cap. 4 LIAM ARMSTRONG

CAP 04

LIAM ARMSTRONG 

Acordo do meu sonho agitado, sonhei que estava em cima do touro novamente, me vi voando pela arena, e aquele touro vindo para cima de mim, como um anjo vingador. Senti tudo novamente, a dor de ter o meu corpo dilacerado pelo chifre do bicho. A agonia de ficar meses em uma cama sem poder me mexer. E aquela mulher sem coração me deixando sozinho no hospital, por eu não ser mais o número 1 no The American Rodeo, eu fui campeão na LNR, por três vezes e uma vez o melhor do mundo no The American Rodeo, estava a duas competições de conseguir o bicampeonato e levar mais um milhão de dólares para casa, quando tirei na sorte que eu montaria o touro conhecido como Sr Winston, eu já havia enfrentado ele antes, e consegui pular e sair ileso. Conhecia os seus movimentos, quando se menos espera, ele dá uma torção para a esquerda, tentando tirar o competidor do seu lombo.

Sabia que seria difícil, mas totalmente possível vencê-lo. Me preparei no brete e subi no touro, as porteiras se abriram e ele que sempre gostava de pular assim que saía, disparou para o outro lado me levando para longe da proteção dos palhaços. Corcoveou bastante e eu me segurei, quando o sinal bateu os oito segundos que consegui ficar em cima dele, soltei a corda me preparando para saltar, e ele me jogou no chão, os palhaços longe e ele veio com a sua fúria assassina para cima de mim. Tudo durou frações de segundos,  e eu que já estava com o terceiro lugar garantido fui parar no hospital. 

Estava namorando na época e pensando em deixar a vida de rodeios e comprar um rancho por aqui. O meu sonho nunca foi ser campeão de rodeio, eu só queria uma vida melhor para a minha família. Éramos somente eu, minha mãe e irmã caçula. A minha mãe morreu antes que eu me tornasse o campeão na liga. A minha irmã ficou no pequeno sítio da família com uma antiga empregada. Eu ganhei o primeiro milhão e incentivado pelos amigos e a namorada, resolvi tentar mais uma vez. Ganhei vários prêmios no caminho, mas queria defender o título e levar mais uma vez o prêmio para casa. 

Como não pude competir, ela me trocou pelo meu rival, que ficou com o meu título, o prêmio, e a namorada. Lembro das suas palavras, quando o médico disse que provavelmente eu não andaria mais.

Audrey _ Sinto muito Liam, eu até te amo, mas jamais poderia cuidar de um aleijado. Eu quero mais para a minha vida!

E com esse amor que ela dizia sentir deixou-me no quarto do hospital e se foi. Fiquei mais umas semanas no hospital e um amigo pediu a um médico conhecido dele, para dar uma olhada no meu caso. Ele disse que havia uma cirurgia que se desse certo, poderia me estabelecer, mas era uma cirurgia perigosa. Resolvi fazer mesmo assim. Fiz a cirurgia, e tudo deu certo. 

Voltei para casa e com a ajuda da minha irmã, consegui me restabelecer e voltar a andar. Foram meses de fisioterapia mas consegui. Juntei todo o dinheiro dos prêmios e comprei essa fazenda, o meu sonho é criar cavalos. Como comprei a fazenda toda, com os animais, quero conhecer o dono da fazenda vizinha e talvez fechar negócio para que ele fique com as cabeças de gado, para que eu toque o negócio de cavalos. 

A minha irmã começa na faculdade em Atlanta e foi ontem para o Campus, estava entusiasmada, não vê a hora de começar vida nova, vida adulta como diz ela. Tenho um certo receio por ela, sempre foi muito protegida, nunca saiu do rancho e agora vai para a cidade grande, eu fiz o que pude para orientar, mas nem sempre sei se fiz o certo. Pedi ao meu amigo Tyler para dar uns conselhos para ela, mas os dois nunca se deram bem, estão sempre brigando, e o meu medo é ela fazer tudo o contrário do que é para fazer, só porque ele deu os conselhos. Ela é muito cabeça dura, dizem que é mal de família!

Vou aproveitar o dia e dar uma passeada pelo meu novo lar. Atravesso o campo no meu cavalo, planejando o que vou fazer, aproveitar algumas coisas que posso adaptar para os cavalos e outras tirar para dar espaço de treinamento para os meus animais. 

Ouço de longe o barulho da cachoeira, fiquei muito entusiasmado ao saber que possuo metade do rio e da cachoeira. Deixo o cavalo pastando amarrado a uma árvore e tiro a roupa mergulhando no rio. Que delícia! Tudo o que eu precisava hoje era dessa paz e tranquilidade, fico boiando um pouco e depois volto a nadar, dando braçadas vigorosas, mergulho e atravesso o rio por baixo. Algo cai ao meu lado me assustando e batendo na minha perna, olho em volta acreditando ser algum animal, mas vejo cabelos passando no meu corpo, só então percebo que é uma mulher que está com problemas e tenta subir a superfície, seguro em sua cintura e a ajudo a subir.

É uma mulher linda! Com um fogo nos olhos e está brava comigo. Fica cada vez mais irada, ao ouvir falar que metade do santuário particular da sua família é meu. Ela é pequena, pouco mais que uma criança, mas me enfrenta em pé de igualdade, parece não ter medo de enfrentar um homem sozinha em um lugar ermo.

Olho para ela, com seus seios subindo e descendo no ritmo de sua respiração irada.

O meu corpo meio que adormecido desde o acidente acorda com força total. Fico irritado comigo mesmo, ele deve ter a idade da minha irmã, e eu como um lobo faminto olhando para ela. Resolvo dar as costas e ir embora, nado até a outra margem e pego as minhas roupas, não resisto a dar mais uma olhada nela, e vejo ela de boca aberta me olhando. Ela parece ter gostado do que viu, mas logo me lembro que ela viu de longe. De que quando estávamos perto a cicatriz ficou coberta pela água. Se ela visse de perto eu veria no olhar dela o mesmo olhar de nojo que vi nos olhos da Audrey.

Nenhuma mulher vai me olhar do mesmo modo que me viam antes.

Volto a olhar para o outro lado da margem, só depois de estar montado no meu cavalo. Só então reparo na linda égua Appaloosa do lado de lá. Ela é magnífica! Tão linda quanto a dona. O cruzamento de uma joia daquela com o meu puro sangue árabe, seria sensacional! 

Eu a quero! Vou falar com ela agora mesmo. A vejo desaparecer dentro da cachoeira e fico curioso. Onde será que ela foi? Dou a volta e entro no mesmo buraco na pedra que a vi entrar.

A vejo abaixada cavando no chão, ela retira algo e a sua gargalhada maravilhosa arrepia a minha pele.

Liam_ O que está fazendo?

Isabela _ Pelo amor de Deus!  Você de novo? Você tirou o dia para me assustar?

Liam_ Desculpe, mas eu te vi entrando na pedra e fiquei curioso. O que você tem aí?

Isabela _ Não te interessa!

Ela esconde algo nas suas costas.

Liam_ Você ficou tão feliz quando achou! O que é? Um tesouro?

Isabela _ Não é da sua conta! Você é muito curioso! Só porque acha que metade de tudo é seu, quer pegar as minhas coisas!

Liam_ Não é isso! Só quero saber o motivo de tanta felicidade.

Isabela _ Você já estragou a felicidade que eu estava sentindo. Agora será que pode sair daqui por favor?

Liam_ E se eu não quiser sair? Vai fazer o quê?

Nem sei porque estou provocando a garota, ela me olha nos olhos e me enfrenta, sem medo! Estamos sozinhos num lugar afastado e onde ninguém pode nos ver. 

Isabela _ Está querendo me assustar? Precisa mais do que isso para me fazer ter medo!

Liam_ O que precisa? Você é maluca, garota? Está com um homem que não conhece dentro de uma gruta sem saída e ainda enfrenta? Se eu fosse um pervertido, o que você faria, se eu quisesse te agarrar?

Isabela _ Simples. Isso!

Ela levanta o joelho e me dá uma joelhada me pegando totalmente desprevenido. Curvo-me de dor e ela pula no véu de água e some. Se não fosse a dor eu estaria rindo. Que peste!

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