Desenhando o relógio para o Can

Eu resolvi manter minha história de ser só uma vendedora da loja.

-Eu nunca teria dinheiro para comprar uma jóia tão cara, você mesmo disse que vai ter que fazer três séries para pagar por ela.

-Eu estava irritado com meu pai por estar me obrigando a casar com uma pessoa que eu nem conheço, acabei falando bobagem, e você não me parece não ter dinheiro para comprar a jóia.

-Tudo bem de certa forma eu te entendo, mas porque o senhor falou isso, eu tenho cara de rica?

-Como você pode me entender? Eu vou ter que me casar sem nem conhecer a pessoa, você com certeza não vai passar por isso. E esse perfume que você está usando perece uma fragrância única, não é barato ter um perfume exclusivo.

-Mas você se gaba tanto de ser famoso, e rico, vai casar sem questionar? E meu perfume pode ter sido um presente.

-Eu sou tudo o que você falou mas sou filho e isso me obriga a respeitar meu pai mesmo sendo independente, e ele resolveu que vou me casar não tenho saída. Se esse perfume é um presente, acho que não quero saber quem foi que te deu

— Agora eu consegui ver que você tem salvação, tomara que você respeite a sua esposa e pelo menos tente fazê-la feliz. E o perfume é um segredo meu.

-Bem que poderia ser você, eu ia mover céus e terra para te fazer feliz. Te daria a marca Dior para que ninguém mais conseguisse cheirar bem como você.

-Nossa você se acostumou tanto sendo ator que não consegue ser você por muito tempo, já estragou tudo.

  Levei minha mão soltei os cabelos dela que caíram em uma cascata negra bem encima da minha mão, puxei ela pra mim e dei um beijo, ficou tão rígida que parecia que ia desfalecer, se afastou de uma vez de mim e me deu um belo de um tapa na cara.

-O senhor é um sem vergonha mesmo, está noivo e me agarrou, respeite a sua noiva e saia daqui antes que eu chame meu patrão.

-Eu vou voltar, você ainda vai corresponder ao meu beijo, quero ouvir você gemer meu nome pedindo por mais.

-Espere sentado seu cretino, sem vergonha, safado.

Ele saiu eu me encostei na porta e acariciei meus lábios, meu primeiro beijo foi um terror, não pode ser eu senti as tais borboletas no estômago, era só o que me faltava estar gostando desse atorzinho safado, bonito, gostoso, quase um Deus, estou ferrada, vou me casar em dois meses e agora estou gostando de outro.

O resto da semana foi tranquila, parece que minha vida voltou ao normal, graças a Deus, meus pais voltaram para a Turquia e o Can me esqueceu, minha semana na faculdade foi de prova, não tive tempo nem para comer direito mas consegui montar o relógio do senhor Can. Ficou perfeito no dia do noivado, com certeza ele vai estar com o relógio e vai dar o colar para a noiva dele, ela deve ser uma dessas celebridades turcas e assim vai devolver a cidadania para ele, coloquei o relógio em uma caixa e preparei para a entrega, chamei a Júlia.

-Júlia querida, o relógio do senhor Can está pronto por favor avisa para ele e pergunta se ele vem buscar ou quer que mandamos entregar?

— Vou ligar agora mesmo Kiraz. Porque você mesma não faz isso? Sempre fez questão de entregar as joias que desenha para os donos.

— Não quero ver a cara do senhor Can, faz isso por mim, por favor.

— Só você mesmo para não querer ver um homem como aquele de novo.

Julia foi fazer a ligação e eu levei a mão ao meu lábio onde ele beijou, não posso desonrar a minha família o meu pai me mata e depois me tranca na casa da fazenda.

Dei risada dos meus pensamentos.

Acho que me tranca e depois me mata, ou será que o senhor Can, vai bancar o herói dos seus filmes e vai lá me salvar? Idiota ainda consegue ter ideias românticas com aquele pavão emplumado.

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