Tudo que Eu Precisava Era Você
A FUGA
Camila
mãe eu não aguento mais
Camila
todos os dias ele me bate fala que vai me matar
Camila
O pior não é nem ele e sim os traficantes do Miguel e o agiota do pai
Josefina
Eu sei filha mais não é culpa do seu pai nem do Miguel
Josefina
O seu pai foi enganado
Josefina
E o seu irmão foi manipulado pelo Henrique
Camila
eu sei mais eu não posso mais ir deitar a saber que pode ser a última noite
Camila
vou encontrar uma maneira de tirar a nossa família desse inferno
Josefina
não faça isso Camila o Matias não vai gostar disso
Josefina
sabe que se, o Matias achar-te
você provavelmente vai morrer filha
Camila
ele não vai-me achar aqui, eu vou para o Brasil
Camila
Quando eu conseguir passar na emigração eu volto para buscar vocês
um despertador começa a tocar indicando a hora 15:30
Camila
eu tenho que ir mãe, o Matias está prestes a chegar
Camila andava com muita pressa, pois sabia que se não estivesse em casa seria espancada
já em casa Camila não perde tempo e começa a cozinhar uma refeição para Matias que chegaria às 16:00
Matias
CAMILA VEM AQUI AGORA
Camila
oi meu amor o que aconteceu
Matias
JÁ FEZ A MINHA JANTA
Camila
sim, já vou-lhe servir
Matias
SENTA AI E FICA QUIETA
Camila já sabia que não poderia desobedecer o Matias então ela se senta e em silêncio ela observa o Matias comer
A casa estava mergulhada em um
silêncio estranho, o tipo de silêncio que gritava tensões não ditas.
Camila recolhia os pratos da mesa
enquanto sentia os olhos de Matias
cravados nas suas costas.
O cheiro do frango assado ainda pairava no ar, mas o ambiente parecia sufocante.
Camila
Esfriou rápido, não é?
- Ela comentou, tentando soar casual.
Matias não respondeu. Apenas empurrou a cadeira traz com um rangido e ficou em pé, pegando um copo de vinho pela metade.
Camila sentiu o seu coração acelerar. Sabia que o
silêncio dele era um prelúdio, um aviso que algo
estava por vir.
Matias
Você não acha que exagerou no sal hoje?
- Ele finalmente disse, a voz baixa, mas carregada de desdém.
Camila congelou por um segundo antes de se virar.
Camila
Eu... posso tentar melhorar amanhã.
Camila
talvez tenha sido o caldo de legumes...
Matias
sempre com uma desculpa não é?
— matias interrompeu, dando um passo à frente. Ele balançou a cabeça, o copo ainda na mão.
Matias
Não sei como consegue errar algo tam. simples, Camila
Ela engoliu em seco, sentindo o calor subir pelo rosto.
Camila
Eu sinto muito. Não era minha intenção...
antes que pudesse terminar, ele arremessou o copo contra a parede.
O som vidro se estilhaçando reverberou pela cozinha como um tiro.
Camila deu um salto para trás, as mãos instintivamente subindo para proteger o rosto.
Matias
NÃO ERA SUA INTENÇÃO?! SEMPRE É ASSIM COM VOCÊ!
— ele gritou, os passos largos se aproximando dela.
Camila
Por favor, Matias...
— ela tentou recuar, mas sentiu as costas baterem contra a pia. Não havia mais para aonde ir.
Ele agarrou seu braço com força, os dedos Pressionando a sua pele eram como garras.
Matias
VOCÊ ACHA QUE ISSO É UMA BRINCADEIRA?
Matias
QUE EU VOU ATURAR SUA INCOMPETÊNCIA PARA SEMPRE?
Camila mordeu o lábio para não gritar de dor. suas mãos temiam enquanto tentava se soltar,
mas ele a segurava firme, o rosto tão próximo do dela que ela podia sentir o cheiro do álcool em sua respiração.
Camila
Eu... eu não vou errar de novo, prometo.
Camila
só me solta, por favor...
sua voz saiu trêmula, quase um sussurro
Por um momento, ele a encarou, o rosto contorcido de raiva. Então, de repente, a soltou com um empurrão que a fez tropeçar.
Matias
Vai limpar essa bagunça
— ele disse, apontando para os cacos de vidro no chão.
Matias
E da próxima vez, tenta fazer algo direto.
Camila ficou imóvel, com as pernas Tremulas. Ela observou enquanto ele saía da cozinha, pegando a garrafa de vinho na mesa antes de Desaparecer no corredor. Só é então permitiu porque as lágrimas escorrem silenciosamente por seu rosto.
Ela se abaixou para recolher os cacos, Cada Fragmento refletindo Um pedaço Da vida que sentia Estar despedaçando, mas a cada dia.
Camila A ajoelhou-se no chão frio da cozinha, Seus dedos tremendos Enquanto Recolhia cuidadosamente os cacos do copo quebrado.
Cada o fragmento Parecia ecoar A Fragilidade da sua própria vida. Sua respiração estava Pesada, irregular, Mas ela tentou manter o Controle.
Choros poderiam ser ouvidos, mas não agora. Não enquanto ela ainda estivesse em casa.
O som distante da TV sendo ligado na sala era um alívio temporário. Ela sabia que, por ora, matias estava distraído. mesmo assim, o medo permanecia, latejante como um coração acelerado.
um pequeno corte abri-se em seu dedo enquanto pegava um pedaço mais afiada do vidro. Ela arfou baixinho, observando uma gota de sangue formar-se na ponta do dedo.
Camila
( Não faz barulho )
Camila
( Não de a Ele mais razões )
terminando de limpar o chão, ela jogou os cacos no lixo e pressionou o dedo contra um guardanapo. Encostou-se na pia é respirou fundo, Tentando acalmar o Turbilhão em sua mente.
Sentia-se é encurralada, como o animal preso em sua jaula Que parecia encolher a cada dia.
No bolso da calça, o telefone vibrou. um único toque, Disgrato mais o suficiente para acelerar seu coração novamente.
Ela tirou o celular devagar, com os olhos fixos na entrada da cozinha, Certificando-se de que matias não estivesse por perto.
Era uma mensagem de clara, sua amiga de infância.
clara
* Você está bem? A oferta ainda está de pé. quando quiser sair daí, me avise. posso te buscar. *
Camila encarou a tela por um longo tempo. Clara sabia o que estava a acontecer, ou pelo menos desconfiava.
Mas Camila nunca teve coragem de aceitar ajuda. O Medo de fracassar, de ser descoberta, a paralisação.
De repente, um barulho alto veio da sala. Uma garrafa sendo derrubada no chão.
— a voz de Matias ecoou, carregada de irritação.
Ela guardou o celular no bolso rapidamente, o coração disparando.
Respondeu, com a voz um pouco mais alta do que pretendia.
Enquanto caminhava para a sala, uma ideia passou por sua mente. Talvez hoje fosse diferente. Talvez hoje ela finalmente aceitasse a ajuda que Clara oferecia.
Camila encontrou Matias esparramado no sofá, a garrafa vazia ao lado. Ele gesticulava com impaciência para a TV.
Matias
Esse controle não funciona. Traga outro
ordenou, sem nem olhar para ela.
Ela o observou por um instante, os olhos fixos na figura que um dia havia prometido protegê-la.
Tudo o que sentia agora era um vazio esmagador, misturado a uma faísca de determinação que ela mal reconhecia.
respondeu, girando nos calcanhares em direção ao quarto.
Ao entrar, fechou a porta e Encostou-se nela, tirando o celular novamente. Com os dedos trémulos, digitou:
Camila
* Clara, venha-me buscar. Hoje *
Ela hesitou por um momento, mas antes que pudesse mudar de ideia, apertou enviar.
Era um pequeno passo, mas um passo que sentia como um grito contra o silêncio que a sufocava.
Camila esperou até a casa ficar mergulhada no silêncio profundo do sono de Matias.
O som dos roncos vindo da sala a tranquilizou o suficiente para começar seus preparativos.
Com a lanterna do celular iluminando o quarto escuro, ela abriu uma pequena mala que havia escondido no armário meses atrás.
dentro, colocou algumas roupas, uma escova de cabelo, o pouco dinheiro que conseguirá esconder, e o documento que Clara havia conseguido para ela:
um passaporte falso com um nome que soava estranho em sua boca, mas que agora era sua única identidade.
Olhou ao redor do quarto uma última vez. As paredes abafavam o peso de tantas memórias, boas e ruins, mas Camila sabia que, se não partisse agora, não haveria mais oportunidades.
Quando saiu de casa, o frio da madrugada a envolveu. Ela andou rápido até o final da rua, onde Clara esperava em um carro pequeno, com os faróis apagados.
- Camila sussurrou ao entrar no carro, a voz embargada pela emoção.
Clara sorriu, apertando sua mão por um breve momento antes de pisar no acelerador.
clara
Nunca duvidei que você me chamaria um dia.
O plano era simples, mas arriscado: dirigir até a fronteira entre o Uruguai e o Brasil em Santana do livramento, onde Clara conhecia um contanto que podia facilitar a passagem.
O caminho pela estrada deserta era longo, mas elas mal falavam. Camila ficava a alternar entre olhar para trás, como se esperasse ver os faróis do carro de Matias,
E encarar a estrada à frente, onde a liberdade parecia tão próxima e tão distante ao mesmo tempo.
Camila
Eles são rigorosos na fronteira?
Perguntou Camila, quebrando o silêncio.
Clara hesitou antes de responder.
clara
Depende. Por sorte, o Marcelo está de plantão hoje.
clara
Ele costuma ajudar gente que precisa, mas... tem um preço.
— Camila perguntou, mesmo sabendo que mal tinha o suficiente.
Clara não respondeu imediatamente, desviando os olhos para o retrovisor.
clara
Ele não cobra só dinheiro. Às vezes quer favores... Mas eu já resolvi isso.
clara
Só precisamos chegar lá.
já era quase amanhecer quando o carro parou próximo a uma pequena estrada de terra, longe da movimentada rua principal.
Elas caminharam até um pequeno posto improvisado, onde Marcelo, um homem de meia-idade com um cigarro pendendo dos lábios, as esperava encostado em uma camionete.
Marcelo
Então, essa é a amiga desesperada?
- ele disse, olhando Camila de cima a baixo.
Camila tentou não recuar, sentindo os olhos dele analisarem cada detalhe.
clara
Você vai ajudar ou não?
Marcelo deu uma risada baixa e apagou o cigarro na sola do sapato.
Marcelo
Ajudo. mas ela tem que saber que, se for pega do lado de lá,
Marcelo
não sabe meu nome. e você, Clara, me deve outra.
Camila assentiu, a sua garganta seca demais para formar palavras.
Marcelo
Ótimo. Subam na camionete.
O trajeto pela estrada de terra foi curto, mas cada minuto parecia eterno.
Quando Marcelo parou o carro perto de um cerca baixa, ele gesticulou para que Camila descesse.
Marcelo
Está vendo aquela trilha ali?
Ele apontou para um caminho estreito entre as árvores.
Marcelo
É só seguir direto.
Marcelo
A fronteira não tem fiscalização por aqui.
Marcelo
Quando atravessar, continue andando até chegar na cidade.
Marcelo
Santana do livramento é segura o suficiente para você se misturar.
Camila assentiu novamente, sentindo uma mistura de alívio e terror.
disse Clara, abraçando-a rapidamente.
Camila queria acreditar, mas as palavras de Clara eram um eco distante enquanto ela caminhava pela trilha.
Cada passo parecia mais pesado, e o silêncio da floresta ao redor era quebrado apenas pelo som dos seus próprios sapatos sobre as folhas secas.
Quando finalmente imergiu na estrada do outro lado, a luz do sol nascente banhou o seu rosto.
Ela estava no Brasil. Um alívio quase insuportável tomou conta do seu corpo, mas ela não podia parar agora. Ainda precisava encontrar um lugar seguro.
E assim. Camila deu os primeiros passos para uma nova vida, com a promessa silenciosa de que nunca mais deixaria ninguém controlar a sua liberdade.
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