O carro blindado subiu o morro em alta velocidade, os pneus cortando a lama deixada pela chuva Alicia mantinha o olhar fixo na estrada, enquanto Luiza verificava as armas e Erick se mantinha em silêncio no banco de trás ele ainda estava machucado, mas vivo e isso era tudo que importava no momento.
Assim que chegaram ao morro, os aliados de Alicia vieram ao encontro deles alguns estavam feridos, outros ajudavam os companheiros que haviam sido atingidos durante o ataque do BOPE,o clima era tenso, o cheiro de pólvora ainda impregnava o ar, e Alicia sabia que aquilo estava longe de acabar.
Ela saiu do carro com firmeza, seus olhos vasculhando o terreno para avaliar os danos Erick desceu logo atrás, ainda cambaleando, mas determinado a parecer forte.
— Me ajuda a entrar com ele — Alicia disse para Luiza, que imediatamente passou o braço de Erick por cima do ombro e o guiou até o galpão onde ficava o escritório.
Assim que entraram, Alicia apontou para uma cadeira.
— Senta aí.
Erick obedeceu, deixando escapar um gemido de dor ao se sentar Luiza já estava pegando o kit de primeiros socorros, mas Erick não tirava os olhos de Alicia.
— Eu... — Ele começou a falar, mas Alicia ergueu a mão para interrompê-lo.
— Não agora, Erick.
— Mas eu preciso falar — insistiu ele, a voz carregada de emoção. — Eu pensei que ia morrer lá dentro, Alicia e a única coisa em que consegui pensar foi em você.
Alicia cruzou os braços, mantendo a expressão firme, mas algo nos olhos dela vacilou por um segundo.
— Erick...
— Eu te amo, Alicia sempre amei desde o primeiro dia em que te vi tomando o controle desse lugar, desde quando você me salvou da primeira vez,e agora, você fez isso de novo,eu sempre deixei claro meus sentimentos por você e reafirmo que vou te esperar o tempo que for nescessário.
Luiza olhou de canto, percebendo o clima, mas continuou mexendo no kit de primeiros socorros, tentando dar espaço, mesmo estando no mesmo ambiente.
Alicia respirou fundo, passando a mão pelos cabelos molhados pela chuva ela deu um passo à frente, ficando cara a cara com Erick.
— Não é hora pra isso — A voz dela saiu mais fria do que pretendia. — Eu acabei de arriscar a vida de todo mundo para te tirar de lá você acha que posso parar agora para falar de sentimentos? Eu sou responsável por várias vidas aqui então se concentre em ficar bom só isso.
— E por que não? — Erick rebateu. — A vida é assim, Alicia a gente não sabe se vai estar vivo amanhã e eu precisava dizer isso.
— Pois deveria ter guardado pra outro momento ou até mesmo outra pessoa — respondeu, cortando-o com firmeza. — Porque agora o que eu preciso é que você se recomponha e ajude a cuidar dos nossos tem gente lá fora machucada, sangrando, e você quer falar de amor?
O silêncio caiu sobre a sala Erick fechou os olhos, parecendo lutar contra a dor física e emocional Luiza olhou para Alicia com um misto de respeito e preocupação,pois apesar da dureza dela com Erick ela jamais deu esperança a ele sempre deixou claro que só o via como irmão.
— Alicia... — Luiza começou, mas Alicia ergueu a mão novamente.
— Não ,agora não. — Ela se virou para Erick. — Você é forte, eu sei disso então levanta dessa cadeira, trata os seus ferimentos e vai cuidar dos nossos homens Porque o BOPE não vai aceitar essa derrota,eles vão voltar, e nós precisamos estar prontos.
Erick assentiu, engolindo as palavras que queria dizer sabia que ela estava certa haveria tempo para sentimentos depois se é que haveria um depois.
Alicia saiu da sala, deixando Erick para Luiza terminar de cuidar dele ela subiu até seu escritório, pegou uma toalha e secou o rosto por um instante, permitiu-se sentir o peso do que havia acontecido.
Erick estava vivo, mas o preço daquela invasão tinha sido alto,e agora ela sabia que Heitor e Caio não iriam parar eles voltariam e da próxima vez, viriam com tudo.
Com esse pensamento, Alicia pegou o rádio e começou a dar ordens, preparando o morro para a guerra que estava prestes a recomeçar.
Erick estava sentado em um canto do escritório, com Luiza terminando de limpar os cortes em seu rosto o silêncio entre eles era pesado, preenchido apenas pelo som do pano úmido passando por sua pele Luiza era precisa e firme, mas Erick sentia que havia algo a mais por trás do olhar atento dela.
— Pronto — disse Luiza, guardando o kit de primeiros socorros. — Agora tenta não se meter em confusão por pelo menos um dia.
Erick soltou um riso seco.
— Difícil prometer isso vivendo aqui. — Ele ergueu os olhos para ela. — Luiza... posso te perguntar uma coisa?
— Se for rápido, sim ainda tenho que cuidar de mais gente. — Ela cruzou os braços e se encostou na mesa.
Erick hesitou por um segundo antes de soltar a pergunta.
— Por que a Alicia é assim? Tão... fechada? Tão incapaz de deixar alguém chegar perto dela?
Luiza respirou fundo e desviou o olhar por um instante.
— Porque ela teve que ser assim — respondeu, finalmente. — A vida dela não deu escolha.
— Eu sei o que aconteceu com os pais dela — disse Erick, tentando entender. — Mas isso já faz anos ela tem você, tem a Sophia... ela sabe que pode confiar em vocês,por que não consegue abrir o coração para mais ninguém?
Luiza o encarou, agora com um olhar duro.
— Erick, você não faz ideia do que ela passou. — Sua voz era cortante. — Eu estava lá eu vi o que aquela garota teve que fazer para manter a irmã viva vi a forma como ela teve que lutar todos os dias para não ser esmagada pelo sistema, pela violência, pelo medo Alicia carrega o peso de uma guerra inteira nos ombros,e amor... — Ela balançou a cabeça. — Amor não é algo que cabe na vida dela pelo menos não por enquanto,ela abriu mão de si mesma para cuidar da irmã e de todo esse morro aqui então por favor não fala que você entende porque ninguém jamais cai entender o que ela passou e passa todos os dias.
Erick ficou em silêncio por alguns segundos, digerindo as palavras.
— Então você está dizendo que eu deveria desistir? Que eu deveria esquecer o que sinto por ela?
Luiza soltou um suspiro cansado.
— Seria melhor pra você. — Ela se inclinou para frente. — Alicia não vê você do jeito que você quer que ela veja ela te respeita, talvez até goste de você, mas como irmão você é família pra ela, Erick e nada vai mudar isso então se conforme e vida com isso.
— Você não entende — ele rebateu, a voz carregada de emoção. — Eu amo a Alicia de verdade,não importa o quanto ela tente me afastar, eu sempre vou estar aqui por ela.
— E é exatamente por isso que você vai sair machucado — disse Luiza, com franqueza. — Porque ela não vai retribuir isso,Alicia não acredita em amor pra ela, o amor é fraqueza é algo que ela não pode se dar ao luxo de ter, talvez quando ela encontra o homem certo ela pense sobre isso mais até lá ela vai ser essa Alicia dura e fria.
Erick abaixou a cabeça, passando as mãos pelo cabelo em frustração.
— Eu não posso simplesmente parar de sentir isso — disse ele, a voz quase um sussurro. — Eu conheço cada cicatriz dela, Luiza sei o quanto ela é forte, mas também sei que, por trás dessa armadura, existe alguém que só precisa ser amado.
Luiza balançou a cabeça, cruzando os braços novamente.
— Talvez você esteja certo talvez exista alguém assim dentro dela,mas não acho que você seja a pessoa que vai conseguir quebrar essa armadura.
Erick levantou o olhar, determinado.
— Eu vou provar que você está errada.
Luiza deu um sorriso fraco e balançou a cabeça.
— Boa sorte com isso. — Ela pegou o kit de primeiros socorros e foi em direção à porta. — Mas não diga que eu não avisei.
Quando Luiza saiu, Erick ficou sozinho no escritório ele fechou os olhos e encostou a cabeça na cadeira, tentando ignorar a dor em seu peito,sabia que Luiza tinha razão, mas também sabia que não estava disposto a desistir tão facilmente.
Mesmo que isso significasse ter o coração partido.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Vivi M ❤️
vixi agora doeu mais que as feridas do corpo
2025-03-29
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