Cap 5 MATHEUS

Matheus

Estou voltando para casa, voltei depois da faculdade e conversei com meus pais, estava um tanto deprimido depois de mais um relacionamento fracassado. 

Espero encontrar um amor como os dos meus pais, essa cumplicidade que os dois têm, a maneira que resolvem os seus problemas, o jeito apaixonado que se olham desde sempre. Eu sei que o Jake não é o meu pai de sangue, mas gostaria de ser mais parecido com ele, quando era pequeno, copiava o seu jeito de falar, de comer, de me comportar. Tento tratar as mulheres como ele trata a minha mãe e irmãs, mas as mulheres parecem achar que gentilezas e carinho é sinônimo de fraqueza, e tentam sempre me fazer de bobo. 

Eu quero me apaixonar! E só senti esse sentimento uma vez, quando era muito criança. Mas os seus pais morreram e ela foi levada daqui e nunca mais nos vimos. Desde então tento sentir aquilo de novo, mas sem sucesso, namoro, mas parece tudo morno e sem sal, mas mesmo assim trato bem as namoradas que já tive. A última que tive na faculdade, por algum tempo achei que daria certo, ela chegou a se mudar para o meu apartamento, até eu vir para casa num feriado e a convidei para conhecer os meus pais.

Ela começou a reclamar no caminho, que era muito longe, muito afastado. Chegamos em casa e todos a receberam muito bem. Com o passar dos dias na fazenda, começaram as reclamações por parte dela, reclamou da vovó, do vovô, ela e a Isa então, só faltou se enfrentarem nos tapas. Eu até tentei acalmá-la e colocar panos quentes. Mas quando a peguei tentando humilhar a minha mãe, eu não aguentei! Ninguém vai machucar a mulher mais importante da minha vida.

Eu, a Isa e a Gaby devemos a nossa vida aquela mulher que era a nossa irmã mais velha e enfrentou o mundo para salvar as nossas vidas! Nos salvou da mão de um pedófilo nojento que era o nosso pai, nos acolheu, sendo tão jovem que nem havia terminado a faculdade ainda. Virou o nosso ponto de equilíbrio, a nossa tábua de salvação e nos acolheu em seu coração como filhos. Nós éramos tão pequenos, precisando tanto de uma mãe e um pai e isso ela e o Jake foram para nós. Os melhores pais do mundo! Tão amorosos e gentis, que apesar de ter descoberto tudo o que estava por trás da nossa infância, não desmoronamos, temos uma base forte, que é o amor dos dois! A forma que essa família nos acolheu quando chegamos aqui! E agora eu trouxe para o meu lar, essa mulher que quer humilhar a pessoa mais importante da minha vida? Só que não! Acabei com o namoro e a expulsei da minha vida! Ninguém vai tratar a minha família assim!

Depois do ano letivo e da minha formatura, as festas de fim de ano, a Isa indo para a faculdade, conversei com os dois de como estava me sentindo cansado. O meu pai deu a ideia de que eu viajasse, tirasse um tempo para mim, conhecer outras culturas, outras pessoas, abrir os meus horizontes. E foi o que eu fiz! Saí viajando como mochileiro e depois de um ano estou voltando para casa.

Vou realizar o meu sonho é ter a minha própria fazenda! Sou engenheiro agrônomo e aprendi muito na faculdade, mas as coisas que aprendi nesse último ano pelo mundo, as experiências que tive, ninguém ensina na faculdade. Tenho tantas ideias para colocar em prática. A fazenda do meu avô é de Pecuária e eu estudei agricultura. Assim que chegar vou me candidatar a vagas em outras fazendas da região. Vou aprimorar os meus conhecimentos e trabalhar para conseguir a minha fazenda.

Comprei uma moto e a vim pilotando. Quando entrei no estado da Geórgia e comecei a respirar o ar da minha casa, resolvi parar abastecer e comer alguma coisa. Na lanchonete vejo que todos estão ligados no noticiário na TV, mas não presto atenção. Pago e vou saindo quando ouço o âncora do jornal afirmar que o furacão que passou destruindo a Flórida estava vindo para cá. Ele anunciou que o furacão estaria beijando as terras da Geórgia essa noite. 

Será que tenho tempo para chegar em casa?

Acelero a moto e pego a estrada. Preciso chegar antes da tempestade. 

Estou correndo, mas noto um carro parado na estrada e uma mulher com uma criança no colo pedindo ajuda. A estrada está vazia, todos estão abrigados por causa do furacão, somente eu estou na estrada, faço a volta na moto e vou até ela. 

Matheus _ Qual o problema?

Falo com ela sem nem tirar o capacete, só abri a viseira. Ela está chorando desesperada, um garotinho sai do carro 

Menino _ Ela tá engasgada!

Pego a criança dos braços da mulher e ela cai no chão. Faço a manobra Heimlich, tentando empurrar o objeto que ela engoliu para cima, fiz até que senti ela cuspir algo e o choro sair, a virei nos meus braços e ela me abraçou chorando. A mulher tenta pegá-la dos meus braços, mas ela está agarrada ao meu pescoço. 

Mulher_ Querida, vem com a mamãe. Deus abençoe o senhor por ter parado e salvado a vida dela. 

Só então eu olho para a mulher. E o meu coração corre acelerado por olhar naqueles olhos. E ele só agiu assim uma vez na vida!

Será que é ela? Não é possível! Ela está de volta?  Casada e com dois filhos? 

Ela tenta pegar a garotinha, que não solta o meu pescoço, eu a abraço mais forte e dou tapinhas reconfortantes nas suas costas, sentindo uma emoção estranha, mas muito boa. Olho nos olhos do garoto e ele está preocupado com a irmã. Lembro como eu cuidava da Isabela.

Matheus _ Ela está bem! Só ficou assustada. Não é pequena?

Tento afastá-la do meu pescoço, mas sem sucesso. A mulher olha para mim, tentando enxergar o meu rosto além da viseira do capacete. E tenta mais uma vez tirar a pequena do meu colo.

Mulher _ Vem amor, o moço precisa ir embora. 

Ela se agarra ainda mais ao meu pescoço. 

Matheus _ Eu preciso tirar o meu capacete para te ver melhor! Você parece tão bonita! Deixa eu olhar para você, princesa?

Ela se afasta um pouco e eu tiro o capacete, olhando para ela que toca o meu rosto, ouço o suspiro da mãe dela e volto o meu olhar para ela que está me olhando com a mão no peito. 

Matheus _ Oi July. É você mesmo!

July_ Matheus? Eu não acredito! 

Matheus _ Eu reconheci os seus olhos!

Menino_ Você conhece a minha mãe?

O garotinho pergunta de testa franzida.

Matheus _ Nos conhecemos desde de criança!

July_ Esse é o Matheus filho, ele estudava comigo e era o meu amigo. 

Menino _ O nome dele é parecido com o meu!

Ele olha para a mãe que fica vermelha. E o garoto parece perceber o desconforto dela e franze ainda mais a testa.

Matheus _ E qual o seu nome?

Menino_ Mateo!

Matheus _ Na verdade, é o mesmo nome, só que na versão italiana. 

Estendo a minha mão para ele, que analisa se vai aceitar ou não. Eu olho diretamente nos seus olhos e abro um sorriso, ele me olha de cima abaixo e parece decidir dar a sua mão na minha. O seu olhar carrega tanta força e sabedoria, que parece entender o que eu e a sua mãe fomos um para o outro, e aceitar isso, aperta a minha mão com confiança e me dá um sorriso tímido que parece com o dela, quando criança. 

Matheus _ Se tivesse sorrido assim para mim, teria reconhecido a sua mãe mais rápido! O seu sorriso é igualzinho ao dela, quando criança!

Ele sorri mais aberto. 

July_ E essa no seu colo é a Madson. Pode vir com a mamãe agora?

Madson _ Não! Eu quelo ficar no colo dele!

Eu olho e o céu já está fechado, a escuridão começa a tomar conta de tudo. 

Matheus _ Precisamos ir ! Vem vindo um furacão para cá. 

July_ Furacão?!

Matheus _ Sim ouvi no noticiário! Achei que daria para chegar em casa, mas parece que ele vai chegar antes.

July _ Aluguei uma casa em Waco, está mais próxima que a fazenda, venha conosco.

Matheus _ Está bem!

Coloco a garotinha no carro, o menino já entrou e colocou o cinto. Eu beijo a cabeça da menina que sorri para mim. Eu não vou deixá-los sozinhos em meio ao furacão. 

Matheus _ Eu vou seguindo vocês, corre pois as estradas estão livres, temos que nos abrigar antes que ele toque a terra!

Ela sai depressa e eu vou seguindo com a moto. 

Não acredito que a encontrei novamente! Mesmo que ela esteja casada, foi bom demais tê-la visto de novo. 

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