Capítulo 5 – O Limite Entre Dois Mundos
O céu estava coberto por nuvens pesadas quando Lucas acordou naquela manhã. Ele não conseguia dormir, sua mente ainda presa ao encontro com Gabriel e às palavras de seu pai, Alaric. A tensão estava em todo lugar, e cada passo que ele dava parecia mais difícil do que o anterior. Os preparativos para a defesa da alcateia estavam em pleno andamento, mas ele não conseguia afastar a sensação de que algo maior estava em jogo. Algo que não dizia respeito apenas aos vampiros ou aos lobos, mas a ele, pessoalmente.
Ele se levantou da cama e, sem querer, olhou pela janela de sua cabana, observando a floresta que se estendia à sua frente. O lugar onde ele e Gabriel se encontraram parecia distante, como um sonho distante. Mas a conexão que eles compartilhavam, a sensação de que estavam ligados por algo mais profundo, mais forte que qualquer lealdade, era real. E Lucas sabia que não podia ignorá-la por muito mais tempo.
Sem falar com ninguém, ele pegou seu manto e saiu apressado em direção ao lago, determinado a encontrar Gabriel. Ele precisava entender o que estava acontecendo dentro de si, e talvez, se estivesse com Gabriel, pudesse encontrar alguma resposta.
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Enquanto isso, Gabriel também enfrentava seus próprios dilemas. Ele sabia que Lucas havia voltado para sua alcateia, e o peso da promessa de manter a distância o atormentava. No entanto, cada vez que ele se afastava do lago, da floresta, algo o puxava de volta, como um ímã invisível. Algo sobre Lucas o fazia sentir-se vivo de uma maneira que ele nunca havia experimentado.
O ar estava denso na Cidadela de Obsidiana, e Gabriel sabia que seus pais estavam começando a ficar desconfiados. O comportamento dele havia mudado, e os membros do Conselho estavam mais vigilantes. Mesmo sua mãe, Isolde, que sempre o apoiou, parecia tensa, como se soubesse que ele estava escondendo algo importante.
“Você não pode continuar com isso, Gabriel,” disse ela numa noite, enquanto ele estava em seus aposentos, tentando organizar seus pensamentos. “Você está brincando com fogo. A guerra que se aproxima não é algo que você pode ignorar.”
Gabriel olhou para sua mãe, seus olhos com um brilho de determinação. “Não é sobre a guerra, mãe. É sobre algo mais. Algo que eu... sinto.”
Isolde suspirou, aproximando-se dele. “Eu sei o que você sente. Mas o amor entre um lobo e um vampiro... não tem futuro. Eu vivi o suficiente para saber que, no final, é sempre a lealdade que prevalece. Você vai ter que escolher.”
Essas palavras ecoaram na mente de Gabriel enquanto ele caminhava pelas ruas de pedra da cidadela, em direção à floresta. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que fazer uma escolha. A lealdade à sua espécie ou ao que estava crescendo dentro dele. Mas enquanto seu coração o guiava em direção a Lucas, sua razão lhe dizia que isso era uma loucura. E, no fundo, ele sabia que a escolha não seria fácil.
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O encontro entre os dois aconteceu ao cair da noite, como se o universo os tivesse conspirado para se reunirem naquele momento. Lucas estava na mesma clareira perto do lago, seus olhos varrendo a paisagem na esperança de ver Gabriel. E então, entre as sombras, ele apareceu. Seu cabelo negro brilharam à luz da lua, e seus olhos prateados refletiam a mesma intensidade que Lucas sentia em seu peito.
"Você veio," Gabriel disse, sua voz suave, mas carregada de um peso que Lucas podia sentir no ar.
"Eu não podia mais ficar longe," Lucas respondeu, seu coração batendo mais rápido. "Está acontecendo algo. Algo que eu não posso controlar. Não posso ignorar."
Gabriel se aproximou lentamente, como se não quisesse assustá-lo, mas sua presença era inconfundível. “Eu também sinto o mesmo. Algo está nos puxando, e não sei se é bom ou ruim, mas não posso negar o que sinto por você.”
Lucas olhou profundamente nos olhos de Gabriel, sentindo que, ali, com ele, talvez pudesse ser ele mesmo, sem as máscaras que sua alcateia e sua família esperavam. “Mas isso... Isso não é simples. Nossos mundos nunca vão aceitar isso. Eu... eu não sei o que fazer.”
Gabriel tocou seu ombro com uma leveza inesperada, como se quisesse tranquilizá-lo. "Talvez não precise fazer nada agora. Talvez tudo o que precisamos fazer é viver o que sentimos, sem medo."
Aquelas palavras fizeram Lucas hesitar. Ele sabia que havia muita coisa em jogo, mas o peso de suas responsabilidades, de sua família, de sua própria identidade, começou a se dissipar ao se deixar levar pela calma que a presença de Gabriel trazia.
Mas antes que pudesse responder, uma sombra os envolveu. Um uivo cortou a noite, mais próximo do que o habitual. Eles se afastaram instantaneamente, os sentidos de Lucas alertas. Ele olhou para a direção do som, e seus instintos o avisaram que algo estava errado.
"Vamos precisar de um lugar seguro," Lucas disse, puxando Gabriel pela mão. "A alcateia está se aproximando. Eles não vão entender isso."
Gabriel olhou para ele com preocupação, mas sabia que Lucas tinha razão. "Então, vamos."
Juntos, eles correram pela floresta, sem se importar para onde estavam indo. Tudo o que importava era que estivessem juntos, nem que fosse por um momento fugaz. Mas a realidade estava se aproximando rapidamente. Eles não podiam continuar assim por muito tempo, e ambos sabiam disso.
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Ao voltar para a aldeia, Lucas tentou se esconder entre as árvores, mas seus irmãos estavam mais atentos do que nunca. O cerco estava mais apertado, e os vampiros pareciam estar mais próximos do que jamais estiveram. Ele não sabia o que seus pais planejavam, mas algo dentro dele dizia que a guerra estava prestes a começar.
Naquela noite, enquanto a lua cheia iluminava o céu, Lucas se deitou, mas não conseguiu dormir. O que ele sentia por Gabriel não podia ser ignorado, mas ao mesmo tempo, sabia que essa paixão poderia ser o estopim de uma guerra entre os dois mundos.
O limite entre o lobo e o vampiro estava mais tênue do que nunca, e Lucas estava prestes a ser testado como nunca antes.
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Em um canto escuro da Cidadela, Gabriel também estava sozinho. Seus olhos estavam fixos na lua que brilhava lá fora, como se ele soubesse que, naquele momento, o destino de todos os seres estava prestes a mudar. Ele se perguntava até onde a lealdade poderia levá-lo. E até onde o amor seria capaz de desafiá-la.
Ambos estavam à beira de algo irreversível, e o tempo estava se esgotando.
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Atualizado até capítulo 51
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