A Sem teto

Capítulo 8

Angely foi até a cozinha, deu o dinheiro para Fausta e falou: "Está tudo bem, minha linda Fausta." Naquele segundo, pensou em avisar, mas ficou com medo. Viriato tinha acabado com sua vida; por causa dele, ela foi morar na rua, comia comida que os outros davam ou que pegava das lixeiras. Ela precisava sair dali, pois sabia que Viriato tinha contatos com pessoasq muito ruins. Na hora em que o viu, subiu a raiva, mas agora ela podia pensar melhor.

Então, falou: "Não, dona Angely, está tudo bem, sim. Obrigada."

Angely respondeu: "Tá bom, então você pode ir para não ficar. A parte da louça eu e Evita lavamos."

Falou "tá bom" e saiu para o banheiro.

Fausta trocou de roupa, fazendo de tudo para não ser vista por Viriato. E segundos depois que Fausta saiu, ele entrou na cozinha.

Viriato falou para Angely: "Estava conversando com alguém, meu amor?"

Angely respondeu: "Sim, com a Fausta, a senhora que veio cozinhar."

Quando Angely falou o nome Fausta, ele ficou com uma expressão séria e até preocupado.

Angely perguntou: "O que foi, meu amor? Aconteceu alguma coisa?"

Viriato respondeu: "Nada, amor," e deu um sorriso sem vontade para disfarçar. Disse: "Vamos voltar para a mesa, que nossos amigos estão nos esperando."

Angely disse: "Tudo bem, amor, vamos."

De volta à mesa, Viriato não conseguia se concentrar no jantar; estava distante.

Fausta deixou a mansão de Angely com a consciência pesada, pois queria avisar a dona Angely, mas não queria problemas nem com Carmela nem com Viriato.

Já tinha limpado da sua mente essa parte de sua vida, mas o passado veio no cenário mais improvável para lhe assombrar.

Ela fez a viagem de ônibus toda lembrando que foi dona de uma loja de utensílios e que vendia muito bem. Não chegava a ser rica, mas tinha dinheiro para se manter até conhecer Viriato; ele era lindo.

Pelo jeito, ele estava estudando a vida dela, pois os empregados disseram que ele só aparecia quando ela estava na loja. Começou a puxar assunto e, de início, Fausta não deu muita atenção, só que ele sabia como chegar até ela. Daí, ele ficou sabendo que ela era sozinha por opção, não tinha filhos, era filha única e não tinha mais familiares vivos.

Ele foi fazendo Fausta se encantar por ele. Eles se casaram e ele fez Fausta assinar uma procuração onde dava plenos poderes a ele. Quando ele já estava com tudo em suas mãos, tomou tudo de Fausta e chamou a polícia para tirá-la dali.

Fausta começou a morar na rua e, com a ajuda de uma senhora chamada Noêmia, foi bastante ajudada. Como Noêmia era conhecida ali, ninguém mexia com Fausta. Fausta descobriu que estava grávida. Noêmia falou que ela tinha que colocar essa criança na porta de gente rica, pois não seria bom ficar com ela na rua. No dia em que Arthur nasceu, Noêmia a ajudou no parto. Fausta ficou muito triste de deixar aquela criança. Ela conseguiu escrever um bilhete, pois a mulher de uma padaria da região emprestou para Noêmia um papel e uma caneta.

No papel, Fausta escreveu: "Por favor, cuida bem do meu bebê, eu o amo. Se puder, chame-o de Arthur." Ela colocou uma pulseira que era da sua mãe junto com o papel que foi com bebê, um cobertor que a dona da padaria deu com pena de Fausta para enrolar o bebê.

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