A Sem teto v

Capítulo 5

Conrad, de vez em quando, lançava olhares para Aila. Ao chegarem à igreja, ele a deixou e disse:

— Toma meu cartão com meu número de celular. Quando você terminar, me liga.

Aila, um pouco envergonhada, respondeu:

— Eu não tenho celular.

Conrad retrucou:

— Putz, mas tudo bem, eu tenho um celular corporativo aqui. Pode ficar com ele.

Aila respondeu:

— Não precisa disso, eu vou de ônibus.

Conrad perguntou:

— Qual é mesmo o seu nome?

Aila respondeu:

— Me chamo Aila.

Conrad insistiu:

— Aila, aceita, senão minha mãe vai ter um treco

Aila deu um sorrisinho que, por um instante, deixou Conrad um pouco desconectado.

Ela disse:

— "Tá bom, obrigada," e se virou para subir a escadaria da igreja.

Conrad a observou enquanto ela subia as escadas e percebeu como Aila era linda, uma garota com curvas marcantes. Nesse momento, seu olhar se desviou para uma figura que estava ali; um rapaz bem bonito parou e ficou olhando Aila subir também. Isso deixou Conrad irritado.

Ela nem percebeu. Entrou na igreja e sentiu uma emoção intensa, pedindo força a Deus, ao lembrar de seus pais.

Logo depois, Aila avistou Silvana, que organizava os eventos na igreja.

Silvana exclamou:

— "Minha linda! Que bom que você veio! Pensei que não apareceria, mas..."

Aila respondeu:

— "Não posso deixar de vir. O que faço aqui me faz bem e é uma forma de sentir um pouco a presença dos meus pais."

Como eles adoravam fazer isso, mesmo que fosse pouco, era algo que os deixava felizes.

Aila estava com os olhos vermelhos e Silvana a abraçou, dizendo:

— "Minha filha, sei que a dor que você sente não é fácil."

Silvana continuou:

— "Mas toda vez que lembrar deles, foque nas partes felizes que vocês compartilharam, não nas tristes. Tenho certeza de que eles não querem te ver sofrendo. Ore por eles."

Aila, ainda abraçada a Silvana, disse:

— "Obrigada."

— "Vamos ajudar quem precisa, senão não vou conseguir parar de chorar aqui."

Silvana sorriu e respondeu:

— "Vamos lá."

No carro, após Aila entrar na igreja, Conrad tentava se enganar, pois não queria aceitar o que sentia por Aila. Ele pensou:

— Essa garota acha que me engana, fazendo-se de santa. Só minha mãe para acreditar que ela realmente vai fazer uma boa ação. Garota nova, linda, deve sair pela porta dos fundos da igreja e ir para alguma balada.

Ele ligou o carro para sair, mas não conseguiu. Sua curiosidade falou mais alto e ele decidiu entrar na igreja. Perguntou onde estava o evento de caridade. Ao chegar, viu uma cena que o tocou profundamente: Aila estava alimentando uma menina pequena, de cerca de 4 anos. A menina parecia suja, e Aila a colocou em seu colo, falando com carinho.

Conrad percebeu que algumas pessoas já tinham notado sua presença, temendo que Aila o visse. Ele saiu da igreja e voltou para o carro.

Conrad murmurou para si mesmo:

— Essa menina é surpreendente.

Ele ficou no carro esperando Aila por um bom tempo. Como já imaginava, Aila não ligou para ele.

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