Capítulo 1

Paris – fevereiro 1801

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O evento foi organizado com uma atenção meticulosa aos detalhes. O batismo, em si, seria realizado na capela privada da família, onde uma reluzente pia de mármore branco estava pronta para receber a criança. O padre, conhecido por sua eloquência e dignidade, já aguardava no altar, enquanto o diácono preparava os paramentos litúrgicos. A capela, com seus vitrais de cores intensas, se iluminava com a luz suave da manhã, criando um ambiente de santidade e solenidade.

Antes da cerimônia religiosa, os convidados eram conduzidos a um salão adjacente, onde uma mesa adornada com o mais refinado cristal de Baccarat e porcelanas de Sévres estava preparada. O champanhe, servido em taças de vidro soprado, fazia as conversas correrem entre os nobres.

Quando o momento do batismo chegou, a pequena Anna já estava mais acordada, Alexandre Bonnet, irmão de Édouard, tomou o papel de padrinho, ao lado de sua esposa, Amélie, que era amiga próxima da Viscondessa seria a madrinha, um pouco atras, uma criada segurava a pequena Layce – de um ano, filha do casal de padrinhos. Nos primeiros bancos da capela estavam Lorde e Lady Laurent, duas criadas estavam em pé ao lado de Lady Louise Laurent, uma segurando Liam, seu filho primogênito – de seis anos, a outra segurando Félix, o caçula de três.

O padre, com voz firme, batizou a criança, que permaneceu calma, como se sentisse a magnitude daquele evento, envolta na história de sua família e no destino que ela certamente teria. Os presentes se uniram em um coro de orações, os mais próximos até com lágrimas nos olhos, enquanto o padre derramava a água benta sobre a cabeça de Annabelle.

Após o batismo, os convidados retornaram ao salão principal, onde o jantar de gala aguardava. Um banquete luxuoso foi servido, com pratos refinados que incluíam foie gras, aves assadas, lagosta e uma seleção de vinhos tintos e brancos, todos importados das vinhedas mais prestigiadas. Os garçons, vestidos com elegância, serviam os pratos enquanto os convidados degustavam e conversavam sobre a beleza da cerimônia e os prometedores anos que Annabelle teria pela frente.

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O tumulto do batizado havia diminuído, e a casa de Bonnet, que antes vibrava com o riso e as conversas dos ilustres convidados, agora estava silenciosa, com apenas os amigos mais próximos da família remanescentes. A luz suave da tarde filtrava-se pelas cortinas de veludo, dando ao ambiente uma atmosfera tranquila e acolhedora. A pequena Annabelle Bonnet, carinhosamente chamada de Anna, já havia sido alimentada pela ama de leite e dormia serenamente em seu berço, os dedinhos ainda encontrados, como um pequeno e adorável gesto de conforto, dentro da boca.

Simon, com um sorriso discreto no rosto e um brilho nos olhos, pegou o pequeno Liam pela mão, conduzindo-o pela mansão em direção à ala infantil. A criança, com apenas seis anos, olhava com curiosidade para os corredores da casa, seus passos pequenos e apressados tentando acompanhar o ritmo mais lento do pai.

— Vamos ver a noiva, meu rapaz. – Disse Simon, com um tom suave, mas que denotava um toque de orgulho paternal. — A pequena Annabelle, nossa querida, ainda tão nova, mas com um futuro brilhante pela frente.

O quarto de Annabelle ficava no piso inferior da mansão, longe da movimentação do evento, como se quisesse proteger a paz do ambiente de qualquer resquício de agitação. Era um espaço amplo e arejado, com luz natural iluminando os móveis delicados e a decoração suave. A cômoda branca, que dominava um canto do quarto, era ornamentada com detalhes de flores pequenas e um acabamento polido que refletia a luz de forma suave. Uma poltrona estofada com tecido de linho bege estava encostada na parede, próxima ao berço, proporcionando um canto confortável para a mãe ou ama, sempre atentas aos mínimos detalhes da criança.

O armário, em madeira de tom creme, estava cuidadosamente arrumado com as roupinhas delicadas de Annabelle, com tecidos finos e rendas que estavam alinhados com a perfeição. As paredes, forradas com papel de parede lilás, davam um toque de suavidade ao ambiente, enquanto prateleiras cheias de brinquedos coloridos e pelúcias adoráveis se estendiam até o teto, como uma promessa de momentos de brincadeiras e alegria.

No centro do quarto, o berço de Annabelle, feito de madeira esculpida, com delicados detalhes em branco, estava quieto. A pequena, com seus poucos fios de cabelos ruivos e finos, estava deitada tranquilamente, com os olhos fechados, e seus dedos eram sugados como se ainda tivesse fome. Simon sorriu para Liam, que olhava com curiosidade o berço.

— Olha, Liam. – Disse Simon, com um sorriso carinhoso — Esta é a nossa pequena Annabelle. Não parece uma princesa, com esse sono tão doce?

O pequeno Liam, com seus cabelos dourados e olhos brilhantes, aproximou-se cautelosamente, ainda tentando compreender o que estava acontecendo. Simon pegou o filho nos braços, erguendo-o de maneira gentil para que pudesse ver melhor a pequena no berço. Liam, sempre tão inquieto e cheio de energia, ficou em silêncio por um momento, observando a recém-nascida. Simon colocou Liam de volta no chão, permitindo que ele se aproximasse ainda mais do berço.

Liam, com sua expressão de curiosidade ainda imperturbada, deu um passo cauteloso e estendeu a mão pequena em direção ao berço, como se quisesse tocar a mão da pequena Annabelle, Simon observou atentamente, pois Liam ainda era criança, e poderia machucá-la por acidente.

— Ela é tão pequena. – Falou olhando para o bebê, que bocejou. — Ela não tem dentes, terei uma esposa sem dentes? – Perguntou, em um tom de dúvida, fazendo o Simon rir.

— Ela não vai ficar banguela para sempre, Liam, em alguns meses os dentes começaram a nascer. – Respondeu o mais velho.

— Vamos deixá-la descansar, Liam. – Disse Simon, sua voz suave.

Com um último olhar para Annabelle, que já começava a adormecer novamente, Simon guiou Liam de volta para o salão, ciente de que aquele encontro entre o pequeno e a recém-nascida não seria o último, e que, em algum momento futuro, a amizade e o amor entre eles iriam florescer como o mais belo dos vínculos.

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