Além do Casamento Arranjado
Estava acontecendo um grandioso casamento entre famílias da casta brâmane, um evento que reunia a alta sociedade para celebrar. Eu, Mira Rao, estava presente, acompanhada por minha família. Sentia-me sufocada pela extravagância da minha vestimenta de festa, adornada por colares e pulseiras que me enfeitavam por completo. Apesar de estar linda, a aglomeração, a música alta e as pessoas dançando me deixavam inquieta. Não me entenda mal, eu gosto de dançar em festas, mas naquela, em particular, algo parecia estar faltando em mim. Mas o quê? Esse era o mistério que eu desejava desvendar.
— Filha, o que aconteceu? Todos estão celebrando e você está tão triste e sozinha? — Minha mãe se aproximou de mim, dançando enquanto falava, na tentativa de me animar.
— Não estou me sentindo bem, gostaria de ir para casa dessa vez — respondi, tentando usar um tom que ela pudesse ouvir, apesar da música alta ao redor.
— Estamos em uma celebração, um casamento, a união de duas pessoas. Não podemos sair assim como você quer. Fique e dance conosco — O sorriso que ela exibia se desfez, tornando-se mais firme, mas eu não quis ouvir. Me afastei do salão o mais rápido possível, indo em direção ao jardim que não ficava muito longe dali.
Enquanto me desviava das pessoas e pedia licença, acabei tropeçando em um senhor que dançava animadamente, o que me desequilibrou e fez com que eu derrubasse uma bandeja de taças que um garçom carregava.
— Perdão pelo meu desastre! — exclamei, tentando ajudá-lo a recolher as taças do chão. Nesse momento, nossos olhares se cruzaram.
— Eu que peço desculpas, senhorita — respondeu ele, visivelmente tímido, mas sem desviar os olhos de mim. No entanto, o encantamento foi interrompido quando seu superior o repreendeu, e antes que eu pudesse me explicar, eles se afastaram. Não havia mais o que fazer, e eu ainda me sentia sufocada. Queria sair dali, mas algo de interessante finalmente havia acontecido naquela festa. Acho que conheci o amor da minha vida.
Com esforço, consegui me retirar da festa e, finalmente, avistei o jardim. Caminhei até um banco e me sentei, respirando aliviada.
— Finalmente... Por Lord Ganesha, quase não consegui sair dali!
— Eu digo o mesmo, senhorita — disse uma voz familiar. Virei e, para minha surpresa, lá estava ele, me observando com um olhar sereno
— Você... você me seguiu? — perguntei espantada.
— Não, eu não a segui. Foi apenas uma coincidência. Meu superior me despediu após o acidente mais cedo. Acho que me perdi da saída da casa — explicou ele, mantendo a postura formal, as mãos atrás do corpo e o olhar firme.
— Tens razão, é uma grande mansão... — pensei por um momento, até que me dei conta do motivo de sua demissão — Oh, você foi despedido por minha causa!
Ele apenas sorriu, abaixando os olhos.
— Por favor, aceite isto como uma forma de compensação — ofereci, retirando uma quantia considerável de rupias da minha bolsa.
— Guarde seu dinheiro, senhorita. Não se preocupe com isso.
— Mas como posso reparar o meu erro?
— Posso me sentar com você? — ele perguntou, apontando para o espaço no banco ao meu lado.
— Claro, sente-se — consenti, e ele se aproximou. Pude sentir seu perfume com mais clareza. Meu pai, sendo um grande vendedor de perfumes, me ensinou a reconhecer a qualidade, e o perfume dele era simples, de mercadoria barata. Sem julgamentos, claro.
— Gosta de observar as estrelas?
— Eu fui abandonado quando criança. Muitas vezes, meu único consolo era olhar para as estrelas.
— Por que está me contando isso? — perguntei, intrigada. — Sou apenas uma desconhecida.
— Quando a vi, senti como se já a conhecesse de algum lugar — ele desviou o olhar das estrelas e me encarou.
— Acredite, senti a mesma coisa — minha respiração ficou pesada. Sentia que algo inexplicável nos aproximava.
— Meu nome é Dev.
— Mira — respondi num tom baixo, quase sedutor, sem perceber, o que fez com que ele se aproximasse ainda mais.
— Gosta de música, Mira?
— Adoro.
— Se importa de dançar para mim enquanto toco meu sitar?
— Você é músico? — perguntei, enquanto ele se levantava e segurava minha mão, ajudando-me a levantar também.
— Arranho um pouco — disse ele, me guiando até o centro do jardim. Estranhamente, eu confiava nele, sem sentir medo em sua presença. Dev se afastou, pegou o sitar e começou a tocar. Enquanto isso, eu dançava suavemente, deslizando pelo jardim, balançando os quadris. Ele me observava, e às vezes fechava os olhos ao sentir o perfume que eu exalava durante meus movimentos. Quando estava prestes a finalizar minha dança, ele me puxou gentilmente pela cintura, colando nossos corpos. Fechei os olhos, esperando pelo meu primeiro beijo, mas, no último instante, ouvimos passos, e ele recuou.
— Amanhã, me encontre no Bagore Ki Haveli ao cair da tarde— disse ele, se afastando até desaparecer entre as plantas.
— "Tike", com toda a certeza estarei lá.
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Atualizado até capítulo 26
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