QUEBRA DE ROTINA

Tiago estava na sua rotina habitual, ou seja, no mais absoluto silêncio do seu apartamento.
A manhã fria se infiltrava pelas frestas das janelas fechadas, mas ele mal notava.
Estava debruçado sobre o seu caderno, escrevendo sem rumo, quando alguém bateu à porta com força.
Júlia
Júlia
Tiago, sou eu, Júlia
Julia era sua irmã, uma das poucas pessoas que ainda insistia em aparecer de vez em quando.
Relutante, ele abriu a porta. Júlia entrou rapidamente, carregando uma mala e a sua habitual energia irredutível.
Júlia
Júlia
Você vive mesmo como um ermitão hein?
Júlia
Júlia
Mas hoje tenho uma proposta que você não vai recusar.
Tiago franziu o cenho, já desconfiando.
Tiago
Tiago
Não estou interessado, Júlia
Júlia
Júlia
Ah, nem sabe o que é!
Ela colocou a mala no sofá e começou a falar.
Júlia
Júlia
Escuta, tem uma casa no interior que um amigo meu empresta de vez em quando.
Júlia
Júlia
Fica num lugar lindo, cheio de paz e silêncio.
Júlia
Júlia
Eu pensei
Júlia
Júlia
O Tiago precisa sair desse buraco onde ele vive.
Júlia
Júlia
E cá estou
Júlia
Júlia
Vou te levar até lá.
Tiago suspirou, já se preparando para recusar. Mas Júlia continuou.
Júlia
Júlia
Nem tenta me convencer do contrário.
Júlia
Júlia
Vai fazer bem pra você, irmão.
Júlia
Júlia
É só por uns dias, longe do barulho, longe da cidade.
Júlia
Júlia
E o melhor? Ninguém vai te incomodar.
Por mais que odiasse mudanças de rotina, algo no tom de Júlia o fez hesitar.
Talvez fosse a maneira como ela olhava para ele, com genuína preocupação.
Após um longo silêncio ele cedeu.
Tiago
Tiago
Tá bom. só uns dias.
Dois dias depois, Tiago e Júlia estavam na estrada, atravessando as paisagens verdes do interior.
O carro sacudia nas estradas de terra enquanto Júlia falava sem parar, mas Tiago mal ouvia.
Estava perdido em seus pensamentos, imaginando como seria aquele lugar.
Finalmente, chegaram. A casa era simples, feita de madeira, cercada por árvores e arbustos que pareciam lutar para crescer desordenadamente.
Era isolada, com apenas uma trilha que levava à propriedade. Havia outra casa mais adiante, quase escondida pelas árvores, mas parecia desabitada.
Júlia
Júlia
É aqui
disse Júlia, parando o carro.
Júlia
Júlia
Fique tranquilo.
Júlia
Júlia
Vou te deixa com comida suficiente pra um mês.
Júlia
Júlia
mas volto em uma semana pra ver como você está.
Tiago entrou na casa, observando o ambiente. Era aconchegante, com uma pequena lareira, móveis rústicos e um cheiro de madeira envelhecida.
Júlia deixou algumas instruções rápidas antes de se despedir, deixando Tiago sozinho.
nos primeiros dias, Tiago evitou sair. O silêncio da casa era quase confortável, mas algo no ambiente o deixava inquieto.
Durante uma de suas raras caminhadas pelo quintal, ele viu sinais de movimento na casa próxima.
Luzes que piscavam à noite e uma cortina que se mexia.
certa tarde, enquanto coletava lenha, ouviu passos atrás de si. Virando-se rapidamente, viu uma mulher parada na borda da trilha que conectava as duas casas.
Camila
Camila
• Oi... desculpe assustar você •
Tiago hesitou. A mulher era jovem, com cabelos castanhos presos de forma apressada e um olhar misto de desconfiança e curiosidade.
Camila
Camila
• Eu... moro na casa ao lado.•
Camila
Camila
• o meu nome é Camila. •
disse ela, dando um passo hesitante.
Camila
Camila
• Você é...? •
Tiago
Tiago
Tiago
respondeu ele, com a voz baixa.
Por um momento, os dois ficaram em silêncio. Camila parecia estudar o Tiago, mas sem invadir a sua bolha.
Camila
Camila
• Não esperava que alguém estivesse por aqui. •
Camila
Camila
• geralmente é bem vazio.•
Tiago apenas assentiu, sem saber o que dizer. Algo na postura dela parecia desconfiado, como se ela estivesse esperando ser interrogada.
Camila
Camila
• desculpe-te incomodar. •
Nos dias seguintes, Tiago cruzava com Camila ocasionalmente pela trilha.
Ela parecia sempre ocupada, carregando caixas ou mexendo no jardim da casa.
Aos poucos, ele começou a perceber que algo estava errado. À noite, ela trancava as janelas e deixava as luzes apagadas.
Durante o dia, frequentemente olhava por cima do ombro, como se esperasse por alguém.
Finalmente, numa manhã em que Tiago cortava lenha, Camila apareceu novamente, com um rosto mais sério.
Camila
Camila
• Tiago, posso te pedir um favor? •
Ele hesitou, mas assentiu.
Camila
Camila
• Se alguém vier aqui procurando por mim... Não diga que me viu. •
Camila
Camila
• Por favor. •
Tiago
Tiago
Quem... está te procurando?
ele, sentindo o peito apertar.
Ela mordeu o lábio, como se não quisesse dizer mais.
Camila
Camila
• É complicado. •
Camila
Camila
• O meu ex... ele não aceitou o término... •
Camila
Camila
• Só quero garantir que estou fora do radar dele. •
Tiago ficou em silêncio, tentando processar. Ele nunca foi bom com pessoas, muito menos com situações complicadas.
Mas havia algo em Camila, Talvez a vulnerabilidade em seu olhar. que o fez querer ajudar.
Tiago
Tiago
Tá... Eu não vou dizer nada.
respondeu com a voz firme.
Ela respondeu aliviada.
Camila
Camila
• obrigada. E, se precisar de algo, pode me chamar.•
Naquela noite, enquanto olhava pela janela da pequena casa, Tiago viu Camila cruzar rapidamente o quintal, com uma lanterna na mão.
Algo naquela cena o inquietou. Ele sabia que Camila escondia mais do que dizia.
E pela primeira vez em muito tempo, sentiu que talvez fosse necessário sair de sua zona de conforto para entender o que realmente estava acontecendo.
[ dias antes ]
Matias estava sentado no banco da praça central, o sol da tarde aquecendo seu rosto, mas sua paciência começava a se esgotar.
Havia dias que ele vasculhava a cidade, perguntando discretamente em cafés, pousadas e mercados sobre Camila.
Sempre recebia respostas negativas, olhares confusos, ou pior, silêncio.
Ele passou os dedos pela tela do celular, lendo novamente a mensagem anônima que havia recebido naquela manhã:
???
???
Vi Camila indo para Porto Alegre. Ela estava perguntando sobre ônibus para lá.
O seu estômago se contorcia de frustração e dúvida.
Quem teria enviado aquilo? Por que alguém se daria ao trabalho de avisá-lo?
Podia ser um jogo, uma tentativa de despistá-lo, mas... E se fosse verdade?
Porto Alegre fazia sentido. Era uma cidade grande, cheia de gente.
Se Camila realmente quisesse Desaparecer, aquele seria um bom lugar para começar.
Matias apertou o telefone com força.
Matias
Matias
Não adianta correr. Camila. Eu vou-te achar
murmurou para si mesmo, a raiva pulsando sob a sua pele.
Ele levantou do banco, decidido.
De volta ao pequeno quarto de hotel onde estava hospedado, Matias começou a organizar a sua próxima jogada.
Primeiro, ligou para um de seus contatos em Porto Alegre, um conhecido que tinha experiência em "resolver problemas" de forma discreta.
Matias
Matias
Preciso que você fique de olho na rodoviária e nos hotéis baratos
Matias
Matias
próximos ao centro.
disse ele, tentando soar calmo.
Matias
Matias
Estou procurando alguém.
Matias
Matias
Uma mulher, alta, cabelos escuros, sotaque uruguaio.
Do outro lado da linha, o homem riu.
???
???
Tá me pedindo pra procurar uma agulha no palheiro.
???
???
Matias, Porto Alegre não é uma vila.
Matias
Matias
Só faça o que estou pedindo, Pago o quanto for necessário.
Após encerrar a ligação, Matias começou a traçar seu plano.
Estava convencido de que, se Camila não estivesse em Porto Alegre ainda, ela chegaria em breve.
Ele se imaginava encontrado-a sozinha, vulnerável, e o pensamento o encheu de satisfação.
Matias
Matias
Ela precisa entender que ninguém me abandona.
Dois dias depois, Matias estava na rodoviária de Santana do Livramento, pronto para pegar o próximo ônibus para Porto Alegre.
Durante a espera, ele revisava mentalmente os últimos meses, tentando entender como Camila tinha conseguido escapar tão bem.
Era irritante admitir, mas ela havia sido mais esperta do que ele imaginava.
Escondia-se bem, evitava padrões, e ele sabia que não era coincidência.
Clara deve ter ajudado. Essa ideia o, enfurecida, mas ele preferiu guardar a sua energia para o momento certo.
Quando o ônibus finalmente chegou, Matias entrou, sentando-se próximo à janela.
O motor roncou é, enquanto as luzes da cidade desapareciam ao longe, ele sentiu um misto de frustração e determinação.
Matias
Matias
Não importa quanto tempo demore. Eu vou encontrá-la.
Durante a longa viagem, Matias começou a questionar a veracidade da pista.
A cada quilômetro que passava, a sua mente oscilava entre a certeza De quê estava no caminho certo e a paranóia de quê tudo era uma armadilha.
Mas ele sabia uma coisa. Camila não conseguia fazer isso sozinha. Ela não tinha o dinheiro. Nem os contatos.
Alguém está ajudando ela. Essa ideia O corroia, aumentando a sua raiva.
Quando finalmente chegou a Porto Alegre, Matias estava cansado, mas não parou. Seguiu direto para o centro, onde encontrou o seu contato em um bar discreto.
???
???
Nada ainda
???
???
A Rodovia Tava Cheia Hoje, Mas ninguém com essas Características apareceu.
Matias sentiu a frustração crescer como uma tempestade. Ele não queria aceitar que havia sido enganado, mais uma dúvida começou a se Formar em sua mente.
Matias
Matias
Continue procurando. Ela pode estar aqui só se escondendo bem.
O homem deu de ombros, mas assentiu. Matias sabia que a busca estava longe de terminar.
♧ Pequena informação o Tiago entende espanhol só não consegue falar em espanhol, já a Camila tava entendendo ele Pelas ações que ele demonstrava quando ele disse que ia ajudaria a Ali se visse alguém Parecia que Ele estava concordando com ela. ♧

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