Um Gênio Renasce em Outro Mundo como uma Raposa Lendária
- Uau, não acredito, ele venceu um campeão mundial de xadrez! - diz uma mulher impressionada.
- Ele é realmente um gênio!
- Ouvi dizer que ele se formou na escola com 10 anos.
- Ele é o futuro do país!
- Gravem bem o rosto dele com a câmera, ele vai ser o futuro desse mundo!
Bem no meio de uma multidão de adultos histéricos, se encontra um garoto, parado de frente para um tabuleiro de xadrez, do outro lado do tabuleiro, está um velho, encarando o tabuleiro com um olhar de espanto e medo. Perder para uma criança deve ser um choque muito grande.
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- Você não pode sair, fique aí e estude! - grita um homem irritado, fechando a porta na cara do rapaz.
Esse homem que acabou de gritar com ele é o pai do rapaz, mas não o de verdade. Quando ele era criança, morava em um orfanato, até que um dia ele chegou e o adotou, mas não antes de fazer um teste de QI com ele, o que mostrou que ele tem um Qi de 154.
O sonho dele é ser o pai de um gênio, isso se deve ao fato dele próprio pai não ter sido capaz de ser um gênio, então ele transferiu o sonho dele para o garoto. Meio idiota, mas fazer o que?
Com a porta fechada, e ele fica ali, parado sem saber bem o que fazer. Ele se vira e volta para a cama, como ele não tem celular, acredita que a melhor coisa a se fazer é ler algum livro.
Enquanto caminha até a cama, ele acaba passando em frente a um espelho e vê seu reflexo nele. Ele se olha com desgosto, afinal, não gosta muito da própria aparência. Não exatamente do rosto, mas do cabelo, ele é todo branco. Alguns acham bonito, mas ele sente que esse cabelo só o faz parecer um velho prestes a morrer.
“A Jornada do Rei”, ele adora esse livro, embora antes o odiasse.
Conta a história de um rapaz jovem da floresta que acabou descobrindo que era filho de um rei, e que partiu em uma jornada de aventura para recuperar o seu reino. Ele o adora porque o livro fala de uma grande aventura, mas antes eu o odiava, porque fazia ele perceber o quanto sua vida é deprimente.
Ser trancado em um quarto dia e noite, com o argumento de que tem que estudar para entrar na melhor faculdade, mesmo que no momento ele só tenha 12 anos. O pai também nunca age como um pai, ele no máximo age como instrutor linha dura que bate na mão do aluno se ele responder errado.
O garoto também nunca teve permissão de ir para a escola, afinal o pai dizia que todos lá não estão no nível dele. A única vez que ele teve contato com uma escola, foi quando foi fazer um teste de aptidão para poder se formar direto.
Ele também não tem livre acesso à internet, porque o pai se certifica que única que ele possa fazer nela é estudar.
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Enquanto lê, ele acaba vendo um tabuleiro de xadrez na escrivaninha ao lado da cama. Xadrez é a coisa que mais o diverte. O rapaz aprendeu como jogar em um livro e depois começou a fazer batalhas simuladas contra si mesmo.
Depois, sempre que tinha oportunidade, entrava no computador do pai e jogava mundo a fora na internet, claro, isso até o pai descobrir, mas no final, o pai reconheceu isso como uma atividade de alto valor e o obrigou a praticar e a competir. Desde então, não tem sido mais tão divertido.
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Uma vida bem triste, e ele tem plena consciência disso, mas aprendeu a lidar com isso, ele não sabe quando, mas em algum momento, ele só parou de se importar, só isso. Isso se expressa em outra coisa que ele não gosta em seu rosto, o fato de que ele nunca sorri, chora, nem mesmo fica irritado, só fica com uma expressão neutra.
O rapaz aprendeu a deixar a vida apenas o levar, simplesmente desistiu dessa vida.
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- Escute com atenção, esse campeonato de xadrez vai receber atenção da mídia, você será visto e reconhecido como um gênio e futuro da nação até mesmo pelas massas comuns, não se atreva a falhar. Ouviu bem? - o pai pergunta isso com a expressão habitual dele, olhos sérios e sem empatia.
- Sim – ele responde sem expressão.
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- Incrível! Um rapaz de apenas 12 anos acaba de vencer o campeão mundial!
- Owwwooooo!
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Os gritos das pessoas, as comemorações, até mesmo o pai dele fingindo um sorriso enquanto apertava a mão de pessoas importantes na plateia, nada disso comovia o garoto, ele apenas ficou ali, olhando o tabuleiro, sentindo vontade de jogar mais um pouco, mas sabendo que não vai poder:
- Hum, que tédio... - ele diz olhando para o teto.
- (...)
- Hum, o que?
Ao voltar seu olhar de volta para a plateia ao redor, ele percebe que todos agora estão em silêncio, parados de forma estática e olhando para o teto:
- Isso... é algo combinado? – pergunta o pequeno garoto.
(Tum).
O som o assusta e ele se vira, vendo que o cameraman deixou a câmera dele cair no chão, mas ninguém reagiu, apenas continuaram a olhar para cima:
- O que... Pai!
Ele só volta para seu pai, mas para seu espanto, o pai dele também está apenas encarando o teto. O rapaz, de forma pragmática começou a olhar os arredores, tentando não perder a compostura:
- Várias pessoas olhando para cima, se isso não uma pegadinha... Talvez seja um tipo de surto coletivo, ou hipnose...
Com a mão no queixo, ele tenta pensar, isso enquanto aproveita os espaços entre as pessoas para sair da roda de gente o mais rápido possível, afinal, ele sabe que aquilo não é normal e que tudo pode acontecer.
Assim ele sai do meio da multidão, indo em direção da saída:
- Será que é uma doença... Não, isso perece ainda menos provável, sem falar que todas as hipóteses levam a mesma pergunta. Por que eu sou o único não afetado?
- Porque eu estou aqui por você!
- (...)
Uma voz surge, uma grave e estranha, como aqueles com efeito que você coloca no computador. O rapaz, inicialmente pasmo, se vira. Bem cento da multidão de pessoas, onde fica o tabuleiro, uma criatura humanoide gigante, com o corpo feito a algo semelhante a um monte de gosma preta, o encara, com um rosto que tem apenas uma boca grande e dentes afiados.
A visão deixa o rapaz travado, substituindo sua expressão neutra por uma de completa surpresa:
- Você disse... que veio até aqui por mim? - ele pergunta.
- Sim.
- Você que fez isso com todos aqui?
- Eu só estou fazendo isso com você.
- Apenas comigo?... Isso aqui... está acontecendo na minha cabeça?
- Passou perto, é em um lugar mais profundo do que na sua mente.
- (...) Você diz isso literalmente ou figurativamente?
- Faz diferença?
- Hum... Tuchê.
Por algum motivo, mesmo diante da fera, o rapaz continua com a mão em seu queixo enquanto tenta achar uma resposta plausível para essa situação, já a criatura, vendo o desdenho que o rapaz tem por ela, começa a rir, assim roubando novamente a atenção do rapaz:
- Ok, melhor se fizermos um trato.
- (...) Que tipo de trato?
- Vamos jogar xadrez, afinal você estava com vontade de jogar mais, né? Se você ganhar, eu conto tudo que quiser saber, quem sou, de onde venho, porque estou aqui, porque você está aqui, e depois vai me fazer um favor.
- E se você vencer?
- Você vai só me fazer um favor, sem mais nada.
- Em resumo, a única coisa que eu ganho são respostas, e no fim vou ser obrigado a te fazer um favor independente do resultado.
- Não, você pode recusar o favor, mas vai acabar morrendo.
- Então você vai me matar?
Em resposta, a criatura apenas alarga seu grande sorriso, fazendo o rapaz ficar novamente em meio aos seus pensamentos:
- Acho que essa é uma pergunta que só vai ser respondida se eu ganhar, né?
- Precisamente.
O rapaz, agora voltado seu olhar para a criatura:
- No que me diz respeito, você pode ser o próprio demônio, me diga, o que te faz pensar que eu teria coragem ou estupidez o bastante para jogar xadrez com o demônio?
- O fato de que você nunca acreditou nesse tipo de coisa.
- Esse fato pode ser contestado baseado no princípio de que eu estou tendo a prova nesse exato momento da existência de um demônio.
A criatura, diante de tamanha perspicácia do rapaz, começa a rir novamente. Dessa vez ela alonga seu pescoço como se fosse uma gelatina, levando seu rosto para bem perto do rapaz:
- Eu não sou um demônio, mas se eu for, significa que você já deve estar no inferno, então me diga gênio de uma geração, o que você tem a perder?
- (...) Não posso contestar essa lógica.
Voltando a ter a mesma expressão inexpressiva de sempre, o rapaz começa a andar novamente para o centro da multidão, enquanto a criatura o segue de perto com o pescoço esticado.
Ao chegar no centro, ele vê a criatura diminuir seu próprio tamanho e se acomodar no acento onde estava o senhor que ele derrotou anteriormente:
- Já tomei a liberdade de arrumar o tabuleiro, e então, vamos jogar? - pergunta a criatura, fazendo um único e grande olho surgir na testa dela.
O rapaz diante disso, vai até o seu acento e se senta, olhando para o grande o olho do monstro:
- Que nojo.
Continua...
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Atualizado até capítulo 21
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