capítulo 17: Confissões e conflitos

Alicia entrou em casa e fechou a porta com força, como se pudesse deixar seus problemas do lado de fora seu coração ainda batia acelerado, e as palavras de Heitor ecoavam em sua mente.

Ela subiu as escadas rapidamente, mas ao entrar na sala, encontrou Sophia no sofá a irmã estava de pernas cruzadas, mexendo no celular, mas levantou os olhos assim que viu Alicia.

— O que houve? — perguntou Sophia, franzindo o cenho. — Você está com uma cara péssima.

— Não é nada — respondeu Alicia rapidamente, desviando o olhar.

— Alicia... — Sophia se levantou, indo até ela. — Por mais que você seja a dona do morro, ainda é humana e acima de tudo, minha irmã eu te conheço, você sabe que pode desabafar comigo.

Alicia hesitou por um momento, mas o olhar insistente de Sophia a desarmou.

— Vem comigo — disse por fim, subindo as escadas e entrando em seu quarto.

Sophia a seguiu e se sentou na beira da cama, esperando pacientemente Alicia deitou, encarando o teto como se as respostas estivessem gravadas ali respirou fundo antes de começar.

— Tudo começou na noite daquela maldita invasão... — disse, a voz saindo mais baixa do que queria. — Quando eu hesitei em matar Heitor e Caio.

Sophia ficou em silêncio, apenas ouvindo.

— Eu não sabia o que tinha me dado, mas algo me impediu,e depois... no baile... ele apareceu. — Alicia fechou os olhos por um momento, revivendo cada detalhe. — Nós nos beijamos eu lutei contra isso, mas acabei cedendo.

Sophia arregalou os olhos.

— Vocês se beijaram?

— Não foi só isso... — Alicia continuou, ignorando a interrupção. — hoje mais cedo na praia, eu o encontrei de novo parece que ele sempre sabe onde eu estou,ele me beijou outra vez, e eu deixei mais do que isso... eu quis.

Sophia ficou boquiaberta, mas manteve o foco.

— E depois?

— Depois eu entrei em pânico me senti como se estivesse traindo tudo o que construí aqui. — Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Alicia, e ela rapidamente a limpou. — Eu não sei o que está acontecendo comigo.

Sophia segurou a mão dela, apertando de leve.

— Alicia... o que você sente por ele?

Alicia fechou os olhos e deixou escapar:

— Eu não sei só sei que meu coração acelera toda vez que o vejo,que eu penso nele mesmo quando não deveria e que, por mais que eu lute, não consigo evitar sentir coisas por ele.

Sophia sorriu suavemente.

— Isso se chama paixão, irmã.

Alicia balançou a cabeça.

— Eu não posso me apaixonar por ele,ele é policial Sophia ele deveria ser meu inimigo.

— E você deveria ser a inimiga dele, mas ele também sente algo por você,caso contrário já teria te matado.— Sophia apertou mais a mão dela. — Por mais que vocês estejam em lados opostos, isso não apaga o fato de que vocês são humanos,quem sabe isso seja o destino mostrando que além da guerra pode surgir o amor.

— Eu tenho medo — confessou Alicia, deixando escapar outra lágrima. — Medo de me permitir viver isso e acabar perdendo tudo,como perdemos nossos pais... perder ele também.

— A vida é feita de riscos, Alicia e, às vezes, a gente precisa se permitir sentir, viver não dá para controlar o coração,e nossos pais morreram para nós salvar e eles se amaram até o último minuto.

Alicia olhou para a irmã, absorvendo aquelas palavras parte dela ainda queria fugir, mas outra parte, talvez a mais verdadeira, queria lutar por aquilo.

— O que eu faço? — perguntou, quase num sussurro.

— Você escuta o seu coração — respondeu Sophia com um sorriso gentil. — E decide se vale a pena arriscar até porque se você decidir amar não vai ser fraca aí sim você vai ser mais forte pois vai ter motivos para vencer.

Alicia fechou os olhos, sentindo o peso das palavras da irmã talvez fosse hora de parar de lutar contra si mesma e, pela primeira vez, deixar o coração decidir o próximo passo.

Assim que Sophia saiu do quarto, Alicia ficou em silêncio, sentada na cama, encarando o vazio as palavras da irmã ecoavam em sua mente.

"Escuta o seu coração."

Ela respirou fundo, sentindo o peito apertar como poderia escutar seu coração quando ele parecia estar em guerra com sua razão?

Levantando-se, Alicia foi até o banheiro precisava de um banho para acalmar a mente ao ligar o chuveiro, deixou a água quente cair sobre seu corpo, relaxando seus músculos tensos.

Mas a tranquilidade durou pouco assim que fechou os olhos, a imagem de Heitor invadiu seus pensamentos.

O jeito como ele a olhava, como se enxergasse além das muralhas que ela tanto se esforçava para manter o toque firme e ao mesmo tempo delicado dele o calor dos beijos.

Ela sentiu a respiração acelerar ao lembrar das mãos dele explorando seu corpo,seu coração pulsava descompassado, e Alicia precisou se apoiar na parede do chuveiro para se manter firme.

— Maldito Heitor... — murmurou para si mesma.

A sensação de estar fora de controle a deixava frustrada ela sempre foi forte, nunca permitiu que ninguém a abalasse mas ele... Ele conseguiu atravessar todas as suas barreiras.

Terminou o banho apressadamente, tentando afastar os pensamentos enrolou-se na toalha e foi até o quarto, pegando uma roupa leve e confortável prendeu os cabelos em um coque alto e respirou fundo diante do espelho.

"Você não pode fugir disso para sempre."

As palavras de Sophia ecoaram de novo, e Alicia balançou a cabeça, tentando afastá-las.

— Você consegue, Alicia. — Disse para o próprio reflexo. — Concentração.

Desceu as escadas e seguiu para a cozinha, preparando um almoço rápido comeu sozinha, em silêncio, mas a comida parecia sem gosto sua mente estava longe, perdida na lembrança de Heitor.

Quando terminou, levantou-se decidida precisava voltar para a boca já tinha passado a manhã inteira fora, e seu lugar era lá, no comando pois se passasse muito tempo fora as coisas saiam do controle.

Pegou as chaves da moto e saiu determinada mas, no fundo, sabia que, por mais que tentasse, Heitor continuava dominando seus pensamentos.

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