LISSARA- ENTRE O DUQUE E EU

LISSARA- ENTRE O DUQUE E EU

Capítulo 1: O Peso da Culpa

...Caros leitores,...

...Esta história foi escrita na minha adolescência enquanto ainda estava no ensino médio. Ela foi criada seguindo as diretrizes de um concurso literário da escola, por isso não contém cenas de sexo tão explícitos, como alguns talvez esperem. Se você procura uma história com grande foco em "intimidade", talvez esta não seja a mais adequada para você. Este é um conto mais simples , onde a interação entre os personagens ganham destaque....

...Desde já, agradeço sua compreensão...

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Desde pequena, sentia as sombras do passado a envolverem-me, como se cada murmúrio e cada olhar gélido que recebia em Havenswood carregassem um segredo que nunca deveria ser revelado. A mansão, majestosa e intimidadora, mantinha-se num silêncio envolvido em tristeza. O frio nas paredes parecia sussurrar algo além do visível, algo que, sem compreender totalmente, pesava no meu coração.

Os corredores, longos e escuros, pareciam labirintos sem fim, onde cada passo ecoava numa melodia melancólica. As janelas estreitas e altíssimas deixavam apenas um fecho de luz pálida, quase como se receassem iluminar por completo o chão de mármore. As tapeçarias nas paredes mostravam cenas de batalhas e caçadas antigas, intensificando a atmosfera de hostilidade. Até mesmo o grande salão, repleto de candelabros dourados e móveis luxuosos, mantinha-se frio e severo. O perfume da cera misturava-se ao das flores já murchas, como se a própria vida estivesse presa entre o passado e o presente.

Meu pai, o Duque de Havenswood, era um homem de presença esmagadora. Seu olhar, sempre distante e duro como o gelo, passava por mim como se eu fosse apenas uma sombra. "Lissara," ele dizia em tom ríspido, "mantenha-te comportada." Essas palavras ressoavam como uma sentença, pesando sobre mim com a mesma frieza das pedras sob os meus pés. Era como se ele desejasse que eu não ocupasse espaço — uma culpa silenciosa que eu mal compreendia, mas que já moldava cada instante da minha vida.

Alden, meu irmão mais velho, refletia as atitudes do nosso pai. Com oito anos, já mostrava traços do homem severo que se tornaria. Seus olhos, tão azuis quanto o mar e tão indolente quanto os do nosso pai, observavam-me com um misto de curiosidade e desprezo, como se eu fosse uma intrusa no sofrimento da nossa família. Ainda que ele nunca o dissesse, eu sabia que, em seu íntimo, ele me culpava pela dor que habitava nossa casa. Era o olhar de alguém que me via como um fardo involuntário, uma presença que trazia lembranças indesejadas.

A ausência da minha mãe era uma ferida invisível que dilacerava nossa casa. Ao passar pelo retrato dela no salão principal, um vazio tomava conta de mim. Ela era linda, com cabelos negros como os meus, mas os olhos que eu conhecia apenas pela pintura brilhavam com uma suavidade desconhecida. Lady Eleanor, a governanta, contava-me histórias sobre a minha mãe — histórias de riso e alegria. Mas, ao olhar para mim, percebia no fundo de seus olhos a mesma frieza contida em palavras gentis.

Naquela tarde, enquanto observava a chuva cair pela janela da biblioteca, sentia que o peso de tudo aquilo me prendia à terra como uma âncora. As gotas martelavam o vidro em um ritmo suave, como se o céu compartilhasse dos segredos que me rodeavam. A biblioteca era imensa e repleta de livros que iam do chão ao teto, mas nem mesmo suas histórias eram capazes de me transportar. O mundo fora daquelas paredes parecia um sonho distante, e o mundo dentro delas, um pesadelo silencioso e palpável.

Ouvi passos ecoando pelo corredor e senti um aperto no coração. Era meu pai, que entrou na sala com a mesma expressão severa de sempre. Ignorou-me por alguns instantes, examinando os livros sobre a mesa com uma seriedade quase obsessiva. Eu observava-o com expectativa e receio.

"Lissara," disse ele finalmente, num tom cortante que fazia ecoar a frieza de sua alma. "Espero que compreendas o que significa ser uma Havenswood."

Aquelas palavras eram um lembrete constante do que eu deveria ser, mas também uma acusação silenciosa de que eu jamais seria suficiente. Queria perguntar-lhe, entender o porquê de seu tratamento, mas o medo travava minhas palavras. Limitei-me a assentir, os olhos fixos no chão.

"Não há espaço para fraquezas nesta família," continuou ele, com a voz grave e implacável. E saiu, deixando atrás de si uma ausência tão pesada quanto sua presença.

Após a porta se fechar, aproximei-me do espelho ao lado da lareira. A menina que olhava de volta para mim tinha os mesmos cabelos negros de minha mãe, mas os olhos... os olhos eram os dele — tíbios e desprovidos de brilho. Naquele instante, decidi que, se esperavam força de mim, seria essa força que eu lhes mostraria. Porém, sabia que isso teria um custo, algo que se esvairia de mim para sempre.

Naquele dia, uma nova Lissara começou a nascer, uma gatota disposta a erguer muros ao redor de si para proteger-se. Havenswood continuaria a ser um lugar sombrio e gélido, mas eu me tornaria inabalável. Com o tempo, a dor transformar-se-ia em resiliência, algo que ninguém ousaria questionar.

Enquanto as gotas de chuva corriam pela vidraça, senti-me a desfazer aos poucos, mas escondi isso no fundo do coração. A partir daquele momento, eu começaria a construir minha própria armadura, impenetrável e silenciosa, pronta para enfrentar o mundo — e eu mesma.

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