Capítulo 11-

O domingo finalmente havia chegado, oferecendo um céu claro e ensolarado que anunciava um dia perfeito para um churrasco na casa de Edgar. Glace estava animada com a possibilidade de passar um tempo com os amigos e saborear o delicioso churrasco preparado por ele. Ela se levantou cedo, tomou um banho refrescante e vestiu cuidadosamente sua roupa que havia comprado para a ocasião.

Enquanto se aprontava, Glace também dedicou o tempo necessário para arrumar Geovana, sua adorável filha que tinha os cabelos loiros cheios de cachos. Após trocar e vestir a pequena, Glace encontrou um adorável laço de fitas e cuidadosamente o prendeu nos cachos dourados de Geovana. A menina era realmente encantadora, com uma pele clara, olhos azuis brilhantes e cachos loiros que emolduravam seu rosto de forma angelical.

Apesar da microcefalia de Geovana, suas características encantadoras muitas vezes faziam com que as pessoas nem percebessem a sua condição. As duas estavam simplesmente impecáveis, e Glace sentiu-se orgulhosa ao observar a beleza da sua filha. Satisfeita com o resultado, ela colocou Geovana em sua cadeirinha no banco de trás do carro e, após garantir que tudo estava pronto, ambas partiram rumo à casa de Edgar. A expectativa de um dia agradável na companhia de bons amigos enchia o coração de Glace enquanto elas seguiam viagem.

Ao chegar à casa de Edgar, Glace foi calorosamente recebida por ele e por Catarina, e seus colegas advogados, e ficou feliz em ver que todos os outros colegas de trabalho estavam presentes no churrasco. Também estava presente Arthur, pai de Geovana, que há seis meses não teve nenhum contato com a filha, e agora estava acompanhado por sua namorada Mariza.

Ao ver Geovana pela primeira vez, Arthur ficou encantado com a beleza da garotinha de seis meses. Apesar de seus pais sempre terem dito que Geovana era muito linda, Arthur tinha uma imagem diferente dela em sua mente, pensando que a aparência da criança seria afetada pela microcefalia.

Foi Mariza quem cumprimentou Glace primeiro, e pela primeira vez, Arthur sentiu vergonha por ainda não conhecer sua própria filha.

— Glace, Geovana é tão linda, uma princesa. Meu Deus, ela é encantadora. — disse Mariza, admirada com a beleza da menina.

Catarina concordou com Marisa:

— Realmente, Mariza, ela é uma bonequinha. Geovana e Liz têm a mesma idade, nasceram no mesmo dia.

Edgar, visivelmente envergonhado, cumprimentou Glace:

— Olá, Glace. Há quanto tempo. Como vocês duas estão?

Glace, que nunca foi rancorosa, respondeu com calma:

—Tudo bem, Arthur, comigo e com a minha filha.

Inês, que havia saído pela porta da sala principal com Liz no colo, dirigiu-se para a área da churrasqueira e ficou chocada ao ver Glace. Ela jamais conseguiu esquecer Glace, e sua fisionomia ainda estava nítida em sua mente desde o dia em que houve a troca das bebês na maternidade. Inês lembrava claramente do susto de Glace quando o médico revelou que Geovana tinha nascido com microcefalia. No entanto, ela também recordava vividamente o carinho e amor que Glace recebeu Geovana depois do susto. O tempo poderia passar, mas Inês jamais esqueceria Glace. Paralisada, Inês olhou para Glace com Geovana nos braços.

_ Inês traga Liz mais perto para que ela possa conhecer Geovana. Elas nasceram no mesmo dia.— disse Catarina.

—Sim, senhora.— respondeu Inês, aproximando-se com Liz nos braços. Sua expressão estava pálida.

— Edgar, a sua filha é tão linda. Liz está quase do mesmo tamanho que Geovana. comentou Glace.

Inês ainda atordoada pelo encontro se aproximou de Catarina e disse:

— Senhora você pode me acompanhar por um instante, por favor preciso de uma orientação.

— Claro Inês, algum problema você está pálida demais não está se sentindo bem?

— Na realidade não me sinto bem senhora.

— Entrega Liz para Edgar um momento, vamos lá dentro.

Catarina percebeu a palidez de Inês e decidiu acompanhá-la até o escritório, pois ficou preocupada com a saúde da funcionária. Ao entrar, Inês trancou a porta, deixando Catarina ainda mais apreensiva. O que seria tão sério a ponto de fazer Inês trancar a porta? Pensou Catarina.

— Inês, você está me deixando preocupada. O que será tão grave para que você tenha precisado trancar a porta? Parece que viu um fantasma disse Catarina, tentando acalmar Inês.

— Seria bom se fosse um fantasma, mas sabe essa moça, Glace, mãe de Geovana? — perguntou Inês.

—Sim, mas o que tem ela? —questionou Catarina.

Inês, com uma expressão preocupada, revelou:

—A Glace foi a mulher que deu à luz a bebê que foi trocada por Liz. Geovana é sua filha, senhora.

Catarina ficou chocada. Ela sabia que a situação era grave e não queria acreditar.

—Inês, você só pode estar confusa. Minha filha nasceu com microcefalia e Geovana não aparenta ter nenhum traço de uma criança assim.— retrucou Catarina.

Inês, com determinação, respondeu:

—Não é confusão, senhora. Tenho certeza do que estou falando.

Catarina, atordoada com a revelação de Inês, começou a sentir um mal-estar. Ela notou a semelhança de Geovana com ela mesma, a garotinha de pele clara e cabelos loiros cacheados. Catarina começou a chorar, mas suas lágrimas eram de emoção.

— Inês, Geovana é quase perfeita. Ela não parece doente, é muito mais bonita que Liz. Estou profundamente arrependida de ter feito a troca dos bebês.— disse Catarina, com a voz embargada pela emoção.

Inês, temendo as consequências, tentou acalmar Catarina:

— Senhora, por favor, se controle. Não há como voltar atrás. Se fizermos isso, todos seremos presos. O que fizemos foi um crime terrível.

Catarina soluçou, tentando conter as emoções conflitantes dentro dela. Ela precisava tomar uma decisão, mas não sabia por onde começar. A revelação de Inês havia abalado a sua vida e tudo o que ela pensava conhecer. A confusão em sua mente parecia insuperável.

Mais Inês tinha razão, era tarde demais para retroceder, agora ela tinha que se conformar em viver longe da sua filha biológica.

Catarina agora enxugou as lágrimas e tentou se acalmar.

Voltou para junto dos outros, e um sentimento avassalador fez com que ela chegasse perto de Glace e pedisse para segurar Geovana nos braços.

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