Fim de Décadas de Paz

Clara narrando

Minha vida segue numa rotina sem grandes emoções. Meu trabalho me consome o dia, e agora com muitas mudanças de Governança. Sai de uma zona de conforto, para uma verdadeira zona de guerra de conhecimento.

Tenho agora dois chefes, cada um me puxa para um lado e estou totalmente exausta, e ao mesmo tempo muito feliz por todo aprendizado que estou tendo.

Trabalho dia todo e a noite ainda estou mergulhando em todos os cursos que estão ao meu alcance. Me sinto exausta e renovada.

Mais uma dia se inicia. Correria de manha para levar as meninas para escola. E chegar no trabalho cedo. Na verdade eu não tenho horário fixo, mas sou daquelas que chego antes de todos e saio depois de todos. Péssimo costume que adquiri ao longo dos anos. Gosto da minha paz matinal. De ter um momento para escutar minha música, ouvir meus podcast do dia, tomar meu café da manhã em paz.

Tudo seguindo seu ritmo natural, quando vejo ao meu lado, no trânsito, uma pessoa sorrindo. Já tinha visto essa pessoa outras vezes. Mas dessa vez percebi que ele me seguia. Sorria. Entrava e saia na frente do meu carro. Achei estranho mas algo em mim acendeu um alerta. Não medo, mas um alerta...

Ele entrou no estacionamento de uma empresa, mas antes buzinou... pensei: Foi pra mim? Somente sorri e segui meu caminho.

Nos dias seguintes, mudei meu caminho e horário por conta da escola das crianças, e não vi mais aquela pessoa.

Alguns dias se passaram e eis que de repente, parada no farol, escuro uma buzina. Olho para o lado. Um vidro abaixado e alguém com uma placa na mao: ADORO SUA ALEGRIA MATINAL.

Meu Deus, eu pensei: Oi? Comigo? e simplesmente sorri.

A pessoa troca a tal placa, na verdade uma folha de sulfite, escrita a mao: EU SABIA QUE VOCÊ IA SORRIR!

Eu fiquei sem reação, mas era tão inusitado, tão estranho, tão diferente e ao mesmo tempo tão gostoso, que eu simples cai na risada.

Então a pessoa troca novamente a folha : COMPARTILHA SUAS PLAYLIST COMIGO?

Não sei expressar o que senti naquela hora. Olhei aqueles olhos pretos, aquele sorriso cativante, e ouvi as buzinas dos dos carros atrás. Somente fiz um NÃO com o dedo e segui. Ele me seguindo. Sorrindo.

Confesso que eu estava com as pernas bambas, dirigindo por dirigir, meio sem chão... e pensando: O que foi isso? Uma cantada? Na minha idade? Como assim?

Cheguei no trabalho meio zonza e juro que passei o dia nas nuvens.

Na minha idade, não que eu seja velha, tenho apenas 45 anos, mas com a vida amorosa resolvida, filhos adolescentes, fora de qualquer aventura, um acontecimento assim é muito estranho. Eu não sabia como agir e nem o que pensar. Foi como voltar aos 16 anos, os primeiros olhares, as primeiras paqueras.

Enfim só me restou sorrir.

Narrado por Roberto

Estava desesperado sem ver minha loira por alguns dias. Fazia o mesmo caminho, ia mais cedo e nada. Até que resolvi parar em outro lugar, e então avistei seu carro vindo. Fui atrás. E só Deus sabe de onde tirei coragem de escrever numas folhas de sulfite para chamar a atenção dela. Ok, Ok, coisa de adolescente, mas eu não tinha outra forma de abordar essa mulher. Não sei nada da vida dela. Onde mora, como chama... eu estou desesperado.

E ganhei meu dia! Ela sorriu lindamente. Até soltou uma gargalhada com minhas tais plaquinhas idiotas hahahaha

Mas foi só. Aproveitei para pegar a placa do carro dela e tentar saber ao menos o nome dela. E fui atrás das informações.

No dia seguinte segui ela até o local de trabalho e descobri enfim onde era.

Vocês devem estar me achando um louco, psicopata, mas não sou nada disso. Eu simplesmente após tantos anos, estou totalmente apaixonado por alguém cantando e sorrindo, que só vejo de longe há muito tempo e agora decidi tentar conhecer. Só isso. E vou conseguir falar com ela, não sei como. Mas vou.

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