Cap.8 VOLTANDO PARA CASA

MATHEUS 

A Sigo até a casa, nós entramos e vejo a casa simples, porque será que o marido não veio? Deixa a esposa e os filhos se mudarem sozinhos para outro estado. É no mínimo estranho! Entramos rapidamente e procuro o porão com a lanterna do celular, pois a energia elétrica já era!

Assim que nos acomodamos, ela fala do carro e da moto. Estamos tão concentrados um no outro que nem vimos o garoto sair. Corro escada a cima e vou procurá-lo. Ele só pode ter ido ao carro pegar algum brinquedo, como dissemos que o carro poderia desaparecer, ele resolveu buscar o que é precioso para ele.

Eu o acho e ele está procurando algo no banco de trás.

Matheus _ O que está fazendo? É perigoso Mateo, o furacão está vindo!

Mateo_ Eu não posso perder! É a única coisa que restou dele!

Ele tira uma bandeira americana do carro e pelo formato que está dobrada, eu percebo o que aconteceu.

Matheus _ É do seu pai?

Mateo _Sim! 

Matheus _ Vamos! 

Eu o pego no colo e bato a porta do carro. Ele se agarra ao meu pescoço com a bandeira firmemente agarrada ao seu peito, e os olhos cheios de lágrimas. Coitado deve sentir muito a falta do pai!

Corro para a casa e assim que chegamos a porta do porão, percebo que a porta da frente ficou aberta, se o vento achar por onde entrar, vai destruir tudo. Coloco o Mateo no chão e abro a porta do porão, mas é tarde demais, o vento já entrou, o telhado saiu voando e o barulho era muito. Grito para o Mateo entrar, ele ficou paralisado com a cena. Antes que eu possa tocar na suas costas o vento o empurra para baixo e  me leva para fora, a parede da cozinha já se foi, eu bato o ombro no muro e caio.

Acordo com ela tentando me levantar e uma dor descomunal me toma. 

Percebo que o meu ombro está deslocado e o braço quebrado. Tento não gritar mais,  para não assustar as crianças, ela ajuda-me a levantar, com muito esforço fico de pé e vamos até o carro, a minha vontade é de gritar. No carro, chego a ficar com tontura de tanta dor, finalmente partimos e só vemos destruição pelo caminho. O tempo já clareou novamente. As pessoas estão saindo em busca de socorro. A fila para o hospital é imensa, então resolvi ir para casa. A minha mãe pode dar jeito nesse ombro e braço. E não vai ser a primeira vez que ela faz isso!

Assim que chegamos, vejo que o furacão não passou por essas bandas. Nosso paraíso está intocado. 

Assim que vejo os dois uma emoção me toma, a saudade é muita, se eu pudesse estava nos braços deles. Sinto-me como se tivesse sete anos novamente, como quando chegamos nesse lugar. Aqui eu conheci e aprendi o conceito de família. Aprendi a dar valor ao trabalho árduo, aprendi a amar a terra. Neste lugar me transformei em um homem! 

Peço que a July desça e fale o que aconteceu com a minha mãe senão ela vai se apavorar quando me ver direito. 

Eles me tiraram do carro, eu não esboçei reação nenhuma, apesar da dor, eu não quero assustar as crianças. Pelo o que eu pude perceber, eles já sofreram muito. O jeito que o Mateo segurou aquela bandeira, me disse muito!

Fomos para a clínica da minha mãe e ela corta a minha camisa e me coloca na mesa de raio X, ela está bem concentrada, é sempre assim quando um de nós está doente, ela faz o que pode e depois quando já estamos bem, desmorona nos braços do meu pai. 

Carol _ Vou ter que colocar o seu ombro no lugar e só depois cuidar do seu braço. Isso vai doer muito, ainda mais por causa do braço. 

Matheus _ Espere! Eu posso desmaiar de dor. Papai tem um cachorro machucado no carro. E as crianças estão muito assustadas com o furacão e tudo, não deixem que entrem aqui.

Jake_ Vou pegar o cachorro e mandá-los para a casa.

Matheus _ Ótimo! A casa deles foi levada pelo furacão. 

Jake _ Amor, eu tenho mais força para colocar o ombro dele no lugar, me espere.

Ele sai apressado e ela resmunga. 

Carol_ Não é força, é jeito! E não foi eu que colocou o dele no lugar daquela vez que se acidentou?

Matheus _ Mas se eu lembro bem, você chorou muito depois.

Carol_ É porque eu não gosto de ver vocês feridos.

Matheus _ Você é nossa heroína! Deixa ele colocar o meu ombro e você cuida do braço e do cachorro. 

Carol_ O que aconteceu com o cachorro?

Matheus _ Também está com a pata quebrada. 

Jake _Aqui está o cachorro, onde eu o coloco?

Carol_ Coloque naquela maca, já estou preparando uma anestesia para que ele não sinta dor e depois cuido dele.

O meu pai coloca o cachorro e vai lavar as mãos, ela aplica a injeção nele e lava as mãos para cuidar de mim.

O meu pai se prepara.

Matheus _ Pai, liga para a Nancy e pede a ela para arrumar um quarto para a July, por favor. 

Ele faz o que eu pedi e se posiciona nas minhas costas. 

Matheus _ Mãe, posso pedir um favor?

Carol_ Claro que sim!

Matheus _ Canta para mim, enquanto ele coloca o meu ombro no lugar?

Ela me abre o seu sorriso maravilhoso e começa a cantar.

Grito de dor enquanto o meu pai coloca o ombro no devido lugar e ela continua cantando enquanto prepara o gesso. Quando se vira eu vejo que estava chorando. 

Matheus _ Calma mãe! Já passou. Nem está doendo mais.

Carol _ Me conta como se machucou?

Jake _ Eu quero saber como reencontrou a July, depois de todo esse tempo?

Matheus _ Na estrada, ela estava pedindo socorro, pois a filha estava engasgada com uma bolinha de gude. Eu fiz a manobra Heimlich e consegui fazê-la cuspir o objeto. 

Jake _ A menina é um pouco maior do que a Isa quando chegou aqui!

Carol_ Eu estava tão preocupada com você que nem reparei nas crianças. 

Enquanto conto tudo o que houve ela coloca o gesso no meu braço e aplica uma injeção para dor. Me beija e vai cuidar do cachorro. 

Jake _ Quer dizer que o pai das crianças morreu?

Matheus _ Foi o que eu entendi! O Mateo disse que era tudo o que restava do pai. Não tivemos a chance de conversar direito.

Carol_ Pobre crianças! Tão novinhos e já passando por uma perda dessas!

Jake _ Ele deveria ser militar, pela bandeira. 

Matheus _ Acredito que sim!

Carol_ Vamos cuidar deles, é muito bom ter crianças correndo em casa novamente!

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