deixava mais perdido.
Naquela manhã, enquanto estava sentado em sua mesa, tentando estudar para as provas finais, a porta da sala se abriu. Era Noah, mais uma vez entrando com sua presença avassaladora, como se fosse impossível não notar quando ele chegava.
— Gabriel! — Noah exclamou, com um sorriso que parecia iluminar toda a sala. Ele se aproximou com passos largos, sem se importar com a atenção que atraía. — Eu sei que você está ocupado, mas temos que conversar sobre o trabalho de música.
Gabriel olhou para ele, e, antes que pudesse protestar, Noah se sentou ao seu lado, sem ser convidado. A sensação de desconforto que Gabriel sempre tinha quando Noah invadia seu espaço aumentava, mas, ao mesmo tempo, ele sentiu uma estranha curiosidade crescer.
— O que foi agora? — Gabriel perguntou, tentando manter a calma. Noah parecia ser o tipo de pessoa que não se importava com os limites.
— Eu estava pensando no nosso tema de música... você já ouviu falar sobre como a música clássica ainda influencia a música moderna? Tipo, o impacto dos compositores clássicos no rock? — Noah disse, falando rápido, animado.
Gabriel franziu a testa, mas não pôde deixar de perceber a paixão nas palavras de Noah. Havia algo genuíno naquele interesse, algo que não podia ser ignorado. Ele não entendia como Noah conseguia falar com tanto entusiasmo sobre um tema que, para Gabriel, parecia apenas mais uma obrigação escolar. Mas, ainda assim, a maneira como Noah falava fez com que Gabriel, mesmo sem querer, se sentisse atraído pela ideia.
— Eu... nunca tinha pensado nisso. — Gabriel admitiu, embora estivesse relutante em demonstrar muito interesse. Mas a verdade era que ele estava, sim, começando a se envolver mais do que queria. Noah parecia ter o poder de tirar Gabriel de sua zona de conforto, e isso o assustava.
— Aí está a graça de trabalhar em grupo! — Noah disse com um sorriso. — Você começa a ver as coisas sob uma nova perspectiva.
Gabriel observou Noah por um momento. Ele nunca tinha visto ninguém tão imerso naquilo que amava. Para Noah, a música não era apenas uma disciplina escolar. Era algo profundo, uma parte de quem ele era, e isso transparecia em cada palavra e em cada gesto.
— Eu sempre gostei de música, mas nunca pensei nela desse jeito. — Gabriel falou, mais para si mesmo do que para Noah.
Foi então que Noah sorriu com mais intensidade, como se estivesse esperando por aquele momento.
— Quer saber o melhor? Eu sou músico. Toco guitarra e compuso algumas músicas. Se você quiser, posso te mostrar uma das minhas músicas. — Noah disse, seu olhar brilhando com uma animação que Gabriel não conseguia entender.
Gabriel olhou para ele, surpreso. A revelação de que Noah era músico parecia fazer todo o sentido agora. Sua confiança, sua energia, tudo parecia se encaixar. Mas, ao mesmo tempo, uma sensação de insegurança começou a crescer dentro de Gabriel. Ele sabia que não estava preparado para esse tipo de mundo.
— Você compõe? — Gabriel perguntou, surpreso.
Noah assentiu com a cabeça.
— Sim, mas eu nunca mostrei minha música para muita gente. Eu tenho vergonha. — Ele deu uma risada nervosa, tentando disfarçar a timidez por trás de sua atitude extrovertida. — Mas, se você quiser, posso tocar algo para você. Vai me ajudar a decidir o que colocar no nosso trabalho.
Gabriel hesitou por um momento. Ele não sabia se estava pronto para entrar nesse território desconhecido, mas a curiosidade falou mais alto. Algo no jeito de Noah o atraía, e ele não queria admitir, mas queria ver mais.
— Eu... posso ouvir. — Gabriel falou, a voz um pouco mais baixa do que o normal.
Com um sorriso satisfeito, Noah pegou a mochila e retirou de lá uma pequena guitarra. Ele a ajustou no banco ao lado de Gabriel, e, com uma naturalidade surpreendente, começou a tocar. As notas flutuaram pela sala, com uma suavidade que quase fez Gabriel perder a respiração. A música era simples, mas cheia de emoção, como se cada acorde fosse uma confissão.
O som da guitarra preencheu o espaço ao redor deles, e por um momento, Gabriel esqueceu-se de tudo. Ele não estava mais na sala de aula, com as obrigações e os medos do futuro. Ele estava imerso na música de Noah, em algo tão puro e genuíno que parecia tirar a tensão acumulada em seu peito. A melodia parecia falar diretamente com ele, como se fosse uma tradução dos sentimentos que ele não sabia como expressar.
Quando Noah parou de tocar, o silêncio na sala foi quase palpável.
— Essa foi uma das músicas que eu compus. Chama-se "Cores do Céu". — Noah disse, um pouco sem fôlego, mas com um sorriso tímido no rosto. — Não é nada de mais, mas... gostou?
Gabriel ficou em silêncio por um momento, ainda processando o que havia ouvido. Ele nunca imaginou que algo tão simples poderia mexer tanto com ele. A música, a maneira como Noah tocava, como ele se entregava ao momento, tudo aquilo parecia criar uma conexão mais forte entre eles. Era como se algo tivesse sido desvendado.
— Foi... incrível. — Gabriel finalmente disse, sem perceber o quanto estava sendo sincero. Ele olhou para Noah, sentindo uma conexão diferente, algo que ele não soubera como definir, mas que não podia ignorar.
Noah sorriu, visivelmente satisfeito com a resposta. Mas, ao contrário do que Gabriel esperava, ele não fez mais comentários. Em vez disso, apenas guardou a guitarra e se inclinou um pouco para frente.
— Acho que esse trabalho vai ser mais interessante do que pensávamos, não? — Noah disse, com aquele sorriso contagiante.
Gabriel não tinha certeza do que estava acontecendo com ele. Ele não queria admitir, mas algo dentro de si estava mudando, e Noah, com sua música e sua presença, era a razão disso. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas uma coisa era certa: ele não conseguiria mais ignorar Noah. E isso o aterrorizava, mais do que qualquer outra coisa.
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Atualizado até capítulo 22
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